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A Procura da Felicidade

Capítulo 01

Naquela fria e chuvosa manhã de segunda-feira, Felipe acordou sonolento e se espreguiçou gostosamente na cama.

— Acho que vou dormir mais um pouco.

pensou ele, ainda sonolento, enquanto se dirigia ao banheiro.

— Que este dia seja lindo, cheio de novidades e coisas boas.

disse ele, olhando-se no espelho com cara de sono.

Após um banho quente e relaxante, se arrumou, pegou o celular, a bolsa e a sombrinha, e saiu de casa.

— Tchau, mamãe! Vou para a escola. Tenha um bom dia.

Disse ele antes de fechar a porta, caminhando alegremente pela rua, onde encontrou sua amiga Luana. Juntos, seguiram para a escola, conversando animadamente. Seu dia na escola foi perfeito, dedicou-se aos estudos, fez a prova com atenção e, no final do dia, passou na casa da avó para visitá-la.

— Oi, vovó! Como foi seu dia? Está se sentindo bem?

Perguntou ele, abraçando carinhosamente sua avó.

— Oi, meu neto. Meu dia foi tranquilo, fiquei por aqui fazendo crochê.

Disse ela, pegando um casaco de lã que havia tricotado para ele.

— Que legal, vovó! Fico feliz que esteja bem.

Disse ele, abraçando-a novamente.

— Aqui está, meu neto! Fiz esse casaco de lã para você.

Ela entregou o casaco a ele, que agradeceu e vestiu com alegria.

Enquanto conversava com sua avó, Felipe pegou o telefone para tirar uma foto com ela. No entanto, ao abrir a câmera, recebeu uma ligação de um número desconhecido. Apesar do receio inicial, reconheceu a voz do outro lado da linha e despediu-se da avó antes de seguir em direção à casa.

No entanto, ao invés de ir para casa, ele mudou seus planos e foi para a praça encontrar sua amiga da escola.

Naquela bela tarde ensolarada de primavera, Felipe se deitou na grama verde do parque, apreciando a visão das flores desabrochando. Enquanto relaxava, suas reflexões se voltaram para Luana e o beijo surpresa que ela lhe deu.

— Por que Luana fez isso? Será que ela gosta de mim mais do que como amigo? E se ela quisesse confessar algo e eu a interrompi? Será que eu estou lendo demais as coisas?

Enquanto Felipe mergulhava em seus pensamentos, seu telefone começou a tocar, trazendo-o de volta à realidade. Era Luana, convidando-o a encontrar-se na praça para conversarem. Com um misto de ansiedade e curiosidade, Felipe saiu de casa e dirigiu-se à pracinha.

— Oi, Luana. Cheguei à praça, estou ansioso para conversarmos.

disse ele ao atender a ligação dela. Após um breve diálogo, encerrou a chamada e dirigiu-se à praça para encontrá-la.

— Oi, Luana. Vim até aqui, mas a praça é um pouco longe da minha casa. Você já conhecia meu endereço, por que não foi lá?

perguntou ele, surpreso e sorridente ao vê-la.

— Eu queria te ver, mas fiquei envergonhada de ir à sua casa depois do que aconteceu.

disse ela, abraçando-o de surpresa.

Após uma conversa, Luana se aproximou dele e o beijou. Felipe, surpreso, deixou-se levar pelo momento. No entanto, sua mente estava cheia de perguntas e incertezas. Ele interrompeu o beijo e saiu do parque sem olhar para trás.

Mais tarde, em casa, Felipe refletiu sobre o que aconteceu. Ele estava cheio de dúvidas e preocupações.

— Por que ela me beijou? Será que ela gosta de mim? E se tudo foi uma aposta? Não sei o que fazer.

Pensou Felipe, incapaz de se livrar das perguntas que invadiam sua mente. Enquanto o dia amanhecia, ele ficou olhando o lindo amanhecer pela janela.

— Se ao menos eu conseguisse dormir e esquecer tudo isso...

murmurou ele, esperando que o sono finalmente viesse para acalmar suas preocupações.

Felipe colocou suas mãos sobre a cabeça, encostou-a no parapeito da janela e ficou ali admirando o belo amanhecer, enquanto suas belezas se tornavam cada vez mais intensas a cada minuto. Em seguida, deu meia-volta em seus calcanhares e dirigiu-se ao banheiro. Observando seu reflexo no espelho, notou olheiras em seu rosto, permitindo que sua mente voltasse às lembranças do beijo que Luana lhe havia dado. Ele trocou seu pijama pelo uniforme escolar, desceu as escadas em direção à sala de jantar para o café da manhã, sua alegria transbordante era visível. Trocou olhares com seus pais, sentindo-se inquieto com a possibilidade de uma pergunta inconveniente, mas optou por permanecer em silêncio, tomando seu café antes de se dirigir à escola. Enquanto se preparava para sair, sua mãe o segurou pela alça da bolsa.

— Espere um momento, jovem. Para onde está indo com tanta pressa?

questionou sua mãe, segurando-o pela alça da bolsa.

— Mamãe, estou a caminho da escola.

respondeu Felipe, com entusiasmo.

— Antes disso, me conte, o que aconteceu entre você e aquela garota ontem?

Ao ouvir isso, o sorriso de Felipe desvaneceu rapidamente e ele tentou escapar da pergunta sem responder.

Capítulo 02

A caminho da escola, Felipe pensou no amor que tinha por sua amiga do jardim de infância antes de conhecer Luana e acabou esbarrando em lembranças desagradáveis que o entristeciam.

"Guardei todos os meus sentimentos e todas as lembranças que tenho dela, mas hoje vejo que foi desnecessário", pensou ele enquanto caminhava pela rua. "Por que a vida não é como um conto de fadas que sempre termina em um final feliz? Por que eu tenho que me martirizar pelo que ocorreu e nem foi culpa minha? Só queria voltar no passado e corrigir meus erros. Seria tão mais fácil, mas acredito que nem sempre as coisas acontecem como queremos", pensou ele.

Luana o encontra deprimido e pensativo e pergunta o que houve para ele estar naquela tristeza toda, porém não houve resposta. Felipe, após notar a presença de sua amiga parada ao seu lado, a observando, apoia sua cabeça no colo dela. "Me diz, Luana. Tem alguma coisa na sua vida que você queria mudar?", perguntou ele, fixando o olhar nas belas feições do rosto dela. "Felipe, eu nunca parei para pensar nisso", disse ela. Olhando para o rosto dele, ela gentilmente acariciou os cabelos dele. "No entanto, não tenho nada para mudar. Eu não me arrependo das coisas que fiz. Eu não poderia mudar. Se tivesse que escolher um, eu escolheria nunca ter nascido", disse Luana seriamente.

Enquanto acariciava os cabelos de Felipe, ele levantou a cabeça e suspirou. Ele pensou em perguntar o motivo da resposta dela, porém desistiu da pergunta. "Acho que se não nos apressarmos, vamos nos atrasar", disse Luana, apressando o passo.

Após as aulas, Luana sentou-se em um banco da estação e, ali, observando a movimentação das pessoas, começou a refletir. "Hoje me dei conta de que, para ajudá-lo, eu preciso estar bem. Não posso estar mal. Mas como vou conseguir ficar bem se não consigo esquecer o que aconteceu?", disse ela, abaixando a cabeça. "Há muitas dúvidas em minha cabeça, e uma delas é: por que ainda reluto em pensar que está tudo bem, sendo que não está? Acredito mesmo que essa depressão um dia passe, mas, mesmo com remédios, isso está acontecendo. Essas malditas crises estão acontecendo", pensou ela, em meio a uma crise de choro na estação.

Enquanto isso, Felipe estava concentrado no trabalho e pensava em desistir dos estudos, acreditando mais em conseguir bens materiais do que em adquirir conhecimento. Igual ao que seu avô fez, essa ideia estava notável em sua mente, e suas ações tentavam ao máximo esconder isso. "Se bem que vou desistir por um bem maior, por um emprego e pela possibilidade de conseguir tudo o que quero com a força do meu trabalho. Porém... se eu pensar bem, meu sonho vai ser arruinado. Sem meus estudos, não poderei ter um futuro digno de orgulho ou ter um diploma de médico, pois quero ser médico e salvar muitas vidas. São duas escolhas que não se dão bem, são duas opiniões e suas consequências... Ah, Deus, o que eu faço?", pensava ele.

Felipe tentou chegar a um acordo entre suas opções e as consequências de sua decisão. Então, tomou uma decisão e, na saída da escola, encontrou-se com Luana, que sem pensar duas vezes, agarrou a mão dele e saiu correndo até o parque. Segurando a mão dela e admirando a vista, Felipe sentou-se no gramado em frente ao lago e ficou observando os patos nadando. Luana, ainda meio assustada com a correria, arrumou seu cabelo e sentou-se na grama ao lado de Felipe. Num gesto meio involuntário, Felipe puxou a cabeça de Luana para o seu colo e acariciou seus cabelos cacheados. Luana, envergonhada, continuou ali recebendo o afago dele e virou o rosto para frente, admirando o rosto envergonhado de Felipe, que a olhava sem desviar o olhar.

"Escuta, Felipe. Lembra quando viemos aqui com nossos pais, quando éramos pequenos?", disse ela. Tentando quebrar o silêncio, ela continuou: "Você me puxou pelo braço dessa mesma forma e saiu correndo, escorregou na ponta do lago e caímos dentro d'água". Felipe, que não dizia nada, apenas olhou para o lago e sorriu, lembrando da bronca que tinha levado dos pais. "Somos amigos há tantos anos, que estar com você a cada minuto me deixa muito feliz. Não consigo imaginar meu futuro longe de você. Era como a mamãe dizia: meu bisavô sempre andava com sua amiga de infância. Dessa amizade surgiu a família Santos", disse Felipe, relembrando momentos felizes.

Luana ouviu o que ele disse e corou, levantando-se meio desajeitada. Olhando para Felipe, ela tentou se levantar, mas desequilibrou-se. Ele tentou segurá-la, mas acabou caindo sobre ela. Felipe olhou para o rosto de Luana, que estava toda envergonhada. Suas feições eram lindas: olhos castanhos claros como água de uma nascente e pequenos lábios rosados. Ali, quando seus olhos se encontraram, ele pediu desculpas a ela e levantou-se. Em tom de brincadeira, empurrou-a no lago e acabou caindo junto. E ali, todo encharcado, eles se olharam e riram do ocorrido. "Não importa quanto tempo passe, eu sempre vou estar ao seu lado", disse ela com uma voz fraca. "Em todos os momentos, conte sempre comigo", disse Felipe, abraçando Luana. Ela apenas encostou a cabeça nos ombros molhados de Felipe e fechou os olhos.

Ele continuava animado, conversando sem saber que estava falando sozinho. Luana havia desmaiado em seus braços. Quando Felipe percebeu, a levou imediatamente para o hospital. Luana foi examinada, medicada e ficou na sala de observações durante toda a noite. Na manhã seguinte, teve alta e agradeceu a Felipe por estar ao lado dela. Após ser liberada do hospital, ela seguiu rumo a sua casa. Felipe, no auge de sua alegria, caminhou pela rua distraído, seguindo em direção à montanha.

Lá, de frente para aquela bela vista de um céu limpo e azulado, com as montanhas cobertas de neblina nos topos e vales verdes, uma visão esplêndida se apresentava como uma pintura detalhada de um pintor famoso. Com expressão maravilhada, ele admirava essa vista e tirava fotos de diversos lugares e ângulos diferentes. Até que ele se deparou com uma bela jovem que também estava admirando a mesma vista que ele.

Ele se aproximou e admirou essa jovem com seus cabelos cacheados e um olhar penetrante. Sua baixa estatura e olhos brilhantes davam um charme especial a essa bela mulher diante dele. Felipe não conseguia parar de admirá-la a cada segundo, sua beleza era de tirar o fôlego. Cada traço do sorriso dela era uma maravilha para ele. Ele estava tão distraído que não percebeu quando ela se aproximou, colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e olhou para ele envergonhada. Ao perceber o olhar dela, Felipe ficou todo corado.

"Com licença, você vai ficar só me olhando de longe ou vai chegar perto de mim e falar comigo?" disse ela, tomando coragem. Envergonhado, Felipe se virou e foi embora apressadamente, esquecendo até sua carteira na montanha. "Felipe, um nome bonito, gostei. Só não entendi por que ele me ignorou e foi embora", disse ela, segurando a identidade dele nas mãos.

No dia seguinte, Felipe se arrumou para ir à escola e, ao procurar a carteira, percebeu que não estava na cômoda. Lembrou-se de tê-la esquecido na montanha. Então, aprontou-se e seguiu em direção à escola. Na escola, Luana veio correndo para conversar com Felipe no pátio. Após várias tentativas de diálogo sem resposta, Luana decidiu ir para a aula. Felipe a havia ignorado, pois estava pensando freneticamente na menina que vira na montanha. Seus pensamentos fluíam com tanta intensidade que ele se desconectou do mundo real e se perdeu em sua imaginação.

"Me desculpe, mas como você consegue ser tão desleixado assim, Felipe?" disse ela, olhando-o. "Você não muda mesmo... sempre o mesmo atrapalhado de sempre e esquecido", disse ela, entregando a carteira a ele. Ao ouvir isso, Felipe retornou ao mundo real, perguntando-se quem era aquela menina.

"Quem é você? E por que sabe meu nome?" disse Felipe, curioso. "Não lembra de mim, Felipe? Sou eu, Lilina Sanada. Estudamos juntos no colegial", disse ela, estendendo a mão para entregar a carteira a Felipe. Ele pegou a carteira em mãos e ficou chocado, deixando-a cair novamente, sem acreditar no que havia ouvido. "Não acredito. É mesmo você, Lilina-chan. Quando te vi na montanha, não havia reconhecido, mas sabia que eu a conhecia. Você cresceu bastante, está muito linda e fofa", disse Felipe, rindo e pegando na mão de Lilina, que estava tremendo. "Idiota. Não diga essas coisas constrangedoras em voz alta, isso é embaraçoso", gritou Lilina, puxando a mão das mãos de Felipe, assustada e com o rosto corado. "Ah... desculpe-me, Lilina-chan. Não era minha intenção te deixar constrangida, mas você é muito fofa quando está envergonhada", disse Felipe, sorrindo enquanto admirava Lilina toda envergonhada.

Naquela mesma tarde ensolarada, o céu fechou rapidamente e uma chuva torrencial se formou. Na chuva, Lilina havia esquecido sua sombrinha e estava parada na marquise da escola, esperando a chuva passar. Felipe, que também esquecera sua sombrinha, parou na marquise ao lado de Lilina. "Você está livre no sábado, Felipe?" disse Lilina, olhando para ele. "No sábado? Por que logo no sábado?" perguntou Felipe. "Quero te mostrar algo. E quero que seja honesto ao ouvir o que vou te dizer. Por favor, esteja no sábado na montanha onde nos encontramos", disse Lilina, antes de entrar no carro do pai dela e ir embora.

Felipe se estapeou para ter certeza de que não estava sonhando e percebeu que aquilo era real. Naquela bela manhã ensolarada de sábado, os raios de sol refletiam pela janela, iluminando aquele quarto escuro. Felipe estava debaixo das cobertas, não havia dormido o suficiente após assistir animes a madrugada toda. Os raios de sol insistiam em entrar pela fresta da cortina e, em meio à animação de Felipe, ele chutou a coberta e levantou da cama. Enquanto se espreguiçava, lembrou do que Lilina havia dito no dia anterior e sorriu. Em seguida, foi até a janela, puxou a cortina e admirou aquela bela visão. Respirou fundo e ficou imerso em suas fantasias, imaginando milhões de coisas. Depois de um tempo admirando a vista, ele resolveu se arrumar e ir escalar as montanhas para fotografar aquela paisagem deslumbrante.

Capítulo 03

De pé diante daquela vista, Felipe virou-se para a esquerda, onde os raios solares tocavam a relva molhada e as flores desabrochavam. Sentou-se então sobre uma toalha na grama molhada, admirando aquela bela visão. Começou a relembrar do passado, porém suas memórias eram vagas. "Como pude perder as memórias de metade da minha vida assim?" pensava Felipe, tentando encontrar respostas para a dúvida que o atormentava. O reencontro com sua amiga de infância o fez questionar se suas lembranças atuais eram reais ou apenas artificiais. Surgiram pensamentos que o cercavam e incertezas que o perseguiam, gerando diversas perguntas sem respostas.

Levantando-se de onde estava sentado, preparou-se para partir, mas notou algo preso em sua blusa. Por impulso, olhou para trás e viu Lilina segurando sua camisa com a cabeça baixa. Sem trocarem palavras, ela simplesmente o abraçou e ficaram em silêncio, imersos no abraço. "Você já estava aqui ou acabou de chegar?" perguntou ele. Quando Lilina segurou sua camisa, ela apenas acenou negativamente com a cabeça. Aproveitando o momento, ela abraçou Felipe sem dizer uma palavra, seu rosto mostrava tristeza e lágrimas começaram a escorrer.

Felipe abraçou-a também e tentou consolá-la, dizendo que tudo ficaria bem. Lilina ergueu o rosto, as lágrimas rolando por suas bochechas, e beijou Felipe, que ficou surpreso com a ação. Ele tentou afastar-se, mas Lilina não o deixou. "Por favor, não se afaste de mim de novo", implorou ela. Segurando a mão dele, continuou: "Eu senti muito a sua falta. Você nem imagina o quanto eu orei para que Deus me desse uma chance de te reencontrar. E finalmente esse dia chegou. Não quero que você desapareça de novo... Não quero que você suma como desapareceu no colegial..." Ela continuou, chorando e tentando se expressar: "Você me abandonou! Fiquei sozinha, senti sua falta. Tentei ir à sua casa, mas você tinha se mudado para outro país. Me senti sozinha todo esse tempo, até te reencontrar aqui. Por favor, eu te imploro, não suma de novo." Lilina soltou-se do abraço e partiu, deixando Felipe atônito.

Ele começou a dar passos lentos em direção a sua casa, pensamentos tumultuando sua mente. Distraído, atravessou um cruzamento sem perceber que o sinal estava verde para os carros. Ao tentar atravessar, foi atropelado por um carro. Luana, que estava na rua naquele momento, correu para ajudá-lo. O motorista chamou o Samu, que chegou após um tempo e levou Felipe para o hospital. Lá, ele entrou em coma.

Quando finalmente acordou, Felipe estava na cama do hospital. Vendo sua mãe conversando com o médico, tentou pegar na mão dela para obter respostas, mas sem sucesso, já que ela não o percebia. Ele saiu correndo para fora do hospital, mas, ao tentar sair, foi puxado de volta para o quarto. Olhou para seu corpo ferido e para a máquina conectada a ele, começando a compreender a situação. "Bom, morto eu não estou, acredito que não. Aquela máquina está mostrando que meu coração está batendo. Então, o que aconteceu... por que estou aqui?" ponderou Felipe, tentando relembrar o que tinha ocorrido, sem sucesso.

Lilina entrou no quarto, mas foi barrada por Luana ao tentar se aproximar da cama. As palavras de Luana foram carregadas de raiva, culpando Lilina pelo acidente. A discussão acirrada entre elas trouxe à tona lembranças de um evento ocorrido seis anos antes, quando algo similar já havia acontecido, deixando Lilina triste e sozinha.

Flashback...

Seis anos antes:

Felipe se aproximou de Lilina, que estava sentada no banco do parque. "Ei! Com licença, você quer brincar com a gente?" perguntou ele, enquanto Luana também se juntava a eles. Lilina aceitou o convite e, mesmo envergonhada, passou a tarde brincando com eles. Ao anoitecer, foram para casa.

Na manhã seguinte, no seu primeiro dia na nova escola, Felipe reconheceu as amigas que fizera no parque. À tarde, uma chuva torrencial os fez se abrigar na marquise da escola, enquanto Luana ia buscar um guarda-chuva. Felipe e Lilina ficaram sozinhos, e Lilina se declarou para ele. Assustado e sem entender, Felipe fugiu repentinamente, correndo pela rua e sendo atropelado por um carro.

Felipe foi socorrido pelo Samu e levado para o hospital, onde seus ferimentos foram tratados. Contudo, ele perdeu suas memórias dos últimos doze anos. Sua mãe decidiu mudar de endereço e escola para recomeçar.

Fim do flashback...

Ao acordar no hospital, Felipe se deu conta de sua situação. Ele percebeu que tinha perdido muitas memórias ao longo do tempo, mas não entendia o motivo. Observou Lilina entrar no quarto, mas antes que ela pudesse se aproximar, Luana a impediu. A discussão acirrada trouxe à tona lembranças de um evento semelhante ocorrido seis anos antes.

Lilina, sentada no banco da praça, observava o parque e as crianças brincando, rememorando os eventos de seis anos atrás...

Havia se passado seis anos desde então:

No dia em que se declarou para Felipe, Lilina, com o rosto corado, confessou seus sentimentos. No entanto, Felipe, assustado e sem entender, fugiu precipitadamente. Correu pela rua e acabou sendo atropelado por um carro desgovernado. Luana, que testemunhou a cena, desesperou-se e correu para ajudá-lo.

O Samu socorreu Felipe e o levou ao hospital, onde ele foi tratado por seus ferimentos. No entanto, ele perdeu todas as memórias dos últimos doze anos de sua vida. Sua mãe, preocupada, decidiu mudar de endereço e de escola, na esperança de ajudá-lo a recomeçar e superar essa difícil situação.

Ao acordar no hospital, Felipe finalmente compreendeu a extensão do que havia acontecido. Notou a máquina conectada a seu corpo e, ao tentar interagir com o ambiente, percebeu que ninguém o enxergava ou ouvia. Por mais que tentasse, suas tentativas de comunicação foram em vão.

A memória das palavras de Lilina ecoava em sua mente enquanto ele tentava desesperadamente encontrar uma maneira de se comunicar. "Por favor, não se afaste de mim de novo..." repetia em sua mente, refletindo sobre sua fuga anterior. Ele se culpava por não ter compreendido os sentimentos dela naquele momento.

A presença de Lilina no hospital trouxe uma mistura de emoções. Ela tentava se aproximar dele, mas era impedida por Luana, que expressava sua raiva. A discussão entre as duas meninas ressoava como um eco do passado. Lilina recordou o evento similar ocorrido seis anos antes, quando algo parecido já havia acontecido, deixando-a triste e solitária.

Enquanto observava a discussão, Felipe sentiu um turbilhão de sentimentos. A confusão, a perda de memória e as emoções intensas o sobrecarregavam. Ele desejava que Lilina o visse, que ela soubesse que ele estava ali, tentando se comunicar. Mas a barreira invisível entre eles permanecia intransponível.

As lembranças de momentos passados continuavam a invadir sua mente. Ele pensou em como havia se aproximado de Lilina e Luana no parque, em como as brincadeiras e a amizade haviam florescido. Lembrava-se de Lilina admitindo seus sentimentos, e o impacto que isso teve nele.

Um suspiro pesado escapou de Felipe. Ele ansiava por um meio de romper essa barreira invisível e se fazer presente para Lilina. Ansejava dizer a ela que agora compreendia, que lamentava por sua fuga anterior e que a reconhecia como alguém que tinha sido importante em sua vida.

No entanto, mesmo enquanto esses pensamentos percorriam sua mente, a incapacidade de se comunicar o frustrava. Ele estava preso, um espectador de sua própria vida, observando os eventos se desdobrarem sem ter voz ou influência. As lágrimas de impotência encheram seus olhos enquanto ele lutava contra a sensação de ser invisível e esquecido.

E assim, entre memórias fragmentadas, sentimentos intensos e a angústia de não poder interagir, Felipe permanecia preso em um limbo de isolamento. Sua determinação de se comunicar e romper essa barreira invisível continuava a queimar, mantendo viva a esperança de que, um dia, ele seria novamente ouvido e visto por aqueles que significavam tanto para ele.

Enquanto Felipe estava imerso em suas reflexões e lutas internas, a vida seguia fora de seu alcance. Luana, preocupada com seu amigo, mantinha-se ao seu lado no hospital, enquanto Lilina lutava contra as próprias emoções. A ansiedade, a tristeza e o desejo de se fazer presente na vida de Felipe a consumiam.

Os médicos continuavam a monitorar o estado de saúde de Felipe, tentando entender as razões por trás de seu coma profundo e das perdas de memória. Sua mãe permanecia a seu lado, compartilhando histórias e lembranças de tempos passados na esperança de que algo pudesse acordá-lo dessa situação.

No entanto, a barreira invisível que separava Felipe do mundo exterior persistia, deixando-o isolado e incapaz de interagir. Ele assistia impotente enquanto as pessoas se aproximavam dele, mas sem sucesso em perceber sua presença. Cada vez mais frustrado, ele tentava encontrar uma maneira de transmitir suas emoções, seus arrependimentos e seu desejo de estar presente.

As lembranças dos momentos felizes compartilhados com Lilina e Luana eram como uma luz que o guiava. Ele recordava os dias no parque, as risadas, os desafios e as conversas intermináveis. As palavras não ditas, as emoções não expressas e as promessas feitas ressoavam em sua mente, alimentando sua determinação de superar essa barreira invisível.

Enquanto observava os eventos se desenrolarem, Felipe percebia o quanto ele havia subestimado o impacto de suas ações em outras pessoas. Sua fuga após a declaração de Lilina havia deixado cicatrizes emocionais em todos os envolvidos. Ele desejava poder voltar no tempo e agir de maneira diferente, mas essa oportunidade lhe era negada.

À medida que o tempo passava, ele encontrava consolo nas memórias. Os momentos de amizade, as risadas e os desafios superados eram um testemunho do que eles compartilhavam. Ele sabia que, mesmo que não pudesse expressar-se no momento, aquelas memórias eram reais e significativas.

Enquanto a batalha interna de Felipe continuava, Luana e Lilina também enfrentavam seus próprios desafios. Luana estava frustrada por não conseguir entender a causa do acidente de Felipe, enquanto Lilina carregava um peso de culpa por ter confessado seus sentimentos. Ambas compartilhavam o desejo de ver Felipe acordar e retomar sua vida.

No hospital, Felipe estava preso em sua própria realidade, lutando para encontrar uma maneira de se fazer presente e romper a barreira invisível. Cada momento de observação e reflexão o aproximava de um entendimento mais profundo de si mesmo e dos outros ao seu redor.

E assim, entre lembranças, reflexões e a determinação de superar essa barreira, Felipe permanecia em seu estado de isolamento, aguardando o momento em que finalmente seria ouvido e visto novamente. Sua jornada interior era uma batalha silenciosa, uma luta contra a invisibilidade e o esquecimento, mas ele estava determinado a reencontrar seu lugar no mundo que parecia distante.

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