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Sequestrada Pelo Muçulmano

Destino

...Por Virgínia...

Olá, o meu nome é Virgínia, tenho 21 anos, venho de uma família de classe média, não somos milionários, mas meus pais sempre fizeram de tudo para me proporcionar o melhor, sou a garotinha da família, sempre fui bem cuidada, faço faculdade de enfermagem, tenho bons amigos, e adoro ir à balada dançar, beijar e beber. Sou livre e protegida, não mudaria nada por aqui.

Gosto de treinar, cozinhar, ouvir música, ir ao ‘shopping’, já namorei, mas relacionamentos não me fizeram tão bem, mas bem, não gosto de falar muito sobre isso, passado é passado. Quem sabe um dia apareça o cara certo, enquanto isso, divirto-me com os errados e volto para o meu cantinho sem nenhum peso na consciência.

A minha pele é branquinha, bem clara, os meus cabelos são pretos, brilhosos, bem longos, chamam a atenção por onde passam, tenho 1,58 de altura, o meu corpo é bem desenhado, cuido-me com boa alimentação e treinos pontuais, na minha turma sou uma das mais esforçadas, falar "inteligente" seria muita audácia da minha parte.

...Por Samir...

Chamo-me Samir, tenho 28 anos sou marroquino, moro em Casablanca com a minha grande família. Os meus pais são casados há mais de 30 anos, tenho 4 irmãos, sendo eu o segundo filho, a Aisha é encostada em mim e que vem a trazer muita dor de cabeça a nossa família por querer fugir do costume, o Ziah, que apesar de ter apenas 24 anos é o querido do nosso pai, rígido com a nossa cultura e religião, e a minha princesinha, a Sâmia, de 18 anos, ela é a minha protegida, e não quero que ninguém a toque. O mais velho da família é o Zair, que foi assumir os nossos negócios no Brasil por um tempo, e decidiu ir contra a nossa família e ficou morando lá com a sua esposa, longe das tradições. Ele ainda assume uma parte dos negócios por lá, sempre sob a minha supervisão, os meus pais nunca o perdoaram por ter ido contra os costumes da nossa família e ter aberto mão da sua posição de líder do nosso clã pela esposa, mas eu sou um homem moderno, viajado, não o posso julgar, a vida no Marrocos não é fácil, e o mundo é vasto e diverso, ele é um homem de caráter, o admiro sempre.

Assim como todos os anos, em junho, preciso ir ao Brasil rever o meu irmão e ver como vão os negócios por lá. Gosto de ir lá, apesar de os achar demasiadamente promíscuos, gosto da comida e da simpatia do povo, adorarei ver os meus sobrinhos, o pequeno José já deve estar caminhando. Peço para a Fátym organizar as minhas malas, partiremos em comitiva amanhã ao alvorecer.

Enfim chegamos em terras brasileiras, uma das nossas maiores sedes aqui fica em Fortaleza, outra em São Paulo, outra em Brasília. Meu irmão quis presidir os negócios daqui, diz que gosta de estar próximo a praia, que é bom para as crianças e se desloca sempre que necessário.

— E então Zair, preciso tomar nota dos nossos orçamentos, você sabe, confio em você, mas nosso pai...

— Não se preocupe Samir, eu sei como é nosso pai, sei que ele nunca me perdoou por ter me apaixonado por Hanah e querer dar-lhe uma vida tranquila aqui. Aqui somos livres, nos amamos, consegui fazer os negócios crescerem aqui e nos países vizinhos, mas o nosso pai, ele...- ouço Zair me falando com um certo desconforto, e talvez até tristeza. A ruptura com a família não foi fácil para ninguém.

— Ora, você é o mais velho, apesar de ter sido parcialmente deserdado agora, e ele se referir a você apenas como um funcionário, você não me deve satisfações, o meu respeito por você não mudou, eu te entendo, não faria o mesmo que você, mas também não quero julga-lo, certo? E tenho certeza que mesmo assim nosso pai e nossa mãe sentem sua falta.

— Então, vamos adiantar os negócios? !Mal posso esperar para ver os meus sobrinhos.

— Sim, pedi para que Hanah preparasse um jantar para nós.

- Eu mal posso esperar por um prato brasileiro

O dia, a hora e o lugar.

...Por Samir...

— Alah abençoe as suas mãos, Hannah, o jantar estava maravilhoso!

— Sim, minha querida, obrigado por ter se dedicado assim, você realmente é maravilhosa!

- shukran cunhado, shukran marido, consegui isso graças a minha amiga Virgínia que veio aqui me dar uma ajudinha. Sozinha com as crianças não teria conseguido, já havia dado folga aos nossos funcionários para aproveitarem as festas daqui, que chamam de São João. Assim como celebramos as nossas festas em família, eles também devem fazer o mesmo.

-Ah! Hannah, você ainda é inocente demais querida, não sabe como funciona as tradições por aqui, mas bem, porquê a sua amiga Virgínia não desceu para jantar conosco?

— Marido, a Virgínia desceu para me ajudar com o jantar e depois foi adiantar o trabalho da faculdade que estávamos fazendo, quando levei as crianças para cima ela disse que eu poderia acompanhar vocês que ela os colocaria para dormir. Talvez ela tenha dormido também, posso verificar.

...Por Hannah...

Foi bom rever o meu cunhado, ele é um bom homem, diferente dos meus sogros e do meu outro cunhado que me maltratavam quando estava no Marrocos, quando me casei e deixei a minha família depois de lutar bastante para me casar por amor, vi o quanto me maltratavam, talvez por minha família ser muito simples, não temos ouro, nem servos, sem aviões, mas sempre fomos honestos e respeitados por todos. Apesar disso todos os dias quando meu marido saia para trabalhar, ou pior quando viajava, minha sogra me humilhava, me tratava como empregada, o meu sogro nem a mim olhava, e quando fui perceber estava adoecendo, desfalecendo em cima da cama. Até que meu marido veio ao Brasil à trabalho e me trouxe tentando me ajudar, ele não sabia de tudo o que se passava, eu não queria causar discórdia na nossa família e imaginei que ele não acreditaria em tudo que eu passava em sua ausência, já que em sua presença as coisas eram totalmente diferentes. Quando vinhemos para cá, apesar de me escandalizar com o quê vi, me senti leve e livre, a minha vida voltou, logo em seguida descobri que estava grávida e lembrava da minha sogra falando que jamais aceitaria os netos vindos de mim, que eu era uma pobre coitada e que faria de tudo para que eu não tivesse o meu filho e meu marido arranjasse outra esposa. Talvez por suas maldições eu tenha demorado a engravidar enquanto estava lá. Quando chegou perto da data de retornarmos ao Marrocos senti muito medo, pedi e implorei ao meu marido para não voltarmos e disse-lhe que se ele me obrigasse eu me jogaria do prédio mais alto que visse e ele me perderia para sempre. Acredito que tudo o que passei deixou-me depressiva, e ele vendo o meu estado resolveu ficar e desde então estamos sendo felizes construindo a nossa família aqui. Também sinto falta dos meus pais, queria que os meus filhos tivessem os avós por perto, eles também estão chateados comigo, mas eu precisava lutar pela minha família e pensar em mim.

— Vem Virgínia, desça um pouco, quero que você conheça o meu cunhado.

Olhares

...Por Virgínia ...

Vejo Hanah subir as escadas apressada, estou cansada, acordei cedo, treinei, fui a faculdade e depois resolvi vir a casa de Hanah para que fizéssemos o trabalho. Conheci Hanah no curso há cerca de 3 anos, vi que muita gente não queria se aproximar dela por ela ser diferente, por julgarem que todos os muçulmanos são terroristas, mas eu a vi tão doce e tão esforçada que acabei me aproximando dela, ela me contou que sempre foi seu sonho ser enfermeira, mas no Marrocos, além dos preconceitos sociais com mulheres que se dedicam a vida profissional, a sua família não tinha condições de arcar com os estudos e depois veio o casamento e enfim, hoje somos boas amigas. Eu respeito a sua cultura, principalmente quando frequento a sua casa, os seus filhos são como os meus sobrinhos e ela e o seu esposo respeitam a minha forma de viver, coisa que muitos brasileiros com religiões daqui criticam.

Pergunto a Hannah se é mesmo necessário que eu desça, deitei com os pimpolhos e já estava pegando no sono, já dormi aqui uma outra vez e logo cedo fui para casa, meus pais confiam em mim quando estou com ela e seu esposo. Ela afirma que sim, que posso gostar do que vou ver, além de quê também não jantei, estou faminta, senti o cheiro do Baião de dois com carne assada de longe. Decido me levantar, dou um jeito no cabelo, lavo o rosto e passo um batom leve, estou com um vestido florido, solto, em baixo dos joelhos. Por mim viveria de shorts jeans ou vestidos justinhos, mas como já mencionei, respeito o lar da minha amiga e sua cultura, então quando venho aqui tanto vir mais cobertinha rs...

Ao descer as escadas olho para baixo e tento associar se a minha visão está vendo certo ou estou delirando pelo sono que estou. Que homem lindo, charmoso, e esse sorriso, então? Essa roupinha que ele usa é muito sexy, engraçada, mas sexy.

- Marhaba, senhorita? senhorita?

- Essa é a Virgínia- Hanah responde por mim- Virgínia, esse é meu cunhado Samir.

- Um prazer senhorita Virgínia. Ele tenta se comunicar comigo com um sotaque bem pesado, eu o acho engraçado, bonito, mas engraçado.

-Igualmente, senhor Samir.

Sentamos e jantamos, não posso deixar de perceber que ele também me olha, mas não sei como reagir, me despeço e prefiro ir para minha casa.

-Senhorita, posso te levar, já está tarde para chamar um táxi. Ele me diz suavemente.

-Não, não precisa se incomodar.

-Ora, faço questão, te levo e assim observo a noite nessa cidade maravilhosa.

-Então aceito a carona. Falo pegando a minha bolsa e me despedindo de Hannah e Zair.

Descemos juntos e ele abre a porta do Sedan para mim, algo nele me encanta, mas talvez seja só por ser meio exótico, acho que estou viajando longe, pois ele se porta como um cavalheiro.

-E então senhorita Virgínia, me conte um pouco sobre você.

-Não precisa me chamar de senhorita, mas não tenho nada espetacular para falar. Moro com meus pais, agora sou filha única, a enfermagem é meu sonho de infância, gosto de aproveitar a vida e amo a liberdade. E você, o que me diz?

- Eu estou no Brasil à trabalho, sou o chefe dos negocios da minha família desde que o meu pai teve um infarto e precisou se afastar e Zair casou-se com Hannah e deu fuga para o Brasil, jogando para mim todas as responsabilidades- Ele fala com um sorriso lateral, continuo achando-o muito charmoso.

-Huuum, um CEO forçado, tadinho- Falo debochado.

-Jamais, respeito muito minha família e nossas tradições, para mim é uma honra ocupar o lugar que ocupo, não abriria mão disso por nada. Além de chefe da minha família, sou o líder do meu Clã no Marrocos, sou exemplo para o meu povo e no mundo dos negócios, e gosto disso.

Ele fala está última frase me soou muito interessante, acredito que fiquei corada pela forma como ele falou "gosto disso" me olhando enquanto dirigia com os seus olhos castanhos se voltando na minha direção. Senti um tremor percorrer a minha espinha, a minha pele arrepiou, o meu olhar ficou baixo. Talvez não seja só delírio meu.

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