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A Melodia Do Escritor

O Começo

A MELODIA DO ESCRITOR

Capítulo 1

É primavera em Londres, uma das mais aguardadas estações do ano começa. Trazendo consigo aquele novo ar de recomeço e mudança, o sol está brilhando de maneira agradável, as folhas transmitem o cheiro da natureza, ao silencio ouve o belo canto dos pássaros, que traz uma sensação de calmaria para uma linda manhã que se inicia.

— 20 de março, hoje se inicia a primavera. Estava tão desligado do mundo que nem iria notar a mudança na estação do ano, dizem que a primavera é a estação do reflorescimento, espero que seja verdade porque sou algo que está murcho a um bom tempo.

— Vou aproveitar que o clima está excelente e vou sair para dar uma volta.

“Busco por algo novo, que me inspire e traga um novo brilho e uma perspectiva diferente da qual vejo, então escolhi fazer as coisas que costuma menos me interessar em busca de novas experiências e emoções diferentes. Meu nome é Rio Grimberg um aspirante a escritor.”

Então ao pegar o seu telefone, decide ligar para seu melhor amigo Shogi Walter.

— Rio!? Como vai cara!? Já faz um tempo que não me deu notícias.

— Estou bem, na última semana estive trabalhando muito e não consegui fazer quase nada.

 —  Shogi hoje estou saindo na intenção de relaxar e talvez encontrar um pouco de inspiração, gostaria de me acompanhar!?

— Claro, vamos aproveitar e colocar o papo em dia. Então nos encontramos as 13hr no Starbucks!?

— Por mim tudo bem, vou resolver algo antes e te ligo quando chegar lá.

— Certo, te vejo depois.

Como ainda falta algumas horas até o encontro, Rio decide gastar o tempo dele em outras coisas, ele começa a fazer uma faxina completa na casa que não limpa há 1 semana, o que leva muito do seu tempo, quando terminou já era 12hr e faltava apenas 1hr para encontrar o seu melhor amigo.

Então ele vai para o chuveiro tomar um banho para começar a se arrumar, ao terminar o banho começa a procurar qual roupa vai usar, mas não esperava que todas as roupas dele parecesse roupas de velho. O que particularmente o deixa um pouco decepcionado com ele mesmo.

— Sinceramente eu tenho um gosto péssimo, vou apenas escolher a menos feia e em outra oportunidade compro algumas novas.

Ao terminar de se arrumar, sai de casa, caminha da porta de sua casa até o elevador que se encontra no fim do corredor, ao sair do elevador caminha para saída da portaria onde trabalha uma mulher que não o agrada muito.

— Boa tarde pequeno Rio.

— Boa tarde Sra. Judy.

— Saindo para encontrar a namorada!? – disse em um tom gentil, mas transmitindo uma sensação de perigo.

— Não tenho namorada é apenas um passeio para relaxar – respondi um pouco receoso.

—  Estou indo quero aproveitar ao máximo o meu dia, tchau!!

— Tenha cuidado pequeno Rio.

— Melhor não me envolver muito com essa mulher – sussurrou logo após se afastar um pouco.

“Judy trabalha como porteira do prédio que moro, ela é 3 anos mais velha, algo que me incomoda em relação a ela, é que sempre me sinto desconfortável quando ela me olha, parece que ela me observa de uma maneira meio intensa demais, mesmo sentindo essa sensação sempre tento ser educado.”

Não demorou muito para se aproximar do local destinado, o Starbucks está a vista e só falta atravessar a faixa de pedestre para chegar, enquanto espera o sinal abrir Rio nota uma garota em particular que tem lindo cabelos ruivos e olhos caramelizado, ele percebe que aparentemente ela está tentando não chamar muita atenção, há admira por alguns segundos, mas o sinal logo abre e ele atravessa a rua e chega ao local destinado.

— Ei irmão, demorei um pouco mais porque aconteceu uma situação um tanto estranha, esperou muito!?

— Por que está tão sério? Relaxa. Vamos vem cá, me dá um abraço, já faz um bom tempo, vamos logo entrar e pedir alguma coisa, quero saber como vai a sua vida. - disse o abraçando muito empolgado.

— Certo, Certo. - disse respirando fundo.

“Shogi é meu amigo desde o ensino médio não me lembro muito de como nos aproximamos, mas lembro que como não gostava de falar muito a maioria das pessoas não tentavam se aproximar de mim, exceto por alguns que queriam zombar e tirar uma com a minha cara, ele foi o único que me defendeu, desde então ele sempre se preocupa comigo e me ajuda quando preciso, ele é a pessoa que mais confio.

O que mais me fez confiar nele foi o apoio que ele me deu quando fui expulso de casa pelo meu pai, ele me deu um lugar para ficar até eu me organizar e foi nesse ponto que percebi que ele era uma pessoa que queria levar para vida toda.”

Ao sentar passou uns 2 minutos e o atendente se aproxima da mesa onde estão sentados, aparentemente um pouco tenso e com leve expressão de cansaço.

— Boa tarde sejam bem vindos ao Starbucks, qual o pedido!?

— Eu vou de Vanilla Latte, café é minha bebida preferida e você Shogi!?

— Vou te acompanhar nessa.

— Certo, daqui a pouco trarei ambas bebidas.

— Com licença, mas poderia falar o porquê de estar tão cheio hoje!?

— Dizem que uma jovem promissora que lançou um livro a nível nacional vai estar aqui hoje, então alguns de seus fãs vieram esperando conseguir um autografo.

— Obrigado pela atenção, Rio você também é escritor, não está interessado nessa autora!? Talvez uma conversa com ela traga a inspiração que tanto procura.

— Não estou muito interessado, eu não sei quem é a pessoa e normalmente conversar com esse tipo de pessoa não é muito benéfico, já que boa parte são arrogantes por se sentirem inteligentes demais.

— Ainda bem que você não é arrogante, senão já teria feito você cair de alguma escada – diz rindo de maneira descontraída.

— Irei anotar isso, como sou um escritor não gosto muito da ideia de ser um skatista.

— Mas mudando de assunto, como vai a escrita do seu livro!? Apesar de tudo você lançou apenas 3 capítulos da história que estava escrevendo.

— Não mudou muito, sento na frente do computador e simplesmente não consigo pensar em nada.

Destaca de forma um tanto desanimada com o fato de não conseguir progredir de modo algum.

— Entendo, mas não fica cabisbaixo você conseguirá escrever novamente.

— Assim espero, já faz 3 meses.

Shogi percebe que o ambiente estava um pouco negativo, pela falta de inspiração de Rio, na tentativa de mudar o curso da conversa, observa duas garotas que está sentada próxima a mesa que eles estão.

— Ei você já viu aquelas duas garotas que estão sentadas ali? elas são bem bonitas.

Ao se virar para olhar, vê que é a mesma garota que tinha visto na faixa de pedestre pouco antes de encontrar Shogi.

— É ela!? - comenta um pouco surpreso

— Você as conhece?

— Não, apenas as encontrei por um momento pouco antes de encontrar com você

— Elas parecem estar conversando sobre alguma coisa bem interessante, vamos tentar ouvir um pouco, estou curioso.

Ao concentrar um pouco ambos começam a conseguir ouvir o que elas estão conversando.

— Ei Kira, porque fica acessando esse mesmo site, quase todos os dias vejo você fazendo isso, nunca perguntei por questão de privacidade, mas estou muito curiosa para saber o que tem de tão interessante.

— Tem um livro não terminado de um escritor chamado de R.G, eu acesso esperando que ele publique o restante da obra.

— E porque você se importa você é a escritora mais jovem a lançar um livro a nível nacional, porque está preocupada com uma obra incompleta.

— Eu não seria o que sou hoje senão fosse pelo escritor dessa obra. Ele me deu a inspiração que precisava para terminar o último capítulo de meu livro.

— Você está dando muito crédito para essa pessoa, qual o nome dessa suposta maravilhosa obra digna de sua atenção!?

— Ela se chama “A Melodia do Escritor” a maneira como ele escreve tocou o meu coração.

— Entendo, mas não parece um nome pretensioso demais!?

— Não é pretensioso se for verdade, não é mesmo?

Ele apenas ouviu que aquela garota chamada Kira havia se inspirado em sua obra. E ele soltou apenas um leve sorriso.

— Rio!? Ei Rio!?

— Foi mal, fiquei um pouco distraído.

— A Melodia do Escritor não é a sua obra? E ela ainda falou que o autor se chama R.G é você não é!?

— Que diferença faz? Não muda muita coisa – responde com tranquilidade.

— Não vamos deixar essa oportunidade passar, vamos lá falar com elas.

— Ei, calma aí!!

Mesmo sem muito interesse em ir falar com elas, rapidamente muda a sua postura e toma a atitude de falar primeiro sobre o assunto em questão.

— Com licença, estávamos sentados em uma mesa aqui próxima e ouvimos vocês falando sobre um assunto que nos chamou bastante atenção, vocês estavam falando sobre uma obra chamada “A Melodia do Escritor”!?

— Sim, estava contando para ela que foi o autor desse livro que me deu inspiração, você já o leu?

— Várias vezes, é um livro que eu queria muito que tivesse uma continuação.

— Então você pensa da mesma forma que penso, acredito que ele deve ter tido o mesmo problema que tive. Eu ainda não me apresentei meu nome é Kira Orion e essa é minha amiga Amanda Trent

— Escuta apesar da Kira está te tratando bem, você não acha que está próximo demais dela.

— Não se preocupe não quero roubar sua melhor amiga.

Um pouco incomodada Amanda não fala mais nada e fica usando o seu celular enquanto a conversa continua.

— Meu nome é Rio Grimberg e esse é meu melhor amigo Shogi Walter

— É um prazer te conhecer Kira

— Qual problema você encontrou e que acha que o escritor encontrou o mesmo?

— O que qualquer escritor que ama o que faz, teme, um bloqueio criativo, ao ler o que ele havia escrito, abriu completamente a minha visão de mundo e me deu uma nova perspectiva. Acho que ele encontrou a mesma dificuldade e não consegue dar um próximo passo em sua obra.

— Se realmente aconteceu o que você disse, que conselho você daria para ele se o encontrasse!?

— Eu diria para ele não se preocupar muito sobre como escrever, o extraordinário surge das coisas mais simples.

“Que garota incrível, ela não é arrogante e possui uma maneira de pensar muito interessante, além de ser muito bonita. Mas isso não importa muito, quero ir para casa, sinto que posso escrever.

Vou apenas pedir para ela anotar meu número e irei embora.”

— Kira, apareceu um compromisso e preciso ir para casa, foi muito bom te conhecer, anota meu número quem sabe a gente não sai novamente para conversar um pouco mais.

Ele passa seu número para ela e rapidamente se despede.

— Claro, também foi muito bom te conhecer, tchau, até outro dia.

— Shogi, vamos lá.

— Certo, tchau meninas.

Ao sentir eles se afastando Amanda se vira para Kira e comenta sobre o ocorrido.

— Ei Kira, você não percebeu?

— Sobre o que está falando?

— Ele perguntando sobre o livro que você comentou, as iniciais do nome dele e ele pedindo um conselho, não te lembra nada!?

— Rio Grimberg!? R.G? ele é o escritor que a tanto tempo desejo encontrar como não fui perceber. Não!! eu sou tão tonta – disse em choque.

— O seu talento com a escrita com certeza é inegável, mas você não sabe ler muito nas entrelinhas.

Kira rir com um pouco de vergonha de não ter percebido quem era.

Ao sair do Starbucks Rio decide se apressar e ir para casa o mais rápido possível. Ele está ansioso para tentar escrever mais uma vez.

— Shogi, acho que encontrei a resposta que procurava, obrigado por ter vindo comigo hoje.

— Isso é ótimo, não posso te ajudar muito com a escrita, mas você tem meu total apoio. Vai lá e escreve o bestseller mais incrível desse mundo.

— Você já faz muito por mim, não se preocupe, irei me esforçar muito. Estou indo agora, até depois.

—  Boa sorte.

O restante do caminho até em casa no pensamento dele foi que poderia escrever muito e finalmente dar continuidade em sua história, ele aproveitou cada passo em seu caminho de volta, apreciando o sol que já estava se pondo, vendo as crianças brincando no parque e logo chegando na portaria de seu prédio.

Mas Rio nota que tem algo de diferente a Sra. Judy que ele sempre vê na portaria não está lá e o local se encontra abandonado.

“Que estranho, nunca aconteceu de chegar em casa e ela não estar aqui, mas isso de alguma forma é bom, pelo menos não preciso passar pela situação esquisita de hoje cedo.”

— Hoje o dia foi ótimo, consegui relaxar e distrair um pouco a mente.

Ao sair do elevador percebe que tem algo de estranho, tem uma mulher parada em frente à sua porta aparentemente sem fazer nada, ele acha muito bizarro, mas ele segue em direção a sua casa. Se aproximando um pouco mais ele percebe que é a Srta. Judy o que o deixa ainda mais desconfortável.

— Com Licença, Srta. Judy o que está fazendo!?

— Ah pequeno Rio você já chegou? Dizem que tem muitos assaltos acontecendo ultimamente, estava verificando se está tudo certo com sua fechadura.

Rio fica extremamente desconfiado, mas decide apenas ignorar, seu dia foi bom e não queria prolongar muito algo que para ele é muito desconfortável.

— Obrigado Srta. Judy, vou descansar agora, boa noite.

— Boa noite pequeno Rio.

Fechando a porta percebe um sorriso tenso e ouve ela falando uma última coisa.

— Bons sonhos meu querido – Sussurrou de forma calma e sombria.

“É melhor ficar atento com essa mulher ela é perigosa, mas vamos escrever um pouco quero aproveitar enquanto ainda me sinto inspirado.”

Rio se senta na frente de seu computador, abre a sua obra e começa a digitar, após mais de 2hr escrevendo, conclui o capítulo 4 de seu livro.

— Ficou ótimo, “Ao fundo se ouvia um piano que tocava uma linda melodia e me senti a pessoa mais sortuda do mundo, não estava apenas apreciando uma bela música, mas também apreciava a beleza da pessoa que mais amo nesse mundo.” - disse ao ler um trecho de seu livro.

Hoje foi um sábado bem agitado onde diversas novidades aconteceram na vida de Rio, sair para um passeio depois de um longo período, reencontrar seu melhor amigo que não tinha tempo para vê-lo, conheceu Kira uma garota bem interessante e vivenciou uma situação incomum com a porteira de seu prédio.

Mas esses encontros fizeram com que algo despertasse dentro dele e o fizesse sentir-se vivo novamente. Esse era apenas o primeiro passo de Rio. Ele não sabia que isso era apenas o começo de uma série de eventos que ainda estavam por vir.

Emoções

A MELODIA DO ESCRITOR

 

Capítulo 2

“A linha que divide o sucesso do fracasso é tênue e o que define para que lado dessa linha sua vida pode seguir, depende dos pequenos detalhes e atitudes que você toma durante a sua jornada. Claramente não podemos controlar tudo que está ao nosso redor, mas temos controle sobre o que podemos ou não fazer. E eu decidi apenas fazer o meu melhor nas condições que possuo.

Não quer dizer que irei obter o sucesso por isso, como disse, não podemos controlar tudo, mas mesmo se algo não der certo, não tenho nenhum motivo de ficar triste ou decepcionado. A vida é uma corrida de você contra você, então decidi não me comparar a ninguém e sim ser incomparável.”

O dia é 22 de março as 14:35 da tarde e Rio se encontra trabalhando no mercado que fica próximo de sua casa. Não ganha muito, mas é o suficiente para pagar seus custos de vida, aparentemente está um pouco desanimado de ter que trabalhar em uma segunda feira já que ele acha um tédio esses dias.

Mas isso é algo que não se prolonga por muito mais tempo e muda de um minuto para o outro, quando recebe uma ligação de um número desconhecido.

— Que estranho, dificilmente alguém me liga. – Comenta ao perceber seu smartphone tocando no bolso.

— Um número desconhecido!?

— Alô!?

— Oi! Rio Grimberg?

— Sou eu, quem está falando!?

— É a Kira, Kira Orion nós conversamos um pouco no Starbucks esse final de semana.

— Ah, Olá Srta. Kira, tudo bem!?

— Tudo ótimo, bom, não sei muito bem como dizer isso - fala de maneira tímida

— Não se preocupe muito, fique à vontade para falar.

— Certo, gostaria de saber se você aceita jantar comigo essa noite!?

— Claro, por mim tudo bem, mas eu saio do meu trabalho apenas as 19:00.

— A gente se vê as 20:00 então. Onde gostaria de comer!?

— Certo, vou deixar isso para você escolher.

— Ok, te mando endereço depois. Tchau!!

— Até mais tarde.

“Não esperava que ela realmente fosse me ligar, principalmente me convidar para ir jantar com ela, é uma surpresa, mas é melhor me vestir bem. Já que ela é bonita é melhor passar uma boa impressão, pelo menos parece que o dia que mais detesto, acaba de ficar interessante.

Mas de alguma forma que não sei explicar, estou com um mal pressentimento sobre hoje.”

As horas passaram de modo quase imperceptível, ao sair Rio decide passar em casa para tomar um banho e se trocar, ele estava se sentindo feliz de sair com uma garota depois de tanto tempo, mas não estava criando muitas expectativas devido sua falta de experiência com mulheres.

Chegando em seu prédio ele vê a Srta. Judy, mas passa rapidamente para evitar qualquer conflito.

— Ótimo estou pronto, parece que ela já mandou o endereço, ela vai me esperar as 20hr na frente do shopping, melhor tentar chegar uns 5 minutos antes do horário marcado.

Na saída Rio percebe um olhar um pouco intenso de Judy, mas acelera o passo para ir embora e chegar logo ao ponto de encontro.

— Alô!? É a Judy, preciso de um favor, quero que siga alguém para mim.

Alguns minutos depois...

— Ufa!! Cheguei, parece que a Kira ainda não está aqui.

— Oi Rio, esperou muito!?

— Não acabei de chegar. Você está linda! - comenta com uma expressão calma

— Muito obrigado.

— Vamos entrar – diz um pouco envergonhada.

— Rio posso fazer uma pergunta!? Não precisa responder se não quiser.

— Vá em frente e pergunte. Se puder responder, responderei.

— Você é o autor da obra “A melodia do escritor”!?

— Por que acha que sou o escritor desse livro!?

— Depois que você foi embora naquele dia, juntei as peças e cheguei a essa conclusão, as iniciais do nome, você perguntando sobre a obra, me perguntando que conselho daria a ele e você até mesmo disse “é um livro que eu queria muito que tivesse uma continuação”.

— Bom, parece que você me descobriu, não tem muito o que fazer, eu sou o autor dessa obra.

— Muito obrigada.

— Por que está me agradecendo!?

— Senão fosse por você, eu não teria terminado meu livro e não seria o que sou hoje.

Um pouco constrangido em ouvir isso Rio responde da seguinte forma.

— Somos o que somos por nos próprios esforços, senão estivesse preparada naquele momento, mesmo se tivesse lido minha obra não mudaria absolutamente nada, fico feliz em ouvir que minha obra de alguma forma te ajudou, mas não me trate diferente por isso, senão fosse por você naquele dia, também não conseguiria continuar minha obra, estamos quites.

— Então. Obrigado – murmurou com um pouco de vergonha.

— Eu ouvi um “obrigado”!?

—  Nem pensar, você deve estar sonhando.

— Sei, sei.

—  Ei, Rio!? Vem, vamos jogar cestas de basquete, quem perder paga a conta – disse soltando um lindo sorriso.

Para Rio aquilo tudo que estava acontecendo era um mundo completamente novo, alguém que se privou e abriu mão de todas as diversões para viver tranquilo e focar em seus projetos. Poder ter a oportunidade de sair, fazer novas coisas e acompanhado de uma garota que achava interessante, era algo extraordinário.

Era o começo de uma vida que difere de tudo que costumava fazer, a mudança acontecia cada vez mais rápido e foi algo que preferiu deixar acontecer da maneira mais natural possível.

— Não vai chorar depois, vamos lá!!

“Até que isso tudo não é ruim, quero decidir o caminho que vou viver e consigo me sentir finalmente livre das amarras do meu passado. Se nada tivesse mudado, nunca teria saído daquele lugar. Como aquele maldito ainda ousa se chamar de meu pai depois de tudo que fez!? Isso é algo que me causa nojo só de lembrar.”

“Mas tudo bem, não estou mais preso a ele, não preciso ficar pensado nisso.”

— Ah, eu venci é por sua conta, quem você falou que ia chorar!?

— Você é estranhamente boa demais nesse jogo.

—  Peraí!! Você escolheu esse jogo por que sabia que ia ganhar!?

— Então você descobriu – Rir descontraída.

— Vamos lá Rio! Quero McDonalds.

— Certo, Certo – Suspira fundo. 

O tempo passou rápido, a conversa fluiu de maneira natural, cheia de risadas, como se já se conhecessem a muito tempo. O clima era leve e descontraído, o ambiente era agradável e a comida agradava o paladar de ambos.

Ao terminar de comer eles caminha um pouco pelo shopping e passa de frente a uma loja de roupas masculinas e Kira vê uma roupa moletom preta na vitrine.

— Ei Rio, acho que isso ficaria ótimo em você, porque não entramos para você provar.

— Você acha!? Já que estamos aqui, vamos testar.

Enquanto espera Rio se trocar, surge uns pensamentos na cabeça de Kira.

“Espera, a gente saiu a noite, jantamos juntos e agora estou vendo-o comprar roupas, isso não está indo meio rápido demais e se ele quiser passar a noite comigo. Ah, o que eu faço!?”

— Oi, já estou pronto, Kira no que está pensando!?, porque está vermelha!?

— Hã, não é nada, estou bem – disse envergonhada

— A roupa combinou perfeitamente com você, vai levar!?

— Eu também gostei muito dela, Kira, o que acha!?

— Você está muito bonito – sussurrou.

— O que você disse!?

— Eu disse que ficou bom em você.

— Hm, então foi isso – comentou ironicamente.

Kira se levanta e diz.

— Vamos logo embora.

Rio rir levemente com a situação e Kira fica ainda mais envergonhada.

— Para onde vamos agora!?

— Está ficando tarde, melhor terminar por aqui e irmos para casa.

— Por mim tudo bem, eu te acompanho até sua casa.

— Do que está falando, por acaso você quer dormir comigo!?

— Hã!? Por que pensou nisso!? Apenas irei te acompanha até em casa porque pode ser perigoso para uma mulher andar sozinha depois das 22hr.

— Ah, então é isso.

“Agora não sei dizer se ela ficou triste ou tranquila por eu falar isso, mulheres são coisas realmente difíceis de entender.”

Então depois de uma divertida noite Rio e Kira deixam o shopping e segue em direção a sua casa.

— Ei, Rio.

— O que foi?

— Obrigado por me acompanhar hoje, ultimamente com todo trabalho e pressão, já estava me sentindo sufocada, eu amo o que faço, para mim escrever é como respirar é algo que preciso fazer para relaxar e criar meu próprio mundo, mas quando se coloca um peso de que você precisa fazer aquilo no tempo estimado se torna uma tortura.

— Não se cobre tanto em relação a isso, você quem escreve a história e você que escolhe se ela vai ter um ponto de continuação ou um final, o controle está na sua mão não deixe ninguém o tirar dela, essa vida é sua e o caminho ao qual você decide trilhar depende apenas de Kira Orion.

Kira ao ouvir tudo aquilo apenas ficou em silencio e em seu rosto um leve sorriso se formou.

Ao caminhar por mais um pouco de tempo, nas sombras surge um homem misterioso.

— Eu o encontrei, ele está acompanhado de uma mulher. Qual o pedido!?

— Se livre dela, não quero ninguém perto do que é meu, faça isso rápido, pagarei 10.000 para você como forma de recompensa e deixe um recado para o Rio, “tenha cuidado, tem muitos assaltos acontecendo ultimamente”

— Considere feito.

Feridas

A MELODIA DO ESCRITOR

 

Capítulo 3

Quando você está disposto a viver novas experiências e experimentar novas emoções, não se pode esperar que as coisas caminhem como o planejado e que tudo saia lindo e maravilhoso, temos que estar preparados para decepções, erros, fracasso e perigo. Toda ação há uma consequência e Rio estava prestes a experimentar uma dessas.

Um homem surge das sombras e se apresenta em frente a Rio e Kira.

— Boa noite, pombinhos.

Rio coloca sua mão a frente de Kira.

— Se esconda lá atrás, eu vou cuidar disso – sussurrou.

— Quem é você!? E o que quer!?

— Pode me chamar de Killer. O que eu quero? Hm, não muita coisa, apenas a vida da garota.

— Isso não vai rolar.

— Garoto não banque o herói, saia enquanto ainda tem uma chance.

— Nem pensar, vá embora ou você quem irá se machucar.

— Você que pediu por isso, não me culpe por ser cruel.

Killer em questões de segundos altera a sua postura, corre em minha direção sacando uma adaga que se encontrava presa em sua perna direita. Ao avançar tenta acertar um corte vertical de baixo para cima, apesar de conseguir reagir de forma rápida ele ainda acertou um corte no meu rosto, em resposta devolvo um soco em seu pulso o fazendo perder a adaga.

“Ele não é muito rápido, mas parece ser extremamente habilidoso. Ele tentou fazer um ataque direto, mas trocou no último segundo para um corte vertical. Quem é ele!? Ele não é alguém comum”

— Foi meu pai que pediu para você fazer isso!?

— O líder não o considera tanto ao ponto de mandar um assassino. Estou cumprindo uma missão que outra pessoa solicitou.

— Então você realmente trabalha para ele, senão foi ele quem te enviou, então quem foi!?

— Me vença e talvez eu te fale algo.

Killer pega uma nova adaga que estava guardada em sua cintura e segue com uma sucessão de ataques da direita para esquerda. Alternando o padrão de ataques a todo instante, sem dar chances para eu conseguir respirar. O que está me salvando é minha velocidade, que é muito superior em relação a dele.

“Esse cara. Ele não tem um padrão fixo de ataque, é completamente imprevisível, mesmo que não tenha nenhuma dificuldade em desviar, minha resistência está baixa, se isso se prolongar as coisas podem ficar bem ruins”

Ao dar um salto para trás Killer dispara agulhas de um aparelho que está preso em seu pulso, consegui desviar da maioria saltando para o lado direito da calçada, mas parece que não fui capaz de desviar de uma delas que acertou minha perna direita.

— Rio, você não treina a mais de 1 ano acha mesmo que pode me vencer!? Você era considerado um gênio e mesmo assim desperdiçou o seu talento tentando viver uma vida comum, que decepcionante.

— Cala a boca!

Kira ao ver Rio no chão sai de onde estava escondida observando a luta.

— Rio, do que ele está falando!?

— Você não contou para ela!? Você tem um coração bem frio. Você sabia que o Rio fazia parte de uma-

— Eu mandei calar a boca, seu miserável. Eu mesmo irei contar para ela.

Killer vira e segue em direção a Kira.

— Que ignorante, não importa muito você saber ou não, afinal você vai morrer aqui.

Rio tenta se levantar, mas sem muita força em seu corpo cai novamente.

— Esqueci de te contar um pequeno detalhe, essa agulha que te atingiu tem veneno de cascavel, melhor cuidar logo senão você vai acabar morrendo.

Ao perceber o perigo se aproximando de Kira, Rio rapidamente tenta pensar em como sair dessa situação péssima.

“E agora, o que posso fazer!? A vida dela está em perigo por minha causa, não posso deixar isso acontecer, vamos pensa rápido, algo que eu possa usar, vamos, onde está!?”

Em meio a uma situação de perigo, a análise e a calma de Rio para encontrar a solução fez com que notasse algo que poucos notariam em uma situação desesperadora.

“Encontrei então estava ali”

Enquanto Killer caminhava em direção a Kira, Rio se arrastava de forma silenciosa até a adaga que Killer tinha derrubado a pouco tempo atrás, ela se encontrava a 2 metros dele ao lado de um hidrante.

— No final você não conseguiu salvá-la do mesmo jeito, como se sente Rio!? Patét- Hã!?

— Não te ensinaram!? Nunca vire as costas para seu oponente até ele estar morto.

Com a adaga que atravessa seu peito Killer se vira para Rio e se ajoelha.

— Você não era chamado de gênio atoa, alguém me pediu para te passar um recado – diz cuspindo sangue.

 — “Tenha cuidado, tem muitos assaltos acontecendo ultimamente”.

Devido ao grave ferimento Killer caí e diante aos olhos de Rio e Kira sua vida se encontra com o fim.

— Ei Rio, você está bem!? Vem, vou te levar a um hospital.

— Não faça isso, eles vão fazer muitas perguntas, vamos para a sua casa, aqui está meu celular liga para o Shogi e diz que fui envenenado com veneno de cascavel e fala para ele vir nos encontrar, não se preocupe, ele vai saber o que fazer.

— Certo.

Kira então levanta Rio e segue o caminho em direção a sua casa, após todo esse conflito nas sombras um homem aparece.

Alguns minutos depois na casa de Kira.

— Não se mexe, vou fazer um curativo no seu rosto.

— Você é ainda mais linda de perto.

— Aí, isso arde. Não pode ser um pouco mais delicada.

— Para de ser chorão, pelo menos o corte não foi fundo, não vai ficar cicatriz.

— Não vai perguntar sobre o que aconteceu!?

— Estou curiosa para saber que tipo de pessoa você é, quando você se sentir confortável pode me contar.

Rio se aproxima um pouco mais de Kira.

— Com você, eu já me sinto muito confortável.

Din Dong...

— Eu vou atender a porta deve ser o Shogi - Levanta rápido bem nervosa com toda a situação que estava acontecendo.

— Certo, Certo.

“Ela é bem tímida, mas não preciso me apressar com ela, com certeza é uma garota única. Melhor deixar as coisas fluírem de maneira natural"

— Rio, fiquei sabendo que você foi atacado, como está se sentindo!?

— Ah, olá Shogi estou envenenado e irei morrer no máximo nas próximas 6hr, mas estou bem.

— Com certeza as suas piadas são um lixo, eu consegui o antídoto do veneno da cobra.

Shogi pega a agulha com antidoto e aplica no braço de Rio.

— Como você o conseguiu!?

— Não pense demais sobre isso. Quem foi que te atacou!?

Rio olha para Kira por um breve momento.

— Foi o Killer, ele era o membro da organização.

— Foi ordens do seu pai!?

Shogi é a única pessoa que sabe sobre meu passado, eu contei para ele logo depois de ter sido expulso de casa pelo meu pai. Ele foi a pessoa que mais confiei e por isso decidi não esconder nada dele.

— Por que o pai dele tentaria mata-lo!?

— O meu pai é líder de uma organização de assassinos, depois de ter ficado 1 ano afastado ele deve querer que eu volte para continuar meu treinamento para me tornar o futuro líder da organização.

— Ok, eu preciso de um tempo para absorver tudo isso, eu vou para o meu quarto vocês podem dormir na sala. Boa noite.

Kira se retira da sala e vai para o seu quarto bem reflexiva sobre toda a situação.

— Ela deve me odiar agora por saber que venho de uma família de assassinos.

— Não pense demais sobre isso, dê um tempo para ela, isso é um choque para qualquer um.

— Você tem razão.

— Mas mudando de assunto você sabe quem deu a ordem!?

— Não tenho certeza, mas acho que foi a Srta. Judy, a porteira do meu prédio.

— Por que você acha isso!?

— O Killer me disse a mesma frase que ela havia me dito há alguns dias atrás.

— Você acha que ela faz parte da organização!?

— Não tenho certeza, mas amanhã quando for para casa irei descobrir. Vou dormir por agora estou bem cansado.

— Eu irei embora, tenho algo a fazer ainda.

“Essa situação pode ficar cada vez mais problemáticas daqui para frente, se meu pai se envolver no momento não terei nenhuma chance de vencê-lo, é melhor eu ser mais cuidado, não quero que meus amigos sofram pela minha falta de capacidade, eu deveria voltar a treinar.”

Parece que a vida normal que Rio sonhou em viver está prestes a acabar, se expor a novas experiências trouxe inúmeros benefícios, mas as consequências podem ser mais desastrosas do que o esperado, problemas estão cada vez mais próximos e a vida que Rio gostaria de viver se encontra ameaçada, ações traz consequências e elas podem ser boas ou ruins.

Ao sair da casa Shogi se encontra com um homem misterioso.

— Você limpou aquela bagunça!?

— Sim, capitão.

— Descubra quem é aquela mulher e me informe o mais rápido possível.

— Entendido.

“É melhor você não colocar a vida do Rio em perigo, porque não importa onde se esconda. Eu com certeza buscarei a sua vida.”

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