Giorgia
Me chamo Giorgia Rizzo, tenho vinte anos e minha vida acaba de virar um verdadeiro inferno. Sou a filha mais velha de cinco irmãs, moramos com nosso pai em uma pequena cidade da Toscana, Lucca. Vivemos em dificuldade, desde que nossa mãe faleceu a dois anos atras. Nosso pai, Eduardo, passou a beber muito, frequentar lugares estranhos e começou a apostar todo seu salário em jogos de azar. Com o alcoolismo, vieram os atrasos no trabalho e ele acabou sendo demitido, o que piorou ainda mais nossa situação. Minhas irmãs são menores de idade, então eu tive que me virar fazendo faxina e lavando roupa para fora, para ao menos trazer o que comer para dentro de casa. Mas o pior ainda estava para acontecer, já sem dinheiro para apostar, nosso pai, já cheio de dívidas de jogo, resolveu dar uma última cartada e apostou nossa casa. O que ele não imaginava, é que aquela aposta acabaria com a minha vida.
Giorgia – Nossa casa papa? Eu não acredito.
Ele perdeu mais uma vez e agora estávamos na rua.
Eduardo – Eu vou resolver tudo, não se preocupa!
Duas horas depois, meu pai retornou, só que não estava sozinho. Dois homens, vestidos com ternos pretos o acompanhavam.
Eduardo - Giorgia, eu sinto muito filha, mas não teve outro jeito. Se não fosse você, seria uma de suas irmãs, e sei que você não gostaria disso.
Os homens me pegam pelo braço.
Giorgia – O que está acontecendo papa? Para onde eles estão me levando?
Eduardo – Me perdoa filha, me perdoa ...
Os homens me arrastam em direção ao carro, tento me soltar, minhas irmãs choram sem entender o que estava acontecendo, meu pai se ajoelha no chão, desesperado. Eu grito, consigo me soltar e corro na direção deles, mas não consigo chegar até lá, sou agarrada pelos cabelos e jogada dentro do carro. Bato nas janelas, tento abrir a porta, é em vão. Eles ligam o carro e saem, sem dar nenhuma palavra, do mesmo jeito que haviam chegado.
Eu já estava exausta de me debater naquele carro, sinto meu corpo perder as forças, meu coração dói como nunca havia doído antes. Encosto a cabeça na janela , o carro para em um semáforo, olho para o lado e vejo um homem de perfil, ele sorria conversando com alguém. Os carros já estavam em movimento quando ele olhou na minha direção, seu sorriso me transmitiu uma paz inexplicável naquele momento e, por um segundo eu esqueci onde estava. O carro em que eu estava vira em uma rua eles param e um dos homens desce e vem até mim, senta ao meu lado e coloca um pano em minha boca e nariz, sinto minhas vistas escurecerem, apago com a memória daquele sorriso guardada em minha cabeça.
Acordo tonta, minha cabeça dói, quando tudo para de girar olho ao redor, estou em um quarto pequeno, apenas uma cama onde estou deitada e uma jarra de água ao lado, bebo um gole, estou morrendo de sede. Tento entender o que estava acontecendo comigo, onde estou, onde está minha família.
Uns trinta minutos após eu acordar, já não estava mais tonta, a porta se abre e uma mulher que aparentava ter uns trinta e cinco anos, com cabelos loiros e longos, vestida em um vestido preto bem justo ao corpo, entra. Levanto rápido.
Mulher – Acordou bela adormecida?
Giorgia – Onde estou, quem é você?
Mulher – No seu novo lar.
Ela sorri cínica.
Giorgia – Onde está meu pai, preciso falar com ele, o que está acontecendo aqui?
Mulher – Você ainda não entendeu? Você foi usada como pagamento pela dívida do seu pai, está aqui para que ele e suas irmãs não fiquem na rua.
Giorgia - Pagamento?
Mulher - Você trabalhará para nós, para pagar a dívida do seu pai! Agora venha comigo, você precisa de um banho. É até bem bonita, e com a roupa certa, terá muito sucesso no trabalho.
Ela me pega pelo braço e me arrasta por um corredor escuro, cheio de portas. No caminho vejo uma garota que parecia ter a minha idade, ela estava sendo arrastada por um homem, parecia dopada, bêbada, não sei ao certo. Caminhamos mais um pouco, entramos em um cômodo, vários vestidos pendurados e uma mulher, parecia ser uma cabeleireira.
Mulher - Nossa nova funcionária. Deixe-a impecável, Mattia chegará daqui algumas horas.
Ela sai da sala, a outra mulher sem dizer nada me observa girando ao redor do meu corpo. Ela pega em minha cintura e eu a afasto.
Giorgia – Não me toque! O que vocês estão fazendo, onde estou?
Ela não responde, me senta na cadeira e começa a mexer no meu cabelo.
Giorgia - Me explica o que está acontecendo, porque eu estou aqui? Para de tocar em meu corpo como se ele pertencesse as vocês.
A porta se abre, um homem entra, não posso deixar de notar sua beleza. Alto, cabelos pretos, muito bonito. Mas seus olhos, seus olhos eram negros, não só na cor, eles eram maus.
Ele anda bem devagar na minha direção, estava vestido em um terno que parecia ter sido feito sob medida para ele.
Homem – Giorgia Rizzo. Sua beleza, como falaram, encanta ...
Ele alisa meu rosto, eu levanto e me afasto. Ele se aproxima, e eu vou dando passos para trás até encostar na parede. Ele sorri, leva sua mão até meu cabelo e desce seguindo o comprimento até chegar no decote da minha blusa. Ele alisa meu seio, e em um reflexo lhe dou um tapa no rosto com tanta força que ele dá um passo para trás. Vejo a mulher que estava comigo na sala levar a mão a boca e percebo quão louca eu fui ao fazer aquilo.
Ele leva a mão ao rosto, passa a língua no lábio, vejo uma gota de sangue escorrer. Ele me olha sorrindo e sem que eu percebesse sentir uma grande pressão no meu rosto, minhas vistas ficam embaçadas e eu caio no chão desnorteada, sinto gosto de sangue na boca, ele havia me dado um soco no rosto. Tento me levantar, meio tonta, ele se aproxima de mim e desfere um chute na minha barriga.
Homem – Vadia desgraçada, isso é para você aprender a nunca mais encostar em mim.
Ele me puxa para cima, agarrado em meus cabelos, fecho os olhos e espero pelo pior. Escutamos uma voz grossa adentrar o quarto.
Homem 2 – Mattia, solte-a agora!
Ele imediatamente me solta no chão.
Homem 2 – Francesca, leve-a daqui.
A mulher, que agora sei como se chama, me ajuda a levantar e me leva até o quarto onde acordei uma hora antes. Ela sai, alguns minutos depois volta com uma bacia com água e um pano, molha o pano e passa em minha boca limpando o sangue.
Francesca - Você é louca, como pôde fazer aquilo?
Giorgia – Ele me tocou, sem a minha permissão, quem ele pensa que é?
Francesca – Você não sabe mesmo? Ele é o príncipe da máfia mais poderosa de Florença, Mattia Ricci.
Meu coração gela. Máfia Ricci, eles são conhecidos por toda Itália.
Giorgia – E o que eles querem comigo?
Francesca – Ragazza, vejo que você não tem ideia do que veio fazer aqui não é mesmo?
Giorgia – Não, por favor me explica!
Francesca – Ouvi Anna falar de você hoje mais cedo. A linda jovem que foi vendida pelo pai, em troca de perdão pelas dívidas do jogo!
Aquelas palavras atravessam meus ouvidos como facas afiadas. Não posso acreditar, meu pai me vendeu para a máfia.
Giorgia
Meu mundo desaba em meus ombros, ainda não consigo acreditar no que acabei de ouvir.
Giorgia – Não, meu pai não faria isso comigo ...
As lágrimas escorrem pelo meu rosto, estou sem chão. Francesca segura em minha mão.
Francesca – Eu sinto muito, mas não tem o que fazer. Se você aceita um conselho de alguém que vive aqui a muito tempo, me ouve. Obedeça Giorgia, não os desafie, eles são muito perigosos, principalmente o Mattia.
A porta se abre, a primeira mulher que havia me levado até Francesca entra no quarto, seus olhos estavam em brasa, ela caminha pisando firme em minha direção. Me levanto, por dentro meu corpo tremia, mas me mantive firme a olhando nos olhos. Ela segura meu queixo com força, suas unhas enormes e vermelhas, me machucavam.
Anna - Espero que esse seja o primeiro e último problema que você me causa garota. Aqui nós não toleramos esse tipo de comportamento.
Giorgia - É só vocês me deixarem ir embora daqui.
Ela gargalha como quem ouviu uma piada.
Anna - Meu bem, você nunca sairá daqui! ... Francesca, providencie que ela esteja pronta e impecável para essa noite.
Giorgia - Pronta para o que?
Anna – Você saberá! E não me traga mais problemas, bater no herdeiro Ricci já lhe deixou com uma dívida maior do que já tinha.
Ela sai do quarto, Francesca a acompanha me trancando lá dentro. Bato na porta, grito pedindo que me deixem sair dali. Alguns minutos depois Francesca volta.
Francesca – Vem!
Ela me puxa pelo braço, andamos até outro corredor, entramos em um quarto mais arrumado que o anterior, mas nada com muito luxo. Havia uma cama, uma cômoda e um banheiro com uma pequena banheira que mal cabia uma criança. Ela tranca a porta e me entrega toalha, sabonete, shampoo e condicionador.
Francesca – Entre no banheiro, tome um banho bem demorado e tente relaxar o máximo que conseguir. Você vai precisar!
Entro no banheiro, ligo o chuveiro e entro na banheira. Me sento, deixo a água cair em minha cabeça e abraço minhas pernas. Choro, choro muito, preciso tirar toda essa dor do meu peito. Observo a mancha roxa que já se formava em minha barriga, aquele desgraçado. Fico quase uma hora no banho, saio e Francesca me esperava sentada na cama. Havia um vestido vermelho sob a cama e um scarpin preto no chão.
Francesca – Venha ragazza, você precisa se vestir.
Ela me ajuda com o vestido, nunca tinha usado algo daquele tipo. Tão justo ao corpo que mal conseguia respirar, meus seios pareciam ter dobrado de tamanho naquele decote. Francesca me senta na cadeira e escova meu cabelo, tirando meus lindos cachos. Ao terminar, ela faz uma maquiagem forte em meu rosto, um batom rosa pink acentuava meus lábios. Ela me calçou os sapatos e me levou na direção do espelho.
Francesca – Você é uma mulher muito linda Giorgia. Vejo que teremos uma nova predileta na casa.
Giorgia – Essa não sou eu, eu não me reconheço nesse reflexo.
Francesca – Essa é sua nova versão. Quanto antes você aceitar isso melhor.
Giorgia - O que exatamente eu vim fazer aqui?
Francesca não tem tempo de me responder, a porta se abre e Anna, a cobra bonitona, entra e me arrasta pelo braço.
Giorgia – Para onde está me levando?
Ela não respondeu. Continuamos andando até entrarmos em um cômodo onde havia outras garotas se arrumando, parecia um camarim de teatro. Passamos pelas garotas que me olhavam com desdém, começo a ouvir música, música eletrônica pelo que parece. Anna abre uma porta e raios de luzes coloridas me cegam por alguns segundos. O lugar estava escuro, olho para os lados e vejo muitos homens, parecia uma boate, algo do tipo. Subimos uma pequena escada, entramos em um outro ambiente, mais reservado, a música em um volume mais baixo. Ouço risadas, a fumaça de charuto tomava conta de todo lugar. Paramos em frente a uma mesa rodeado por um sofá de veludo vermelho. Vejo Mattia Ricce, o homem que me agrediu e ao seu lado o outro homem, mais velho que ele, o que havia entrado no quarto e mandado Mattia me soltar.
Anna - Senhores, boa noite!
Os homens respondem, e passam a me olhar como se eu fosse um pedaço de carne exposto em uma prateleira. Aquilo faz meu corpo arrepiar, uma mistura de medo e raiva começa a se formar dentro de mim.
Anna - Nossa nova aquisição Giorgia Rizzo, vinte anos. Acabou de chegar e fará sua estreia hoje.
O homem que havia me ajudado, se é que posso chamar aquilo de ajuda sabendo onde estou agora, levanta e vem até mim. Ele me analisa, parece verificar uma mercadoria.
Homem - Olá Giorgia, sou Leonardo Ricci, mas pode me chamar de Léo! Como você está?
Giorgia - Estaria bem, se estivesse em casa!
Leonardo – Sua casa agora é aqui, logo você se acostumará. Eu lhe garanto que será bem tratada, desde que obedeça às regras.
Anna - Senhor, quem fará o treinamento da Giorgia?
O desgraçado do Mattia se levanta e vem até nós. Com um sorriso maléfico no rosto ele fica de frente para mim.
Mattia - Eu faço questão papa!
Leonardo ¬- Que seja Mattia! Só lembre de não levar as coisas para o pessoal, aqui estamos falando de trabalho, você me entendeu?
Mattia – É claro papa, não se preocupe. Tratarei a ragazza, como ela merece ser tratada.
Ele sorrir, e aquele sorriso faz meu corpo todo tremer de medo. Não faço ideia de que treinamento é esse que eles estão falando, provavelmente seja algo relacionado a boate. Garçonete, bartender, dançarina, não sei. Só sei que não quero ficar sozinha com esse homem novamente, ele me causa arrepios. Seu olhar é obscuro, consigo vê toda maldade que ele tem por dentro quando ele me olha.
Mattia – Leve-a até o treinamento Anna, logo irei até ela.
Ele alisa meu rosto, viro rápido, não quero que ele me toque. Anna faz sinal para que eu a siga. Andamos até o final do cômodo, subimos por um escada espiral, ela abre a porta e me deparo com um quarto. No centro uma cama redonda coberta por lençóis de seda vermelho, no teto e nas paredes espelhos enormes. Só ali entendo o que estava acontecendo, aquilo era uma casa de prostituição.
Giorgia
Anna havia me trancado no quarto, vasculho tudo, não existe outra saída além daquela porta. Ando de um lado para o outro, depois de mais de duas horas, eu acho, escuto passos se aproximando, me desespero. Mattia abre a porta entra e a tranca novamente. Ele caminha em minha direção, eu corro e ele me alcança facilmente me puxando pelos cabelos e me jogando na cama.
Giorgia - Não, por favor não faz isso ...
Mattia – Onde está aquela coragem toda, de quando enfiou essa mãozinha linda na minha cara?
Giorgia - Me perdoa, eu juro que não faço mais isso, só não me obriga a me vender ...
Mattia - Não se preocupa ragazza, hoje comigo, você não vai precisar se vender ... porque eu sou seu dono, e não tem cabimento eu pagar por uma coisa que é minha.
Me encolho na cama, ele começa a tirar a roupa ficando só de cueca. Sobe na cama e um nó se faz em minha garganta. Ele me puxa pela perna, tento me soltar, mas ele é mais forte que eu e me prende embaixo de seu corpo enorme. Começa a beijar meu pescoço, eu grito pedindo que ele pare, ele gargalha, parece ficar ainda mais excitado com meu desespero. Sua mão desce até minhas pernas e sobe por dentro do meu vestido, sinto ele chegar bem perto da minha região mais íntima, estendo a mão que ele havia soltado, alcanço uma garrafa de vinho que estava em um balde de gelo ao lado da cama, não penso apenas o acerto com toda minha força, bem na cabeça.
Com a pancada, ele cai da cama desacordado. Levanto-me rápido, procuro a chave do quarto no bolso de seu paletó, encontro e corro até a porta, ele estava imóvel, espero que não esteja morto apesar dele merecer exatamente isso. Abro a porta devagar, não havia mais barulho naquele ambiente. Saio do quarto e o tranco lá dentro, desço as escadas tomando cuidado para não fazer nenhum barulho, por sorte não havia ninguém mais ali. Ando em direção a porta, mas não posso sair assim, seria pega facilmente. Olho ao redor e vejo uma janela vou até ela, estávamos no primeiro andar, não era tão alto assim eu poderia pular, o máximo que poderia me acontecer era quebrar uma perna. Olho para baixo e vejo um contêiner de lixo, aquilo poderia amortizar minha queda. Respiro fundo, não tenho muito tempo para pensar, preciso sair daqui agora, ou morrerei nas mãos deles, assim que descobrirem o que fiz com o herdeiro Ricci. Sento na janela e me jogo no contêiner, levanto rápido e saio dali. Era um beco escuro, fétido, estava descalça, caminho com cuidado me esgueirando pelas sombras. Chego à rua principal, olho para o lado para vê se não tem ninguém daquela boate que me conheça ali fora, dou dois passos para frente e trombo com um cadeirante, acabo caindo em seu colo.
Giorgia – Perdão senhor, não te vi.
Levanto rápido, ele me olha dos pés a cabeça e sorri. Aquele sorriso, sinto que já o vi antes.
Cadeirante - Tudo bem, você se machucou? Precisa de ajuda?
Olho em seus olhos, ele me parece ser um bom homem, vejo ali uma oportunidade de fuga.
Giorgia - Eu preciso de ajuda. Por favor me tira daqui ...
Ele me olha sereno.
Cadeirante - Venha, meu carro é aquele ali.
Ele aponta para um carro preto, um homem de terno e gravata esperava ao lado. Ele faz um sinal com a cabeça e o homem abre a porta, corro para dentro do carro, me encolho para não correr o risco de ninguém me vê ali. Com a ajuda do homem, ele entra no carro e se senta ao meu lado. A porta se fecha e logo o carro começa a andar. Sinto um alívio no peito a cada vez que olho para trás e vejo aquele lugar ficar mais distante. Olho para aquele homem, e a sensação é de que já nos vimos antes, não sei onde. Mesmo sentado, dava para vê que era bem alto, cabelos negros, barba bem-feita, olhos azuis e um sorriso desconcertante. Mas agora a beleza dele era o que menos importava, eu só precisava agradecê-lo por me salvar.
Giorgia - Muito obrigada, o senhor acaba de salvar minha vida.
Cadeirante - Quer que eu a deixe em algum lugar?
Só ai me toco, eu não tenho para onde ir. Não posso voltar para casa do meu pai, é o primeiro lugar onde irão me procurar. Eu ne sei onde estou. Ele me olha.
Cadeirante - Você tem para onde ir?
Giorgia - Para lhe ser sincera, eu nem sei onde estou.
Cadeirante - Estamos em Florença, e eu vou levá-la para minha casa até que você encontre onde ficar. Não se preocupe, não lhe farei nenhum mal.
Apenas balanço a cabeça em tom de afirmação, que outra opção eu tinha, em uma cidade onde não conheço ninguém, fugindo da máfia Ricci, sem ter para onde ir, sem se quer um documento em mãos. A única pessoa que havia me estendido a mão era um estranho, de quem eu não sabia nem o nome.
Giorgia - Me desculpe senhor, mas eu se quer me apresentei. Me chamo Giorgia Rizzo.
Cadeirante – Muito prazer Giorgia, Sou Tommaso Mancini.
Tommaso Mancini, aquele nome não me era estranho, sinto que já o ouvir em algum lugar, mas não lembro onde. Mas isso é o que menos importa agora, ele me salvou, não sei se conseguiria escapar a pé , descalça sem nenhum dinheiro e sem documento, em uma cidade que nunca vim na vida. Provavelmente seria pega pela máfia Ricci e teria que me prostituir para pagar a dívida do meu pai, ou seria morta pelo que fiz com o príncipe deles.
Meu pai, não acredito que ele me vendeu para a máfia, meu coração dói só de lembrar do que ele me fez. Eu nunca vou perdoá-lo por isso, nunca! E a partir de agora, eu vou fazer tudo que for necessário para conseguir tirar minhas irmãs de lá, ou elas acabarão no mesmo lugar que eu, em um bordel da máfia, tendo o corpo vendido para homens sem escrúpulos, nojentos, asquerosos.
Giorgia - Não posso deixar que isso aconteça com elas ...
Acabo pensando alto, Tommaso me olha.
Tommaso – Você o que?
Giorgia - Desculpa, só pensei alto demais.
Tommaso – Nós já chegamos, vamos.
Desço do carro e fico admirada com o que vejo. A casa, casa não, o palácio era enorme e lindo. Nunca havia visto algo do tipo, a não ser nos filmes. Não consigo disfarçar meu deslumbre diante de tamanha beleza.
Tommaso - Venha Giorgia, vou pedir para nossa governanta te acomodar e lhe dar o que precisa.
Ele entra controlando a cadeira de rodas automática, o acompanho, olhando para todos os lados, uma senhora que aparentava ter uns cinquenta anos se aproxima, ele nos apresenta e pede para que ela cuide mim. A senhora me chama e eu a acompanho, olho para trás enquanto ando e vejo o Sr. Mancini acenar com a cabeça e sorrir para mim, sorrio de volta e acompanho a senhora, que se chama Rosa Colombo, Sra. Colombo como ela prefere ser chamada. Ela me leva até a cozinha, saímos por uma porta e andamos por um lindo jardim até chegar no que parecia ser um chalé. Entramos e fico encantada como aquele lugar era lindo. Uma pequena sala com uma lareira bem intimista integrada à cozinha no estilo americana e uma suíte com uma cama de casal, uma cômoda, uma escrivaninha e um banheiro bem arrumado, com uma banheira grande. A Sra. Colombo abre uma gaveta da cômoda e pega toalha, sabonete, shampoo e condicionador.
Sra. Colombo – Vou pegar uma roupa para você dormir, tome banho que já volto.
Entro no banheiro, encho a banheira relaxo meu corpo, flashes daquele homem grosso e arrogante tentando me tocar voltam a minha cabeça e eu choro. Afasto aqueles pensamentos, termino o banho e quando saiu do banheiro na cama encontro uma camisola e uma bandeja com sanduiche e um copo de leite quente. Lembro da minha mãe, que sempre me levava leite quente antes de dormir. E agora eu estava ali, depois de fugir de uma casa de prostituição onde meu próprio pai havia me colocado, na casa de um completo estranho sendo tão bem tratada que eu não sabia nem como retribuir àquele homem.
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