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Wallis.
Nunca sequer considerei acreditar que havia vida em outros planetas ou algo do tipo. Tá, eu sei que o universo é infinito e que os seres humanos conhecem tão pouco sobre ele que é como se soubéssemos de apenas de um grão de areia em meio a toda a imensidão de um deserto. Também nunca considerei isso por que estava mais ocupado fazendo os serviços na pequena fazenda em que vivo com meus avós do que refletir sobre essas coisas.
Eu era o que muitos chamariam de um "completo caipira", tirando leite das vacas, colocando feno pros cavalos e jogando milho para as galinhas. Agora já nem sei mais se posso me encaixar nessa descrição, e convenhamos: eu daria tudo para ter minha vida de volta, por mais insignificante que ela fosse.
Acho que tudo começou uns dois dias atrás. Eu falei "acho" porque não tenho certeza de quanto tempo se passou desde que eu tô preso aqui nessa gaiola minúscula.
Estava tudo completamente normal na fazenda até umas 11:00 da noite, quando as galinhas começaram a ficar inquietas e os cabritos berravam sem parar, e apesar de cansado depois de um dia exaustivo, pulei da cama e fui ver o que estava acontecendo em passos rápidos antes que meu vô acordasse e me desse uma bronca sobre como eu era morto de preguiça e não fazia nada (apesar de que foi eu que tomei conta de cada necessidade da fazenda nos últimos tempos).
Vestindo apenas um short fino e uma camisa de flanela surrada (meu habitual pijama), corri em direção ao celeiro que ficava perto do milharal seco já quase pronto para a colheita. Estava tão sonolento que nem sequer percebi a eletricidade fora do comum crepitando no ar frio da noite. Os pés de milho balançavam para lá e para cá como se estivéssemos numa temporada de furacões, mesmo que a brisa da noite não fosse tão forte.
Já estava quase chegando na porta do velho celeiro quando avistei uma luz estranhamente vermelha e pulsante vindo de dentro do milharal. E como não estava a fim de bancar o estúpido e ir correndo até lá sem nenhuma arma como os bocós de filmes de terror, simplesmente dei um passo para trás, pronto para voltar correndo em direção ao casarão em que morei os últimos 8 anos da minha vida, desde que meus pais morreram.
Não consegui andar mais do que dois metros antes que uma espécie de nave circular e enorme surgisse no meu campo de visão e se aproximasse tão rápido que é como se ela tivesse se teletransportado para acabar com os 500 metros que ainda nos separavam.
Eu tentei correr, juro que tentei, mas é como se essa eletricidade estática no ar simplesmente impedisse que meu corpo de se mover. A luz avermelhada recaiu sobre mim e fez meu corpo esquentar tanto que é como se estivesse pegando fogo de dentro para fora. E então... Tudo ficou preto.
Tive sonhos esquisitos, consegui ouvir vozes grossas e horripilantes falando em uma língua que não conseguia compreender. Mesmo através das pálpebras conseguia saber que estavam iluminando meu rosto com uma luz tão intensa que é como se tivessem colocado o sol diante do meu rosto. Em algum momento senti uma forte dor na lateral da mim cabeça, como se tivessem perfurando meu cérebro repetidas vezes com um canivete, me fazendo perder a consciência novamente.
Quando acordei novamente, já estava deitado nessa gaiola minúscula que fica no canto de uma das salas da nave. Eles retiraram a minha camisa surrada e quanto toquei a lateral dolorida da minha cabeça com a ponta dos dedos e vi que saíram sujos de sangue, soube que eles fizeram alguma cirurgia estranha em mim.
Já se passaram mais de 30 horas e estou começando a memorizar às suas vindas até a minha cela para me verificar. Como fazem isso de duas em duas horas, os guardas já devem estar voltando aqui.
E como se meus pensamentos invocassem os desgraçados, a porta é aberta e dois Alienígenas entram no cômodo em que estou preso. Eles tem uma aparência reptiliana, a pele tem uma cor que é meio que uma mistura de verde e marrom, uma língua bifurcada e olhos enormes. São as coisas mais horrorosas que eu já vi na minha vida, e olha que já fui obrigado a cortar as unhas encravadas do meu avô uma vez.
- beba. Humano.- um deles fala em uma língua completamente estranha, mas que agora inexplicavelmente consigo entender. Talvez isso tenha a ver com o que quer que seja que eles fizeram na minha cabeça.
Uma vasilha com água é jogada de qualquer jeito dentro do pequeno cubículo em que estou, fazendo a maioria derramar no chão. Alterno o olhar em que a água que agora está espalhada aos meus pés e os olhos nojentos desses monstros.
- o que querem comigo? - pergunto na minha própria língua. Se agora consigo entendê-los, é provável que eles também me entendam.
- Tsc. - ele faz um som esquisito com a língua bifurcada, antes de olhar para outro monstro. - eles valhem muito mais no mercado intergaláctico quando ficam de boquinha fechada.
- Com certeza. Só precisam ficar com as pernas erguidas. Nada mais. - responde o outro, fazendo um arrepio subir pela minha espinha.
Mercado intergaláctico? Valer muito mais? Então eles me pretendem vender como escravo para outros alienígenas nojentos.
Merda. Eu preciso dá um jeito de escapar desse lugar.
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As horas vão se passando, mas mal noto isso enquanto tento de todo jeito arrombar a tranca da jaula. Apesar de toda essa tecnologia estranha em cada centímetro dessa maldita nave, a tranca é um tanto rústica e requer apenas de uma chave grande. O corte na minha cabeça lateja sem parar, mas mesmo assim continuo tentando destrancar a jaula.
O buraco da fechadura é grande o suficiente para que meu dedo mindinho entre nele. Sinto minha unha roçando as engrenagens lá dentro, mas já consigo ver o sangue pingando no chão devido ao esforço que estou fazendo contra a borda afiada da tranca, que está quase arrancando a ponta do meu dedo fora.
Quando um "click" ecoa pelo, solto um suspiro de alívio. Acho que esses monstrengos subestimaram a inteligência dos humanos. Retiro o dedo ensanguentado da fechadura e abro a porta, antes de correr para fora dessa maldita jaula. Há uma janela de vidro do outro lado desses estranho quarto. Corro até lá para tentar ver alguma coisa, mas tudo que vejo são centenas de estrelas num fundo escuro imenso... Até que olho para baixo e veja um planeta enorme logo abaixo.
Ele é completamente azul. Azul demais para ser o planeta Terra. Onde será que estamos? Os outros planetas azuis do sistema solar são gasosos, então será que estamos em outro galáxia... Isso é possível?
Solto um grunhido de frustração. Eu posso até ter escapado da cela, mas para onde iria depois disso? Estou no espaço completamente a mercê desses monstros, e não é como se pudesse obriga-los a me levar para meu planeta de volta sem mais nem menos...
Um tremor súbito se espalha pela nave e me faz cair de bunda no chão. Olho para todos os lados aterrorizado quando os solavancos não cessam nem por um segundo. É como se tivessem perdido o controle da nave...
— ATENÇÃO! ATENÇÃO! EMERGÊNCIA NO SETOR 4! EMERGÊNCIA...— as palavras na língua estranha ecoam pela nave quando luzes vermelhas começam a piscar no teto sem parar e os tremores se intensificam a cada minuto.
Não tenho tempo de pensar em mais nada quando sinto os motores morrerem sob o metal esquisito do chão. A nave continua suspensa por alguns míseros segundos, agora em total silêncio, até que ela simplesmente começa a despencar, me lançando contra o teto como um boneco de pano. Nesse momento apenas algo passa pela minha cabeça: irei morrer agora mesmo.
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Que eu não sou normal todo mundo aqui já sabe, mais nessa noite entediante eu pensei:
"O que aconteceria se um humano se apaixonasse por algo... como posso definir... 'erótico' um alienígena talvez..."
E aqui estou eu escrevendo, espero que gostem da história e um pequeno aviso:
"Não estou incentivando você enfiar uma tora de 40cm dentro de si isso é tudo ficção, por mais que ao decorrer de alguns capítulos não falte vontade..."
Beijos e divirtam-se...
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Wallis.
A queda foi surpreendentemente rápida. Em um segundo eu estava ali, gritando feito uma mulherzinha com minha bochecha colada contra o teto frio da nave alienígena e com coisas voando por todos os lados e no outro... BUUMMMMMMM!! O som ensurdecedor da nave colidindo contra o chão ecoa por todos os lados. Sou arremessado contra o piso com tanta força que provavelmente vou virar geleia.
Caio em alguma superfície estranha que não é tão dura contra o metal do chão da nave, mas isso não é o suficiente para impedir que eu desmaie de forma instantânea.
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Quando volto a realidade, estou com uma dor de cabeça tão terrível que vejo tudo embaçado. Sinto o sangue escorrer pela lateral da minha cabeça, mas isso não me impede de levantar do monte de roupas de alienígenas que estavam dentro de uns compartimentos, que pelo visto foi o que amorteceu minha queda.
Quando olho ao redor, percebo que a nave espacial ficou mais amassada do que uma latinha de cerveja após ser pisoteada por dezenas de pessoas. Há um buraco grande no teto retorcido da pilha de entulhos em que essa geringonça se tornou, por ele entra um vento congelante e flocos de neve, fazendo-me tremer tanto que é como se meus ossos estivessem congelando.
Olho para a pilha de roupas sujas aos meus pés. Só de pensar que aqueles monstros estavam vestindo elas, quero me afastar o mais rápido possível. Mas é isso ou nada.
Começo a vasculhar os entulhos e encontro um par de botas. Elas são super esquisitas e tem uma divisão no meio, como se aqueles monstros tivessem apenas dois enormes dedos. Mas meus pés estão quase congelando contra o metal da nave que está esfriando rapidamente, então não tenho escolha a não ser calça-las, colocando três dedos de um lado e dois do outro.
Daria um trabalhão para vestir um desses macacões fechados que parecem roupas de astronautas, então resolvo procurar por outra coisa. Encontro uma espécie de lona presa debaixo de um armário, arranco-a de lá e a enrolo no meu corpo, isso vai bastar para conter o frio, pelo menos por enquanto.
A menos que tenhamos caído no polo norte. Isso com certeza não é o meu planeta.
Caminho em direção ao buraco no teto da nave e escalo na pilha de lixo e metais retorcidos que se formou contra a parede. Com certo receio de que aqueles reptilianos estejam me esperando do lado de fora, coloco a cabeça para fora do buraco com cuidado, pronto para pular de volta para dentro a qualquer momento.
Tudo que vejo do lado de fora é neve. Neve, neve e mais neve. Há algumas montanhas no horizonte e algumas árvores congeladas no outro extremo da minha visão.
Olho para cima e dou de cara com três enormes luas. Elas são tão lindas que me deixam atônito por alguns instantes. A maior delas é completamente cinzenta com veios azuis e verdes, ela está tão próxima que é como se fosse cair sobre a gente em qualquer momento; a segunda é um pouco menor, azulada e com anéis de gelo ao seu redor; a última é bem mais pequena que as outras, fica do outro lado do céu e é completamente vermelha.
Depois de observa-las por muito tempo, olho ao redor e percebo que caímos numa espécie de colina.. há pedaços da nave espalhados por todos os lados e o maior e mais inteiro dela é justamente o em que eu estou. Também há quatro corpos de reptilianos estirados na neve, já completamente congelados.
Quanto tempo será que fiquei desacordado??
Eles devem ter morrido facilmente nesse clima, já que répteis não conseguem controlar o metabolismo em temperaturas abaixo dos 10° graus (posso até ser um caipira, mas fui para a escola e sei de algumas coisas).
Volto para o interior da lata de sardinha amassada em essa parte da nave aqui se tornou e tento encontrar algo de útil. Vasculho os armários, a pilha de roupas e tudo ao alcance, mas não encontro absolutamente nada que valha a pena. Solto um longo suspiro de frustração e começo a escalar para fora daqui, já que a temperatura está caindo rapidamente e todo esse metal vai fazer aqui dentro ficar mais frio do que lá fora.
Quando pulo na neve, minhas pernas afundam até os joelhos. Embora meus pés estejam quentinhos dentro das botas, as minhas pernas estão congelando e a lona do cobertor já não é mais tão eficiente para barrar o frio.
Vou até os corpos caídos na neve e procuro alguma arma nas suas roupas, fazendo o máximo para evitar tocar na pele enrugada e fétida deles. Um deles tem uma pequena e curvada faca presa no cinto, então retiro-a de lá e a aperto contra minha mão. Ter o peso do metal frio na minha mão é tão reconfortante...
Olho para todas as direções novamente. Preciso achar um abrigo o mais rápido possível se não quiser morrer congelando. As montanhas ficam a vários quilômetros de distância e antes de sequer chegar na metade do caminho eu já estaria durinho da Silva. Uma bela estátua de gelo para enfeitar esse maldito lugar.
Olho para a direção contrária, para onde fica a floresta que havia avistado antes. As árvores ficam apenas a uns 800 metros de distância, e como o trajeto é descendo a colina, provavelmente terei mais facilidade de chegar lá e, se tiver sorte, encontrar água ou Alguma árvore com frutas.
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Os minutos parecem horas enquanto eu luto para chegar nas malditas árvores, que parecem se afastar dois quilômetros de mim a cada passo que dou em sua direção. O frio é tão intenso que cristais de gelo se formaram nos meus cílios e no meu cabelo. Estou tremendo tanto que terei sorte se não quebrar algum dente enquanto bato uns nos outros sem parar. Minhas pernas estão bambas e já não sinto os meus dedos...
Mas mesmo assim continuo andando. Preciso chegar lá nem que seja para ter mais alguns minutos de vida. Morrer congelado não é muito motivador, mas se isso vai acontecer de um jeito ou de outro, que seja pelos menos daqui alguns minutos.
As árvores são surpreendentemente enormes, Percebo isso ao me aproximar. Os troncos são bem retos e grossos, mas há poucos galhos nas copas e as folhas verde azuladas são finas e nascem como se fossem pêlos.
Quando finalmente chego na floresta, começo a perambular entre as árvores, grato ao míseros graus a mais na temperatura que elas me proporcionam. As copas impedem que a neve caia nessa parte, então consigo ver o chão pelo primeira vez. Ele é composto por uma espécie de areia bem escura, como de fossem aquelas terras estéreis perto de vulcões ativos.
Um som de água corrente chega aos meus ouvidos e chama minha atenção. Ignoro a dor de cabeça e tento descobrir de que ela ele vem.
Esquerda. Acho que é esquerda.
Começo a caminhar naquela direção em passos rápidos. Minha garganta está tão seca que quando engulo em seco quase me engasgo. Passo a língua nos lábios para humedece-los.
Avisto o riacho a uns vinte metros, depois de fazer uma curva entre as árvores e chegar numa parte sem vegetação. Quase saltitando de felicidade, começo a correr em direção a água...
E é quando meu pé fica preso numa corda grossa que me prende em um laço apertado. Tento tirar meu pé de lá, mas isso apenas faz o nó apertar meu tornozelo ainda mais. Sinto um grito de indignação e dou um passo para trás e pego a minha faca, mas o passo que dei ativa a segunda parte da armadilha e faz a corda ser puxada bruscamente para cima, usando um dos galhos como uma roleta e me deixando pendurado de ponta cabeça com mais ou menos um metro entre mim e o chão.
Uma onda de tontura me atinge em cheio, fazendo tudo ficar embaçado e com que eu não consiga enxergar nada claramente, mas mesmo assim consigo ouvir o farfalhar das folhas e algo caminhar na minha direção. Tento olhar naquela direção, mas tudo está tão embaçado que tudo que consigo ver é apenas um borrão embaçado caminhando até mim.
A coisa que me capturou é enorme, carrega uma lança em umas das mãos e é... Azul???
Ótimo, escapei de um grupo de monstrengos que queriam me escravizar, para virar lanchinho nas mãos de outro Alien. Esse é último pensando que consigo assimilar antes de desmaiar pela milésima vez em apenas um par de dias.
Só espero que se acordar novamente um dia, não esteja amarrado num espeto sobre uma fogueira, com dezenas de Aliens famintos ao meu redor.
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Yuki.
Não consigo saber ao certo o que é... O que é a coisa pendurada na minha armadilha.
Ela para de se mover assim que saio de dentro dos arbustos. A faca cai no chão e o pano estranho que estava enrolado no seu corpo também despenca, deixando a mostra todo seu dorso. O cabelo dele é preto como o meu... Mas as semelhanças acabam aí.
A sua pele é de uma cor estranha, quase branca como a neve. Ele também não tem nenhuma cauda ou saliências na pele, além de ser minúsculo.
Há um sangue estranhamente vermelho escorrendo da lateral da sua cabeça e pingando no chão.
Será que morreu??
Vou até lá rapidamente e me abaixo ao seu lado, colocando a orelha perto do seu rosto pálido, Percebendo também que não há chifres entre os seus cabelos emaranhados. Ouço a sua fraca respiração, o que indica que ele continua vivo, mas não por muito tempo se não levá-lo para algum lugar seguro.
Pego a sua faca do chão e corto a corda, tomando cuidado para que esse... O que quer que seja não despenque de cara no chão. Retiro o laço do seu tornozelo super fino e frágil, antes de pegá-lo no colo e começar a caminhar em direção às cavernas escondidas na neve que meu povo usa durante as caçadas. Lá é mais quente e ele poderá descansar um pouco.
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Quando finalmente chego na caverna, o ser em meus braços está tremendo tanto que preciso segura-lo com mais força para que ele não se machuque. Como algo como ele sobreviveu tanto tempo aqui sendo que não consegue aguentar caminhar na neve por pelo menos duas horas? (O tempo que levei para encontrar uma caverna).
O interior escavado na rocha está escuro, mas é quente o bastante para que ele pare de tremer quase que instantaneamente. Coloco-o deitado na cama coberta por peles. Ela acomoda de forma apertada um adulto do meu povo, mas caberia facilmente uns três desse... Desse ser aqui.
Com cuidado para não bater a cabeça no teto da caverna, caminho até o outro lado, onde há uma pilha de gravetos e suprimentos. Pego os galhos secos e acendo uma fogueira perto da cama para mante-lo aquecido.
Quando o fogo finalmente começa a se espalhar pelos galhos por conta própria, sem que eu tenha que ficar assoprando, volto-me para a coisa deitada na cama. Com curiosidade, caminho até lá e observo-o atentamente.
Ele não se parece com nada com qualquer outra coisa que já tenha visto na minha vida. Sua cor, a pele lisa, ausência de cauda e chifres... Isso é tão estranho e lindo ao mesmo tempo.
Levo os dedos até o seu peito, tocando de leve a pele. Nunca senti absolutamente nada tão macio quanto isso. Nada. As feições do seu rosto são delicadas, o cabelo curto e preto está caindo sobre a sua testa, que também é completamente lisa...
É adorável. Muito adorável e surpreendentemente sem sentido algum.
Um corte profundo na lateral da sua cabeça chama minha atenção. Ele está quase escondido no cabelo preto, mas está aberto o suficiente para que sangue vermelho escorra pela sua têmpora (sangue vermelho, onde já se viu isso?).
A curandeira da minha tribo daria um jeito nisso fácil fácil, mas eu não sei nada sobre como fazer para diminuir o sangramento, então simplesmente saio da caverna em passos rápidos e pego uma pequena pedra compacta de neve. Enrolo-a em um retalho do tecido estranho em que ele estava coberto quando caiu na minha armadilha, então aperto contra o ferimento, torcendo para que isso alivie um pouco sua dor e sirva para alguma coisa.
Felizmente. O sangue estanca pouco tempo depois.
Os minutos vão se passando e minha curiosidade vai aumentando cada vez mais. Fico de joelhos ao lado da cama e farejo o seu cheiro. Ele tem um cheiro ótimo.
Sinto meu coração bater mais rápido quando meu olhar recai sobre o pequeno e estranho pedaço de roupa que ele veste na parte de baixo do corpo. E se... ? Vou até lá e abaixo um pouco da sua roupa, dando de cara com...
Se as feições delicadas e o tamanho me fizeram questionar. Isso com certeza prova que ele é um macho. Mesmo que ele também seja bem diferente de mim lá embaixo também.
Retiro o tecido sujo dele e o descarto ao lado da cama, voltando meu olhar para ele, agora completamente nu a centímetros de mim. Toco as suas pernas pálidas e atléticas. Como pode algo ser tão macio assim??
Eu o encontrei. Então ele é meu, certo?
Ele rola para o lado e fica de costas para mim, me dando total visão de sua bunda lisinha e redonda. O meu pau levanta tão rápido e fica pressionando conta minha tanga que sinto um pouco de dor. Uma vontade de acasalar com ele toma conta de mim, principalmente quando ele abre levemente as pernas e deixa a mostra um minúsculo e rosado anelzinho exposto para mim.
Fico de joelhos na cama e toco de leve sua bunda branquinha. Ele é tão pequeno que as nádegas encaixam perfeitamente nas minhas mãos sem problema algo. Tão macio...
A anelzinho minúsculo está praticamente implorando por mim, então enterro meu rosto ali para que possa saborea-lo, soltando um grunhido de prazer quando minha língua toca o buraquinho gostoso.
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Wallis.
Acho que estou estava tendo pesadelos terrivelmente realistas sobre ser arramado num espeto e ser comido por monstros ainda vivo, mas então ele muda de forma repentina e agora estou em um sonho bom.
Apesar de não ver absolutamente nada, as sensações fazem absolutamente tudo. No meu sonho, sinto duas mãos enormes tocarem minha bunda de forma curiosa, abrindo minhas nádegas e me expondo totalmente. Solto um grunhido de vergonha e escondo o rosto no lençol estranho em que estou enrolado.
Alguma coisa meio áspera, molhada e quentinha começa a ser esfregada naquele ponto da minha bunda para cima e para baixo como se não ouvesse amanhã, me fazendo soltar um gritinho de espanto e saborear a sensação logo em seguida.
O meu homem imaginário me toca por alguns instantes, mas faz menção de se afastar logo em seguida, Tirando sua língua de mim. Solto um gemido de desgosto e levo uma das mãos até o seu rosto para tentar mantê-lo lá. Seguro-o pelos seus chifres e...
Espera. CHIFRES?! que porra de sonho é esse??
Abro meus meus olhos e lembro instantaneamente de tudo que aconteceu nos últimos dias. Ainda sentindo as mãos grandes nas minhas pernas, olho por cima dos ombros rapidamente.
Eu estou completamente nu, e tem um cara com chifres enormes entre minhas pernas, com o rosto a centímetros da minha bunda. Ele solta um rosnado baixinho, antes de simplesmente abrir minhas nádegas e dá outra lambida no meu cu.
— O-oh meu Deus. — murmuro para o nada, completamente aterrorizado, e sem pensar duas vezes dou um belo chute bem no meio da sua cara, fazendo-o dá um passo para trás.
Ainda sentindo a saliva quentinha deslizar na minha bunda, engatinho para a frente rapidamente e me espremo no canto dessa estranha cama, contra a parede. Olho ao redor tentando descobrir onde eu estou, parece que estamos em algum tipo de caverna, com uma fogueira ao lado da minha cama. O cara enorme continua no mesmo lugar, no extremo oposto da cama, esfregando levemente a bochecha onde eu dei o chute e me olhando com curiosidade.
— I-isso é estupro, Sabia?! — informo para ele, tentando puxar o estranho lençol peludo para cobrir o meu corpo nu. Merda, isso não é normal.
O cara não é humano. ELE TEM CHIFRES ENORMES E COM CERTEZA NÃO É HUMANO!! olho atentamente para ele, que continua parado lá, apenas me observando.
Os chifres começam bem na linha dos cabelos e espiralam para cima enquanto vão afinando gradativamente até terminarem em duas pontas super finas e letais. Eu já falei que ele é completamente azul?!
O alienígena é totalmente azul, como uma versão mais musculosa e maior do maldito avatar. Exceto o cabelo preto, longo e volumoso que lembra uma juba, todo o resto dele é completa e fodidamente azul (um cinza azulado, para ser mais exato). Os olhos tem o tom mais luminoso dessa cor que eu já vi, mais claro e mais intenso do que as águas mais límpidas do meu mundo.
As sobrancelhas escuras são mais grossas do que as de qualquer humano. O nariz é empinado e tem pequenas depressões, como se pequenas escamas azuis tivessem sido sobrepostas na ponte e vão até o começo da sua testa.
— O-o que você quer de mim? — Solto um gemido baixinho quando ele faz menção de se aproximar de mim. Ele com certeza tem mais do que dois metros e tem tantos músculos que me esmagaria em um piscar de olhos.
Minha barriga escolhe o pior momento do mundo para começar a roncar sem parar. Isso me faz lembrar que estou morrendo de fome, e lembrar sobre a fome também me faz lembrar que estou com tanta sede que quase vou a loucura.
O alienígena estala a língua e levanta as mãos enormes, como se quisesse dizer que não irá me machucar. Observo seu rosto a procura de algum sinal de malícia ou segundas intenções, mas seu semblante é de preocupação e, ainda, um pouco de curiosidade. Ele dá meia volta e vai até uma pilha de coisas que há do outro lado da caverna.
Meu olhar recai sobre suas costas largas. Um retalho da pele de algum animal peludo foi cortado na diagonal e agora está amarrado na sua cintura, como uma espécie de vestimenta, dela sai um enorme rabo...
AI. MEU. DEUS. como se os chifres não bastassem, uma cauda azul com um tufo de pêlos pretos na ponta balança para os lados tranquilamente. Ele se abaixa e pega uma espécie de cantil e um embrulho com alguma coisa, antes de voltar para onde eu estou e estender para mim.
Pego o cantil e tomo um gole d'água, quase soltando um gemido de alívio quando a água desce pela minha garganta. Ele senta ao meu lado e observa atentamente cada movimento meu.
Abro o pequeno embrulho no meu colo e dou de cara com uma porção gigante de... Algum tipo de carne seca. Pego um pequeno pedaço e dou uma mordida, mas o gosto não é do melhores e nem parece que está assada. Tentando engolir o pedaço que estou mastigando e não fazer nenhuma careta, devolvo para ele o embrulho.
— N-não, obrigado. — digo quando ele pega o embrulho, retira um pedaço da carne e dá uma mordida. Seus dentes são super brancos e as presas são mais longas que os demais.
Uma grande mão azul pousa na minha coxa quando ele deita para trás e continua me encarando com se eu fosse a coisa mais linda que ele já viu. Não faço nenhum movimento pare tirar sua mão da minha perna, e se ele ficar bravo e me espetar com os seus chifres??
— Qual é seu nome? — pergunto, mesmo sabendo que ele não entende minha língua. O cara azul apenas franze as sobrancelhas grossas e puxa o cobertor de peles para cobrir o seu dorso, mesmo que o tamanho do lençol não condiza com o seu próprio.
— eu... — aponto para mim mesmo — sou o Wallis.
— Wallis? — uma voz grave e levemente rouca ecoa pela caverna, fazendo os pêlos da minha nuca se eriçarem. É como se ele Saboreasse cada Letra.
— SIM! meu nome é Wallis! — murmuro, então ele solta uma risada rouca e baixinha, como se meu nome fosse o mais estranho do mundo.
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