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Taradona & Beatinha

01 • Primeiras Impressões

...POV Victoria...

Fitando meu reflexo no espelho da penteadeira, fiz uma trança em meus longos cabelos castanhos e prendi a ponta com um elástico. Olhei detalhadamente em meus olhos que estavam sem maquiagem alguma e um suspiro saiu por entre meus lábios. Imediatamente peguei um corretivo, começando a tentar esconder as profundas olheiras que me faziam parecer uma morta viva, mas no final da tentativa em me maquiar fiquei com a aparência um pouco menos doentia e mais puxada para o lado palhaça.

Derrotada, coloquei os cotovelos na penteadeira e apoiei a cabeça com as mãos, fechando os olhos.

Até quando vou ser essa tapada que não sabe fazer uma maquiagem sequer?

Já tinha assistido milhares de vídeos no YouTube, mas sempre que tentava por em prática era um fracasso. Choraminguei com o pensamento e no mesmo momento mamãe bateu em minha porta.

— Victoria? Amorzinho, você quer adiar sua ida para a segunda-feira? — perguntou ela com seu tom amável de sempre.

— Não, calma aí, já vou descer! — falei rápido, pois a última coisa que queria era chegar na faculdade no dia em que as aulas começariam.

— Cinco minutos — avisou e eu sabia que eram exatos cinco minutos ou nada.

Mamãe se foi e imediatamente peguei o demaquilante para retirar toda aquela gosma de meu rosto.

— Vai ter que ser morta viva mesmo! — falei ao final e levantei indo pegar a mala pequena e quase vazia onde joguei tudo o que ainda estava sobre a penteadeira.

Foi uma atitude bem planejada e muito sofrida até finalmente conseguir convencer meus pais a viver no campus, já que minha casa não ficava tão longe da universidade. A verdade era que eu precisava me distanciar de minha família e pela primeira vez na vida tentar me virar sozinha.

Meus pais sempre foram muito apegados à religião deles e de certa forma me sufocavam, sempre me impondo seguir suas crenças acima de tudo. Eu desejava que ao menos a vida universitária fosse como sonhei, livre, leve e solta.

Dei um sorrisinho enquanto pensava aquilo e arrastei a mala até a porta.

O percurso não demorou mais que quarenta minutos. Quando o carro de mamãe entrou nos limites da universidade eu pude sentir nas veias que aquele era o meu mundo, mas também era possível ver a constante reprovação no olhar de minha mãe, mas já havíamos passado dois meses discutindo sobre aquilo.

— Tome cuidado, não se deixe influenciar...

— Tudo bem, mãe — falei entediada e em seguida dei-lhe um beijo na bochecha.

Foi difícil fazê-la voltar da porta, afinal queria ver o quarto em que eu ficaria, mas já sou quase uma mestre em desculpas.

Eu havia usado de todo meu poder de  persuasão no último verão, para sozinha poder passar um tempo conhecendo as irmandades e os eventos organizados por elas, para poder finalmente optar por uma onde me sentisse mais confortável. Depois de tudo o que conheci das casas, a Kappa me parecia o ambiente menos hostil, apesar das meninas claramente não terem nada a ver comigo. Quando conheci Mary, a líder da casa, tive certeza de que iria me dar bem com as outras, por isso lá estava eu, entrando com o pé direito atravessando a porta da frente, logo me deparando com a longa escada que no topo se dividia para os lados. Percebi que não tinha pensado em como carregar as malas até o segundo andar onde ficava meu dormitório, mas ainda assim caminhei até o segundo degrau.

— Espera, eu te ajudo. — A voz logo atrás me fez virar e me deparei com uma jovem de cabelos curtos e loiros.

— Obrigada. — Sorri sem graça entregando-lhe a menor mala e ela logo passou para o degrau acima do que eu estava.

— Sou Candice — disse ela já subindo e eu fiquei parada observando que usava roupas extremamente curtas e me achei estranha por estar usando uma saia um pouco abaixo do joelho e blusa de mangas, mesmo com o clima quente. Pisquei algumas vezes, meu cérebro voltou a funcionar e então voltei a subir. — Seu quarto fica na esquerda ou direita? — perguntou parando ao topo da escada e rapidamente puxei o papel que tinha enfiado no bolso lateral da mochila, ela pegou a folha da minha mão e após passar os olhos seguiu para a direita.

— O meu fica no outro corredor — disse. Segui ela que logo parou em frente a uma porta. — Bem-vinda ao seu novo lar. —  Sorriu.

— Obrigada — repeti, pegando na maçaneta e olhei novamente para ela.

— Relaxa, aqui não é tão ruim. — Sorri sem jeito, confirmando com a cabeça. — Esse é meu segundo ano e ainda estou viva, veja só! — Candice deu uma batidinha em meu ombro e saiu caminhando de volta.

Respirei fundo antes de abrir a porta, pensando encontrar minha futura colega de quarto, mas o lugar estava vazio. Do lado esquerdo a cama estava arrumada com uma colcha felpuda preta e travesseiros fofinhos de cor branca, ao lado havia um móvel onde tinham bijuterias, maquiagem e muitos outros pequenos objetos jogados. Ainda do lado esquerdo havia uma grande cômoda de madeira.

Coloquei as malas próximo a cama da direita e sentei na mesma, dando um longo suspiro. Havia o móvel e a cômoda também do meu lado e o banheiro também ficava na direita, em um pequeno e estreito corredor.

...POV Kris...

— Que se foda aquele maldito dos infernos! — Praguejei enquanto abria a porta do dormitório falando com Paul ao telefone. — Não vou a festa nenhuma naquela fraternidade idiota, odeio aquelas cretinas que se acham as donas do pedaço, mas sequer conseguem limpar a bunda sozinhas.

Me joguei na cama enquanto ouvia Paul rir confirmando tudo o que eu disse e acrescentando mais alguns desaforos. Aquele cara me entendia tão bem que parecia sermos irmãos gêmeos separados na maternidade, existia uma conexão de pensamentos entre nós que algumas vezes chegava a ser assustadora.

— Mas foda-s... Ai meu Deus! — gritei e Paul assustou-se do outro lado, mas desliguei na cara dele.

Sentei na cama olhando a pessoa que saía do banheiro e meu queixo caiu enquanto passava os olhos por seu corpo.

— De que convento você saiu? — pronunciei a primeira coisa que me veio em mente.

— Como? — Ela franziu a  testa e reprimi a gargalhada que ficou presa em minha garganta.

Coloquei um dedo sobre os lábios analisando suas roupas de velha e me perguntei o que fiz para merecer mais uma colega de quarto totalmente diferente de mim.

— Algum problema? — perguntou e olhei para seu rosto que estava vermelho, ela parecia sem jeito diante de minha análise.

— Você não dorme a quantos dias? — questionei ao ver as olheiras em seu rosto.  — Meu Deus, o que fiz para merecer isso? — Me joguei na cama e fechei os olhos, mas meu telefone tocou e atendi ouvindo os gritos de Paul por eu ter desligado na cara dele. — Cala a boquinha, tenho visita aqui em meu dormitório. Acredita que mandaram uma beata para ser minha colega de quarto?

Ele deu uma gargalhada.

— Beata? — Escutei a garota falar e quando olhei para ela notei que ainda estava no mesmo local, próximo ao banheiro, me olhando com aquela aparência horrível. — Sua mãe não te ensinou a respeitar as pessoas e a ter modos?

Desliguei o telefone novamente e sentei na cama, temendo que a louca decidisse me arrastar para o poço.

— Olha, vamos esclarecer algumas coisas aqui, certo? Daqui para lá é o seu lado do quarto e dessa linha imaginária para cá, é o meu território — expliquei, gesticulando com as mãos. — Logo, tudo o que eu faço e falo deste lado do quarto não é da sua conta!

— Então, você acha que tem o direito de falar de mim dessa forma e devo ficar calada só por causa da sua maravilhosa capacidade de criar uma linha imaginária? — Ela mantinha os braços cruzados me olhando com uma certa raiva.

Revirei os olhos antes de levantar da minha cama, abrir minha cômoda, pegar uma bolsinha de onde retirei uma fita de cor verde e comecei a dividir nosso território.

—  Pronto! — Respirei fundo, colocando as mãos na cintura. — Você pode ultrapassar para sair. — Apontei para a porta. — Diante do meu esforço criando essa linha bem visível, digo que não tem nada a ver com o que falo aqui. Ok?

—  Por Deus... — murmurou ela virando e sentando na cama.

— E não me venha rezas aqui! — Joguei o resto da fita sobre a cama e saí do quarto deixando o celular para trás.

...(...)...

— Ei! Psiu! — chamei baixinho. Estava sentada no chão, encostada em minha cama, de frente ao rosto dela que dormia pesadamente. — Menina acorda. Ei!  — Decidi gritar. — Acorda Beata!

— Mãe? — disse acordando assustada me fazendo dar uma sonora gargalhada vendo ela sentar na cama com os cabelos bagunçados. — Você... — murmurou voltando a deitar.

— São cinco da manhã é hora de acordar para a oração matinal, vamos! — brinquei e ela abriu os olhos novamente

— O que você quer, hein?

Apontei para baixo da cama dela.

— Joguei meu celular e sem querer ele foi parar aí, então pegue para mim. — Ela fez uma careta enquanto mantinha o rosto em direção ao teto e logo depois me encarou com aqueles olhos inchados.

— Por que você mesma não pega?

— Eu levo a sério minha linha — expliquei, indicando a mesma.

— Só pode ser brincadeira! — A beata suspirou e então inclinou-se na cama para pega o celular.

Estendi a mão para receber o aparelho, mas ela jogou o mesmo em minha cama e deitou-se novamente, virada de costas para mim.

— Você é muito atrevida, garota. — Ri.

— E você fede a cigarro e bebida, sai de perto da minha cama! — resmungou.

Não lembro quando adormeci, acho que deixei Paul no vácuo durante nossa sessão fofocas matinal e peguei no sono. Quando acordei já era uma da tarde e nem sinal da esquisitona. Fui ao banheiro tomei um banho, fiz minha higiene bucal e depois de pronta saí em busca de algo para comer.

Como em todo domingo a maioria das meninas daquela casa estavam jogadas no sofá da sala no primeiro andar, com aquelas caras de tédio. Amy ao me ver chegando saltou ficando de pé e veio praticamente correndo em minha direção, suas mãos voaram para em volta de meu pescoço e ela beijou minha bochecha. Me perguntava quando a morena ia superar nosso fica em uma noite de bebedeira e se conformar que éramos apenas amigas.

— Gostou da festa na casa das Beta? — perguntou ela.

— Claro que não, aquelas cretinas não servem nem para fazer um festa de vergonha. — Retirei seus braços de mim e caminhei para a porta sabendo que ela me seguia.

— A Mary vai fazer a festa de boas-vindas às novatas da Kappa no próximo sábado e essa sim vai ser A Festa.

— As novatas desse ano são uma droga, você precisa ver minha nova companheira de quarto. — Coloquei o dedo na boca fingindo vomitar e ela gargalhou.

— Kris você já colocou pra correr duas colegas de quarto, se quiser peço pra trocar com ela.

— Não, obrigada — falei imediatamente, pois a última coisa que queria era Amy dando encima de mim o tempo todo.

— Poxa. — Olhei de canto e percebi ela fazer um bico. — Foge de mim como o diabo da cruz. Sou tão ruim assim? — Parei de andar chegando em meu carro.

— Na boa Amy, você sabe que eu curto homem, né? Piroca! Adoro piroca.

Aquilo não era verdade, claro, mas eu precisava fugir dela com brincadeiras para não precisar ser grossa.

Lembrava-me de minha primeira e última experiência com um cara, estávamos ficando há duas semanas e eu tinha 15 anos quando decidi perder a virgindade. Fico até arrepiada ao lembrar nós dois no meio da sala da casa dos pais dele quando me mostrou aquele troço estranho no meio das pernas e pediu que eu chupasse. Eu cuspi com nojo e imediatamente sai de lá, quase nua. Acho que ele foi o primeiro e último ser humano que fiquei mais de duas vezes, prefiro minha solteirice, curtindo minha vida sem ninguém pegando no meu pé.

Estacionei o carro em frente ao clube, o lugar mais frequentado aos domingos pela galera da universidade. Lá tínhamos opção de café, lazer na piscina, salas e campos de jogos, aulas de dança de todos os estilos e também era tipo o paraíso dos bad boys contrabandistas de drogas, filhos de sócios do lugar.

Enquanto entrava com Amy ao meu lado avistei vários alguns rostos conhecidos e chegando no segundo andar onde ficava o café fiquei surpresa ao ver a beata conversando com o rei do tráfico da universidade. Um dos carinhas mais ricos por lá, o que não dava para entender porque vendia aquelas merdas. Mathew era também o rei das novatas que sempre pareciam morrer por ele.

— Olha alí a songa monga pedindo para se ferrar — murmurei parando a uma certa distância, cruzando os braços enquanto olhava a cena.

— Quem é aquela falando com o Matt? — Amy fez cara de nojo ao olhar para a garota.

— Infelizmente, aquela é minha companheira de quarto — falei enquanto analisava o sorriso sacana no rosto do loiro boçal.

— Sinto muito — disse ela, dando batidinhas em meu ombro e avistei Cand se aproximando de nós carregando dois refrigerantes.

— Olá meninas! Tchau meninas! — Ela já passava direto, mas paralisou. — O que o Mathew McKean está fazendo alí? — falou entredentes.

— Caridade? — brincou Amy, mas a loirinha praticamente correu em direção ao casal.

— Seu cretino, afaste-se da Vic! — Saiu gritando feito uma louca.

— São amigas? — Me pergunte franzindo a testa, mas Amy me arrastou para o balcão da lanchonete onde decidi procurar algo para comer.

...(Cinco horas mais tarde)...

— Eu vou enfiar esse taco no seu buraco mais profundo — ameacei segurando o taco de sinuca.

— Vem quente que eu to fervendo. — Paul inclinou-se sobre a mesa e todos que estavam por perto fizeram cara de nojo, me fazendo gargalhar. — Mete viado! — Deu um gritinho e eu bati com o taco em sua bunda. — Aii!

— Te controla, hoje não tem fodinha. — Rindo joguei o taco para o Eric que ia jogar a próxima.

Caminhei até um sofá e fiquei observando os caras jogando enquanto Paul descaradamente dava encima de todos. Eu me divertia horrores com ele e nem percebia que as horas passavam. Já era tarde quando me coloquei de pé e anunciei que ia embora. Meu amigo não quis sair sem ter ganho nenhuma partida e nenhum bofe, mas Amy, que ainda estava por lá, logo pediu carona de volta.

Alguns minutos depois estacionei o carro próximo a casa e nós subimos juntas, mas ao invés de ir para o próprio quarto Amy me seguiu até a porta do meu, claramente esperançosa por conseguir algo.

— Chegamos — ela anunciou o óbvio e encarei seus olhos felinos.

— Estou vendo. — Coloquei a mão na maçaneta vendo ela morder o lábio.

...POV Victoria...

Depois de passar a manhã recuperando o sono que aquela louca me impediu de dormir durante a madrugada, acordei as onze e tomei um banho. Coloquei um vestido e ao sair do quarto fui surpreendida pela garota do outro dia, a Candice, toda animada me chamando para irmos a um tal clube e aceitei.

O lugar, tinha de tudo e estava cheio de universitários. Nós tomamos café observando uma partida de futebol em um dos imensos campos do local. Depois decidimos ir tomar refrigerante e subimos para um segundo andar onde Cand me deixou à sua espera.

Foi muito estranho quando um rapaz sentou ao meu lado perguntando meu nome, me deixando totalmente sem jeito, mas respondi todas as suas perguntas curiosas, mesmo me sentindo um pimentão de tão sem graça por ficar diante de tanta beleza e simpatia, daquele que se apresentou como Matt. Porém, Candice chegou gritando e colocou o menino para correr, ela me lançou um olhar fulminante e avisou que eu ficasse longe dele.

Depois desse episódio que eu não entendi bem, comprei um lanche para não ter que sair do quarto pelo resto da tarde e nós viemos embora.

Fiquei em meu quarto lendo um livro e já era noite quando ouvi a voz da garota inconveniente, do lado de fora, no corredor. Estava tentando me concentrar na leitura, mas as vozes sempre me faziam perder o fio da meada e tinha que reler as frases, por isso, cansada de tanta falação, coloquei o livro de lado indo até a porta e ao abrir a mesma não vi ninguém, mas quando coloquei a cabeça para fora meu queixo caiu enquanto meus olhos ficavam arregalados. A minha colega de quarto — que de colega não tinha nada — estava chupando a língua de uma garota enquanto pressionava o corpo dela contra a parede. Parecia que as duas iam se fundir alí mesmo.

Não sei por quanto tempo fiquei paralisada vendo aquela cena, que jamais imaginei presenciar, mas que me causou uma sensação muito estranha.

02 • Amiga em Comum

...POV Kris...

Amy gemeu em meus lábios e decidi que era hora de parar. As vezes ela insistia tanto que eu acabava esquecendo que era insaciável e ficaria sempre pedindo mais. Quando nos afastamos levei um susto ao ver a beata parada ao nosso lado, nos encarando de maneira estranha. Ela conseguia ficar cada vez mais assustadora, tanto por seu rosto quanto em relação as roupas, usava uma camisola que me lembrava muito aquelas de vovó.

— O que diabos você ta olhando? — perguntei e ela pareceu despertar de um transe, seu rosto atingindo um intenso tom de vermelho. Ela entrou no quarto fechando a porta com força, eu olhei para Amy e ambas caímos na gargalhada.

Quando me recuperei do riso decidi entrar e Amy ainda tentou me convencer a ir visitar o dormitório dela, mas abri a porta e entrei rapidamente, como se fugisse. Olhei para a cama da beata e estava vazia, ouvi o som do chuveiro ligado e me joguei em minha cama retirando os sapatos com os próprios pés. Quando ela saiu do banheiro virei para o lado da parede e tentei cochilar para não ter que ficar aturando sua presença, mas ela estava inquieta e eu não consegui conciliar meus pensamentos, muito menos dormir.

— Gostou do que viu? — perguntei enquanto virava na cama ficando de barriga para cima olhando o teto do quarto. — Coisa feia ficar olhando as pessoas se beijando, estava parecendo aquelas crianças melequentas curiosas. — Ela não respondeu e virei o rosto para ver o que fazia, estava enfiada embaixo do cobertor. — Está com medo de quê?

— Você é lésbica? — Ela retirou o cobertor da cabeça deixando apenas os olhos de fora.

— Tem medo de lésbicas? — Ri levantando da cama para ir vestir meu pijama e a garota se encolheu como se eu estivesse indo ataca-la. — Você é doida? Não te agarraria nem se eu fosse o pé grande. — Peguei meu pijama na cômoda e fui para o banheiro, quando voltei ela estava lá, enrolada e quieta, então apaguei a luz e consegui ignora-la até dormir.

Infelizmente as férias acabaram.

Na segunda, quando acordei estava sozinha no quarto e pude me arrumar a vontade. Peguei minha bolsa que estava preparada desde o último dia de aula — já que levei as férias muito a sério — e saí do dormitório ainda ajeitando minhas roupas, pois estava atrasada.

Cheguei na minha primeira aula quando  a professora já estava entrando e corri para um dos acentos. Me acomodei — muito mal por sinal, naquelas drogas desconfortáveis — e corri os olhos por todas as pessoas na sala, observando os rostos novos naquela matéria que fiz o favor de repetir, mas infelizmente a primeira pessoa que vi foi a beata.

Será possível que ela vai estar em todos os lugares?

O dia correu normal, aulas e mais aulas, almoço, conversa fiada com meus colegas e amigo, assim chegou o fim da tarde e eu agradeci mentalmente por finalmente poder dormir um pouco.

Caminhava pelos corredores em direção a saída quando a voz de Charlotte Sullivan me fez parar.

— Kristine! — gritou ela que aproximou-se colocando o braço ao redor de meu ombro.

— Em que mundo você vive para achar que tem essa intimidade? — Retirei o braço dela de mim, dando um passo para o lado no intuito de manter distância.

— Ei revoltadinha, vim apenas te avisar que minha festa de aniversário é daqui a duas semanas. — Dei de ombros e ela fez um bico.

— O que eu tenho a ver com isso, Sullivan? — Eu não conseguia entender o que ela e as amigas patricinhas tanto queriam comigo, elas tinham mania de ficar pegando no meu pé porque sabiam que eu não gostava de nenhuma.

Charlotte era uma loira alta, coxas perfeitas, bumbum arrebitado e seios fartos, uma verdadeira tentação. Quem nos via conversando daquele jeito diria que somos no mínimo colegas, mas ela já havia demonstrado antes não gostar de mim, apenas pelo fato da melhor amiga não ir com a minha cara desde a minha chegada à universidade.

Ashley Brooks era o tipo de pessoa convencida devido o sobrenome que carregava, achava que a atenção de todos tinha que ser sempre dela, mas isso não aconteceu durante a festa de boas-vindas da turma. Como acabei roubando a cena, isso pareceu imperdoável e insuperável para ela.

— Eu quero que você vá, as garotas mais lindas da cidade estarão lá para você exercitar bastante o seu lado lésbico. — Não pude deixar de rir ouvindo aquela babaquice.

— Não preciso das suas festas para "exercitar meu lado lésbico." — Fiz aspas com os dedos e saí andando, deixando ela para trás.

— Te espero lá! — gritou. — Coloca sua roupa mais sexy! — Revirei os olhos enquanto caminhava mais rápido.

Quando entrei no dormitório a beata estava lá, sentada lendo. Joguei a bolsa no chão, peguei uma roupa confortável e fui para o banheiro. Ao sair sentei na cama secando os cabelos e olhei para a outra que parecia concentrada no livro, até que de repente a porta do quarto ser escancarada e uma loira com um metro e meio entrar sorrindo.

— Olá meninas! — Fechou a porta atrás de si.

— Oi Cand! — disse a beata sorrindo e fechando o livro.

— Vim convidar as duas para jantar comigo!

Olhei a beata no mesmo momento em que ela olhou para mim, mas baixou a cabeça.

— Espera! Victoria, essa é a Kristine — disse Candice, gesticulando entre nós duas. — Kris essa é a Vic — A loira colocou as mãos na cintura, sorrindo de orelha a orelha. — Pronto, agora podemos sair juntas, certo?

— Eu não estou com fome — anunciei.

— Eu vou sim! — A tal Vic levantou da cama e pude ver que vestia uma de suas habituais saias abaixo do joelho que lhe fazia parecer uma doida varrida.

— Kris, para de ser chata! Nós tivemos nosso terrível primeiro dia de aula, sei que está cansada, mas acima de tudo com fome. Vamos!

Como eu já planejava sair para jantar porque não queria ficar na casa com o resto das garotas, acabei aceitando.

Assim que saimos entendi o real motivo de ter sido convidada, eu seria a motorista delas.

Fomos até a lanchonete mais próxima, nos arredores do campus, então não demoramos a chegar. Durante o percurso Cand só falou sobre o carinha que conheceu logo no primeiro dia de aula.

— Ele deve ter uns amigos para te apresentar — disse a loira para Victoria e acabei rindo.

— Cand você é toda desinibida, descolada e bonita, já eu... — Ouvi a beata dizer enquanto eu já saía do carro.

Ainda bem que ela tinha noção. Pensei comigo mesma.

— Vic não estou gostando da forma como você se diminui — reclamou e revirei os olhos ouvindo aquilo enquanto observava elas saindo do veículo.

—  Depois falamos sobre isso. —  A beata pareceu não querer falar na minha frente.

— Você é linda! Só... — Cand buscava uma palavra que descrevesse a nova amiga e eu decidi finalmente entrar na conversa.

— Só anda por aí parecendo a minha avó. — Coloquei a chave no bolso e caminhei para a entrada da lanchonete.

— Para de ser grossa! — Senti algo batendo em minhas costas e quando virei percebi que havia sido a loira que jogou o sapato em mim, mostrei a ela o dedo do meio e entrei no local deixando as duas para trás.

Candice, Amy e Paul, eram os mais próximos a mim, apesar de conhecer praticamente todos que estavam naquela universidade. Os três me conheciam muito bem e sabiam que eu não era de falsidade ou enrolação, sempre falei tudo na cara e muitas vezes me chamavam de grossa, mas eu não conseguia evitar, sentia necessidade de expor meus pensamentos em voz alta.

Logo estávamos sentadas em uma mesa, fazendo nossos pedidos. Pedi uma poção de batatas, sanduíche, mais um refrigerante, logo depois foquei em meu celular, sem dar muita atenção para o que as duas pediam.

— Kris, porquê não nos dá atenção? Começa explicando o motivo de insistir em assustar a Vic — falou Cand de repente e coloquei o celular de lado encarando a besta, me perguntando o quê ela andou falando sobre mim.

— Eu? — Franzi o cenho. — Ela quem me assusta com essa cara. — Vic praticamente me fuzilou.

— Se quer ter o quarto só para você porquê não vai pra casa? Já está na hora de parar com isso de ficar colocando pra correr todas as garotas que entram... — Cand se calou e segui seu olhar, logo avistando Matt que aproximava-se.

— Oi Vic —  disse ele parando ao lado de nossa mesa e vi ela sorrir de orelha a orelha, como toda boa boboca que ele jogava charme.

— Oi Matt, tudo bem? — O sorriso ia acabar rasgando a cara dela, de tão largo.

— O que você quer? — perguntou Candice emburrada, bancando a super protetora.

— Cand não se mete em assunto de casal — brinquei e enquanto ela me lançava um olhar fulminante vi a beata ficar vermelha.

Coitada.

— Cand, fica na tua — disse o loiro bancando o idiota de sempre. — Vic, podemos conversar?

— Claro que não! — A loira olhou para a outra que claramente queria ir.

— Candice para, ela já é bem crescidinha — falei.

— Eu volto logo. — Vic ficou de pé e saiu caminhando enquanto Matt colocava o braço ao redor de seus ombros .

Candice bateu na mesa de repente, me assustando.

— Eu nem preciso dizer que ele está planejando brincar com ela, não é? — disse.

— E você vai ficar bancando a babá? A garota queria ir, deixa ela quebrar a cara pra aprender. — A loirinha bufou de raiva.

Nossos pedidos chegaram e comi despreocupada enquanto ela tentava ver os dois através da parede de vidro. No fim das contas pedi para a garçonete preparar o pedido da beata pra viagem, afinal ela ia acabar ficando sem comer pra ficar de papo com o sacana lá.

— Não aguento mais! — A loirinha levantou da mesa e revirei os olhos antes de chamar a garçonete para pedir mais um lanche pra viagem.

Minutos depois, quando saí do local, as duas pareciam discutir próximo a meu carro, mas se calaram ao notar minha aproximação. Nem perguntei nada, entrei no veículo tomando meu lugar no volante.

Durante a volta elas pareciam emburradas, eu nem quis comentar sobre o motivo, então seguimos em silêncio.

Assim que chegamos Candice entrou na casa e nem deu tempo de entregar o lanche, pois passou feito furacão, me fazendo rir da situação. Dei de ombros e fui para o dormitório sendo seguida pela beata, destranquei a porta e ao entrar retirei os sapatos, com os pés mesmo.

— Toma. — Entreguei o lanche e ela ficou olhando por um tempo, parecendo decidir se deveria aceitar. Eu já ia até desistir quando pegou de minha mão.

— Obrigada — murmurou sentando na cama e também me joguei na minha. — Qual o problema da Candice em relação ao Matt? — Virei na cama para olhar ela.

Era incrível que uma garota que provavelmente não sabia nada da vida ficasse se interessando por um cara como o Matthew, justo o tipo de babaca que jamais se interessaria por alguém como ela. Aliás, quem se interessaria?

— Não sei se entenderia... você pelo menos já beijou nessa vida? — provoquei e ela bufou me fazendo rir. — Quando cheguei aqui eles eram namorados.

— Ela ainda deve gostar dele... — resmungou e eu sentei na cama.

— Você é idiota, não é? A Cand odeia aquele imbecil, está estampado na cara dela!

— Idiota? — Jogou o pacote com o sanduíche em mim, de repente. — Não dá mesmo para ter uma conversa com você! — dizendo aquilo ela deitou-se me dando as costas.

— Vai rezar pra Deus, deixa de ser estressadinha! — Rindo coloquei o pacote no móvel ao lado da cama e deitei, também de costas para ela.

03 • Pombo Correio

...POV Kris...

Estava sentada no banco do carro com a porta aberta, segurando um copo de milkshake enquanto digitava uma mensagem de texto com a outra mão. Ouvia a risada de Paul que estava um pouco mais a frente, sentado em uma rodinha com os caras no gramado. A única desvantagem de ter um melhor amigo gay era que ele sempre estava no meio dos machos.

— Matt! — Ouvi um dos caras gritar.

Desviei o olhar do telefone percebendo que o idiota se aproximava e para minha surpresa era justamente de mim.

— E aí! — Deixei o celular de lado e virei no banco para encarar ele que estava de pé, apoiando uma mão em meu carro.

— O que você quer? — perguntei sendo direta, afinal ele quase nunca falava comigo.

— Quero que converse com a Cand, não estou aguentando mais aquela garota querendo empatar minha vida.

Sorri sem humor.

— Como se você não estivesse justamente provocando ela.

— Não quero mais nada com aquela doida!

Levantei saindo do carro.

— Me deixa fora desse lance, ok? — Fechei a porta e fui sentar com Paul e os outros.

— O que ele queria? — perguntou meu amigo e apenas dei de ombros, não querendo tocar no assunto por acha-lo muito insignificante. — Ei, aquela não é sua nova coleguinha de quarto? — Olhei na direção que ele apontava e lá estava a beata rodeada de patricinhas.

— Devem estar zoando ela — comentei desviando o olhar.

— Aquela garota é uma comédia — disse Leonard, o cara que Paul é caidinho. — A galera zoa ela o tempo todo durante o almoço.

— Imbecis — murmurei voltando a tomar meu milkshake.

Tudo bem que eu vivia dizendo umas bobagens a ela, mas era diferente.

— Só a Kris pode falar mal dela! — Paul falou com um sorrisinho sacana nos lábios.

— Para de besteira. — Levantei, decidindo ir para a casa.

Estávamos quase na terceira semana de aula e eu já tinha um belo projeto para começar a encarar. Maldita hora que escolhi administração.

Como não tinha mesmo nada melhor para fazer naquele dia em que todo mundo decidiu me encher o saco, ao chegar joguei todo o material sobre a cama e dei início às minhas atividades.

Passaram-se algumas horas até que a novata chegasse parecendo toda animadinha, com um sorriso que sumiu quando seu olhar cruzou com o meu. Ignorei sua presença e continuei o que fazia.

— Isso está errado. — Escutei a voz dela e levantei a cabeça para olhar seu rosto. Ela estava de pé, bem na fronteira que dividia nossos territórios.

— E daí? — Voltei minha atenção para o caderno.

— Daí que se você não sabe fazer isso, muito menos vai conseguir fazer o resto. — explicou.

— Ok, então me diz como é, sua sabe tudo. — Ela revirou os olhos.

— Posso? — perguntou se referindo a fita.

— Não — falei, me arrastando na cama indo sentar no chão. — Pronto, agora cada uma pode ficar do seu lado.

— Que bobagem — disse e vi um sorriso surgir em seus lábios enquanto sentava à minha frente.

Nas duas semanas que estávamos naquele bendito dormitório a beata parecia ter se acostumado com a forma que eu tratava ela. Até achei bom, pois nada iria mudar, eu tratava as pessoas com apelidos e ofensas independente de serem amigos ou desconhecidos. Mas quanto a mim, não tinha me acostumado com ela, parecia impossível me acostumar a dividir o quarto com outra pessoa e ainda por cima alguém tão diferente de mim, alguém que eu batia o olho e desejava mudar simplesmente tudo, principalmente sua idiotice dando cabimento ao Matt.

Ela começou a me explicar  e eu tentei acompanhar com meu lento raciocínio. Ficamos focadas naquilo durante quase uma hora até que finalmente terminei.

— Ufa! — Fechei o caderno ficando de pé, sentindo minha bunda dolorida. — Obrigada.

— Nunca pensei que um dia me agradeceria por algo — disse ela, também levantando.

— Posso ser muitas coisas, mas não sou mal agradecida — falei enquanto juntava as coisas sobre minha cama. — Você... não tem andado muito com a Candice ultimamente, não é?

— Ela tem ciúmes do Mattr, não posso fazer nada. Ah, olha... — Virei para ela que me entregava um papel cor de rosa. — Charlotte Sullivan pediu para te entregar.

Vi que se tratava do convite para a festa de aniversário que aconteceria em dois dias.

— As patricinhas estavam zoando você, não era?  — Amassei o papel e joguei em um cesto no canto do quarto.— Fica andando por aí com essas roupas...

— Não! Elas, ao contrário de você, são educadas. — A garota me deu as costas e foi para o banheiro.

...(...)...

— Deixa eu ver se entendi. Amanhã tem uma festa do caramba e você não quer ir, é isso mesmo? — Paul estava revoltado. — Com quem vou comentar sobre aquela droga?

— Para com esse blá blá blá — reclamei enquanto caminhavamos pelo campus, ao fim das aulas daquele dia.

— Sua periguete de quinta, você vai nessa festa nem que seja amarrada pelos pés e eu te arrastando! — ameaçou me fazendo dar uma risada.

— Ok, eu vou com uma condição. — Ele parou, sorrindo todo contente. — Que você consiga que eu fique com Ellie Smith.

— What?? Ellie é a segunda melhor amiga da Ashley. Depois da Charlotte, ela é tipo o bracinho esquerdo cor de rosa da patricinha maléfica. Pirou? — Eu apenas sorri voltando a caminhar, pois sabia que era impossível ele conseguir tal proeza.

— Se vira! — Paul ficou parado roendo as unhas. — Tem até uma hora antes da tal festa. — Segui para meu carro e entrei, vendo pelo retrovisor que a bixa louca voltou para o prédio saltitando como se tivesse uma brilhante idéia. — Porra, o que ele vai aprontar?

...POV Victoria...

Minha primeira semana foi bem estranha, apesar de que não sei se estranho era a palavra correta para descrever tudo o que aconteceu naqueles dias. A forma como as pessoas agiam ao meu redor era como se fossem ET's, percebi que pensar sobre aquele ser o meu mundo estava completamente errado, pois eu ficava cada vez mais deslocada com aquelas pessoas.

Cand foi a primeira e única que me fez sentir bem, mas depois de seu surto por causa do Matt, nós acabamos nos afastando. Minha amizade com ele estava indo muito bem, era uma boa companhia, apesar de seus constantes elogios que me deixavam constrangida.

Quanto aquela tal Kris, eu tinha um certo receio de me aproximar, afinal para mim era uma imensa incógnita, as vezes parecia que no fundo, bem lá no fundo, era uma pessoa legal, mas bastava abrir a boca e puf! Notava-se a grossa que realmente é. Sem contar no fato de ser lésbica, algo que me fazia sentir ainda mais desconfortável. Cheguei a pensar em pedir para trocar de dormitório, mas decidi dar um tempo para quem sabe me adaptar.

Na segunda semana eu estava bem mais amiga das garotas da Beta, que todos julgavam como patricinhas fúteis e metidas.

— Victoria, você precisa convidar de novo Kristine para a festa, quero ver ela lá e fica a seu critério convencê-la! — dizia Ashley, sentada à minha frente.

Estavamos na lanchonete do campus.

Eu não entendia porquê vez ou outra elas estarem falando sobre a Kris, mas nem procurei saber o motivo de tanto interesse na lésbica louca.

— Eu nem falo muito com ela — expliquei. — Na ultima vez amassou o convite.

— Se você quer ser uma de nós, tem que nos ajudar. — Olhei Charlotte, que falava aquilo. — Kris é uma peça fundamental para nossa festa.

— Por quê? — perguntei curiosa.

— Não faça perguntas difíceis, pois essa nem eu sei responder — disse Ellie, que tinha no rosto um sorriso amigável.

— Tudo bem, mas não garanto nada — falei por fim e Ashley sorriu olhando para Charlotte.

— Você e o Matt se dão muito bem, não é mesmo? — comentou Charlotte e segui seu olhar.

Matt entrava na lanchonete e deu tchau para mim que sorri ficando sem jeito.

— Ele é bem legal. — Voltei a olhar para elas que por algum motivo começaram a rir.

...POV Kris...

No sábado acordei com a esquisita revirando tudo, parecia estar fazendo faxina. Murmurei o quanto estava sendo inconveniente e fui para o banheiro onde quase cochilei sentada no vaso, até levantar e ir tomar um banho para despertar.

— Ei, as meninas querem muito que você vá a festa. — Escutei a voz de Victoria próximo a porta do banheiro.

— Beata, você foi promovida a pombo correio das patricinhas? — Enrolada na toalha abri a porta e ela me olhou assustada. — Foda-se a festa! — Passei indo pegar uma roupa na cômoda, retirei a toalha do corpo e coloquei nos cabelos, ficando totalmente nua. Peguei uma calcinha e vesti, quando voltei a olhar para a beata ela estava me olhando com aquela cara vermelha. — O que foi? — perguntei franzindo o cenho e ela percebeu que estava bancando a estranha de novo, então voltou a arrumar a cama. — Andando com as patricinha e com o Matt... você tem noção de onde está se metendo?

— É da sua conta? — Arqueei as sobrancelhas, surpresa pela forma que falou.

— Foda-se também! — Rosnei dando as costas a ela.

Terminava de me vestir quando meu telefone tocou, me joguei na cama pegando o aparelho no móvel ao lado e vi que era Paul.

— Fala bixa!

— Não sabe o que consegui. —Seu tom de voz animado me fez egolir em seco, temendo o que ele diria.

— Não me enrola nem me engana, seu cretino! — Fiquei sentada na cama me preparando para sua mentira.

— Ela vai ficar com você hoje a noite!

— Impossível! — gritei batendo na cama.

Aquela garota não ficava com ninguém. Pelo menos eu nunca vi ela com ninguém, vivia sempre correndo de um lado para o outro com a Ashley e Charlotte.

— Prepare sua melhor roupa, compareça a casa da Sullivan às nove e verá! — disse ele antes do tu, tu, tu...

Era só o que me faltava!

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