Meu nome é Jake...Jake riley, sou o filho mais velho de minha mãe,tal como ela gosta de dizer para todos que perguntam a ela, o eterno bebê da mamãe..
Sabe, me chamar assim é complicado por que de uma certa maneira se remete a que eu seria o mais querido, o mais protegido ou até mesmo o que ela mais ama ...isso seria muito bom se eu não tivesse um irmão mais novo que morria de raiva e inveja de mim por conta disso, além do fato de ser meu irmão por parte de pai...para piorar ainda mais a diferença que a minha mãe sempre fez e continua fazendo entre nós..
O nome dele é Paul..quando eu o conheci ele ainda não morava conosco, na verdade eu vim a conversar com ele e ter uma.convivencia maior ainda de pequeno, quando eu tinha meus oito anos e ele seus seis..
Paul sempre foi um menino calmo, calado e muito quieto...Na escola não tinha amigos, mal falava com as pessoas, quase que todas as vezes era alvo de chacota dos demais alunos que estudavam com ele apenas por ele ter sardas em seu rosto ..e eu não ..
E as comparações não paravam por aí..
Por que eu tinha olhos azuis e ele não?
Por que sempre ganhava o maior pedaço no jantar e ele não? E assim vai...
Na adolescência não foi muito diferente mas talvez como ele foi ficando mais velho passou a ver as coisas de outra forma e uma certa amizade se iniciou entre nós...
Porém nossos caminhos se distanciaram..após terminar o ensino médio, eu não quis cursar faculdade pois queria entrar para a polícia, já ele ainda indeciso sobre o que fazer de seu futuro, acabou não estudando nada mesmo..Arrumou um emprego qualquer, e ficou vivendo as custas de meu pai e minha mãe...
Eu por sua vez acabei conhecendo a mulher de minha vida em uma tarde em que voltava da academia militar.
A maneira como se conhecemos já dizia que iríamos ficar juntos o resto de nossas vidas....
Conheci Katie em uma tarde de uma noite fria e chuvosa quando passei de frente ao ponto de ônibus aonde ela se via toda encolhida por conta do frio e da chuva também..
Até então tudo parecia normal se não fosse dois pivetes que passaram de bicicleta não tivessem levado a bolsa dela fazendo a mesma gritar...
- ladrao....pega pega...
Do jeito que eu estava, lembro me que deixei apenas a minha mochila que carregava no chão ao lado de seus pés e corri atrás deles...
Acho que nunca corri tanto em minha vida só que minha estratégia funcionou...eu acabei derrubando um deles e quando o outro que estava com a bolsa ia fugir, tive ajuda de um rapaz que estava ali também e viu todo o acontecido.
Esse rapaz por coincidência também era um aluno da academia militar, cujo qual até os dias atuais somos grandes amigos...seu nome? Alex Santiago.
Enfim peguei a bolsa e quando voltei para o ponto , Katie agora estava sentada de braços cruzados na altura do peito e seu corpo tremia...mas não era mais de frio e sim de medo...
- toma...sua bolsa...
Ela então ergueu o olhar em.minha direção e enquanto eu esperava que ela fosse me dizer alguma coisa, ela nada disse e apenas me abraçou forte...
Ficamos assim, dois estranhos que nem se conheciam ainda abraçados um ao outro sentindo apenas a troca de contato físico quando ela disse.
-;obrigada...sou Katie..
-tudo bem Katie...sou Jake..
Estendi a minha mão a ela já segurando o meu cartão com meu número de celular...
Ela estendeu a dela e puxou o cartão para si ...em seguida o ônibus que ela esperava encostou, ela embarcou e eu ainda precisei de alguns minutos para processar tudo o que tinha acabado de acontecer, quando por fim, coloquei a minha mochila nas costas e continuei a minha caminhada até chegar em casa...
Dois dias depois ela me ligou...
Uma semana depois, saímos pela primeira vez e nos beijamos..
Com menos de um mês em que se conhecemos eu a pedi em namoro e no final daquele mesmo ano, a pedi em casamento...
Tempos de casado, a melhor época de toda minha vida...melhor do que ter realizado meu sonho em ingressar na polícia, melhor do que ter ganho uma grana boa com. Um jogo de azar que acabei jogando....nada para mim poderia ter sido tão bom , quanto nossa convivência de casados..
Eu amava Katie e ela me amava...era recíproco..nas ações, em suas atitudes, tudo...
Conforme o tempo foi passando , cada vez mais eu tinha trabalho na delegacia...seja como ronda em viatura, seja auxilando o delegado , ou até mesmo eu ficando como o único responsável desde a ausencia do delegado de plantão...
Quanto mais trabalho eu tinha, de uma certa maneira mais distante de meu irmão bem como de minha família eu também ficava..Meus pais que eu tinha o hábito de visitar ao menos uma vez por semana, agora eu conseguia conversar pelo celular uma vez a cada dez dias e olhe lá..
Na noite em que tudo aconteceu eu estava de plantão...havia falado com a minha mulher pela parte da manhã ,e senti que ela teria algo a me dizer...
Como sempre ando na pressa, prometi a ela que assim que eu chegasse a noite iríamos conversar, mas a verdade é que se arrependimento matasse , eu mesmo teria cometido suicídio...por ter sido tão egoísta, por não ter lhe dado ouvidos e principalmente por não estar ao lado dela quando mais ela precisou de mim...
Mal sabia eu que aquilo era só o início ..
A vida dos irmãos Riley tomaram rumos e caminhos diferentes..
Jake, atualmente com seus 32 anos era um destemido homem da lei, policial, especialista em missões em campo, e agora estava ingressando na divisão de homicídios...
Paul por sua vez também não ficou para trás, com o passar do tempo ele foi gostando da área da enfermagem e foi se aprofundando cada vez mais em estudar sobre a anatomia humana que atualmente ele auxiliava o médico legista de um grande hospital.
Proteção e socorro médico não faltavam na família Riley.
Atualmente Paul morava sozinho no centro da cidade em um apartamento bem aconchegante...
Quando não estava auxiliando o legista em autópsias, estava no pronto socorro atuando como enfermeiro, e nas horas vagas de trabalho, gostava de um bom vinho, algumas músicas instrumentais e até mesmo se aprofundar em leituras ...esse era Paul, completamente diferente de seu irmão mais velho queridinho da família chamado Jake.
As pessoas próximas de Jake, bem como sua família assistiu o mesmo se desmontar e quebrar por completo quando Katie morreu....
Ela era a outra metade de Jake, e ele dela..os dois juntos até pareciam ser um só...
Katie morreu sem poder realizar o maior sonho da vida dela e de Jake, que era ter um filho...Há poucas horas antes de falecer, ela havia recebido o resultado de um exame específico no qual ela comprovou atravéz de um laudo médico que era infértil e não poderia ter filhos...
Aquilo a destruiu , mas mesmo assim ela segurou a onda pois Jake tinha acabado de chegar de um plantão de 12 horas no departamento e estava exausto dormindo..Ela então havia decidido contar a ele quando o mesmo acordasse , mas como sempre, Jake tinha a vida muito corrida e logo seu celular tocou do departamento pedindo que ele fosse direto para lá pois parece que havia surgido seu primeiro caso...
Katie então o acordou mesmo a poucas horas que ele havia chegado, ele logo tomou um banho, vestiu se e quando estava prestes a deixar sua casa, simplesmente parou e olhou para Katie com uma intensidade que nunca tinha feito antes..
- oh Jake...queria tanto que ficasse hoje aqui...
- ei amor vem cá...
Ele a abraçou e ali Katie suspirou em seus braços controlando se para não chorar na sua frente..
Ele então a soltou de seus braços e colocando suas mãos sobre o rosto dela disse..
- Katie você é amor da minha vida inteira.. sei que ultimamente ando muito ausente por conta do trabalho, mas prometo que pegarei uns dias quando tudo se acalmar e aí podemos viajar, que tal?
- tudo bem Jake...só me prometa que você vai voltar pra mim
- amor, mesmo que eu não quisesse , não conseguiria pois não vivo sem você...o que está acontecendo?
- eu tive um sonho ruim, só isso amor..agora vai...não se atrase por mim ...ficarei aqui esperando por você...
E Foi no simples olhar, na simples troca de carinho, que Jake sentiu lá no fundo de seu coração como ela era perfeita..
Ele a abraçou e ali um beijo foi acontecendo entre eles...
Segundos depois ela o acompanhou até a porta de saída de casa e mais uma vez segurou em suas mãos e disse..
-jake me prometa que vai se cuidar e voltar para casa...
Ele então olhou uma última vez em seus olhos e disse..
- eu prometo Katie...eu vou voltar para você...te amo
Por fim ele foi até seu carro aonde embarcou, jogou a mochila no banco ao lado e a última imagem de vida que viu de sua esposa foi a dela parada sobre a entrada da porta acenando para ele...
Um arrepio percorreu todo o corpo de Jake , porém mesmo assim, ele precisava fazer o seu papel...Seria seu primeiro caso e ele não podia falhar...
Jake foi embora para a delegacia...
Ali ele havia traçado seu trágico destino que apesar de o levar a pior de todas as dores, o faria com o tempo se tornar um.homem.muito mais forte .....
(Jake narrando ..)
Desde que eu cheguei cedo na delegacia algo dentro de mim não me parecia bem.. Ter me despedido de minha mulher daquele jeito com aquela carga emocional tão grande me fez me sentir mal ...Katie parecia querer me dizer algo , mas eu não poderia ter ficado ali para ouvir atentamente cada palavra que ela quisesse me dizer por mais vontade que eu tinha , mas não podia ..Afinal, meu comandante, Peter Monroe, foi quem me ligou pedindo que fosse ao distrito.
Tão logo eu cheguei e ele me disse a portas fechadas que tinha um caso para mim...Um corpo de uma mulher havia sido encontrado as margens da rodovia e com requintes de crueldade..
Era a minha primeira vez, então eu segui os outros dois colegas que foram junto comigo, Alex Santiago, e Thomas spector.
Quando chegamos ao local, o ponto exato aonde jazia a pobre vítima estava isolado, e em volta alguns curiosos que arriscavam suas vidas só para espiar a tragédia alheia.
Foi Thomas quem foi a frente e logo passou pelo cordão que isolava o corpo e foi direto na vítima..
Ao levantar a manta que a cobria, chocou se diante a brutalidade....
Eu me aproximei já sentindo a adrenalina correr pelas minhas veias, achando que eu teria a mesma frieza que Thomas tinha mas quando levantei a manta e vi aquela pobre mulher toda retalhada, uma sensação súbita de enjôo subiu em meu estômago e eu me afastei para que a minha vergonha alheia diante a minha primeira cena de crime não ficasse pior...
Já refeito do mal estar tornei a me aproximar de Thomas que disse..
- ei, Jake...vem cá...coloca uma luva e faz uma vistoria nas margens da rodovia...
Procure por qualquer indício que pode ser uma pista....
- sim senhor....
Conforme eu avançava a beira da rodovia, aquela estranha sensação de hoje de manhã me acompanhava...
Eu tentava me concentrar em meu trabalho mas Katie não saia de minha mente ,e eu não sabia o porquê..
Passado um tempo, a equipe de perícia já estava ao local do crime para recolher o corpo e leva- lo ao IML.
Foi o doutor Charles Harris, o legista que sempre prestava esse trabalho a polícia quando acionado, que foi até lá, mas desta vez com um grande diferencial...
Eu me aproximei de onde o doutor estava e logo vi o vulto de uma pessoa pra lá de familiar que há tempos eu não via...
- doutor Harris?
- oh Jake...que bom ver você...
Nesse instante, paul se virou ao ouvir a minha voz e disse..
- maninho ..como eh bom te ver só não pensei que precisasse ser nessas situações..
- paul o que está fazendo aqui ? Isso eh uma cena de crime
- tenho o mesmo direito em estar aqui do que você Jake..eu sou o auxiliar do doutor Harris...
Eu olhei espantado para ele...por alguns segundos perdi meu foco mas logo o recuperei novamente..
Após ensacar o cadáver, o doutor Harris gritou ...
-vamos paul, terminamos aqui ...
- te vejo por aí maninho...
Paul então o ajudou a carregar o corpo até o pequeno carro e o levou para o IML.
Jake foi de encontro ao seu parceiro, Alex e disse..
- o que você acha que houve ?
- olha Riley, eu acreditava que as pessoas ruins não estavam mais entre nós mas depois do que vi, posso dizer que não sabemos até aonde vai o limite da insanidade humana.
- coitada cara...ninguém merece terminar assim...
- Jake relaxa, agora você vai saber o que eh um caso de verdade...
-quem garante que temos um pouco por aí ? Até então só essa vítima que apareceu em nossa jurisdição. Alex..
- vamos esperar pela autópsia, ela nos dirá com certeza o que houve de verdade com ela, porém enquanto isso, Thomas me disse que acharam uma bolsa perto das margens da rodovia, então temos que tentar identifica- lá para que pelo menos ela possa ter um enterro digno..
- está bem...vamos lá..
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