Você está pronta(o) para ver um romance cheio de intrigas, paixões, dramas e muita cultura? Conheça o príncipe herdeiro de Zhao e a princesa Ming Xue, ambos com corações intensos e impetuosos, ela possui uma alma de fogo e ele de gelo… No passado ele a fez mal, todavia lutará pelo seu devido perdão, então isso poderia dar certo?
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Um mal-entendido pode ser confundido com destino? Ou porque nossas falhas nos guiam ao aprendizado?
Quem poderia saber? Todo ser vivente na terra não se descobriu por completo, a vida é um termo infinito, mas vivida com o limite na morte.
Esse nesse dia, ela cruzaria o caminho dele e ele o dela.
Devido à mágoas do passado, o príncipe herdeiro de Zhao chamado Qi Liang, buscou vingança dentre anos para invadir o reino minúsculo de Ming. Cada um de seus movimentos e ataques foram estratégicos, o rapaz tinha apenas o propósito de saciar a amargura que a morte de sua mãe lhe trazia. Através de uma lança e praticamente como uma máquina assassina, piedade não era nada demais perto de sua sede de vingança!
Como consequência, aquele era o reino que pertencia à uma família real conservadora e enfraquecida, a família Ming estava condenada ao fim, isso incluía a princesa Xue Ming Yue, a primogênita e retraída jovem que não teve chances de se prevenir como deveria de uma guerra. Desde então, tudo que um dia ela conheceu se desfez sob seu olhar, o seu reino e todas as coisas que seu pai construiu escorreram como água em ralo abaixo, devido a uma guerra perdida onde o Império Zhao venceu.
Dentre o desespero, percebeu uma comoção próxima ao trono de seu pai, ela curvou a cabeça e procurou o motivo do tumulto, alguns regentes olharam para a princesa prostrando-se em sua presença real, todavia, estavam com seus rostos pálidos e abatidos. Xue compreendeu tudo quando viu seu pai estirado sobre o chão e a mancha de seu sangue fresco vazando de seu peito, arrepiou-se até mesmo seu couro cabeludo ao vê-lo.
De coração aflito, a princesa sentou-se sobre o solo suspirando diversas vezes enquanto recordava do choro de sua mãe, antes dela enforcar-se em seu palácio frio... E agora, o seu pai também estava morto!
Suas pequenas unhas se fincam no tapete vermelho bordado de amarelo e ela fez um imenso esforço para controlar sua fúria e não gritar como uma criança mimada sem seus pais para lhe salvar...
Ela foi abandonada.
— Vossa alteza, o rei... Ele preferiu a morte do que lutar conosco... — Um dos regentes do reino, diz ainda de joelhos no solo.
— Ele já sabia o fim, apenas antecipou sua morte! — Esse já dizia erguendo sua cabeça, deixando o respeito hierárquico como algo obsoleto em uma guerra perdida, ele já não deveria prestar respeito a princesa, afinal ela estava condenada como todos eles.
— Será questão de tempo para que invadam o palácio... — Mais um lamenta, irritando ainda mais Xue que apertou os punhos.
— O general disse que o príncipe guerreiro de Zhao, deseja ver vossa majestade!
— Mas ele está morto! — A voz em desespero ecoou sobre o cômodo, ela franziu a testa raciocinando o que realmente deveria fazer.
— Estamos nas mãos do inimigo! — Enquanto as criadas choramingavam junto aos servos e regentes, a princesa Ming fora completamente esquecida por todos, ela era a única com sangue real ali, o restante eram nobres, servos e todos covardes!
— Calem-se! — Sua voz aguda chama a atenção, a beldade os observa impacientemente, declara:
— Eu irei no lugar do meu pai.
— Isso é loucura! Eles são numerosos, os guardas reais estão lidando com isso! Não é algo que a princesa possa fazer! — Hanluang era a criada mais próxima da princesa, a adolescente preocupada com sua mestra segurou-lhe as mãos tentando a alertar do perigo eminente. Jamais, fora de cogitação que uma mulher poderia liderar uma tropa, quem diria se fossem todos os cinquenta mil homens? Ninguém acreditaria em sua capacidade.
Mas a princesa se esquivou do toque de sua criada — então, o que eu deveria fazer? Ficar aqui chorando?! Esperar nossa morte quando formos encontradas?! — Repreende, fazendo a mais nova se encolher em submissão.
Ela sabia que eles cochichavam ao redor sobre como estavam condenados, não havia nenhum ser ali presente que tivesse fé na princesa, contudo não poderiam estar mais enganados.
— Princesa Ming, por favor, isso é suicídio!
— Tudo que eu precisava saber meu avô me ensinou! Ainda que a espada pese, tenho dois punhais amarrados nas minhas coxas, — ela mostra as pernas nuas à adolescente subindo seu vestido e pisca. Engole a seco ao ver a expressão de pavor da mais nova — fique no Palácio, não me siga!
Poderia insano, já que nunca fora para uma batalha, contudo aprendeu a manusear o arco e a usar punhais graças ao seu avô, a espada não era algo que ela tinha facilidade em manuseio, mas isso não a impediria de lutar.
Infelizmente a antiga Seita Escarlate foi enfraquecida, após a morte de seu avô e tudo graças ao pai de Xue que abandonou todos os esforços que seu avô fez por anos.
E anular a antiga Seita, foi um erro que a princesa não podia perdoar, nunca teve a oportunidade de opinar sobre os assuntos políticos, sabendo o quanto seu avô ficaria indignado com o comportamento de seu pai! Além disso, Xue também havia sido repreendida por ter atividades masculinas como aprender a lutar Kung Fu e acusada de faltar com respeito ao próprio pai o enfrentando em assuntos governamentais.
No final, o erro do rei Ming ocasionou a invasão de inimigos como o Império Zhao e realmente não havia nada que eles pudessem fazer, mesmo que tivessem suas cotas de tropas, o império adversário estava em vantagem, e agora, seu pai e sua mãe estavam mortos.
— Meu pai, porque não poderia ao menos me ouvir uma vez?! — Lamentou, ser mulher não lhe deu vantagens suficientes para ter voz mesmo que fosse uma princesa, nada disso lhe importava, pois ninguém a respeitava como respeitariam a um homem no poder. Ao se recordar, Xue Ming sorri de forma sarcástica, roubando o cadáver exposto de seu pai, todos atrás dela suspiraram de surpresa. Ela tirou-lhe o manto amarelo que formava sua roupa real, e colocou sobre si amarrando os botões em seu corpo esbelto, era notável que sobrava pano quando estava posto sobre ela, não importava se estava com sangue naquelas vestes precisaria se camuflar como se fosse o próprio rei. Após isso, jogou seus adornos de cabelos no chão deixando seus cabelos lisos e longos soltos, sem nenhum arrependimento, os brincos e o pingentes rolaram sobre o solo onde as criadas olhavam atentamente com cobiça para tomá-los para si. Percebendo a movimentação, ela pegou sua coroa entregando a sua fiel criada, Hanluang.
— Escute bem, há uma passagem debaixo dos meus aposentos, a saída dará em uma caverna... Eles não a acharão lá, ande pelo lado que não haja luz, nem barulho e saia depois de muito tempo para fora, tome! — Xue puxa seu colar o entregando a jovem, e também as pulseiras de jade antes postas sobre seus braços e tornozelos, nada mais daquilo importava agora, nenhuma riqueza recuperaria sua família, — recomece sua vida, não deixe que eles te alcancem!
A humilde serva curvou as sobrancelhas e prostrou-se de joelhos no mesmo instante, disposta a recusar a proposta que lhe foi feita com as joias em mãos — o que está dizendo? Vossa alteza deveria vir comigo, a rainha ordenou que eu a protegesse com a minha vida! Vamos fugir juntas!
A jovem princesa suspira tocando os ombros da criada — escute, eu não posso te colocar em perigo, eu irei a guerra! Você já não será mais uma criada quando sair desse palácio, aliás... Ninguém mais aqui será! — Os olhos negros da princesa Ming brilhavam enquanto pronunciava, tentada a abraçar a amiga, se contentou em apenas sorrir entre lágrimas, pelo menos tinham pessoas que ela conseguiu manter a salvo depois de tudo.
— Vossa alteza, não irei sem a senhorita! — A mesma se rebaixa fazendo uma reverência.
— Luang, vá! Não precisa mais me servir, eu não sou mais a princesa desse lugar!
— Não posso ir sem a senhorita! Depois de tudo, é a única que eu tenho de família — a adolescente pedia a todo custo para permanecer com Xue em desespero, seu amor e fidelidade à Ming era tocante.
— Leve a Hanluang até a passagem para a caverna, vão todos vocês! Aproveitem o momento para pegarem o que lhes é valioso.
Muitos dos presentes ali foram, Hanluang parecia relutante ainda que de forma silenciosa seguiu adiante com os outros servos do palácio, com isso a princesa finalmente conseguiu respirar em alivio, contudo o corpo de seu pai não lhe fugiria da mente tão facilmente já que estava próximo a ela.
O rei Huan Ming seria apenas um cadáver, dentre vários outros. A consequência de uma guerra era presenciar a morte de perto, ela nunca precisou lidar com esse tema tão assiduamente como naquele momento. O receio em seus olhos, não conseguia nem olhar direito o cenário.
Ela não podia mais chorar de medo, não iria perder o tempo se lamentando mais uma vez.
Distraída em pensamentos, tocou a bainha da espada de seu pai, percebendo que ele estava de armadura. Ainda que pegasse a lataria para si, ficaria imobilizada com o peso... Então apenas decidiu pegar o elmo e roubar-lhe a espada, o cheiro forte de ferrugem do sangue exposto ao solo não poderia tirar seu foco ainda que fosse capaz de lhe causar náuseas. Ming Xue revirou os olhos cortando parte de seu vestido, e assim, usou parte do pano cortado à fora para amarra-lo na nuca como uma máscara e prender seus cabelos no grande elmo. Ainda que usasse o manto real de seu pai, era visível que tinha vestes femininas por baixo, cogitou em puxar o peitoral de ferro do cadáver, ainda que ficasse mais lenta devido ao peso, precisava se manter firme até o fim, aquela lataria iria apenas os distrair e a proteger de cortes superficiais, já que o seu objetivo era chegar até o comandante das tropas inimigas.
A cada passo era possível sentir seus ombros serem esmagados pelo peso, tinha um ranger sútil de metal, o barulho chamava atenção dos guerreiros em pode de combate, aguardando um ordem de seu rei. Ela agora montada em um cavalo branco, galopou com a espada de seu pai em sua mão, a estendendo aos céus como uma largada para seguir em frente. Antes daquilo, outros homens já haviam ido ao abate, e agora era todo o restante, os últimos sobreviventes... Xue nem se quer tinha estratégias, ela seguiu seu coração que queimava em chamas e a mais densa ansiedade.
Os homens iam de encontro uns com os outros, todos seguiam suas ordens com a ideia de que ali estava a sua majestade lutando em prol de seu país, seu caminho era aberto por aliados para que chegasse ao inimigo mais rápido.
Xue era esperta o suficiente para usar o peso de sua lâmina para perfurar inimigos, sua força foi completamente testada. Ela permaneceu firme em direção à um único ponto, ela iria matar quem havia instigado aquela guerra. Um homem egoísta e injusto, não merecia viver após acabar com tudo que um dia foi dela.
Avistando o rapaz de costas e sem elmo montado num cavalo preto, sua presença era firme sobre todos os outros, um rabo de cavalo divino apresentando cabelos negros e lisos carregados pelo vento, em sua mão direita carregava uma lança e a outra posta sobre a sela de seu cavalo. A armadura do rapaz estava com uma pano vermelho em cima formando uma capa vertical, quase como um monumento artístico á sua frente, ela respirou fundo percebendo o verdadeiro inimigo.
Cega por vingança, nada mais era capaz de desviar sua visão daquele homem, novamente estava emocionada com o fato de ter perdido tudo naquele dia, com o fato que aquele poderia ser seu último suspiro, sentiu seu sangue ferver e o coração disparar no mais êxtase de adrenalina, a jovem estende contra eles sua espada pois não tinha nada a perder.
A alarde estava feita, o pescoço do príncipe Qi Liang virou-se em sua direção, nenhum deles pareciam felizes. Ela continuava avançando ainda que os outros viessem flexionava seu antebraço com fervor para acertar todos que entravam em seu caminho com o peso de sua espada, e seus aliados sempre defendiam o que estava sob o cavalo branco. Com adrenalina corroendo suas veias conseguiu defender ataques com precisão, ela apenas usava a espada como escudo e os olhos em chamas em direção de um só alvo.
O príncipe desceu de seu cavalo num pulo, ansioso por uma luta com aquele que se achegava para cada vez mais perto dele, Xue estava trêmula percebendo que ele havia lhe tomado como desafio, precisou engolir a seco. Segurou com força a sua arma e saltou do cavalo também para demonstrar-lhe coragem.
— Até que enfim um oponente digno, você passou facilmente por meus homens! — O príncipe afirma através de uma voz máscula e potente, atordoada ela segurou as lágrimas subindo a espada com furor, usando as duas mãos para exercer força, mas interrompida pela lamina dele, ele zomba rapidamente — pelo menos foi o que me pareceu.
O olhar esbugalhado dela subiu em direção à ele, sem hesitar mirou diretamente na jugular inimiga, todos seus movimentos estavam desconexos, sua raiva a fez perder a razão e noção de quem estava em sua frente, Qi Liang era muito imponente em suas batalhas, era um príncipe que lutava à anos em guerras como essas, nada daquilo era difícil para ele, ao contrário da moça que não sabia muito bem empunhar uma espada, o que fez ele tirar a conclusão de que aquele em sua frente não era um guerreiro e sim um amador... Um amador ousado, isso era de se admirar, mas também de dar-lhe pena! Sendo assim a lâmina passou por um raspão dentre seus braços na hora que ele desviou, mas sofreu um pequeno corte.
— Argh! — Rapidamente surpreendeu-se com o corte que havia sofrido, ele ofegou, seu oponente era rápido apesar da inexperiência.
Qi Liang usou sua lança para furar a armadura de Xue Ming, logo entendeu que o príncipe era muito habilidoso e ágil, os movimentos dela eram camuflados pela lataria da armadura que eram um grande fardo em suas costas frágeis, era lenta demais para um general de rank altíssimo. Ele puxa a lança em sua direção levando a armadura presa na arma consigo. Qi Liang fez de propósito em perfurar a armadura, não foi para ferir seu oponente, mas para assusta-lo, já que era um amador, como um sádico se alegrou em brincar com o indivíduo, sem ao menos saber que "aquele" era uma mulher, a princesa cujo ele era inimigo, mas ela sabia exatamente quem ele era o causador da guerra.
A princesa Ming Xue com seu o corpo agil foi para o lado esquerdo, apoiando sua armadura na lateral para perfura-la mais e assim escapar do peitoril, revelando seu corpo esbelto em vestes entre trapos, ainda com a máscara cobrindo seu nariz e boca para que ele não notasse quem era. A jovem puxou os punhais em suas coxas e ela girou em direção a ele.
— Um ninja! — Ele gritou como um alarme fazendo alguns homens virarem-se para ambos, ela ficou intacta no solo em pose de ataque, aguardando o momento certo para acerta-lo. Na contagem de três, ela pulou contra Liang, escalando seu corpo atingindo seu ombro com as adagas, enrolando suas pernas no pescoço do jovem príncipe, o levou ao solo. A lança dele não lhe foi útil por ser de longa distancia, contudo ele soltou o cabo da arma e usou as mãos para amortecer sua queda, já sobre o chão puxou as pernas de seu adversário para o segurar contra o chão com o peso de seu corpo contra a jovem.
Sem arrego, o impacto que Xue havia sentido foi em todo seu dorso contra a grama fria sentindo um choque de dor percorrer por suas vértebras, tocou o tórax respirando com dificuldade sem escape para se levantar. Qi Liang impulsionou seu corpo para frente levando-se novamente, porém sua diversão se tornou em irritação em segundos.
"Aguente firme!" Repetia para si mesma controlando-se apesar da dor que sentia, ela fitou seu oponente mostrando suas adagas como ameaça, suas mãos estavam trêmulas.
Os olhos gélidos dele se tornaram cruéis, ela não pode reagir, ele pegou a lança do chão com sua mão esquerda e encarou de volta.
Um único passo dela era mais leve que o vento quando se colocou de pé quase ao mesmo impasse, rapidamente acertou-lhe um chute, mas foi pega pelo pé, girando o corpo para escapar acabou sendo pega pelo pescoço como um animal frágil e afugentado. Ele riu do pequeno desespero, a jovem teve de soltar suas adagas para afagar o aperto enquanto ele esmagava parte dos músculos escalenos de Xue.
— Admito que estou decepcionado! Achei que você seria muito mais interessante, apesar de ter ferrado com meu ombro.
Ele disse impaciente, no entanto seus olhos se arregalaram quando um gemido chamou sua atenção, ele olha novamente para o rosto de seu adversário com minuciosidade, Xue aproveita a distração para lhe dar um chute novamente em seu abdômen por ser um ponto vital, e ali pretendia dar-lhe a cartada final e interrompida quando Qi Liang a sacudiu em intimidação, ela estava ficando roxa sendo estrangulada, o príncipe tinha uma força descomunal, por fim se debateu, dessa vez o gemido fora alto e agudo.
Um grito de uma mulher.
Ele finalmente havia confirmado suas suspeitas, a soltando no chão enquanto ela finalmente pode respirar, tossindo com dificuldade para aliviar o ardor em sua faringe.
— Tire a mascara! — Ordena para um outro homem fazê-lo, puxando para fora a mascara que cobria seu nariz e lábios, revelando uma linda jovem asiática estirada no chão, a movimentação fez os súditos de Ming pararem se lutar e os outros também olharam para sua direção.
— É a princesa Ming! — Ela pode ouvir a voz a condenar, ainda sobre o chão não reagiu, apenas suspirou.
— O que você estava pensando vindo contra mim desse jeito? Você é realmente corajosa! — A voz rouca e ameaçadora a faz engolir a seco, examina o timbre baixo da voz masculina que estava tentando a intimidar.
Com dificuldade em respirar, ela tenta se mover, usando os braços para se colocar de pé apoiando-se completamente nas palmas de sua mão, e dirige seu olhar para o seu inimigo, piscando lentamente com desgosto — seu cretino, você se acha muito, mas quase morreu para uma mulher.
Qi Liang suprimiu seu riso se convencendo que ela era realmente audaciosa, jamais outra mulher havia falado assim com ele, isso era realmente algo inusitado, a princesa era uma guerreira ninja.
— Faça logo! — foi tudo que ela conseguiu professar cheia de ódio, ordenando que ele a matasse imediatamente, estava preparada para aquilo, olhando com desprezo para o lado direito.
— O que lhe dá o direito de decidir a hora da sua morte? Agora você não é nada além de uma criada agora, já que seu reino perdeu para o Império Zhao, não estou afim de lhe conceder um último desejo — ele provoca num sussurro para que os outros homens não ouçam, chegando mais perto do corpo dela antes de aterrissar a lâmina de sua lança a centímetros de distância do pescoço dela, ela se arrepiou no mesmo instante como um animal para o abate.
Xue aperta seu punho com força, seus dentes grunhem e ela não consegue deixar de subir seu olhar para o rapaz. "Como ele pode falar de mim como uma criada?" Questiona a si mesma, ainda encurralada com uma lâmina sobre seu pescoço, fita o homem pálido e de longos cabelos sedosos apresilhados a uma coroa prateada, seus olhos eram afiados como de uma águia em tom claro de castanho se assemelhando a cor de mel e lábios finos comprimidos numa linha fina, provocante e magnético, estranhamente de uma beleza que chegava a lhe assustar pois ele estava tão perto que seu coração estava disparado.
— Prefiro estar morta do que servir de criada a você! — Garante olhando para um de seus punhais jogados pelo chão, em meio uma derrota para Xue, suicidar-se seria um símbolo de honra para preservar o nome de seu reino, mas o príncipe Liang impede segurando a lâmina com seu pé prevendo o que a jovem estava pensando.
— Sente e espere por sua morte, porque não será hoje — ele era frio e impassível, demonstrando grande desprezo.
Dentre lágrimas ela não sabia onde olhar, muitas coisas passaram por sua cabeça mas nenhuma era capaz de fazê-la fugir da realidade que se encontrava atualmente diante do inimigo.
Indiferente à dor da moça, o príncipe Liang sentiu-se satisfeito por finalmente ter feito a justiça em nome de Sharpay Liang, ainda que nada disso à trouxesse de volta a vida, ele acreditava que havia feito o certo ainda que com um peso no coração. A princesa seria condenada para sempre em ser uma mera criada, então nunca mais os descendentes Ming iriam querer cobiçar o poder.
— Por favor, poupe minha senhorita! — Hanluang se jogou no chão empoeirado, surpreendendo o príncipe quando a mesma agarrou seu pé — eu imploro, ela não teve culpa dos erros do pai dela. Ela é apenas uma jovem mulher, não conspirou contra seu reino, eu dou a minha vida para provar a inocência dela.
Percebendo o descuido de seus homens, o Qi Yu Liang repreendeu com um olhar fugaz para um dos soldados próximos, cujo os quais que deixando que a criada se arrastasse até eles e se jogar aos seus pés como um inseto. Mas claro, eles estavam em guerra e a criada estava a espreita de tudo, o que demais uma adolescente poderia fazer contra um líder de guerra treinado?
— Hanluang! — Xue sussurra para a adolescente, a princesa pediu para que ela fugisse junto aos outros e lá estava a criada deitada sob o pé daquele tirano.
Ainda que estivesse visto sensatez nas palavras da mísera criada, ele não deu o braço a torcer e não iria voltar atrás com suas palavras. Tantos anos convivendo com uma família ambiciosa, onde que toda a origem de briga seria pelo trono, perseguido por uns irmãos e amado por outros, dias ardeis que o fizeram ser impiedoso, no fundo não tinha intenção alguma de ferir a princesa. Ele não poderia esquecer os pedidos de sua mãe pedindo para que ele fosse um homem honroso, e seu pai dizendo que talvez, talvez o príncipe herdeiro fizesse justiça a própria mãe. Irritado ele olha para a jovem princesa e sacode o pé para que a criada saia de lá.
— As duas serão levadas como criadas para o palácio, espero que esteja satisfeita por me irritar! — Declara a serva, mas não consegue tirar o olhar de Xue Ming-Yue, alguma coisa pairava naquele rosto dócil, talvez o ódio recíproco entre ele e ela.
A princesa não poderia mais acompanhar a cena, porque segundos depois começou a perder sua a visão, caindo de vez ao solo. Fora carregada por guardas de Liang até a cela de criados na carruagem, completamente desmaiada. Sua serva segue todos os passos dos homens ficando junto a mesma, Hanluang tinha pena da princesa, sabia que ela não merecia nada daquilo, mas talvez fosse destino de Xue Ming-Yue catastroficamente estar ligada ao príncipe Liang.
A princesa Ming despertou assustada se deparando com sua mais fiel criada, a expressão de preocupação dela e a dor latejante em sua cabeça a fez perceber que nada daquilo fora um sonho.
— Eu fiquei preocupada com você, estava apagada faz um tempinho, pensei que iria me deixar... — A menina lamenta sobre o lençol de Xue e ela acaricia sua cabeça, com uma expressão triste em sua face, decepcionada com o rumo que teve sua vida nas últimas horas.
Entrando pela porta da cabana, uma senhora com vestes rosa claro de corpo arredondado, pigarreia para que elas notem sua presença. Presunçosa, faz um bico com os lábios e declara:
— Deixem de dramas e façam seus trabalhos, caso não queiram uma boa punição. E você — aponta para a princesa — sua preguiçosa, se fingindo de doente! Irá ficar com o banheiro e o chiqueiro de porcos para limpar!
Sombria, a jovem apenas ignorou aquilo com um olhar amargo. Estava zonza devido ao esgotamento emocional que teve, Hanluang a ajudou e disse:
— Senhora, não se esforce muito, eu irei fazer tudo em seu lugar.
Xue Ming-Yue ainda que tivesse com um gosto amargo em seus lábios aceitou de bom grado no fim, afinal não seria os filhos a pagar pelos erros dos pais? O príncipe herdeiro de Zhao condenou a sua vida e agora de princesa fora rebaixada para uma criada qualquer, sem dotes, terras ou títulos, não havia nada além de Hanluang. Ela suspirou e respondeu a sua ex-serva:
— Luang... Ela pediu a mim, escute, não sabemos como as pessoas aqui são, podemos ser sabotadas e o príncipe parece não se importar caso sejamos torturadas... — Lembrava-se do olhar denso e frio do príncipe Liang, seu corpo todo estremece — Hunf, aquele..! Ele me jogou numa cova de leões, não tenho mais poder aquisitivo como antes para te proteger.
— Senhora, não subestime seu charme! Não há nada que Meilin, aquela senhora possa fazer, ninguém iria te punir severamente, o príncipe herdeiro deixou explícito que não devem tentar contra sua vida porque você merece viver! - Ela disse esperançosa e Ming-Yue sorri um pouco, achando graça, chega a pensar em como aquele homem é cretino porque só por ela ter pedido para que ele a mate, e ele resolve fazer esse alarde para a manter sã e viva, isso pode soar muito errado para todos os outros criados... A vida dela agora não vale mais que a deles, mas ele insistia em ressaltar isso.
— Muitos pensam que você é favorecida aqui, mas pense pelo lado bom, você teve a segunda chance de recomeçar mesmo que de forma mais simples... Olhe pra você, é perfeita, pode achar um homem gentil que te salve dessa situação.
Xue Ming-Yue sabia seu valor, porque que precisaria de um homem para salvá-la? A jovem também pensou também no fato de muitos interpretarem que ela poderia ser um caso romântico do príncipe, porém porque ele a deixaria como criada, se fosse alguém importante para ele? Talvez seja uma vingança dele!
As pessoas falam muito sobre os arredores, isso não intimida ela, fofoca é o que mantém os empregados integrados à rotina de seus mestres, como se fossem motivados a cuidar da vida alheia, cujo a qual sonham em ter. E estava longe dos boatos serem reais, o príncipe herdeiro a odiava e amaldiçoava toda sua família, e talvez houvesse uma única razão para ele ter a salvado: as relíquias escondidas pelos seus ancestrais mais antigos.
O poder monetário sempre resultou em poder, e assim ele teria mais tropas, terras e conforto para derrotar inimigos, já que as terras Ming se tornaram dele agora que ela foi derrotada.
Refletindo sobre tudo isso, ela conclui que seria difícil achar um homem que a amasse a ponto de libertá-la da vida de escrava, não apenas isso, ele deveria ser mais imponente que aquele desprezível príncipe, isso é apenas o imperador ou alguém que o imperador preze muito. Resumindo: zero chances da situação atual mudar.
— Alguém mais poderoso que o príncipe herdeiro, só o imperador ou generais, como poderia fugir disso? Porque eles teriam interesse numa escrava?
— Porque você é a princesa guerreira de Ming. Apenas isso para que se torne interessante aos olhos deles.
— Luang... Não sonhe demais! — A jovem resmunga numa expressão entediada e a outra ri de sua careta.
De sobrancelhas juntas, arrastava-se pelo solo até a porta com a ajuda de Hanluang, do lado de fora avistou o quão imensa era a mansão que pertencia ao tirano príncipe herdeiro, árvores bonsais, flores de ameixa rosa e lindos pessegueiros tornavam o jardim da mansão um lugar pacifico próximo a algumas montanhas, o palácio de Qi Liang era repleto de colunas vermelhas e um telhado dourado, uma ponte ligava a mansão com os arredores do palácio de sua majestade e um canal para o lago. Um lago muito bonito e rodeado de gramas, havia também um conjunto de flores, só alguém muito sensível iria cultivar belas folhagens e raras pétalas...
— Eles realmente são bons cultivadores aqui.
— Não é de admirar que as pessoas aqui sejam metidas, gostam de exibir quase tudo. Enquanto a senhorita estava adormecida, o príncipe Liang pediu para que eu avisasse você que ele estaria de olho em suas ações, pediu para que você não tentasse fugir ou criar tumultos indesejáveis, também para falar com ele, só quando houver solicitação... — Hanluang solta e Xue Ming Yue desconfia no mesmo instante, um de seus olhos diminuem.
— Não posso nem acreditar! Ele se acha superior a mim, apenas porque... E até parece que eu iria querer falar com ele... Ele pode esperar morto, jamais vou ter essas intenções, quanto mais longe de mim, melhor! — Uma leve carranca surge em seu rosto, e ela olha severamente em direção a sua ex-serva, e logo cruza seus braços, Haluang sorri sem graça e para aconselhar sua princesa toca seu braço demonstrando respeito.
— Acredito que sua alteza apenas quisesse a provocar, vejo que há muito mais em suas intenções do que ele revela... Talvez ele tenha um jeito sútil de mostrar misericórdia.
— Eu não acredito que seja isso, os tesouros nacionais de Ming estão ocultos, talvez essa seja a real intenção dele...
"Ele me quer viva, para se apossar dos tesouros dos meus ancestrais" Ming Yue estava cegamente certa disso, caminhando devagar até o grande chiqueiro de porcos com sua amiga, ela aperta o punho tendo grandes convicções e travando um objetivo de fugir assim que tiver a oportunidade, afinal todos seus dotes marciais não foram em vão... Ainda que tenha falhado na guerra.
— Depois dele ter o que ele quer, vai me matar... É aí que devemos fugir, ou eu morrerei tentando! - Concluiu, e então olha para Haluang que parece perdida, Ming-Yue reflete em como seria egoísta se matar e deixar Hanluang lidar com tudo sozinha num lugar tão sórdido.
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Em seu particular lugar, Qi Liang estava a escrever num papel seus próximos passos, seu irmão tinha razão, ele se vingaria da "dinastia Ming" e ainda poderia ganhar mais poder em cima de novas terras, a chacina de soldados fez com que perdesse muitos homens, poderia ser ruim, no entanto ele não queria se importar mais, sabia que os cidadãos de Ming ganharam tempo para fugir e os que ali sobreviveram permanceram de criados assim como a princesa deles, a moça de olhos negros e intensos que fulminaram até mesmo sua alma... Como que ele pode ter poupado uma descendente e pura Ming?
Passa as mãos pelos cabelos, intrigado...
— Vossa alteza real, o seu chá verde fresco... — Na tentativa de conquistar novamente o coração de Qi Liang, a moça recatada adentra no escritório do príncipe, sua túnica era clara destacando a cor suave do laranja, já o vestido hafu antigo era um límpido azul bebê. O rapaz nem sequer ergueu seu olhar dos papéis, porém aquela cujo estava com a bandeja em mãos continuava com um olhar dócil, seus lábios estavam rosados por conta da maquiagem antiga de frutas e sua franja curta depostas sobre sua sobrancelha tornava sua aparência harmoniosa, grandes flores enfeitavam sua cabeleira negra e sedosa, se inclina para colocar sobre a mesa. Ela era sua concubina Xi-Wang, a filha do primeiro-ministro Dorgon, cujo a qual não via a tempos, depois que estava de viagens e guerras. Não chegou a tocá-la novamente depois da noite de núpcias, não porque não a achava atraente o suficiente ou havia se cansado dela... Mas talvez por ser cheia de cinismo, já que ela resolveu acender um incenso afrodisíaco naquele momento e arremessou seu corpo sobre o dele.
O príncipe Liang era detalhista, talvez estivesse incomodado com o fato dela entrar sem ser anunciada em seu escritório ou de colocar chá sobre a mesa tendo o risco de molhar suas conotações importantes... Ou talvez por ela ser presunçosa já que seu pai havia forçado esse casório, ou por ela sempre se gabar de seu casamento como se ela fosse a princesa da coroa do reino de Zhao, coisa que ela não seria. Isso era um ponto muito claro em sua mente conturbada.
Ele toca a testa na tentativa de relaxar para não criar intrigas desnecessárias com a sua concubina.
— Xi-Wang, você recebeu minha última carta? — Ele pergunta ainda relendo todas aquelas grandes quantidades de papéis sobre sua mesa.
— Er, recebi. Precisamos falar sobre isso... Na verdade, já fazem três meses, Qi, porque não veio me visitar novamente? Tudo parecia tão certo. Não consigo entender.
— Estava pensando como eu tinha perdido o controle com uma pessoa que não conhecia, até meu guarda observar que havia um incenso afrodisíaco lá. Ainda não pode entender? — Seu olhar frio sobe ameaçando os dela, ela treme e curva a cabeça, ambos sabiam exatamente qual o verdadeiro problema, ela o drogou para que ele tivesse uma noite com ela e Qi Liang não parece ter apreciado essa atitude. Porque foi sem seu consentimento, como ela pode colocá-lo numa posição vulnerável? Ela teve sorte de ter sido poupada.
A coitada ficou com olhos marejados "porque seria errado se você é o meu marido?!" Como ela queria lhe dizer o que pensa, contudo não poderia ultrapassar a linha, então apenas se contentou em chorar e lamentar, assim ele pudesse sentir pena de sua dor. Afinal ele era um príncipe e justamente o herdeiro numa época de 200 a 500 anos antes de Cristo, um tempo onde ter herdeiros e muitas mulheres era sinônimo de poder. Mas Qi Liang estava focado em sua vingança esse tempo todo, e diferente dos outros príncipes que atingiram a maioridade ele só se casou com uma, que nem era tida como esposa e sim concubina que significava o mesmo que uma amante assumida e respeitada.
— Sua alteza real, por favor, me perdoe! Tudo que sempre quis foi te agradar, eu preciso de você, não há nada que eu não faça sem ao menos pensar que esqueceu-se aquilo...
Ele fecha os olhos tentando não demonstrar seus verdadeiros sentimentos, como ninguém Qi Liang mal se lembrava daquela noite, mas nada daquilo aconteceu com seu consentimento, esse casamento não passava de política. Ele suspira — Xi-Wang... — ela congela diante da mesa dele, toda estática observando-o se levantar , o rapaz continua com um semblante rígido, mas puxa o queixo dela para cima assim que ficou cabisbaixa — se não tivesse me drogado naquele dia, eu não iria trocá-la tão brevemente, pra ser sincero, eu nunca iria ultrapassar essa linha. Não tenho sentimento algum por você.
O coração dela se partiu mais uma vez, Xi-Wang quase perdeu o ar.
Os braços dela encostaram nos ombros dele, depois da morte de sua mãe ele sequer queria saber de amor, se surpreende quando seu corpo é abraçado pela curvatura baixa de Xi-Wang.
— Eu iria te amar mesmo que nunca me olhasse novamente... — Ela sussurra deixando mais lágrimas caírem sobre a túnica azul do príncipe.
Qi Liang prefere não dizer mais nada, a fim de evitar futuros conflitos, já que ela poderia desabafar a sua tia, que era a Concubina Chefe Imperial de Zhao.
Xi-Wang convivia com essa indiferença mesmo não podendo entender onde exatamente teria que errado quando lhe ofereceu sua pureza, ainda que não tivesse manchado o lençol de sangue, o príncipe mostrou uma parte de si gentil, amável e muito sensível naquela noite, o seu toque e seus lábios revigoraram todas expectativas dela sobre o amor, porém pela manhã, ele já parecia distante, desculpando-se sabe lá o porquê! Qi Liang não queria ser como seu pai, o imperador Zhao e então deitou-se com uma mulher, mas não se lembrava exatamente se ambos queriam, por isso a culpa e o frieza para com Xi-Wang. Fora que ela usou o corpo dele só para poder tentar ter filhos e subjugá-lo mais tarde...
Atualmente, se sente completamente insensível com os sentimentos dela. Ela deveria ser a esposa principal para ser a verdadeira princesa da coroa. Felizmente para o povo, o príncipe Liang desejava alguém com pulso firme para administrar o palácio e todas as mulheres importantes do reino, isso incluía as concubinas... Quem sabe se isso seria uma prioridade para ele, mas viveria com isso para o resto da vida, afinal Xi-Wang conspirou para o casamento... Jamais seria uma esposa principal, muito menos a princesa herdeira.
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