Ela chega e me abre
me gira
me coloca do avesso
puxa
empurra
e exige
e não há uma única vez em que eu não peça por mais
— Volúpia.
O QUE DIZEM SOBRE A FAMA é verdade; é fácil se tornar famoso o custoso é perdurar entre as outras estrelas. E, quando se estar a tanto tempo trabalhando nisso, coisas com as quais você normalmente não costuma lidar são necessárias, embora nada prática e estúpidas.
O agente de Jimin o encarava, ansioso por uma resposta. Ele ainda fazia sucesso entre os jovens, mas todos que trabalhavam com ele concordavam de que agora ele precisava de uma mulher. Não de uma forma romântica e sim de um jeito que o beneficiava, não só na indústria da música como na relação entre seus pais, estavam piores a cada dia que não via o filho com apenas uma.
— Eu vou escolher com quem quero namorar, Rodrigues — decide, irritado.
Não é a primeira vez que o homem recomendava que Jimin escolhesse uma das modelos da Victoria's Secret para ser a próxima pretendente. Ele girou em sua cadeira, decidido a ignorar o cara de terno caro e cabelo repartido para o lado e lambido.
— Então pense ao menos no caso de Lilith, ela é sua estilista e muito famosa — tenta novamente, seu sorriso falhando.
— E chata — revira os olhos.
Estava cansado de ter essa conversa. Nunca foi um homem de ter relacionamentos, pensar que teria que entrar em um se quiser que sua fama permaneça o faz querer desistir de tudo. Desde de quando decidiram que homens comprometidos são mais atraentes em cima de um palco?
— Você sabe quais são as estáticas para o próximo álbum — o relembra.
Sim, ele sabe. E são péssimas, anos de trabalho sendo deixados de lado por causa de grupos de garotos jovens sendo lançados todos os anos, mesmo que no passado ele tenha sido integrante de um. Sabia que chegaria uma hora que teria que passar por isso, mas não imaginava que seria no auge dos seus vinte nove anos de idade.
— Eu já disse que vou arrumar alguém, sendo famosa ou não — repete, desta vez parando de girar na cadeira e olhando para o homem a sua frente de forma centrada. — Se eu for ficar vinte quatro horas aguentando uma pessoa, eu quero que ela ao menos seja suportável — relata, olhando para as horas no seu relógio de pulso. — Inclusive, estou atrasado para o almoço.
— Mas ainda não decidimos nada!
Jimin o ignorou, indo até a porta e saindo. Graças aos deuses ele tinha um compromisso, mais um pouco trancado na sala com Rodrigues o deixaria louco. Contudo, seria questão de tempo até que arrumasse a candidata perfeita para isto. Não precisava de alguém famoso, só necessitava de uma que não fosse acabar confundido suas ações com outra coisa, achando que o conquistaria. Nunca foi um homem romântico e relacionamentos sérios estavam foram de cogitação, as pessoas ficam burra quando estão apaixonadas e ele não estava disposto em se colocar nessa categoria nunca.
...Você é a linha tênue...
...entre ter fé e...
...esperar às cegas....
...— Outros Jeitos de Usar a Boca....
PEQUENA. ELA É INCRIVELMENTE PEQUENA.
Seus olhos, seu nariz, seu rosto... seu corpo. Jimin se sentia mal por encarar tanto, contudo era quase impossível não notar a garota alí, sentada em sua frente, fixada no próprio celular em cima da mesa.
E o mais irônico; ignorando completamente sua existência.
Ela cumprimentou Louis e sorriu para Robert, mas em nenhum maldito momento direcionou seus olhos para ele que se mexeu desconfortável na cadeira.
Já fazia quinze minutos que todos estavam reunidos ao redor da mesa e Louis só se deu conta de que havia esquecido de apresentar os dois naquela hora.
— Meu Deus! Desculpa, Mor! Este é o Jimin — apontou para o homem de cabelos pretos e curtos.
Mor levantou o olhar do celular e franziu a testa para a amiga, porém acompanhou com o olhar a direção que apontava. Rapidamente se sentiu envergonhada por não ter o notado antes, o que é surpreendente já que ele certamente é um homem de tirar o fôlego.
— Me desculpe, estou com a cabeça nas nuvens, não foi minha intenção ignorar sua presença — ela estende a mão em direção a ele por cima da mesa, sorrindo de lábios fechados, onde em sua bochecha acabará de exibir uma covinha profunda. — Me chamo Mor Adams.
— Park Jimin — aperta a mão dela. — Não se preocupe, não me sentir ofendido.
Ah, mas que mentira deliciosa. É claro que ele se sentiu ofendido, mas ele não poderia dizer isso, poderia? Jimin ainda estava com a mão apertando a da outra, seus olhos brilhando. Ela parecia tão... inocente e delicada. Todavia, algo mudou no olhar da garota, ela sorriu com deboche, como se soubesse o que ele pensará, soltando a mão dele e voltando a ignorar sua existência.
— Jimin chegou na cidade recentemente — Robert informa. — Trouxe ele para almoçar para que pudesse conhecer vocês.
— Oh, mas isso foi muito atencioso da sua parte, vida.
Louis, namorada de Robert, notou como Jimin ainda encarava Mor com um olhar intrigado, então se aproximou dele na mesa e disse em voz baixa:
— Não é nada pessoal, ela sempre ignora todo mundo quando é dia de ficar com a filha. Mas, acredite em mim, Mor apesar de ser uma mulher maravilhosa, ela não é...
— Eu estou ouvindo você, Lou — Mor avisa, sem tirar os olhos do celular.
— Não é como se fosse segredo sua reputação — revira os olhos.
— Não é segredo e também não é da sua conta ou de qualquer um.
Mor em nenhum momento levantou o olhar para a amiga, como se não fosse a primeira vez que repreendia Louis por dizer essas coisas.
— Você tem uma filha? — Jimin indagou.
Isso chamou a atenção dela.
Seus olhos se desviaram do celular para o rosto dele, tentando ler em seus olhos se ele perguntará como se tivesse julgando ou por interesse em realmente querer saber.
— Louis não sairia dando essa informação se não fosse verdade.
Robert está chocado.
— Não acredito que só vir descobrir agora!
— Pelo histórico de fofoqueira da sua namorada, isso meio que me surpreende — disse com sarcasmo, Louis lhe mostrou o dedo do meio.
— Eu não sou fofoqueira!
— Ah, não? — levantou uma sobrancelha.
Antes que Louis falasse algo, Jimin voltou a se pronunciar:
— Qual o nome da sua filha?
Mor voltou seu olhar para ele, intrigada. Fazia anos desde que um cara se interessou em ao menos saber o nome de sua menina. Era... interessante.
— Eize — responde.
— Idade?
— Cinco.
— A sua — ele sorri, deixando-a constrangida.
— Oh... vinte cinco.
Jimin assentiu com a cabeça, satisfeito com as respostas, embora esteja na cara que quisesse perguntar mais.
— Mor é solteira, mas rodeada de amantes e a filha fica com o pai porque ela é aeromoça — Louis informa.
— Incrível, não estaria interessada em escrever minha biografi...
Jimin e Robert cuspiram a água que estavam bebendo, interrompendo Mor.
— Aeromoça?! — perguntaram em uníssono.
— Que bom saber que estão interessados na minha carreira, mas não posso ajudar vocês a viajar de graça se é isso que...
— Mas você é tão... pequena?!
Jimin respirou aliviado por não precisar expressar isso em voz alta igual ao seu amigo.
— Vai se fuder — Mor pega a salada de seu prato jogando no rosto dele.
— Ei! Juro que não quis ofender — se defende.
— Que se dane, apenas cale essa boca.
— Ela trabalha em aviões menores. Vocês são tão burros que não sabia que contratam garotas baixas? — Louis tenta aliviar o estresse da amiga.
Jimin e Robert ainda estavam chocados. Ela tinha o quê? 1,51? Menos?
— Que papo de merda, estou indo embora — se levanta, irritada.
— Eu posso te da uma carona, se quiser — Jimin oferece.
— Eu quero é que você vá se foder. Eu vi pela expressão de seu rosto que queria ter dito o mesmo que o merda do Robert.
E saiu furiosa para fora do resturante, resmungando palavrões enquanto as pessoas a observavam espantadas.
— Como todos vocês são amigos ainda? — Park pergunta depois de ela ter sumido de vista.
Louis riu alto junto com o namorado.
— É o que a gente sempre se pergunta, mas ela nem sempre é assim.
— Sim, apesar da boca suja e dos estresse, ela sempre foi e é uma ótima amiga — Robert concorda.
Jimin refletiu por um momento entre as palavras de seu amigo, depois de um momento em silencioso, Robert pergunta:
— Mas e aí, cara? Já decidiu se vai ficar por aqui?
Jimin encarou a porta por onde Mor saiu bufando de ódio, em seguida voltando o olhar para o seu amigo, sorrindo largamente.
— Pode apostar que sim.
...Desceu até a pista, evitando olhá-la de frente, como se ela fosse o sol, mas, sol que era, também não precisava de a olhar para vê-la....
...— Liev Tolstói....
COINCIDÊNCIA. ERA ISSO QUE TINHA QUE SE LEMBRAR DE FALAR.
Tudo não passava de uma presença improvável. Apenas um homem fazendo compras de brinquedos para seus sobrinhos com os quais não via há anos, mas tudo bem, ela não precisava saber dessa última parte, assim como também não precisava saber que havia perguntado para seus amigos onde ela estaria.
Ele caminhou por entre os corredores, tentando não a perder de vista, decidindo qual seria a melhor abordagem. Poderia tentar uma aproximação casual, mas tinha certeza que ela faria de tudo para o assunto morrer. Mor levantou a caixinha de boneca para que pudesse a avaliar melhor; perguntando a si mesmo se valia a pena comprar algo que na outra semana Eize não saberia dizer onde deixou.
Por fim, ela decidiu levar duas para o caso de isso acontecer. Jimin fingiu estar escolhendo carros de brinquedo, fazendo de tudo para que a mulher pequena não o notasse ainda. Entretanto, seu celular tocou e para o seu azar, não estava no silencioso. Ele virou-se rapidamente, atendendo quase de imediato.
— Alô? — sua voz sai apreensiva, baixando a cabeça para o caso alguém o ver e reconhecer.
— Senhor, onde você estar? Estamos o esperando já tem uma hora para tirar as fotos para a celebrity — Rodrigues também estava apreensivo, provavelmente não estava mais conseguindo dar desculpas para a ausência do cantor.
— Eu já estou indo, Rodrigues... Só preciso resolver...
— Jimin? — a voz de Mor o faz parar de falar abruptamente.
Ele gela por alguns segundos.
— Senhor? Está tudo bem? — Rodrigues ainda estava em busca de uma resposta.
— Depois eu falo com você — avisa e encerra a ligação, tentando recompor sua postura. — Mor, oi! Como é que você está?
Ela o avalia, parecendo desconfiada.
— Você está me seguindo? — indaga.
Ele arregala os olhos.
— Eu? Seguindo você?! Claro que não! — seus olhos desviaram rapidamente para os carrinhos de brinquedos ao seu lado e pegou um. — Só vir comprar um... Carrinho, sabe? M-meus sobrinhos insistiram que queriam um de presente.
Mor ainda estava desconfiada, porém não insistiu.
— Entendi — diz por fim. — Nos vemos por aí — se despede, passando ao lado dele.
— Espera! — praticamente grita, fazendo-a parar e o encarar como se fosse retardado. — V-você quer tomar um café comigo?
— Não — responde e vai embora, deixando Jimin sem reação.
Nunca havia sido tratado dessa forma, nem antes mesmo de ser famoso. As pessoas sempre davam um jeito de o agradar, independente do que ele fizesse. Mas agora, aparentemente, as coisas haviam mudado e ele tinha que se humilhar para uma garota muito menor do que ele, apenas para conseguir o que quer.
Contudo, não iria desistir assim tão fácil. Agora além da carreira que teria que manter, também tinha um coração para conquistar, pelo menos de forma amigável, embora ela o tenha interessado de todas as formas.
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