Qual é o valor de uma traição?! Quanto custa a felicidade de alguém? Aquilo que precisemos para preenchermos o nosso vazio?
Essas são perguntas que não param de circular pela mente de Carmela que estava dentro de um táxi, observando a cidade pela janela, mas com a mente longe, tentando entender o motivo da pessoa com quem ela dividiu dois anos da sua vida, a traiu de forma tão covarde, junto com aquela que se dizia ser sua melhor amiga.
Edward e Carmela eram noivos há um ano e se casariam em menos de dois meses, até que há um dia, ela flagrou-o aos beijos com Maressa.
Ela colocou um fim no relacionamento, que iria beneficiar ambas famílias, e o término enfureceu ambas as partes e desde então, buscam razões para que Carmela perdoe o ex e aceite o de volta.
Diante das negativas de Carmela ela foi ameaçada por Edward, mas tentou não se abalar, porque estava disposta a colocar um fim num relacionamento tóxico, com agressões físicas, verbais e até mesmo, abusos sexuais.
Assim que chega em casa, o táxi para, e ela desce. Assim que ela entra em casa, é recebida com um puxão de cabelo do seu pai, que a joga no chão com força...
— VOCÊ É UMA PUT4! — ele desfere-lhe dois socos.
— Como ousa manchar o nome da nossa família desse jeito, Carmella? Sabe o que vão falar de nós agora? — a sua mãe se abaixa, puxando-a pelos cabelos, fazendo com que a moça olhasse para ela, e dá-lhe vários tapas no rosto.
— Você é uma decepção para essa família! — a velha senhora grita.
— Que vergonha de ser a sua irmã! Queria ser a melhor em tudo, e agora não passa de uma depravada, com seus desejos sujos, levando consigo o nome da nossa família. Terminou com o seu noivo por conta de uma traição boba, mas tem fotos beijando outra mulher. Não interessa se foi antes do seu compromisso com ele, mas isso não apaga que VOCÊ É UMA ABERRAÇÃO!
O pai de Carmella não permite nem que ela se defenda, apenas a agride até ela ficar desacordada.
Após a moça perder os sentidos, ele ordena que os seus seguranças abusem sexualmente da moça de diversas formas, e assim eles fazem, e após horas de violências de todas as maneiras, mesmo após dela acordar e tentar pedir ajuda, eles largam ela no sotão.
Carmela está deitada no colchão sujo, completamente despida, e cheia de machucados.
Ela está sem forças para ao menos chorar, até que disposta a fugir do que o seu pai poderá fazer com ela mais tarde, encontra forças, se vestindo somente um blazer antigo que estava por ali jogado, afasta as caixas que estavam próximas a janela, abre á com muito dificuldade, porque, além de estar sem forças, a janela estava emperrada, mas ela consegue abrir, e começa a correr pelos fundos da casa.
Assim que nota uma distração por parte dps seguranças da casa, ela corre para fora, mas logo eles notam que ela fugiu e o seu pai do lado de entro está furioso...
— ENCONTREM ESSA VAGABUNDA. QUANDO A ENCONTRAREM, A DEIXEM SEM ANDAR! SE ME VOLTAREM SEM ELA, EU MESMO MATO VOCÊS, BANDO DE IMPRESTAVÉIS.
O homem berra, e não muito longe dali, a moça está ocorrendo embaixo do temporal, e não se permite parar.
Ela se recusa a parar, e decidi lutar pela sua vida a todo custo. Ela continua correndo, quase sendo capturada por diversas vezes, até que quase é atropelada por um carro, onde o motorista grita, mandando que ela tenha mais atenção.
Assim que alcança a outra rua, ela corre até que se vê cercada mais a frente pelos seguranças, quando um carro passa e a joga para dentro.
O som insistente da chamada acorda Beatrice que abre os olhos bem devagar, e sente que tem alguém em cima do seu braço.
Assim que olha melhor, vê que é a sua ex, que na noite anterior havia ligado para ela, pedindo que se encontrassem.
Ela então atende o celular...
Ligação...
— Alô?
— Eu posso saber onde foi que você se meteu? O seu pai te ligou feito um louco, me ligou aos berros , dizendo que, assim que ele chegar de viagem, ele vai se acertar com você.
— Tudo bem, mãe. Eu perdi a hora, ok? Me perdoe a demora. Já estou indo para casa. — Ela responde coçando os olhos.
— Eu espero que você não esteja com aquela mulher, Beatrice. Porque, não vou mais acobertar isso e você sabe bem o que o seu pai fará ao descobrir. Quero você aqui em menos de meia hora. — A mulher berra, e é passível ouvir os sons dos seus saltos de um lado para o outro.
— Logo vou estar aí. Beijos...
Beatrice desliga.
Sem muitas delongas, ela pega as suas chaves, o seu celular, veste a sua roupa, sai do apartamento, entra no carro e vai para casa...
Momentos antes...
Assim que o carro para e Carmela é colocada dentro dele, o carro sai em disparada, deixando os seguranças sem muito o que fazer.
O carro percorre a cidade, e assim que para num grande portão, adentra o condomínio onde ficam as casas mais luxuosas da cidade, entre elas, a casa da família Botelho Beltrán, a segunda família mais rica e influente do país, que é onde o carro para.
Assim que o carro para, o motorista abre a porta. Dele, desce uma mulher na faixa dos seus quarenta e poucos anos, mas bem elegante, bem maquiada, com suas jóias de modelos exclusivas e o seu lulu da pomerânia.
Um dos seguranças pega a moça no colo, que está desacordada devido ao seu estado.
Assim que entram em casa, logo são recebidos pelos funcionários, que já haviam sido avisados sobre a chegada da moça e já deixaram todo o quarto pronto para ela
Assim que colocam a moça na cama, ela acorda.
— O-onde eu e-estou?
— Oi, querida! — a mulher com batom vermelho assim como o seu vestido e o rubi dos seus brincos, responde com um sorriso — está na minha casa! Está tudo bem agora, tá? Já passou. Pode confiar em mim.
— O-obrigada! — a voz de Carmela sai fraca, mas com um pequeno sorriso. — Qual o nome da senhora?
— Betina, mas pode me chamar apenas de Tina, minha querida! Consegue ficar de pé? — Carmela afirma com a cabeça. — Tudo bem. Acredito que queira tomar um banho quente, vai lhe fazer bem, e o tempo também está frio lá fora.
Carmela apenas sorri para a mulher, e logo algumas funcionárias da casa aparecem, e com muita paciência e cuidado, ajudam a moça a tomar banho, lavam o seu cabelo, usam diversos cremes, enxugam o seu cabelo e lhe colocam uma roupa confortável.
O médico da família logo chega para examinar a moça, e pede para que a levem no hospital para que façam exames mais detalhados sobre o estado da moça, já que ela relatou o que aconteceu mesmo com muita dificuldade.
Assim que chegam ao hospital, fazem todos os exames necessários, e ela toma todos os remédios, e eles respeitaram a decisão dela de não abrir um boletim de ocorrência. Após os resultados, ela foi logo liberada, e voltaram para casa.
Após o estado de choque, e analisar bem a mulher ao seu lado, ela a reconheceu.
Se tratava de Betina Botelho Beltrán, a grande estilista, que possue diversas coleções com peças exclusivas, casada com Mauro Botelho Beltrán, um grande empresário da rede de tecnologia, e juntos são pais de Beatrice e Antony.
Beatrice é a grande paixão de Carmela desde o colegial. Na sua formatura, o evento foi patrocinado pelas empresas de Mauro, e foi onde ela viu a moça pela primeira vez, e desde então, sempre a acompanha.
O carro para em frente a entrada da casa, e elas entram.
— Deseja comer algo, querida? — Betina pergunta olhando para Carmela.
— Quero sim. — Ela dá um sorriso fraco.
— Certo. Margot, por favor, traga o jantar para Carmela no quarto em que ela está, por favor! — Ela pede e a mulher acena em afirmação. — Vamos, querida. Vamos para o seu quarto, você precisa descansar um pouco.
Ela ajuda Carmela a subir as escadas, e assim que elas entram no quarto, Carmela se deita na cama e Betina rapidamente analisa a moça, e então pergunta:
— Querida, você é a filha do casal Messi, não é?
— Sou sim. — Ela abaixa a cabeça.
Betina não diz nada sobre o assunto, porque percebeu o desconforto da moça, e então começa a mudar de assunto, fazendo a moça sorrir.
Não demora muito, e Margot chega com o jantar. Enquanto Carmela janta, Betina recebe um ligação...
Ligação...
— Alô?
— Querida? Onde está a Beatrice? Tentei falar diversas coisas com ela, mas não estou conseguindo.
— Ah, oi, amor! A Beatrice está com as amigas, ela ficou de dormi na casa de uma delas, mas logo estará aqui em casa. Assim que ela retornar, aviso sobre a sua ligação.
— Certo, querida. Avise-a também que, assim que eu chegar de viagem, eu terei uma conversa muito séria com ela!
— Pode deixar, amor, aviso sim.
...
Após uma breve conversa, ela desliga a ligação e olha para a Margot, que está no quarto também, olhando para ela com uma expressão de desaprovação...
— Não me olha com essa cara, Margot!
— Ah, não? — ela cruza dos braços e olha para Betina.
— Não, não me olhe assim! Sabe bem que se o meu marido descobre, ele mata aquela mulherzinha.
— E vai continuar mentindo para ele, para acobertar a Beatrice? Olha, a senhora sabe que estou aqui nessa casa muito antes da Beatrice e o Antony nascerem. Eu fui babá dos dois, e conheço cada um deles como a palma das minhas mãos, e a Beatrice tem uma dependência emocional grande por essa maldita mulher. Sabe que ela não vai conseguir sair dessa sozinha, e acobertar os encontros com essa mulher não é o melhor.
— Eu sei disso, Margot. Só não aguento ver a minha filha sofrendo. Ela se faz de forte, mas não sabe dizer não a cada vez que aquela maldita aparece! Depois que ela se foi, a minha filha começou a sair com uma mulher diferente a cada noite, se envolvendo em polêmicas. Ela passou a ser assim, e mesmo assim, aquela maldita ainda volta, e continua usando-a.
— Ela precisa se casar. — A senhora arqueia a sobrancelha.
— Com quem, Margot?
— Não precisa ser de verdade. Faça um casamento de contrato, e com o tempo, pode ir se tornando de verdade. Basta ser com uma boa pessoa, que cuide dela.
— E onde vou arrumar essa pessoa, Margot?!
A senhora olha discretamente para a Carmela, que estava sentada na cama jantando, e Betina abre um sorriso.
— Será que ela irá aceitar?
— Pergunte a ela, senhora. Faça uma boa proposta, certeza que ela irá aceitar, afinal, ela precisa de um novo recomeço. Sabemos que aquela família é muito desagradável, e ela é única que é diferente deles.
— Tudo bem, Margot. Falarei com ela.
Margot sorri e pega a bandeja quando Carmela finaliza o jantar, e sai do quarto, deixando as duas a sós. Margot se senta na cama.
— Carmela, minha querida, eu posso conversar com você?
— Sim. Sobre o que a senhora deseja falar?
— Quero falar sobre um assunto meio delicado. Eu tenho dois filhos, o Antony que é o mais velho e a caçula, que é a Beatrice — assim que ouve o nome de Beatrice, Carmela sente o coração disparar — e, estamos passando por uma situação bem delicada referente a minha filha, e o meu marido e eu estamos buscando algo que possa solucionar tudo isso. A nossa filha é uma boa moça. Ela é dedicada, sempre adorou estudar, é apaixonada por arquitetura, mas, ela acabou se apaixonando pela pessoa pessoa errada... uma pessoa que a fez muito mal, e que nunca foi aceita por nós. No fundo, meu coração de mãe sempre me avisava sobre essa pessoa, e logo fomos descobrindo as coisas erradas que essa pessoa fazia, mas a minha filha acabou conhecendo essa pessoa durante uma crise no meu casamento com meu marido, e essa pessoa foi quem deu abrigo, quem deu um certo consolo a minha filha, e ela acabou se apaixonado e criando uma dependência emocional. Essa pessoa, assim que foi descoberta, criou diversas coisas, várias desculpas e a minha filha acreditou. Nós não somos os pais vilões e preconceituosos. Pelo contrário! Nós amamos a nossa filha, damos o mundo por ela, damos a nossa vida, tanto por ela, quanto pelo irmão, e só queremos proteger, entende? E, é exatamente por ela estar da forma que está, graças á essa maldita mulher, que queremos que ela se case com alguém que possa a ajudar, que possa trazer a nossa Beatrice de volta, e vi a nossa esperança em você novamente. Por isso, quero propôr um casamento contratual com a minha filha, onde no final, lhe daremos uma boa quantia em dinheiro, onde poderá recomeçar a sua vida. Se caso, nesses dois anos de casamento, as duas se apaixonarem, e quiserem firmar uma compromisso, cancelamos o contrato, e vocês se casam novamente, com direito a tudo que quiserem. Só peço que por favor, aceite. Você é a nossa esperança...
Ao ouvir tudo aquilo, Carmela fica extremamente confusa, mais sente borboletas no estômago ao se imaginar casada com quem ela é apaixonada desde sempre.
Se casar com Beatrice para ela, de fato, é algo bom, algo que ela sempre sonhou, mas que parecia ser impossível, e que agora, a oportunidade está bem a sua frente. Ela pensa em dizer que não, mas quando ainda está imaginando como será se casar com o seu grande, amor, ela acaba automaticamente aceitando.
— Tudo bem, eu aceito.
Betina abre um enorme sorriso e abraça a moça, que retribui com um sorriso no rosto.
— Muito, muito, muito obrigada, Carmela! Você é de fato uma boa moça. É a pessoa certa para se casar com a minha menina. — Betina acaricia o rosto de Carmela, que mesmo com seus hematomas, continua sendo angelical.
Após uma breve conversa, Betina se despede de Carmela e sai do seu quarto, deixando a moça mergulhada em seus pensamentos, imaginando como será estar casada com Beatrice.
Ela está como uma adolescente apaixonada, como nos passando, quando imaginava uma vida com a sua amada. A única diferença, é que agora, tudo será um pouco mais real.
Momentos atuais...
Assim que Beatrice entra na sala de casa, ela então dá de cara com a sua mãe, que está com seu vestido verde da sua coleção, usando o seu conjunto de esmeraldas, e os cabelos ruivos num coque bem feito, acariciando o seu lulu da pomerânia.
— Posso saber onde é que você estava?
— É mesmo necessário, mãe? — Beatrice responde, guardando as chances do carro no bolso.
— Sim, Beatrice. É necessário, porque eu sou a sua mãe! Além de ser a sua mãe, o seu pai está furioso atrás de você, porque ele tem assuntos importantes para tratar com você, porém nunca consegue. Quando você não está na farra, está com aquela mulherzinha. Se o seu pai descobre...
— O meu pai não vai descobrir nada, mãe. Eu só passei a noite com ela, só isso. Somente foi algo casual, ok?
— Casual, Beatrice? Casual? Eu precisei pagar para que apagassem a matéria que saiu hoje no jornal, dizendo que vocês duas saíram mais uma vez de mãos dadas da balada mais cara da cidade!
— Mãe, e o que isso tem haver?
— Tem haver que, essa não é a primeira vez em que tenho que pagar para que apaguem matérias assim, e mesmo assim, existem milhares dela sobre esse assunto, e também, com mulheres diferentes a cada semana. Mas, isso acabou, Beatrice. Isso vai mudar! — Ela usa um tom ameaçador.
— O que a senhora quer dizer com isso?
— Quero dizer, minha querida, que você vai se casar.
— Me casar? — ela debocha.
— Sim, vai se casar. Eu lhe dei um prazo para que se casasse com uma moça que escolhesse, mas insistiu que não faria isso, porque não aceito a Alexandra. Então, você se casará com uma moça que eu mesma escolhi para que se case.
— Eu não vou me casar!
— Não vai? Tudo bem. Ainda hoje o seu pai irá saber que a Alexandra está de volta, que tem passado a noite com ela, e saberá também, das matérias que paguei para que excluísse. Eu não irei mais lhe acobertar, pedindo para que também mintam para ele á cada instante que ele pergunta de você, e você sabe bem o que vai acontecer com a Alexandra. Então, suba para tomar um banho, com alguma coisa e reflita. Você tem até às vinte e duas horas de hoje para me dar uma resposta! — ela diz num tom sério e ameaçador, que causa espanto em Beatrice, que já estava acostumada com o tom e jeito carinhoso da mãe.
Beatrice não diz nada á sua mãe. Apenas sobe as escadas e vai para o seu quarto, e entra embaixo do chuveiro.
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