Meu nome é Lidiane Barbosa, tenho 35 anos e sou mãe das personagens principais dessa história, minhas filhas gêmeas Jade e Safira. Escolhi esse nome porque é exatamente isso que minhas meninas são para mim, duas jóias. O pai delas me abandonou assim que soube da minha gravidez, ele me enganava, estava namorando comigo mas já estava de casamento marcado com outra moça. Eu nasci e fui criada no interior de São Paulo, ele tinha vindo da capital e me apaixonei perdidamente por ele. Acreditei nas suas promessas e me entreguei a ele, era meu primeiro namorado.
Quando descobri que estava grávida fui contar a ele toda feliz acreditando que íamos nos casar e ele levaria eu e minha vozinha que me criou para a capital junto com ele. Mas tive uma grande decepção, ele me bateu e me humilhou, disse que não queria saber de filho nenhum e que mataria eu e minha vó se a gente fosse atrás dele. Depois disso nunca mais o vi, minha vó me ajudou a criar minhas meninas, ela faleceu quando elas tinham 10 anos e foi aí que me vi sozinha no mundo com minhas duas jóias preciosas.
A cidade que a gente morava era muito pequena e quase não havia emprego, eu fazia faxina e passava roupa para algumas pessoas, mas o dinheiro era muito pouco. Jade nunca reclamava de nada, sempre me ajudava com as tarefas de casa, era estudiosa e muito tranquila. Já a Safira era totalmente o oposto da irmã, sempre revoltada, reclamava de tudo e muitas vezes me humilhava por conta da vida humilde que a gente tinha. Ela queria ser rica, morar na cidade grande e andar de carrão, vivia dizendo que na primeira oportunidade iria embora.
Eu sou a Jade, tenho 19 anos e sou muito tranquila e calma, gosto de trabalhar e ajudar as pessoas. Acho que nesse mundo tão difícil e cheio de maldade, se a gente puder espalhar amor por onde passar já estaremos melhorando esse mundo um pouquinho mais. Moramos eu, minha irmã gêmea Safira e minha mãezinha.
Gosto muito de poder ajudar a minha mãe, sei o quanto ela trabalha e se sacrifica para não faltar nada para nós. Fico muito triste quando a Safira briga com ela por causa de dinheiro. Sei que se ela pudesse nos daria uma vida de princesa, mas infelizmente ela não pode, mas ela nos dá muito amor e carinho e pra mim isso é o principal.
Eu sou a Safira, a famosa ovelha negra da família Barbosa. Odeio a vida que levamos, pobreza não é comigo, desde pequena sempre sonhei com luxo e riqueza, um dia vou sumir dessa cidadezinha medíocre e vou pra capital. O safado do meu pai mora lá, se ele estiver vivo e for rico vou encontra-lo e cobrar tudo que tenho direito. Mas se for pobre como minha mãe aff não quero nem conhecer, de pobre já basta eu e essas duas sonsas. Minha mãe é uma pobre coitada e minha irmã uma forte candidata a se casar com algum Zé ninguém daqui e ter meia dúzia de filhos, se enterrar cada vez mais nessa pobreza.
Meu sonho é sair daqui, quero ser muito rica, ter empregados para me servir, andar de carrão e fazer compras nos grandes shoppings de São Paulo. Na primeira oportunidade eu meto o pé desse lugar horrível e vou atrás da vida que eu mereço.
Eu sou Miguel Rodrigues de Alcântara, tenho 32 anos e sou o CEO do grupo Âmbar, a maior rede de joalherias do Brasil. Meu avô foi o fundador, ele trabalhou duro para ter algum dinheiro, meu pai herdou a única joalheria que ele tinha e transformou nesse patrimônio que é hoje.
Infelizmente depois da morte precoce dos meus pais em um acidente de avião, eu sendo filho único tive que assumir tudo. Isso aconteceu há 10 anos atrás quando eu tinha apenas 22 anos. Foi muito difícil, mas meu tio me ajudou bastante e ele se tornou meu braço direito na empresa.
Sou uma boa pessoa, mas um acontecimento fez eu fechar meu coração para as mulheres. Há um ano atrás conheci uma moça, muito jovem e absurdamente linda, morena de cabelos longos, seu olhar doce e jeitinho de moça do interior me encantaram. Fiquei perdidamente apaixonado, meu tio me alertou várias vezes, minha amiga Sharon também e até meu melhor amigo Gael que é mulherengo demais me falaram que ela não prestava. Mas eu fiquei cego por aquela menina doce e meiga, me deixei levar, até que levei um golpe. Estava de casamento marcado com ela, mesmo contrariando todo mundo, ela tinha acesso a tudo na minha vida, e foi aí que levei um golpe terrível. Ela me roubou muito dinheiro, jóias e vários objetos de valor, inclusive um anel de rubi que foi a primeira jóia que meu avô fez e deu de presente pra minha avó, que passou para o meu pai e ele presenteou minha mãe no dia do casamento deles. Depois ela foi passada para mim, pra dar àquela que seria minha eaposa. Mas eu não desisti de encontra-la, quando isso acontecer não vou entregar a miserável a polícia não, eu pretendo me vingar pessoalmente, vou transformar a vida dela num inferno. Ela despertou o pior de mim, farei ela se arrepender do dia que nasceu.
Jade narrando...
Hoje completo 19 anos, era para ser um dia de festa, mas como posso comemorar alguma coisa depois do que minha irmã fez? Há aproximadamente um ano atrás a Safira, minha irmã gêmea, roubou as economias da minha mãe e fugiu de casa. Minha mãezinha sempre trabalhou duro pra cuidar da gente, com a ajuda da nossa bisavó ela conseguiu nos criar com muita dignidade. Somos muito pobres, nossa casa tem dois cômodos e um banheiro, as paredes estão descascando e o telhado está tão velho que quando chove é um Deus nos acuda. Apesar de toda dificuldade minha mãe sempre separou um dinheirinho pra guardar pro caso de alguma emergência.
Não era muito mas era tudo que nós tínhamos, mamãe pensava em guardar esse dinheiro pra ajudar Safira e eu a pagar uma faculdade. Se tem uma coisa que minha mãe nos ensinou foi dar prioridade aos estudos, para que um dia pudéssemos ter um bom emprego e uma vida melhor, pelos nossos próprios esforços, sem depender de homem nenhum.
Mamãe nunca escondeu nada de mim nem da Safira, portanto nós duas sabíamos daquele dinheiro. Um belo dia eu fui ajudar a mamãe numa faxina que ela fazia e a casa era enorme, então fui para dar uma força pra ela. Quando chegamos Safira não estava mais em casa, levou todas as suas roupas e até algumas minhas, não entendi porque pois ela vivia debochando da maneira como me visto. Enfim, olhamos tudo e nem sinal da Safira, tudo indicava que ela tinha ido embora mesmo, fui mexendo nas poucas coisas dela que restaram procurando alguma pista, quando meu celular tocou. Atendi desesperada e minha mãe já estava rezando e chorando.
Ligação on
Alô! Pode falar.
Olá irmãzinha. - responde Safira com voz debochada.
Onde você está Safira? Você pegou o dinheiro da mamãe, traga de volta!
Hahahahahaha mas você é uma tonta mesmo né. Eu não vou voltar nunca mais pra essa cidadezinha de merda, nunca mais quero ver a cara dessa gente pobre e miserável. - disse ela com a voz carregada de desprezo.
Isso inclui a mamãe e eu Safira??
Sim Jade, sinto muito mas inclui sim. Vocês gostam desse lugar, dessa pobreza, eu não, eu odeio.
E pra onde você foi Safira?
Já estou quase chegando em São Paulo, lá sim é um lugar pra se viver. Vou realizar todos os meus sonhos nesta cidade e quando estiver bem rica vou sair pelo mundo viajando e conhecendo lugares incríveis.
Porque você ligou então?
Só pra avisar mesmo, fala pra mamãe esquecer que eu existo, ela sempre preferiu você mesmo. A partir de agora ela só tem você, a filha perfeita, boa e santa. E não se atrevam nunca a vir atrás de mim, quero deixar pra trás tudo que me lembre essa porcaria de cidade e tudo que vivemos nela. Adeus!
Ligação off
Safira desligou sem dar chance da mamãe falar qualquer coisa. Eu tinha colocado no viva voz então ela escutou tudo, mamãe ficou arrasada, depois disso nunca mais vi minha mãe sorrindo. Ela passou a se preocupar única e exclusivamente comigo e proibiu tocar no nome da Safira. Nunca vi minha mãe assim, parecia uma forma de fugir do sofrimento, era como se a Safira nunca tivesse existido.
A partir daí passamos a viver uma pela outra, terminei o segundo grau, graças a Safira ter roubado as economias da mamãe eu tive que adiar o sonho da faculdade. Minha mãe apesar da idade estava muito doente com problemas cardíacos e não podia continuar fazendo tantas faxinas como fazia antes pois era muito esforço pra ela. Então eu assumi a maioria das casas que ela trabalhava, deixei ela apenas com duas onde o serviço era pouco e mais leve. Assim passamos esse um ano, muito trabalho e preocupação. Eu não estava com ânimo para sair mas por insistência da mamãe saímos juntas para comer uma pizza. Nossa cidade é bem pequena e tem uma pizzaria que fica no centro dela, perto de uma praça. Não tínhamos muito dinheiro mas com certeza para uma pizza e um sorvete nós tínhamos.
Coloquei um vestido e fomos, lá na pizzaria estavam precisando de atendente, minha mãe logo pensou que poderia ser minha chance de ter um emprego melhor. Quando vieram nos servir mamãe não perdeu tempo e pediu pra falar com quem era responsável pelo lugar. Veio falar conosco uma senhora, que eu já conhecia pois havia estudado com a filha dela e nos tornamos muito amigas. Letícia era seu nome mas já não nos víamos a muito tempo. Ela me reconheceu na hora.
--- Oi minha linda, Jade seu nome não é? - assenti sorrindo pra ela - Essa deve ser sua mãe. Prazer Eliete.
--- Igualmente. - mamãe diz com um quase sorriso - Meu nome é Lidiane. Então vocês se conhecem?
--- Sim mãe, a dona Eliete é mãe da Leticia, que estudou comigo. Nunca mais vi a Lelê, por onde ela anda?
--- A Leticia foi pra São Paulo, está trabalhando lá. Minha prima Silvia, é madrinha da Lelê e abriu uma pizzaria enorme lá, aí ela chamou a Leticia pra ir morar com ela e trabalhar e estudar lá.
--- Fico feliz por ela, sempre foi uma boa menina, muito educada. Lembro dela indo lá em casa quando estudou com a Jade.
--- Muito obrigado! A Jade também é um amor de menina. Mas vocês mandaram me chamar? Aconteceu alguma coisa?
--- Bom, é que eu vi ali na porta que você está precisando de uma atendente. Pensei que talvez a Jade pudesse trabalhar com você.
--- Poxa que pena já veio uma moça aqui não faz nem uma hora. Com a correria esqueci de tirar a placa.
Ela pede para alguém tirar o anúncio, vejo a tristeza nos olhos de mamãe. Sei que a preocupação dela comigo agora é maior ainda, já que somos só nós duas. Eliete também percebeu e disse à minha mãe que se surgisse qualquer outra vaga ali seria minha. Nós agradecemos e voltamos a comer, fiquei falando sem parar e acho que mamãe se distraiu, até riu um pouquinho, o que era muito raro. Eu sentia muita falta da alegria dela, suas risadas, a mania de arrumar a casa ouvindo música, tudo isso se perdeu depois do que Safira fez.
Depois da pizza fomos até a praça, compramos sorvete e ficamos sentadas ali vendo as crianças brincarem. Conversamos sobre várias coisas, sou muito tímida para falar de intimidades, mas minha mãe sempre conversou comigo e com a Safira sobre relacionamentos, sexo, essas coisas. Eu disse a ela que não precisava se preocupar comigo, não sou do tipo que atrai muito os homens, como a Safira. Ela era ousada, gostava de chamar atenção, usava roupas curtas, maquiagem pesada. Onde ela passava arrastava olhares de desejo dos homens. Mas não invejo isso, cada uma com seu jeito de ser, eu sou romântica e estou me guardando para o homem da minha vida.
A Safira achava vergonhoso, uma garota dessa idade nunca ter namorado ninguém. Ela namorava desde os treze anos e deixava minha mãe maluca. Uma vez quando ela tinha só quinze anos chegou em casa dizendo que desconfiava estar grávida. Mamãe quase morreu de desgosto, mas depois de uns dias ela fez exame e não era nada, para alívio da minha mãe. Mas daí pra frente ela já sabia que Safira não era nenhuma santa, até porque ela não fazia nem questão de esconder as coisas que fazia.
Depois de muita conversa fomos para casa, no outro dia seria domingo e estávamos planejando arrumar algumas coisas em casa já que durante a semana não dava. Mamãe não colocou o celular para despertar, danadinha, quando acordei já era quase dez horas. Espreguicei e só então percebi o quanto estava precisando daquela noite de sono. Sentei na cama, fiz minha oração matinal agradecendo a Deus por mais um dia e principalmente por me dar uma mãe tão boa e que cuidava tão bem de mim. Fiz minha higiene e quando já ia tomar um banho escutei minha mãe me gritando.
--- Jade minha filha, vem até aqui por favor.
— Já vou mãe. - respondi enquanto ajeitava o cabelo - Pronto mãe, pode falar.
--- Filha a Eliete veio falar com você.
--- Oi dona Eliete, bom dia!
--- Bom dia minha querida, tenho uma novidade. Apareceu uma oportunidade de emprego pra você.
--- Ah meu Deus que bom! - exclamei feliz pois já não aguentava mais fazer faxinas. - E onde é? Lá na sua pizzaria mesmo?
--- Não minha filha, não é lá. Mas antes da Eliete falar eu te peço que ouça primeiro pra depois responder.
---- Huuum estou ficando curiosa já. O que é? Onde é o emprego?
--- Lá em São Paulo, na capital.
Quando a dona Eliete fala que a vaga de emprego é em São Paulo eu já sinto um frio na barriga, só de imaginar ficar longe da minha mãe. Rejeito a idéia na mesma hora, agradeço a dona Eliete mas digo que não posso de jeito nenhum abandonar minha mãe. Mas para minha surpresa é ela mesma que tenta me convencer do contrário.
--- Filha, pense bem, você não vai me abandonar. São Paulo fica há algumas horas daqui e você pode vir me visitar nas suas folgas.- disse mamãe tentando parecer convincente.
--- Mas mamãe eu nunca saí de perto da senhora.
--- Minha linda senta que eu vou te explicar direitinho. - sento e ouço dona Eliete falar. - Essa vaga de emprego Jade, é na pizzaria da minha prima, a madrinha da Letícia.
--- Então é pra trabalhar junto com a Lelê?
--- Sim, a Lelê me liga todos os dias. Ontem ela disse que lá em São Paulo está muito difícil arrumar uma funcionária de confiança. As duas últimas que passaram por lá estavam roubando dinheiro do caixa e da bolsa de outras funcionárias. Teve uma que se oferecia para os clientes casados, outra que só chegava atrasada e ficava no celular o tempo todo.
--- Meu Deus que horror! - minha mãe disse colocando a mão na boca assustada.
--- Pois é Lidiane, a maioria dos jovens hoje em dia só quer saber de gastar e curtir. Quando falei pra Lelê que a Jade precisava de um emprego ela se animou toda, já correu e chamou a Sílvia pra perguntar o que ela achava.
--- E ela disse o que? - perguntei já sabendo a resposta.
--- Que você pode ir, a vaga é sua. Ela vai te hospedar na casa dela, a Letícia já está arrumando um apartamento pra morar sozinha, de repente você cairia do céu na vida dela.
--- Esse emprego que caiu do céu. Filha você é jovem e linda, sei que você tem sonhos e não quero ver você enterrá-los.
--- Mas e a senhora mãe?
--- Não se preocupe com sua mãe querida, farei o possível para ajudá-la no que for necessário. Nós estamos em setembro, no Natal eu irei pra São Paulo e posso levar a Lidiane comigo. Meu marido vai tomar conta da pizzaria e eu vou matar a saudade da minha filhota.
--- Três meses é muito tempo mãe. - falo meio chorosa - Como vou ficar esse tempo todo longe da senhora?
--- Pra isso existem os celulares. Podemos fazer como a Letícia e a Eliete, faremos chamadas de vídeo e conversaremos todos os dias se você quiser.
Fico com meu coração apertadinho de pensar em sair de casa assim, mas é uma oportunidade e tanto. Com certeza a madrinha da Lelê está ganhando muito dinheiro lá. Foi ela que mandou dinheiro pra dona Eliete abrir tipo uma filial da pizzaria dela aqui. Apesar da cidade ser pequena deu super certo, a pizzaria virou ponto de encontro de quase todo mundo por aqui. Nos finais de semana ela fica lotada, precisa até fazer reserva. Os preços são ótimos e a dona Eliete é super simpática com os clientes.
A proposta que me fizeram era realmente irrecusável e com a insistência das duas acabei aceitando. A dona Silvia realmente é muito legal, ela mandou pela dona Eliete o dinheiro da passagem para eu ir já na segunda feira.
Ajudei minha mãe a dar uma boa limpeza na casa, fiz as malas com minhas coisas que não eram muitas. Fui dormir cedo porque o meu ônibus sairia às sete da manhã. Fiquei rolando na cama um tempão, meu coração estava apertado de tristeza por deixar minha mãe, mas eu precisava fazer alguma coisa pra mudar nossa vida.
Mamãe já estava com a saúde comprometida por causa dos problemas no coração e as faxinas eram muito pesadas pra ela. Acho que com esse emprego e o salário que a dona Silvia ofereceu vou conseguir dar uma vida melhor pra minha mãezinha e quem sabe consigo levar ela pra morar comigo. São Paulo é uma cidade grande e com recursos melhores até para ela tratar da saúde.
Depois de muito pensar acabei pegando no sono, acordei com o celular despertando e dei um pulo da cama. Tomei um banho e fiz minha higiene matinal, me arrumei de forma simples como sempre e fui tomar café com minha mãe. Ela já tinha feito o café e buscado pãozinho fresquinho. Sentamos e comemos, mamãe tentava parecer alegre mas eu sabia que ela estava tão arrasada quanto eu, mas como ela mesma disse, sem sacrifícios não se consegue vitórias e eu ia trabalhar duro para levá -la logo para junto de mim.
Mamãe achou melhor não ir na rodoviária, também preferi assim, seria muito doloroso entrar no ônibus e deixá -la ali. Pelo menos assim a despedida foi menos difícil, dona Eliete foi com o esposo dela de carro me levar até a rodoviária. Depois de me acomodar e a viagem começar coloquei meus fones de ouvido e tentei relaxar ouvindo uma música.
De repente comecei a pensar na Safira, há uns meses atrás ela havia mandado um cartão postal pra mamãe, era uma paisagem da Suíça, ela disse que estava feliz. Mamãe rasgou e colocou fogo no cartão, eu fiquei pensando se realmente ela conseguia ser feliz agindo assim sem se importar com a própria família. Eu não conseguiria, disso tenho certeza.
Com a noite mal dormida que eu tive e o balanço do ônibus rapidinho eu peguei no sono. Quando acordei já estávamos quase chegando, ajeitei meu cabelo e fiquei esperando ansiosa, olhava pela janela maravilhada com o tamanho das lojas e a altura dos prédios. Fiquei pensando como as pessoas conseguiam atravessar aquelas ruas enormes super movimentadas. Eu estava com medo é claro, mas também muito ansiosa pela nova vida que me aguardava.
Quando desci do ônibus peguei o celular e liguei pro número que a dona Silvia me deu. Logo surgiu na minha frente uma mulher ruiva, linda, aparentando a mesma idade da minha mãe, muito bem vestida e com um sorriso lindo. Atrás dela gritando e pulando, a espevitada da Lelê, seu cabelo loiro com mechas cor de rosa, um short curtissimo e uma blusinha decotada.
--- Oi Jadeeeee minha amiga que saudade. - ela pula no meu pescoço e quase me derruba - Eu tô tão feliz por você estar aqui.
--- Oi Jade tudo bem? - Sílvia me cumprimenta e me dá dois beijinhos no rosto - A Letícia me falou muito de você. Vamos pra casa, você deve estar cansada e com fome.
--- Realmente estou sim. - falo sem graça.
Fomos para o carro dela e partimos pra sua casa. O trânsito era uma loucura, não sei como as pessoas conseguem dirigir aqui, mas de cara já estou amando essa cidade.
Eliete
Letícia
Sílvia
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