Sou muito grata a família que ganhei através da união de minha mãe e meu tio Davi, é assim que chamo meu padrasto, nesses poucos anos que vivemos juntos, ele foi muito mais pai que meu próprio e Dilan sim, considero meu irmão, meu little brother sempre me tratou com carinho e respeito, mas aquelas duas megeras filhas da minha madrasta, nunca senti um pingo de afeto..., elas sempre me maltrataram, destruíam minhas coisas, aprontavam só para me culpar e jogar meu pai contra mim, o pior era ver elas tendo sucesso em suas tramas.

Mas, isso passou, com o tempo, pedi ao meu pai que quando fosse para nos ver que ele me levasse para algum lugar, uma lanchonete, cinema, parque..., só nós dois, não queria mais passar os finais de semana em sua casa com sua família..., e assim fizemos.

Ravi e Luna são como irmãos também, sempre posso contar com o apoio dos dois, foi assim que consegui convencer minha mãe a me deixar morar no antigo apartamento de Luna, sempre fui muito agitada e determinada, me agradava a ideia de ser independente desde sempre, não posso negar que tive uma grande ajuda da família do meu padrasto, mas tudo o que conquistei através dos campeonatos de SUP me proporcionou isso.. , estou com 20 anos e sinto que já passei dos 30 por tudo o que já vivi e conheci, minhas experiências de trabalho, de viagens, enfim. Minha mãe diz que vivo dez anos a frente da minha idade.

Ano passado comprei meu primeiro carro com meu próprio dinheiro, isso que é independência..., Ravi curte mais as motos, o que deixa Luna extremamente preocupada, ele ainda mora na grande casa da família, só quando precisa fugir dos adultos é que ele também se refugia no apartamento.

Aos 18 anos comecei minha faculdade em Educação Física, já estou no segundo ano e nesse semestre conheci o homem mais lindo do mundo, ele é um pouco mais velho, mas o amor não tem idade, é o que digo para as minhas amigas..., mesmo que seja apenas um amor platônico, afinal, eu não me apaixonei por nenhum professor nem no fundamental e nem no ensino médio, o que é ótimo, nessa idade não poderia vive-los..., mas aos vinte anos, me apaixonar pelo professor de quase 40, não é impossível de realizar.

Me produzi toda para a aula, sento na frente só para chamar a atenção dele, sei que ele já percebeu, mas sempre ignorava..., até hoje..., notei que ele está começando a me enxergar..., e acabei de ter uma prova disso..., estou concentrada em uma leitura, levanto o olhar discretamente e percebi ele me olhando..., nossos olhos se cruzam e ele disfarça desviando a atenção para outra direção..., finjo que não percebi, mordo a ponto do lápis de forma discreta, propositalmente sensual..., levanto o olhar novamente e percebo um brilho nos olhos dele e um franzir de sobrancelhas..., ele se ajeita na cadeira e lanço um leve sorriso o provocando..., agora consegui a atenção dele de vez.

Ele levanta, pede licença da turma e sai, só quase dez minutos depois ele volta..., já chega de provoca-lo, preciso me concentrar nas aulas ou vou reprovar de verdade, ainda não assimilei nada nessa disciplina e tudo é culpa dele..., professor Sandro Alencar.

Desde o acidente do meu melhor amigo, minha vida desandou..., fiz a estúpida escolha de me envolver com a noiva dele enquanto ele estava morrendo em um leito de hospital, o abandonei no momento em que mais precisou de mim para viver um amor que criei na minha cabeça..., por alguns meses acreditei que Aline também me amava, mas bastou Dilan surgir em nosso noivado que vi o quanto fui burro, idiota e iludido.

O pior foi que no final de tudo, perdi meu melhor amigo de vez, nunca me perdoei por isso..., vi Aline correr atrás dele como uma cadela humilhada e depois de ser escurraçada, veio atrás de mim, como se eu fosse um conforto para curar suas decepções..., ouvir da boca dela que eu era sua última opção foi pior do que se ela tivesse continuado a me enganar, dizendo que me amava..., eu teria continuado a me forçar acreditar, mesmo que os olhos dela dissessem o contrário.

Isso é passado, assim como minha relação com meu pai, ainda não nos falamos..., desde que inventou de processar Davi e a empresa dele, mesmo o cara sendo sempre honesto..., eles também eram amigos, meu pai o culpa pelo fim do meu noivado..., eu culpo a mim mesmo, aquele relacionamento nunca foi real...

Assim como Dilan, pratiquei esporte por anos, participava dos campeonatos de surf,mas desisti depois de um tempo..., me dediquei a docência na área de Educação Física, precisava me estabilizar e buscar novos sentidos para minha vida, me envolvi com outras mulheres achando que me ajudaria a reaprender a amar..., nunca me permiti..., até uma delas me parar para um relacionamento..., a única coisa boa disso foi meu filho Samuel, ele tem 2 anos, me revezo entre o trabalho e meu garoto.

Minha relação com a mãe dele não é muito boa, Tânia está sempre tentando usar nosso filho para me atingir e isso me enfurece..., me livrei de Aline que me manipulava através do que eu sentia por ela e me meti com Tânia que tenta me manipular através do amor que tenho pelo meu filho..., ela não tem do que se queixar, sempre deixei claro que não a amava, que era só sexo..., mas quando ela veio até mim falando que estava grávida, aceitei tentar, morarmos juntos por dois anos..., foi tão ruim pra mim quanto para ela..., não deu certo, estamos a praticamente um ano separados, mas ela acha que ainda pode ter influência sobre mim.

Atualmente meu foco é meu trabalho, não sei o que algumas mulheres dessa faculdade tem que insistem em jogar charme, deve ser fetiche..., não me envolvo com alunas, embora já tenha ouvido boatos sobre isso..., desde que não me prejudiquem podem falar o que quiserem..., saí duas vezes com uma professora do curso de pedagogia, mas não passou de uma transa, depois disso optei por sermos apenas colegas de profissão, é melhor continuar com meus lances casuais fora do trabalho.

Não tenho mais idade pra ficar me aventurando, estou com 37 anos..., não dá mais pra agir como se ainda tivesse 20.

Esse é o meu foco, mas tem uma aluna que está começando a me tirar do sério..., ela é pior do que as outras, não é nada discreta, embora tente parecer..., tenho idade de ser pai dela, se tivesse sido pai aos 17, mas ainda assim, sou muito mais velho e a garota não colabora..., tentei ignorar muitas vezes, mas tá ficando difícil...

Lívia é muito bonita, sabe usar sua beleza e charme..., estava observando a turma, mas a visão dela com aquele lápis na boca..., me fez imaginar como seria meu p..., não, não posso pensar isso, o que tô fazendo?..., é claro que ela percebeu que conseguiu chamar minha atenção..., levanto e vou ao banheiro, jogar uma água na cara para voltar a minha razão..., alunas não idiota.

Ele volta em sua postura séria e segura..., ministra a aula, passa algumas orientações e logo todos os alunos estão saindo, algumas alunas o rodeiam em sua mesa para tirar dúvidas idiotas, coisas que elas inventam só pra ter um minuto a mais com ele...

Os dias seguem assim..., continuo minhas investidas, ele está muito mais incomodado, nem consegue disfarçar o quanto tenho mexido com ele.

Mais uma aula termina e o de sempre, alunas o rodeando..., posso o provocar durante as aulas, mas não invento dúvidas ridículas no final só pra ter um minuto da atenção dele..., termino de arrumar a bolsa e vou caminhando para a saída, paro ao ouvi-lo me chamar...

Sandro:_ Lívia..., pode ficar uns minutos?

Lívia:_ Sim, senhor...

Sento novamente esperando todas saírem e ficarmos apenas nós dois, ele se mantém lá sentado por uns minutos..., até reunir coragem, levantar e sentar em uma das cadeiras ao meu lado..., fico ansiosa para ouvi-lo..., acho que finalmente terei minha chance.

Sandro:_ Vou ser direto..., da mesma forma que você tem sido durante esses meses..., quero que pare.

Lívia:_ Eu..., não..., tô entendendo...

Sandro:_ Sim você está..., sabe do que tô falando..., pare de fazer isso nas minhas aulas.

Tá bom..., agora ele me irritou, por um momento achei que enfim ouviria ele me convidar para alguma coisa, me fez ficar para me dar um fora sem nem me dar uma chance..., sorte dele que sou insistente..., quero que ele me diga da perspectiva dele o que tenho feito..., e quero ter certeza que ele não gosta, porque o olhar dele diz outra coisa..., pergunto o provocando...

Lívia:_ O que tenho feito nas suas aulas?

Sandro:_ O mesmo..., que está fazendo agora...

Lívia:_ Se o incomoda..., é porque tem prestado atenção em mim...

Ele baixa a cabeça e sorrir discretamente, me olha com o mesmo brilho de quando o provoco..., ele tá me dando atenção que busquei..., mas ainda assim tenta ser firme...

Sandro:_ O que você quer?

Lívia:_ Sua atenção...

Ele sorrir e balança a cabeça em negativa..., ele me confunde, quando penso que terei o que quero..., ele me faz sentir uma adolescente idiota apaixonada...

Sandro:_ Sou seu professor, muito mais velho do que você..., não sei o que acha que terá com essas provocações, mas preciso que pare..., até entendo que tenha suas fantasias..., mas por favor..., não comigo...

Lívia:_ Não sou uma adolescente do ensino médio..., sou uma mulher..., não dou a mínima pra sua idade..., você é um idiota...

Sandro:_ Lívia..., me desculpe se a ofendi..., eu ...

Acabei de chamar meu professor gostoso de idiota..., mas estou muito contrariada..., Levanto extremamente aborrecida e o deixo falando sozinho..., não me ofendeu..., me irritou..., achei que ele gostava..., talvez goste, só que é um covarde. Somos adultos, não vejo problema em sairmos, nos conhecermos, não vou pedi-lo em casamento..., é só atração, flerte, curiosidade...

Caminho rápido para o estacionamento, Ravi está próximo ao carro...

Ravi:_ O que foi?

Lívia:_ Nada..., só uma aula chata.

Ravi:_ Preciso de uma carona.

Lívia:_ Cadê sua moto?

Ravi:_ Oficina..., vou para o apartamento com você, já avisei Luna.

Lívia:_ Tudo bem.

Uma companhia agora até que é uma boa para me distrair, não vou contar a ele da péssima conversa que acabei de ter com meu crush..., me senti uma ridícula.