Eram por volta das vinte horas quando o avião de Kevin O’Coner aterrissa no solo de Liverpool. Foram quase doze horas de voo de Nova York até a sua cidade natal. Após conseguir um contrato milionário, ele retorna satisfeito com mais uma conquista. Antes de embarcar no avião, Kevin ligou para a sua mãe, Mary Jane, e informou o horário em que provavelmente estaria em casa. Sua mãe confirmou um jantar com a família, pois é o aniversário do avô de Kevin, e eles teimam em querer fazer esse tipo de jantar familiar para mostrar que são unidos. O que de fato não o é.
Apesar de não gostar desses jantares, principalmente por causa dos convidados, por sua mãe, Kevin sempre se faz presente. Isso porque não existe nada além de interesse e cobiça nos olhos e corações dos seus parentes paternos, principalmente, seu avô, Michael Harrison.
Durante o voo a companhia da sua secretaria bêbada deixou Kevin bastante incomodado. Sophie Larson, foi designada para ser sua secretária por sua bela aparência, não é tão inteligente como Kevin gostaria que fosse, mas ela foi indicada pelos acionistas majoritários, depois da sua primeira secretária, Helen, ser morta pelo marido. Uma tragédia! E o motivo? Ciúmes do Kevin.
Kevin jamais teve algum tipo de relacionamento com ela, ou com qualquer outra mulher da sua empresa. Para ele, misturar trabalho e prazer sexual só traz dor de cabeça. E como ele é do tipo que aprende com os erros dos outros, após um escândalo sexual vazar e destruir um império, e o envolvido, conhecido de Kevin, afundar, Kevin adotou essa regra: jamais se envolver com uma funcionária.
Porém, o marido possessivo de Helen, não acreditava nela, passou a persegui-la no trabalho e fazer ameaças contra Kevin. Cansada de viver debaixo de um jugo tão pesado, Helen tentou dar um basta e só foi ela pedir o divórcio que o seu marido a matou.
Kevin ficou estarrecido com o acontecimento. Desde que assumira a empresa ela era quem o ajudava. Uma mulher inteligente e eficiente, mas com a sua morte, Kevin teve que acatar as decisões dos seus sócios. Porém, Sophie, a escolhida, se tornou uma pedra no seu sapato. Além de ficar insinuando para Kevin, muitas vezes, o trabalho executado por ela deixava a desejar. No entanto, a sua beleza feminina atraía muitos olhares e até investidores, por isso Kevin ainda a mantinha no seu posto.
— Kevin... Vamos brincar só um pouquinho? — Sophie continuou manhosa insistindo e persistiu até mesmo depois de dormir.
— Ela é estranha! Fala dormindo... — O amigo e advogado de Kevin, Blake Ramsey, que havia acompanhado na viagem para analisar bem a transação do negócio, faz uma observação.
— Pior de tudo é ter que suportá-la todos os dias! — Kevin comenta impaciente.
— Vai levá-la? — Blake questiona Kevin sorrindo debochado, assim que o piloto abre a porta do jatinho particular de Kevin.
— Você leva ela! Eu tenho que chegar rápido em casa. Mais um jantar irritante na companhia dos Harrison. — Kevin responde indiferente.
— Boa sorte! E essa daqui eu vou mandar despachá-la para a mãe dela! Não quero peso morto em minhas mãos! E ainda... Estou com saudade de Natalie. Ela sim, eu vou cuidar! — Blake declara de forma sarcástica.
— Faça como quiser. — Kevin diz e desce as escadas do jatinho.
Kevin avista ao longe o seu motorista particular acenando para ele. O motorista vem para pegar as malas e observa a atitude de Sophie. Por estar bastante cansado, Kevin entra no carro, coloca o seu cinto de segurança e descansa a sua cabeça.
— Enfim em casa! — Kevin suspira aliviado.
Um gás é liberado dentro do carro e quando Kevin percebe, tenta a todo custo abrir as portas, mas tudo em vão. Seus esforços de nada valem, pois as portas estão travadas. Até mesmo o suporte do assento do motorista que ele poderia usar para quebrar os vidros da janela do carro, não se solta. Kevin fica se debatendo e aos poucos ele vai se cansando e o sono o domina.
Do lado de fora Blake luta para levar Sophie até um táxi. E o motorista de Kevin se propõe a ajudá-lo. Assim que o táxi dá a partida e se afasta do aeroporto particular de Kevin, o motorista volta, abre o carro e vê que Kevin está desmaiado. Ele sorri satisfeito e ao mesmo tempo nervoso. Pega o seu telefone e faz uma ligação.
— Tudo pronto, senhor! — O motorista avisa ao seu mandante e recebe ordens para onde deve levar Kevin.
Horas depois Kevin acorda em um galpão com dois homens fortes e mascarados e um outro sentado, fumando um charuto. Observando ao redor, além do local estar fétido, Kevin vê algas caixas de madeira e outras de ferro empilhadas, ao que parece, é um depósito abandonado, próximo a uma zona pesqueira. Kevin está sentado em uma cadeira de ferro, com as suas mãos voltadas para trás, amarradas com cordas, e os seus pés estão amarrados também. Ainda atordoado ele pergunta:
— Onde estou? Quem são vocês?
— Apenas aqueles que fazem o trabalho sujo por uma boa grana. — O homem barrigudo apaga o seu charuto e responde demonstrando seu sorriso irônico e vitorioso.
— Quem pagou vocês? — Kevin questiona enfurecido olhando para a figura do velho barrigudo. Kevin achou estranho o velho mostrar sua cara, já que os dois outros estão com máscaras.
— Só precisa fazer o que eles querem... — O velho diz, se levanta e pega uma barra de ferro.
— Eles? — Kevin questiona enfadado. Os possíveis culpados seriam, os seus dois tios e a mulher do seu avô. Todos eles têm a sua parcela de interesse em ver a queda de Kevin e o desejo, que eles não conseguem esconder, de querer dominar a sua empresa.
— Bom, ouvi dizer que você é muito esnobe, cheio de si... Até pediram para brincar um pouquinho com você antes de você entregar o que eles querem... Isso não é incrível? — O velho diz debochado.
— Me larguem! Quanto pagaram para você? Eu pago o dobro! — Kevin grita e tenta chegar a um acordo favorável para si.
— Não vai me convencer, playboy! Exigiram para eu desfigurar o seu rosto. Isso é sinal que o seu rostinho bonitinho incomoda e muito! — O velho replica e solta gargalhadas.
De fato, Kevin O’Coner sempre foi belo, com os seus cabelos escuros e olhos cor de mel, acompanhados por um rosto bem definido, um corpo de quase um metro e noventa de altura, malhado, e um cérebro bem dotado, são os atributos que tanto homens como mulheres invejam. Aos seus vinte e seis anos, é um homem de negócios respeitado e bem-sucedido. A pessoa que pediria para fazer tal coisa, seria o seu tio Jonathan. Ele e Kevin nunca se deram bem. A começar pelas brincadeiras irresponsáveis de Jonathan, pelo faro de Kevin assumir o comando, com votação unânime dos sócios de seu pai, tão precocemente, ocasionado um ódio por parte do tio pois ele queria ser o presidente. E para completar, as mulheres com quem Jonathan sai, geralmente, perguntam por Kevin.
— Me soltem! — Kevin exige furioso, amedrontado, se debatendo na cadeira.
— Aqui ninguém vai te ouvir, nem do lado de dentro e nem do lado de fora! Então, não se esforce tanto! — O velho barrigudo diz satisfeito.
— Covardes! Me soltem! — Kevin grita raivoso e recebe gargalhadas em resposta.
— A ordem é você assinar os papéis, playboy, mesmo que para isso tenha que levar você ao desespero frente a morte... — O velho avisa.
— Malditos! Não vou assinar nada!— Kevin retruca raivoso.
— Está falando isso agora, playboy. Deixa só sentir o peso do punho do Harold... — O velho barrigudo rebate, olhando e fazendo um sinal para um dos homens mascarados.
O homem começa uma sessão de socos e chutes.
— Covardes! Me soltem! E eu vou mostrar para vocês... —Kevin é interrompido com um soco forte na boca e cai no chão de lado.
O velho barrigudo faz sinal com a mão e o seu capanga dá uma pausa. Então se aproxima de Kevin e olhando diretamente nos olhos dele diz debochado:
— Sentiu um pouco de adrenalina, playboy? Bom... Tem outro tipo de coisa que o Simon, ali, gosta de fazer... Neste caso, você ficaria de quatro enquanto ele se satisfaz... Se é que me entende...
— Covardes! Como vim parar aqui? Quem pagou vocês? Onde está o meu motorista? — Kevin pergunta ao velho que sorri.
A angústia assola o coração de Kevin. Lhe sobrevém um medo profundo de não conseguir escapar e ainda mais de ter que abrir mão de tudo o que seu pai construiu e ele tem prosperado com sua inteligência e perspicácia. Morrer significará que a sua mãe e as suas duas irmãs estariam a mercê dos seus parentes, e que eles, com toda a certeza, as deixariam na miséria.
— Levantem ele! — O velho ordena e seus capangas levantam Kevin, colocando-o na posição de início.
O velho vai até a sua mesa improvisada e abre uma pasta. Retira um envelope amarelo de dentro da pasta e ainda uns papéis, os documentos, e arrasta a mesa para perto de Kevin. Pega a caneta em seu bolso da camisa e diz:
— Agora é só assinar o seu nome aqui, playboy!
— Como vou assinar se estou com minhas mãos amarradas? — Kevin questiona ao velho cuspindo o sangue que se formou em sua boca devido ao corte que se fez ao receber os socos do capanga.
— Desamarra ele! — O velho ordena e o capanga obedece.
Kevin tenta se soltar e se defender, só que os capangas são mais rápidos que ele e por seus pés estarem atados, Kevin é novamente preso e imobilizado na cadeira.
— Deixa de fazer coisas desnecessárias! Você não vai conseguir fugir, playboy! Agora assine esse documento! — O velho diz aborrecido.
Kevin analisa o documento e tenta encontrar nele alguma pista de quem seja o responsável por esse sequestro, mas nada vê.
— Diga para o seu chefe que mesmo eu assinando isso, não valerá! E sabe por quê? Por que a lei protege a minha mulher, e nada que eu fizer sem o consentimento dela, valerá! — Kevin declara incisivo, sorrindo de lado, tentando manter a postura de homem frio.
Kevin mente na tentativa de ganhar tempo para encontrar uma saída desse lugar. O velho barrigudo olha para Kevin com raiva e se afasta. Só por despeita, por ter visto Kevin sorrir debochando, o velho dar ordens aos seus capangas:
— Batam nele até eu voltar, e esse sorrisinho irônico do rosto dele vai desaparecer!
Os dois capangas que seguravam nos ombros de Kevin força as mãos dele para trás amarrando-as novamente e começam a agredir sem piedade o rosto do Kevin e esmurrar o estômago dele. Pega um pedaço de pau e dão várias pauladas. Mesmo gritando de dor e xingando os dois capangas, as suas palavras não surtem efeito e ele torna a cair no chão de lado, preso na cadeira e sangrando mais.
— Maldita hora que entrei naquele carro! — Kevin se maldiz e ouve as gargalhadas dos dois homens covardes que o espancaram.
O seu corpo está dolorido e sua mente muito cheia de pensamentos ruins. De repente uma garota entra correndo no galpão com seu semblante aterrorizado. Ela corre e se esconde atrás de uma caixa grande feita de ferro.
— Quem é você garota!? — Um dos capangas grita.
— Garota!? — Kevin murmura sem forças.
Os dois homens se entreolham sem entender o que está acontecendo e um tiro ecoa dentro do local. Eles olham na direção da saída para onde agora a pouco o seu chefe foi e a garota entrou assustada e veem o corpo do chefe caindo no chão após ser atingido com um tiro certeiro na cabeça.
— Volte aqui, vadia! — Um homem alto e cheio de tatuagens grita furioso da entrada.
— Quem são vocês!? — Um dos homens próximos de Kevin interroga.
Os dois capangas sacam as suas armas e por não ouvirem respostas atiram. Inicia-se uma troca de tiros e a garota assustada tapa os seus ouvidos. Kevin com seus olhos quase se fechando ver a figura assustada da garota tapando os ouvidos e se encolhendo. Os dois homens que veio atrás dela caem mortos e os mascarados também.
Depois do som ensurdecedor dos tiros, vem um silêncio perturbador... Nada se ouve a não ser os movimentos de Kevin tentando se soltar da cadeira. Lá fora está um frio terrível e a garota se encolhe tremendo no lugar onde se escondeu.
— Ei, garota! — Kevin a chama com a sua voz falha e a garota fica horrorizada com o que vê.
— Quem é você? — Ela pergunta amedrontada.
— Alguém que quer viver, assim como você! — Kevin a responde em seguida fazendo um pedido:
— Me ajuda aqui, por favor!
— Por que eu te ajudaria? O que me garante que você não é como eles? — Ela retruca.
— Estou amarrado aqui... Sou a vítima. Acha mesmo que se eu fosse o homem mal estaria preso aqui? — Kevin contesta.
— Claro que estaria! Eu não te conheço... — A garota responde indiferente.
— Olha... Estamos numa situação crítica, e se não nos ajudarmos com certeza morreremos. — Kevin se justifica
A garota olha ao seu redor e sai devagar do seu esconderijo. Caminha lentamente até onde Kevin está caído ainda com medo e vê a poça de sangue formada no chão dos dois homens caídos mortos.
— Ei! Olhe para mim! — Kevin fala e ela desvia o seu olhar da cena horripilante.
— Me desamarre, por favor! — Kevin pede solicito.
Ela se ajoelha próximo de Kevin e tenta desatar os nós das cordas, mas não consegue.
— É difícil demais desfazer isso! — A garota se queixa.
— Procure uma faca ou algo cortante. Se apresse, por favor. Nós dois ainda não estamos seguros. — Kevin diz apreensivo.
A garota mesmo trêmula, se levanta e procura desesperadamente por algo para poder cortar as cordas. Ela olha para os dois corpos no chão e mesmo a contragosto procura nas roupas deles alguma faca. Quando ela encontra um canivete ela respira aliviada e se apressa para ajudar o homem vivo e amarrado.
— Obrigado. — Kevin agradece após ser solto e tenta se levantar, porém faz isso com muito esforço devido à surra que levou.
— Vamos sair daqui. Esse lugar parece ser ninho de bandidos! — Kevin comenta e começa andar com dificuldade.
— Você não vem? — Kevin pergunta ao ver a garota ainda parada, imóvel próximo dos corpos mortos.
— Eu... eu... — A garota murmura chorando.
— Se esse lugar é o que eu estou pensando... Já ouvi dizer que aqui é um ponto de venda de tudo quanto é coisa. E ver você nesse estado, significa que você era uma dessa coisas, uma mercadoria. Vai ficar aqui e arriscar ser vendida? — Kevin a questiona e ela balançando a cabeça negando, começa a dar os seus primeiros passos na direção de Kevin.
— Droga! Esses malditos nem para me dizerem antes de morrer quem contratou eles? — Kevin murmura zangado. Pega os papéis na mesa, põe no envelope, em seguida colocando por baixo da camisa. A garota mesmo amedrontada, o acompanha.
Kevin vai andando e murmurando de dor. A garota emparelha com ele e ele diz:
— Pode me ajudar a caminhar? Está bem complicado eu me locomover devido à surra que levei.
— Tudo bem. — A garota consente e ele envolve o seu braço no pescoço dela.
— Você é bem pesado! — A garota se queixa.
— Desculpe, mas meu corpo é saudável... — Kevin se justifica.
Os dois vão andando sorrateiramente, observando para todos os lados. Algumas vozes são ouvidas ao longe pelos dois. Kevin sente o corpo da garota tremer mais do que antes.
— Vamos conseguir escapar desse lugar. — Kevin diz no intuito de acalmar a garota.
Apenas dentro do galpão onde estava amarrado que as luzes eram mais fortes. Fora do armazém está com pouca iluminação e muito frio.
— Esse é realmente o lugar que pensei. Meu pai me trouxe aqui algumas vezes... — Kevin faz uma observação.
— Que tipo de pessoa você é? — A garota questiona receosa.
— Do tipo que tenho dinheiro. Por isso me sequestraram. Se andarmos naquela direção de onde vem aquela fresta de luz, conseguiremos sair daqui. Mas não podemos ser vistos por quem ainda continua aqui, provavelmente procurando por você. — Kevin diz e os dois vão caminhando em direção a luz.
— E por que não você? — A garota retruca.
— Aqui! Tem três mortos aqui! — Uma voz masculina grita do local de onde Kevin e a garota acabaram de sair.
— Vamos, rápido! Eles estão vindo. — Kevin pede.
— Eu não quero... — A garota diz chorosa.
— Shihhh! — Kevin diz tampando a boca da garota. — Entre aqui! — Ordena para a garota entrar num container. Ela obedece relutante, pois não tem outra saída.
O que parecia um container é, na verdade, uma passagem.
— Tem um esconderijo mais adiante. — Kevin esclarece.
— Você não está me levando para um lugar pior, está? — A garota pergunta com medo.
— Não. Confie em mim. — Kevin assegura.
Os dois entram no quartinho e Kevin observa atentamente os detalhes. O local parece ter sido usado a pouco tempo. Quando ele olha para a garota, ela está insegura e imóvel. Seus olhos arregalados demonstram um pavor do local.
— Vo... Você foi quem me... Me... ? — A garota balbucia apavorada.
— Não! Eu não sou esse tipo de homem! — Kevin se defende. — Vamos para outro lugar! Esse aqui não é mais seguro. — Kevin declara e pegando na mão da garota, a conduz para o lado de fora.
Kevin enxerga um carro estacionado e apressa os passos puxando a garota consigo. Ele entra no carro e vê que está com a chave.
— Que tipo de idiota deixa a chave no carro? Mas independente disso, é a nossa salvação! — Kevin murmura e liga o carro. Olhando para a garota diz:
— Vamos embora daqui!
Ele acelera o carro e ouve gritos, em seguida tiros vindos em sua direção.
— Abaixa a cabeça! — Ele ordena e a garota obedece.
O carro começa a falhar quilômetros adiante e ele xinga, pois ainda não estão seguros. A sorte é que ainda não tem bandidos em sua cola, mas provavelmente eles chegariam logo. Kevin sai do carro e vê um motel. A garota também sai assustada e o acompanha. Chegando no motel ele ordena:
— Não posso aparecer assim, vá lá e peça um quarto.
— Um quarto? Eu quero ir embora daqui! E você deveria ir para um hospital! Ainda está sangrando... — A garota diz amedrontada.
— Olha... Está muito frio. Eu preciso cuidar desses ferimentos e do meu corpo, mas não posso ir para um hospital. Quem mandou me sequestrar não tem em mãos o que ele anseia, isso significa, que qualquer hospital será o primeiro lugar onde vão me encontrar. Você não parece ser daqui. Então, você não está segura, e quem sequestrou você pode voltar. — Kevin explica e a garota ainda o questiona:
— Eu não tenho dinheiro. Como vou conseguir um quarto?
Kevin apalpa sua calça e encontra sua carteira ainda no seu bolso. Ele respira aliviado ao encontrá-la. Retira um cartão e entrega para a garota.
— Senha 'zero, sete, sete, um'. E vê se tem algum kit de primeiros socorros, por favor. — Kevin diz e a garota corre para a direção da entrada do motel enquanto ele vai devagar.
Ele analisa sua situação e agradece aos céus pela garota ter entrado naquele lugar, onde provavelmente seria o seu túmulo. Tempos depois, já com a chave em mãos a garota retorna e os dois vão até o quarto alugado. Kevin vai até o banheiro e lava o seu rosto. Seus olhos estão roxos, sua mandíbula dolorida, assim como todo o seu corpo. Ele retira sua camisa, enxuga seu rosto e sai do banheiro. Kevin se senta na cama e a garota pega o kit de primeiros socorros e olha para ele envergonhada, entregando-o. Kevin observa e sorri do jeito meigo e tímido dela.
— Diana! — Um homem grita emocionado abrindo subitamente a porta do quarto.
— Papai! — A garota corre para um abraço.
— Minha nossa! Que alívio ter chegado a tempo, minha princesa... Diana, você está bem? — O pai abraça e verifica a garota.
— Estou sim. — Ela responde aliviada. — Mas como me achou? — Ela o questiona.
— Alguém que viu você sendo levada me informou para onde poderiam ter trazido você e agarrei a essa informação... Quando cheguei na recepção, perguntei a moça e dei sua descrição. Com muita luta e depois de mostrar a foto de nossa família ela me disse que estava aqui. E esse sangue em você? Quem é ele? — O senhor pergunta apontando para Kevin deitado na cama, sem camisa e com o corpo cheio de marcas, resultado das pauladas e socos que recebeu.
— Eu não sei. — Diana o responde.
— Como não sabe? — O pai de Diana contesta.
— Ele estava amarrado, e os homens que sequestraram ele, foram mortos pelos que me sequestraram...
— Tudo bem. Isso também não importa mais! Sua mãe e seu irmão estão muito aflitos. Vamos embora daqui! Você já deve ter feito a sua parte. — O pai de Diana conclui e pega na mão da filha.
— Sim. — Diana responde e apenas acena com a sua mão direita uma despedida e sai do quarto acompanhando o seu pai.
Kevin apenas retribui o aceno. Mas o olhar de pena da garota para ele, faz ele se sentir estranho. Seu coração fica ansioso, e em sua mente ele pensa se um dia irá rever a sua salvadora. Uma garota simples, delicada, provavelmente com um metro e sessenta de altura, cabelos castanhos, presos, pele morena, rosto arredondado e olhos negros como a noite... Linda! E faz jus ao nome que tem... Diana, exala beleza e luz, e iluminou a vida do Kevin nessa noite tão escura e sombria.
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