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O Guarda-costas

001

...• ARABELLA HARRINGTON •...

Muitas pessoas dizem que o dinheiro não traz felicidade, e julgo que são medíocres. Quando se tem dinheiro, você vive melhor, come melhor, bebe melhor e até mesmo respira melhor. Claro, há de haver luxos, como por exemplo, acordar numa cama King size com lençóis de seda ou de comer uma única refeição no valor de mil dólares, isso sem contar a sobremesa, e os vinhos? Os melhores espumantes e Rosés com mais de cem anos de fermentação, enfim, essa é a minha vida, a minha realidade, e eu não preciso de mais nada, pois tudo que eu exijo, tenho.

— Senhorita Harrington? – Uma das empregadas bate à porta do meu quarto. — O seu pai solicita a sua presença no escritório dele.

O que meu pai quer comigo a este horário? Termino rápido de me maquiar e desço com certa pressa para encontrar com o meu pai. Desde que a minha mãe o largou e foi morar com um bilionário nas Maldivas, meu pai tem se afundado muito no trabalho, e momentos assim são raros de acontecer, não comemoramos o natal ou o ano novo em família, o que acontece é apenas uma farsa para não manchar a nossa imagem de

"Família perfeita". Minha mãe, depois que foi embora, nunca deu sinais de vida para nós e eu não pude me importar menos, até porque, foi ela que nos deixou e não ao contrário.

Chego ao escritório de meu pai e entro sem bater. O ambiente é rústico e moderno, limpo e organizado, forrado em tons neutros entre marrom, preto e cinza, onde o cheiro de couro novo e fragrâncias nada sutis preenchem o lugar.

— Mandou que me chamassem? – Ando com elegância, escutando apenas o clique dos meus saltos altos baterem contra a superfície lisa do chão de mármore puro.

— Serei breve... – Ele responde, arrumando alguns documentos e papéis - Que assinava - em sua mesa. — Houve uma tragédia envolvendo a família Witherspoon.

— Qual nível de tragédia estamos falando? – Indago com receio de escutar um " Estamos falindo".

Ele esfrega o indicador e o polegar contra a sua barba grisalha - Mal feita - e volta os seus olhos azuis em minha direção.

— Os seus tios foram assassinados.

— Meu tios?

— Emma e Rick Witherspoon, os irmãos da sua mãe...

Sinto que ele ficou claramente incomodado em citar a minha mãe, justamente porque eles não se falam desde a última vez que ela pisou aqui, em Nova York. A surpresa é nítida no meu rosto, os meus tios foram mortos? Está certo que nunca fui próxima deles, ambos residem na Europa e raramente mandam notícias para nós, principalmente depois que a minha mãe fugiu, nos afastamos mais ainda deles.

— O que a mídia está dizendo sobre isso? – Indago, jogando os cabelos por cima do ombro e verificando a minha unha logo em seguida.

— Ninguém está sabendo sobre o ocorrido... – Ele responde, parecendo cansado. — Sua mãe desembolsou uma boa quantia para que não chegasse a promotoria pública.

— Você... Falou com ela? – Sinto um nó na garganta, junto com uma pontada de esperança se formando no meu estômago, ou seria ansiedade para saber a sua resposta?!

— Sim. E ela informou-me que a sua tia Emma foi resgatada com vida, mas morreu à caminho do hospital.

Me mantenho em silêncio, pois sei que as suas palavras sempre terminam com reticências quando ele cruza as mãos dessa forma e brinca com o seu anel de ferro que sempre usa no indicador.

— Antes que ela morresse, disse para um dos socorristas que à todo momento, os “Criminosos” – Ele faz aspas com os dedos. — Perguntavam sobre o paradeiro de Alfred Harrington.

Meus olhos se arregalam. Por que estariam interessados no meu pai?

— Estamos em perigo também? – Indago, totalmente apreensiva.

— Sinceramente, eu não sei, Bella. Somos uma família influente, com bilhões na conta e mais milhões para receber de patrimônio nas indústrias Harrington's. Estamos correndo riscos todos os dias.

— E o que faremos? Não podemos ficar sentados no escritório enquanto alguns covardes matam a nossa família como se fossemos animais.

— Sei bem disso, Bella. É por isso que aumentei as medidas de segurança na mansão, no seu apartamento e na casa de campo em Hudson Valley. Contratei mais duas remessas de seguranças e dois guarda-costas para nós...

São tantas informações que custo para entender o que ele realmente falou.

— Eles nos acompanharam sempre que tivermos algum compromisso que exija a nossa saída.

— E-espera... Guarda-costas? – Indago, cética.

— Tomei essa decisão extrema, pelo nosso próprio bem. Pela nossa segurança e...

— E como ficaria a minha faculdade de moda? As minhas amigas? Os eventos que já agendei para esse mês e todo o resto?

— Sinto muito, querida. Você terá de cancela-los.

— Não irei cancelar nada e tampouco trancar a minha faculdade por causa disso.

— É pela nossa segurança! – Ele aumenta a voz, parecendo impaciente.

— Pela nossa segurança ou pela sua reputação? Duas pessoas na família já morreram, não quer perder seus contratos e parcerias, e claro...

— Arabella. Chega!

— Não, pai. Eu não tenho culpa da mamãe ter nos deixado, não sou culpada por você ser tão amargurado e sozinho, pois adivinhe, eu não sou como você. – Me levanto, com um bate na mesa, as minhas pulseiras balançam com o meu gesto. — Não serei seguida como um cachorro na rua, pode esquecer!

— A minha decisão na está tomada, você gostando ou não! – Ele também se levanta, com o seu rosto vermelho enquanto vocifera.

— Acha mesmo necessário tudo isso? A polícia claramente já está envolvida e...

— Tomei medidas que cabem a mim, proteger você, independente do que você queira.

Me viro e saio pisando fundo, enquanto pego o meu celular no bolso e logo dígito o número de Serena, uma das minhas amigas mais próximas e que considero como uma irmã, desde que éramos crianças. Em poucos toque, a ligação se inicia, e Serena não espera um segundo sequer para lançar as suas enxurradas de perguntas.

Serena: Fiquei sabendo o que aconteceu com os seus tios, está tudo bem com você?

Arabella: Estou tentando absorver tudo isso...

Respondo, enquanto subo às escadas.

Serena: Quando soube, tentei te ligar umas dez vezes, mas só caía na caixa postal.

Arabella: Estava em uma reunião com o meu pai, fiquei sabendo recentemente, também.

Abro a porta do meu quarto e entro, fechando a mesma e me encostando contra a madeira fria.

Serena: Nunca houve esse tipo de... Acontecimento na minha família, não sei como deve estar sendo difícil para vocês.

Arabella: Você sabe que não. Era tão afastada dos meus tios quanto da minha mãe.

Serena: Não poderia imaginar além.

Rimos juntas.

Serena: Falando nela... Teve notícias?

Franzo os lábios, caminhando até à minha cama e me sentando na beira, pegando o controle e ligando a televisão.

Arabella: Nada mais do que o meu pai sempre deixa transparecer. Quando se trata dela, ele se fecha como uma maldita concha.

Passo os canais, procurando justamente algum canal de notícia que esteja falando sobre os meus tios.

Serena: Imagino que agora, o seu pai surtou de vez.

Arabella: Touché.

Respondo.

Arabella: Ele contratou mais seguranças e me proibiu de sair.

Serena: Que chato... Mas consigo entende-lo um pouco. Você é filha única, herdeira de um patrimônio de bilhões, e também... A única pessoa que não o deixou.

Arabella: O deixou? Ele é um homem rico, pode se envolver com a mulher que quiser e comprar quantos amigos ele quiser.

Desligo a televisão e deixo o controle de lado, um pouco furiosa.

Serena: Há certas coisas que nem o dinheiro pode comprar, Bella. Sabe nem disso.

Reviro os olhos.

Arabella: Bobagem. Não me venha com essas falas prontas tiradas de clássicos na literatura inglesa. Eu não acredito nisso e nunca vou acreditar, principalmente depois de tudo o que passei. Não serei feita de tola como o meu pai fora ou como fui ao acreditar em Edgard.

Serena: Algum dia você conseguirá superar.

Arabella: Isso me deixou mais forte para saber em quem devo dar um belo chute na bunda. Preciso ir, beijos!

Serena: Beijos.

Sua voz embebedada na minha ironia é cortada quando desligo a chamada, passando a tarde com Clarissa - Uma das empregadas - Jogando os vestidos que usei mais de duas vezes, fora.

.........

A noite cai sobre Nova York, mas ela continua brilhante e barulhenta como sempre. Desço para jantar e as empregadas já colocaram à mesa, me sento no lugar de sempre e vejo a vasta mesa lotada de comida, mesmo sabendo que só vou comer uma salada aperitivo e queijo de ricota. Não como muito para não engordar, o meu corpo é um templo para mim e o que mais me importa, é óbvio, a minha aparência. Para acompanhamento bebo uma taça de vinho tinto dos anos 70, não é nenhuma ocasião especial, eu apenas fiquei com vontade.

— Boa noite... – Meu pai diz, entrando na sala de jantar.

— O que faz aqui? – Indago, surpresa pela sua presença.

— Terminei cedo o trabalho para vir te ver. – Ele responde, se sentando à mesa enquanto as empregadas praticamente correm para pegar novos talheres e copos, também surpresas por vê-lo em casa, já que normalmente, ele está enfiado na empresa.

— Eu poderia me derreter em cima da mesa com as suas palavras e gritar à sete ventos que você é o melhor pai do mundo... – Forço um sorriso, o fitando do outro lado da mesa. — Mas eu o conheço o suficiente para saber que aconteceu algo ou você quer algo. Diga.

— Como pode pensar isso do seu próprio pai? Eu apenas gostaria de relembrar os velhos tempos, quando você ainda era uma garotinha com os cabelos loiros como uma juba de leão e os dentes faltando porque demoraram para crescer e...

— Tudo bem, pai. – O corto, constrangida. — Eu entendi perfeitamente.

— Sobre o que conversamos mais cedo... – Ele começa.

— Percebeu que contratar dois guarda-costas pessoais é uma grande bobagem e desistiu dessa ideia estúpida? – O corto, parecendo ansiosa.

— Não. – Ele diz, derrubando as minhas expectativas. — Você pode continuar frequentando a sua faculdade, saindo com as suas amigas e indo aos eventos.

Demonstro a minha felicidade perante às suas palavras.

— No entanto, há duas condições.

— E quais são? – Indago.

— Que aceite pelo menos um guarda-costas...

— Tenho outra opção?

— Não.

— Tudo bem... – Bufo. — O que mais?

— Que se case.

Praticamente derrubo o guardanapo que usava para limpar a boca, o olhando cética.

— C-como?

— Esses são os meus termos.

— Não estamos na empresa, pai. – Me levanto, quase derrubando a cadeira com o meu gesto. — Não pode pedir que eu me case, assim, do nada.

— Já possuí vinte anos, já está na hora de se tornar uma mulher e deixar de ser uma garota mimada.

O olho cética.

— Só para constar, eu tenho dezenove...

— É quase a mesma coisa. – Ele responde, esfregando a mão no cenho enquanto deixa o olhar cair. — Já sou um homem velho, quero que essa família cresça novamente.

— Me forçando a isso?

— Não a forcei, pode muito recusar a minha proposta.

— É claro que isso não será de graça.

Ele sorri docemente, mas sei que esconde o diabo por trás dos dentes.

— Você só tem a ganhar com isso... Pense bem, querida...

As empregadas entram na sala, no mesmo instante, carregando os utensílios faltando, e logo servem o meu pai, que neste momento, parece completamente distraído com a comida, indicando que esta conversa está encerrada.

002

...• JORDAN HALE •...

Meu sonho sempre foi me tornar policial, um médico ou até mesmo, um astronauta... É claro que tudo isso, quando criança. Nós somos tão iludidos ao ponto de achar que a vida é como nos filmes, uma completa mentira. Aprendi isso da pior forma possível, não existe o bom ou o ruim, nós criamos esses termos para esconder os nossos demônios...

— Está bom. – Brandon sinaliza para que eu pare.

Solto o homem no chão, que cai ensanguentado e quase desfalecido.

— Onde está o meu dinheiro? – Brandon pergunta ao homem, enquanto roda uma faca entre os dedos.

— Eu... – Ele tosse, cuspindo sangue. — Eu já disse que não sei!

— Como quiser. Jay... – Brandon se vira para mim. — Acaba com isso e me encontra no escritório depois.

Assinto com a cabeça, Brandon sai e eu olho para o homem no chão, que chora e implora para que eu não o mate.

— E-eu tenho família, duas filhas... – Ele tenta se afastar gradualmente e com dificuldade, enquanto sua mandíbula parece torta com os golpes que desferi em seu rosto.

— Não é pessoal. – Respondo enquanto me afasto.

Pego uma barra de ferro e bato nele até que não respire mais. Olho para o que eu fiz e noto sua cabeça levemente aberta, algumas vísceras saem do seu corpo e o sangue predomina no local, e eu sei que não vou limpar isso. Jogo a barra de ferro no chão e saio do galpão, como eu disse, a vida não é fácil para nós.

Enquanto vou até o meu carro, pego o meu celular e vejo que Gabe me mandou uma mensagem, olho rapidamente pela barra de notificação.

Gabe: Me encontra no Coffrin Latuche depois, tenho algo que você vai gostar. (13:00)

Desligo o celular e coloco no bolso da minha jaqueta. Depois eu o encontro, agora tenho que resolver umas coisas com o Brandon. Depois de dirigir até o escritório dele, entro sem bater à porta. Ele está sentado na sua cadeira com uma mulher no colo, - provavelmente uma prostituta que achou na rua - quando nota a minha presença, Brandon da uma última tragada e deixa o cigarro de lado.

— Se saiu bem hoje, quem sabe, assim, eu te libero logo.

— Pensei que fosse o último serviço. – Digo, olhando para ele.

— Tenho algumas coisinhas que surgiram agora pra você.

— Eu tô fora. – Respondo, me preparando para sair.

— Sabe, Jay... Eu gosto de você. – Brandon fala e eu paro de andar. — Mas sabe o que te atrapalha? Essa... Essa sua vontade de ser livre.

Estou de costas para Brandon, ouvindo atentamente o que ele tem a dizer.

— Sua mãe... Como é o nome dela mesmo? Charlotte, isso! – Ele diz, posso escutar Brandon se levantando da cadeira e caminhando lentamente. — Quantos anos ela tem mesmo?

Eu fico quieto, Brandon anda até a minha frente e me encara bem de perto, estreito os olhos mas não abaixo a cabeça para ele, sinto seu cheiro de colônia cara misturado com cigarro, ele sorri de lado.

— Eu te fiz uma pergunta, Jay.

— Sessenta e um.

— Sessenta e um... – Ele repete sorrindo. — Fiquei sabendo que o câncer está piorando o estado dela. Tão degradante!

A raiva é aparente no meu rosto, sei que me envolvi com as pessoas erradas e com isso deixei a minha mãe vulnerável. Tudo isso, porque estava desesperado para conseguir algum dinheiro para o tratamento dela, e os hospitais americanos cobram muito, não só pelo tratamento, mas pelas despesas, quartos no hospital, pelos médicos que atendem, remédios e muito mais. Eu não podia deixar que ela morresse!

— Se você tocar nela... – Vocifero.

— Por isso mesmo que você vai continuar trabalhando para mim, Jay. Ou não vai ser por conta do câncer que a sua mãe vai morrer.

Passo por ele, o empurrando e saindo de lá. Filho da p**uta! Nunca deveria ter pedido dinheiro para ele. Entro no meu carro e me limpo rapidamente, tirando o sangue que ficou depois que matei aquele cara que nem sei o nome, dou um soco no volante de ódio.

Porra, o que eu faço agora? Uma hora ou outra a polícia vai começar a desconfiar, é só questão de tempo até ligarem os pontos e eu ser preso, Brandon é inteligente o suficiente para não ser pego e me acusar de todas as suas merdas.

Suspiro e ligo o carro, indo até o endereço que Gabe me mandou na mensagem. Chego no local e vejo que é uma grande boate, nunca tinha vindo a essa parte de Nova York, me mudei para cá há pouco tempo, mas tenho certeza que essa parte da cidade é um pouco mais nobre do que a parte onde eu moro, o Brooklyn. Estaciono o carro e entro no estabelecimento, logo de cara já vejo várias pessoas dançando e outras fazendo s*xo explicitamente, é bem comum nesses tipos de lugares, e eu nem me surpreendo mais. Adentro mais no local e vou até o bar de bebidas, onde peço um uísque puro para o bartender, noto uma mulher se aproximando de mim e me olhando com um sorriso no rosto.

— Eu não vou te pagar uma bebida... – Digo, sem a olhar.

— Não estou afim de beber hoje. – Ela responde, ainda com o sorriso no rosto.

O bartender me serve o Whisky e eu pego o copo, virando num gole só.

— Afogando as mágoas? – A mulher insiste.

Olho para ela com desinteresse, é morena com os cabelos lisos que batem até a cintura, usa um vestido preto - curto e bem decotado - facilmente, qualquer homem ficaria interessado nela.

— Estou com pressa. – Respondo e saio.

Posso notar o olhar de decepção no rosto dela, essa aí nunca deve ter tomado um fora na vida. Qualquer homem ficaria de joelhos para passar a noite com uma mulher assim, mas eu realmente não ando no clima ultimamente, já nem sei há quanto tempo eu não tr*nso. Passo pelas pessoas que se espremem enquanto dançam, totalmente entorpecidas pelo momento, pela música e as drogas que usaram. As luzes piscam e o som é tão alto que mal se ouve as vozes de quem conversa, paro na frente da sala VIP, e se eu conheço bem o Gabe, é aqui mesmo que ele está.

— Nome? – O segurança indaga, me olhando.

— Fala pro Gabe que eu cheguei.

— Nome...

Ele me olha sério e eu devolvo o olhar, deixando claro que ele não me intimida. Tenho certeza que ele vai me expulsar daqui, justamente pela forma como mexe no seu rádio na cintura e ajeita discretamente a sua arma, como se fizesse isso para que eu recusasse. Mas eu não faço.

— Jordan? – Gabe sai da área VIP, me dando um aperto de mão.

— Há quanto tempo... – Desvio a atenção do segurança de terno e pele negra, respondendo Gabe enquanto ele me dá um abraço, seguido de um aperto de mãos.

003

...• JORDAN HALE •...

Gabe é como um irmão pra mim, quando eu vim parar em Londres, ele me acolheu e me deixou dormir em um apartamento dele por um tempo, é óbvio que não aceitei e fiz um acordo com ele, minha mãe fica no apartamento e eu trabalho para ajudar com as despesas do imóvel. Arranjar trabalho aqui não foi fácil e acabei me envolvendo com quem não devia.

— Ele tá comigo. — Gabe diz ao segurança, que permite a nossa entrada para à sala VIP.

Nos sentamos num canto mais afastado para conseguir conversar melhor. Eu fiquei um tempo longe do Gabe por conta dos trabalhos árduos que o Brandon me designou, ele realmente não aprova o que eu faço, mas nunca me denunciou para a polícia, realmente Gabe tem feito mais por mim do que o meu pai algum dia já fez.

.........

— Mas você sabe que aquele dia eu só bebi demais da conta por sua culpa! — Gabe diz rindo.

Tomo outro gole da bebida cara que Gabe comprou, o álcool já mexe um pouco com a minha cabeça, e estou rindo que nem um idiota ao lado dele.

— Mas enfim... — Digo colocando o copo na mesa. — Por que me chamou aqui?

— Tenho um trabalho pra você. — Gabe diz, dando uma tragada no seu cigarro que provavelmente é maconha, pelo forte cheiro.

— Trabalho? — Confuso, pergunto.

— Você sabe que meu pai tinha uma empresa de segurança pessoal, ele se aposentou e eu acabei herdando.

Escuto tudo atentamente, enquanto olho para a bebida na mesa.

— Todos os meus homens estão trabalhando para alguém já, tô precisando de uma pessoa para vigiar a filha do Harrington.

— Harrington? O cara dos leilões de diamantes? — Pergunto rindo, parece até piada.

— Ele mesmo.

— Por que não chama alguém que já tenha experiência em servir de babá pra ricos? — Falo, enquanto tomo o último gole da bebida.

— Você tem experiência, por isso tô falando contigo.

— Sabe que não é disso que estou falando. Eu mato pessoas, não trabalho para ricos como um serviçal.

— Você só precisa ficar por um tempo com a garota, eles vão pagar maior grana por mês.

— Vai você como guarda-costas dela e faça um bom proveito com o dinheiro.

— Você sabe que eu não sei ao menos lutar. — Gabe diz, tentando me convencer. — Além do mais, a sua mãe precisa de grana para o tratamento dela...

As últimas palavras dele me atingem em cheio. Minha mãe está enfrentando uma leucemia que cada vez mais piora, preciso juntar muito dinheiro para pagar os remédios, os tratamentos e um bom hospital para cuidar dela... Não tenho nem dez porcento disso.

— Quanto vai ser? — Pergunto, ainda sem olhar para Gabe.

— Uns cinco mil dólares por mês, com adiantamento de três mil.

— Por quanto tempo?

— Alguns meses. E aí, o que me diz?

Suspiro e esfrego o cenho com o polegar e o indicador, cinco mil por mês vai segurar até o tratamento dela começar, pode ser que dê certo.

— Brandon não vai gostar disso. — Digo.

— Você já não saiu desse trampo?

— Pedi hoje, mas ele ameaçou a minha mãe. — Digo nervoso.

— Ela tá segura no meu apartamento, posso deixar um dos meus homens cuidando dela.

Penso bem. Eu não tenho nada a perder, além disso, não deve ser problema nenhum ser guarda-costas, provavelmente é uma adolescente que ficará no celular o dia todo.

— Quando eu começo? — Pergunto.

— É assim que se fala! — Gabe tá um tapa leve no meu ombro, se empolgando. — Amanhã mesmo você vai conhecer os seus clientes.

— Os meus clientes... — Digo, com ar de deboche. — Tô parecendo até uma puta.

Jordan ri, ficamos um tempo a mais conversando e bebendo, até altas horas da noite.

( Bônus pra quem quiser)

Gabe Harper...

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