PERSONAGENS
Melissa Alpes: Melissa chegou em Paris sem rumo, após ser
impedida de ver a sua melhor amiga. Ela é uma jovem repleta de problemas e
sozinha. Perdeu seu pai quando criança e sua mãe, não a queria por perto.
Todos tinham ela como um problema, mas tudo que ela queria era ser aceita por
alguém da forma que ela era. Por causa da perda do seu pai, sua mãe se perdeu
na vida, fazendo com que Melissa ao longo da vida desenvolvesse muitos
problemas.
Agora, após sair de uma clínica psiquiátrica e sem saber
onde está sua melhor amiga, ela vai ter que encarar Paris sozinha, ou…
acompanhada!
Sebastian Pietro: Sebastian, era filho de um grande
empresário alemão, foi um grande cantor conhecido mundialmente, só que viu sua
carreira ser jogada no lixo após se envolver com drogas e em um acidente, onde
matou dois integrantes da sua banda.
Ele entrou em uma profunda depressão e nunca mais ninguém o
reconheceu. Ninguém sabia onde estava o cantor famoso, que tirava suspiro das
mulheres por onde passava.
A única pessoa que descobriria sua identidade seria a nova
funcionária do restaurante da sua irmã, onde ele era o chef de cozinha.
Joana Dali: Joana e Melissa são amigas desde pequenas, se
conheceram no jardim de infância e estudaram juntas a vida toda, porém, aos 15
anos, as duas juntas descobriram novas sensações, garotos, baladas, bebidas
alcoólicas e drogas, as duas caíram em um mundo onde muitos classificam como
podre. Os pais de Joana, Marlei e Augusto, eram pais muito atenciosos e
acreditaram que a má influência vinha de Melissa, conseguiram na justiça que
Melissa Alpes fosse internada em uma clínica psiquiátrica, onde ela passou um
ano de sua vida, enquanto eles levaram sua filha Joana para longe, muito longe
de Melissa.
Patrícia Alpes: Patrícia era mãe de Melissa, ela perdeu o
gosto pela vida desde a perda do seu marido Antônio, ela não vê sentido em sua
vida. Colecionando homens, derrotas, depressão e bebidas na sua estante. Ela se
tornou a pior pessoa do mundo e a pior mãe que alguém poderia ter, ela era
incapaz de compreender os seus próprios sentimentos e nem os de sua filha.
Heloisa Pietra: Irmã de Sebastian e dona do restaurante
Pietro´s Bistrô. Ela sempre incentivou o irmão a estudar e fazer algo sério de
sua vida, mas ele decidiu ser cantor, quando ele entrou em depressão ela o
ajudou e Sebastian virou o chef de seu restaurante. Heloisa pegava no pé do
irmão o tempo todo, ela era bem dura com ele, porque seu irmão vira e volta
pendia pelo caminho errado.
Renato Toshib: Dono da empresa de marketing Toshib Art, com
sede no mundo todo. Ele seria a oportunidade que Melissa precisava em sua vida.
Suzana e João: São primos e funcionários da Pietro’s Bistrô,
serão amigos de Melissa e vão ajudar ela no decorrer da história.
Samuel: É o senhor dono da pensão onde ela mora.
Catarina: É casada com Samuel, dono da pensão onde Melissa
vai morar.
Melissa Alpes
Eu tinha apenas sete anos quando meu pai Antonio faleceu em
um acidente de carro, ele era o meu herói, o meu melhor amigo! Eu sempre podia
contar com ele e após a sua morte tudo desandou. Lembro que minha mãe e meu pai
eram muito apaixonados, vivíamos em plena harmonia.
Minha mãe virou outra pessoa depois da morte dele e eu tive
que começar a me virar sozinha, o meu único escape era a minha melhor amiga
Joana, que me dava muita força junto de seus pais. Me lembro que às vezes
passava os finais de semanas na casa deles e nas férias. Os pais dela eram
pessoas muito especiais e me acolheram nesse momento difícil, também lembro que
toda vez que eu chegava em casa tinha um homem diferente, minha mãe sempre me
mandava com a voz irritada para dentro do quarto e de lá eu não poderia sair de
forma nenhuma.
Os anos foram passando, fui crescendo e entendendo o que
acontecia dentro da minha casa, com a minha mãe e com todos aqueles homens. Eu
e Joana continuamos com a nossa amizade, vivíamos mais unidas do que nunca!
Fomos conhecendo novas pessoas, frequentando baladas… Joana fugia de casa e
passava na minha para me levar junto, íamos sempre com os seus namorados, todos
eles sempre tinha carro e levavam a gente para onde quiséssemos. O primeiro
cigarro quem me ofereceu foi um dos seus namorados e foi um caminho sem volta
para nós duas, quando percebemos estávamos matando aula para ir à praia, para
estar com esses novos amigos, íamos para festas e passávamos noites com os
homens em troca de dinheiro.
Nos afundamos!
Certo dia, o pai de Joana recebeu uma ligação e acordei com
eles dentro da minha casa, quando apareci na sala, tinha polícia, homens de
branco e uma ambulância no lado de fora. Joana tentou se matar e estava entre a
vida e a morte no hospital. Corri para o meu quarto e me tranquei, abri uma
caixinha que ela tinha me entregado, dentro dela tinha uma foto nossa e alguns
cacos de vidros, eu peguei os cacos de vidros e cortei meus pulsos, a porta foi
arrombada e fechei os olhos me sentindo cair no chão.
Fui levada à força para uma clínica, onde fiquei durante um
ano sendo tratada, participando de atividades, aprendendo muita coisa e lidando
com a saudade da minha melhor amiga. Na clínica conheci uma enfermeira que
acreditava em mim, sabia que jamais iria fazer mal a minha melhor amiga, como
os pais dela alegaram que eu era culpada.
Ela me entregou uma passagem para Paris, o endereço de um
restaurante onde eu poderia conseguir um emprego e isso era tudo que eu tinha
nesse momento.
Uma passagem e um endereço… Nada mais!
PRÓLOGOMelissa Alpes
Narrando
Olho para ele que me encara.
— Qual é o seu medo, Melissa? — Sebastian pergunta.
— Meu medo? — eu pergunto. — É incrível como você pergunta
qual é o meu medo, se nós dois tememos algo!
— Nos conhecemos há algumas semanas, como você sabe que
tenho medo de algo? — ele questiona.
— Vejo em seu olhar, você olha para as pessoas procurando
abrigo — ele me encara — Procurando alguém que te compreenda, entenda o seu
passado, as suas angústias e não encontra esse alguém.
— Percebo o mesmo em você! — não vejo acusação em seus
olhos. — Encontrei sua caixinha na sua casa, quem é aquela menina da foto? E,
por que você guarda aqueles cacos de vidro dentro dela?
— É algo pessoal, são apenas uma lembrança — digo e ele
volta a olhar para a torre a nossa frente
— Lembrança de quem você era? Ou de quem você tenta não ser?
— ele pergunta.
— Eu não sei! — falo e Sebastian me encara — Eu ainda não
entendi qual é o meu caminho e o que faço aqui?!
— Somos dois! — ele fala olhando para a torre.
Era de madrugada e estávamos aqui com algumas bebidas na
nossa frente, ele pega uma garrafa, a abre e começa a tomar.
— Matei duas pessoas — ele diz e vejo tristeza em suas
palavras. — Eu saí de um show bêbado, dirigi que nem um maluco pelas ruas e
perdi o controle.
— Sinto muito.
— Nós três estávamos bêbados, sempre bebíamos e usávamos
drogas após os shows — ele conta e toma outro gole do líquido da garrafa. — Nos
envolvemos com mulheres e voltávamos de táxi para o hotel, mas naquela noite um
deles insistiu dizendo que precisava levar o carro, porque a seguradora iria
buscar em algumas horas e eu dirigi.
— Você não tem que se culpar por algo que foi decidido em
vocês três. Sei que a perda é algo horrível, eu também perdi uma pessoa.
— Ela morreu? — ele pergunta.
— Ela está viva, mas morreu para mim — ele me olha sem
entender. — Mataram ela para mim.
Nos olhamos e ele era mais alto que eu, Sebastian era um
homem lindo, mas sofrido e machucado. O seu olhar era triste, ele sorria pouco
e vivia zangado.
— Está ficando tarde e preciso ir, amanhã tenho aula.
— Eu te levo para casa — ele diz se levantando.
— É uma caminhada e tanto.
— Tenho uma bicicleta, se quiser passar na minha casa e
pegar… Estou doando.
— Obrigada! — sorrio — Vou aceitar! — ele me olha e eu o
encaro, então começamos a caminhar.
Melissa Alpes Narrando
Após sair da clínica, o primeiro lugar que fui, foi na casa
de Joana e encontrei tudo fechado e vazio, era nítido que ninguém mais morava
ali fazia muito tempo e nunca mais soube de Joana. Eu tentei saber por alguns
vizinhos sobre ela, mas ninguém soube me dizer nada! Antes de embarcar no trem
que me levaria para Paris, eu fui até a casa de minha mãe e de longe eu a vi
brigando com um homem que entra xingando ela num carro parado na frente da
casa. Em um ano minha mãe nunca me visitou na clínica, enquanto todos os
pacientes recebia visitas, eu não recebia ninguém e nos dias das cartas, eu era
a única que não recebia nada.
Antes dela entrar em casa, me ver e ela para na porta da
casa me encarando, ficamos assim por alguns segundos, às vezes eu queria saber
o que se passa na cabeça dela, em seu coração, o que ela sentia por mim?! Minha
mãe se tornou uma mulher seca, triste e procurando em diversos homens o que ela
tinha em meu pai. Ela fecha a porta e eu entendo que o nosso ciclo tinha se
fechado também e o que me resta é ir para a estação do trem. Levando apenas a
minha mochila, algumas mudas de roupas, um caderno de desenho, alguns lápis e
um pouco de dinheiro que ela havia deixado para o dia da minha saída. Eu não
tinha mais nada além de mim mesmo!
— Boa tarde! — um homem de terno fala, se sentando ao meu
lado — Esse é o meu assento.
— Fique a vontade — lhe dou sorrindo fraco
— O trem está cheio, todo mundo resolveu ir para Paris! —
ele fala me olhando.
Acabei reparando nele, era um homem que deveria ter entre 35
a 40 anos, tinha uma aliança em seu dedo e segurava um celular que tinha foto
de duas crianças.
— Realmente.
— Você mora lá?
— Não, estou indo morar lá.
— Sozinha? — ele pergunta, um pouco surpreso. — Desculpa,
mas é que você deve ter a idade de uma das minhas filhas.
— Sem problema, estou indo sozinha sim.
— Meu nome é Renato, trabalho em uma empresa de marketing em
Paris — ele tira um cartão do seu paletó. — Se você precisar de trabalho é só
ir nesse endereço.
— Obrigada — sorrio pegando o cartão de sua mão.
— Renato Toshiba? — uma moça que trabalha no trem fala ao se
aproximar. — conseguimos um lugar perto de sua família.
— Obrigado — ele fala se levantando — Boa sorte! — ele diz
me olhando e sorrio agradecendo a ele
Guardo o cartão num bolsinho pequeno na minha mochila e
encosto a minha cabeça na janela do trem, vou vendo a paisagem passar na
velocidade do trem. Fico olhando as formas das nuvens e me lembro de quando eu
e Joana éramos crianças.
Flashback on.
— Olha lá, tem um
tubarão — Joana fala apontando para as nuvens no céu
— Lá é um dinossauro —
falo sorrindo.
— Um coração — ela
fala apontando para outra nuvem.
Flashback off
Às vezes ficávamos horas e horas deitadas sobre o gramado da
sua casa, olhando as formas das nuvens e só levantávamos quando sua mãe nos
chamava para tomar um delicioso café.
— Paris — um dos funcionários grita e eu percebo que havia
chegado.
Meu coração gela, a viagem havia passado tão rápido que eu
não tinha nem percebido que eu havia chegado. Desço com minha mochila do trem e
encaro aquela cidade, eu me tremia muito em cada passo que eu dava, eu estava
agoniada. Saio da estação do trem que era perto da torre Eiffel e vou andando
me aproximando dela, a enfermeira Lara disse que o bistrô era bem em frente a
torre, era apenas sair da estação do trem e seguir a torre que eu chegaria até
o bistrô.
A cada passo que eu dava eu me sentia ainda mais insegura,
eu não sei se levaria um não bem grande na cara, eu não sei a onde dormiria
essa noite, onde ficaria, se a dona do restaurante iria gostar de mim?! Chego
na frente do bistrô e vejo um homem alto, na porta do bistrô fumando um
cigarro. Ele tinha o cabelo preto, a barba rala, os olhos castanhos e vestia um
avental branco que está todo sujo, tinha um pano de prato no ombro e espantava
os pombos que tinha na frente do bistrô. Leio novamente o nome do lugar no
papel que a enfermeira Lara colocou e vejo que era ali mesmo.
— Anda, some daqui! — ele fala gritando e os espantando com
a mão.
— Boa tarde — falo atraindo o seu olhar para mim, ele me
encara arqueando a sobrancelha e o seu olhar não era dos mais amigáveis.
— Boa tarde — fala jogando o cigarro no chão e pisando no
cigarro — O bistrô está fechado, só abre a noite.
— Eu sei.
— Se você sabe, o que você quer? — ele pergunta.
— Uma vaga de emprego — falo de uma vez.
— Aqui não é caridade.
— Quem me indicou foi Lara — falo para ele que me encara.
— Lara? — ele pergunta — Lara Robson?
— Sim — eu falo.
— O que você sabe fazer em restaurante?
— Nada!
— Como você quer emprego se não sabe fazer nada? — ele
questiona.
— Aprendo rápido! Cheguei hoje em Paris e não tenho nem onde
ficar, eu tenho muita força de vontade e procuro o emprego. Ela disse que eu
poderia falar com Heloisa Pietra.
— Minha irmã está viajando e só retorna em dois meses, estou
responsável pelo restaurante e como disse não fazemos caridade aqui. Procure
outro lugar para trabalhar — ele fala abrindo a porta e eu vou atrás dele.
— Por favor, eu faço qualquer coisa — falo, o seguindo. —
Limpo mesa, tiro mesa, arrumo mesa, limpo chão, lavo louça — ele para me
olhando. — Por favor — ele fecha uma porta e eu coloco meu pé.
— Garota vai embora, aqui não tem caridade — ele fala em um
tom mais alterado. — por acaso tenho cara de santo?
— Não — respondo rápido e ele me encara — É uma oportunidade
apenas.
— Tudo bem — ele diz olhando para trás de si. — Comece
agora! — o encaro surpresa.
— Agora? — pergunto.
— Tenho toda aquela louça para limpar, você está contratada
— ele fala abrindo a porta e entrando, vou atrás dele.
Ele vai para cozinha que era um lixo, toda bagunçada, cheia
de gordura para tudo que era lado com pilhas e pilhas de louças.
— Você faz o que aqui? — eu pergunto.
— Sou chef da cozinha — ele fala e o olho sem acreditar.
— Quantas pessoas você já matou com a sua comida? — pergunto
e ele me encara.
— Você já quer ser demitida? — ele pergunta me olhando com
raiva.
— Você faz comida aqui? Ou tem outra cozinha?
— Essa é a única cozinha — ele fala indicando o local com a
cabeça.
— Meu Deus! Como ninguém fechou esse lugar ainda? Sua comida
é uma bomba venenosa para as pessoas que comem aqui, olha a sujeira disso! — eu
o encaro apontando para o local que ele chama de cozinha.
— Você quer o trabalho ou não? — ele pergunta.
— Quero!
— Primeira regra do bistrô, trabalhar calada — ele fala me
encarando. — Bom trabalho! — ele diz sentando na cadeira e tirando os cigarros
de uma carteira, acendendo um deles.
Encaro aquele lugar e depois olho para aquele homem folgado.
“ Pensa por um lado positivo, Melissa, você tem um emprego!”
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