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Flor De Laranjeira

Alguém

Falling Apart - Michael Schulte

— O que você faria se eu morresse?

— Eu, queimaria o mundo todo e faria um castelo com as cinzas, ai viveria nele sozinho para sempre.

— oh! que fofo.

Eu ainda consigo ouvir a sua voz em minha cabeça que tortura diariamente, me matando a cada segundo depois que você se foi, é difícil aceitar que os próximos dias do resto da minha vida não serão ao seu lado.

Ainda posso sentir o calor do seu sangue em minhas mãos, o sangue que manchou as minhas roupas e a minha alma, o cheiro de morte que me persegue, que está impregnado em minha pele.

Yamazaki Sato está ao fundo da sala, a sala na qual todos diziam o seu último adeus, que prestavam a sua ultima presença, a melodia que se fazia com os choros, uma melodia triste, agoniante, perturbadora, mas o que mais incomodava Sato era aquela foto, a foto em que o seu amado Murakami Naoto estava a sorrir, por que a última expressão que Sato viu no rosto do seu amado não foi um sorriso doce, foi uma expressão de desespero, uma expressão cansada implorando por um fim, aquela foto não passava de uma mentira, uma mentira que Naoto contou a todos que o amavam, Sato não se despediu, ele simplesmente saiu de lá, mas ninguém percebeu, todos estavam ocupados demais se culpando, se perguntando como nunca perceberam, ele caminhou e a dor em que o seu peito estava só aumentava a cada passo, ele pensou que se passasse a correr naquele momento a dor não o alcançaria, Mas Sato sabia que isso era algo do qual ele não podia escapar, ele correu sem rumo, durante muito tempo, só parou porque seus pulmões imploravam por ar, sem perceber ele foi até o lugar onde ele tinha esperança de encontrá-lo, mas não havia ninguém lá, ele deitou-se em baixo daquela árvore de Laranjeira, o chão estava branco com as pequenas flores daquela árvore, uma árvore plantada ali há muito tempo por um senhor brasileiro, ele ficou a olhar o vento levando as pequenas flores para longe, a dor era inexplicável, um sentimento de desespero, a ficha de que ele nunca mais iria poder toca-lo(abraça-lo), as lembranças ainda estavam vivas em sua mente, mas o seu amado agora não respirava o mesmo ar que ele.

Quando abracei o seu corpo já sem vida, eu sabia que a minha alma morreria ali, o barulho, o zumbido ainda continuava em minha cabeça, durante a noite quando está tudo em silêncio o zumbido em minha cabeça fica mais alto, tão alto... então eu ouço sua música preferida para abafar isso, a minha mente atormentada pelos seus gritos, pelo seu choro.

Foi insuportável, cada segundo pior que o anterior, um ciclo de dor que não consigo quebrar.

Mesmo eu te implorando você foi capaz de deixar-me, talvez os meus gritos desesperados não conseguiram chegar a você, ou você só os ignorou? O mundo parece ter parado ou ele está a girar tão lentamente que não consigo perceber.

Eu acabei a entrar num buraco fundo e meio escuro, estava a sonhar em ir dormir e não acordar mais, esse pensamento conforta-me, dizem que com a morte vem a paz, mas a dor é o preço de quem vive, então se eu não viver mais a dor que está aqui dentro vai desaparecer? Nunca é fácil aceitar que não poderá mais ver alguém que ama, mas quando tudo acontece diante dos seus olhos e você não é capaz de fazer nada, você sabe que não vai pro inferno, pois tudo aquilo vai se repetir na sua mente constantemente, isso vai torturar-te até o seu último suspiro, e você vai ficar preso nesse lupi infernal mesmo estando "vivo".

Sato se fechou para tudo e para todos, ele tornou-se uma parede impossível de perfurar, uma porta impossível de se abrir, uma janela emperrada, uma casa vazia e escura, as olheiras nos seus olhos tornaram-se como uma tatuagem, o seu corpo magro e pálido, ele andava pela terra, mas não estava aqui de fato, ele sempre estava com seus fones de ouvido e aquele olhar sufocante, aquele olhar que mata uma pessoa afogada, se eu não o conhecesse bem eu diria que aquele olhar pedia por socorro.

Yamazaki Sato nasceu no dia 20 de agosto de 2000 quando ele ainda era um bebê os seus pais sofreram um acidente fatal, assim o deixando completamente sozinho no mundo, uma amiga da sua mãe ofereceu-se para cuidar dele, ela o acolheu e lhe deu um lar, eles têm boa convivência, mas ele sabe que ela não é sua mãe e ela sabe que ele não é seu filho, ela nunca disse o motivo de ter ficado com ele, ela nem marido tinha, ela era uma mulher sozinha que bebia muito, muita das vezes ele teve que arrastá-la para o banho, por ela lá cama, cuidar dela quando ela estava doente, ele teve que amadurecer muito cedo, ele teve que deixar essa coisa de infância para quem podia, mas alguém chegou na sua vida e devolveu-lhe a infância que lhe foi roubada, alguém que deu-lhe cores para o seu mundo preto e branco, alguém que lhe prometeu estar sempre ao seu lado, alguém que pegou na sua mão e fez ele ver que estar vivo era motivo de alegria, ele fez Sato perceber o mundo a sua volta, fez Sato querer viver, mas no dia 15 de agosto de 2018 o fez querer morrer.

Ele levou o seu coração estrassalhando a sua alma, o deixando em um buraco escuro onde ele nem mesmo conseguia ver um ponto de luz sobre a sua cabeça, ele deu-lhe a vida e a tirou no mesmo instante.

A Carta

Vorsa - Self destructive

Eu ainda posso sentir o seu toque que trazia calor ao meu corpo gelado, que me mostrava que eu ainda estava aqui, ainda consigo vê-lo se eu fechar os meus olhos, consigo ver como você me dava aquele sorriso, aqueles olhos que imploravam por ajuda, mas eu estava tão cego, tão, tão feliz que nem fui capaz de ver a sua dor, ainda consigo ouvir você chamando pelo meu nome, quando você dizia amar-me, mas tem uma coisa que não consigo, e essa coisa e seguir sem você ao meu lado, nós éramos como um e em um piscar de olhos você escapou pelas minhas mãos feito água, e tudo que sobrou aqui foi um grande vazio, um vazio tão grande que eu mesmo perco-me nele.

Eu poderia ter dito algo que faria você fica?

Eu poderia ter dito algo que acalmasse o seu coração?

Talvez esses pensamentos que estão presos em minha mente seja eu querendo achar alguma resposta, alguma pista do "por que", razões, motivos...

Eu ando por aí menosprezando tudo o que vejo, a verdade é que tudo nesse mundo ficou sem valor algum, o mundo voltou a ser preto e branco, sem luz, sem cor, apenas um vazio. Quando você partiu sem nem mesmo dizer Adeus, você acabou a levar muitas coisas que faziam o meu mundo ter algum sentindo, agora tudo está uma bagunça, não sei distinguir o real do que eu inventei, eu ando sem rumo, antes eu conseguia ver a linha pontilhada que me levava a algum lugar, agora sinto que rasguei essa folha e estou perdido, o meu mundo está num escuro absoluto, mas eu não me importo eu só continuo a andar mesmo que eu não chegue a lugar nenhum, que caminhe em círculos por muito tempo, que o final seja o início, mesmo que eu corra até o meu último dia de vida, a dor, ela não vai parar.

Desde aquela noite eu não tenho conseguido dormir, sempre tenho pesadelos com o que aconteceu, e quando acordo aquela sensação de impotência faz-me querer gritar, a dor é insana, mesmo chorando durante dias essa dor não diminuiu, eu grito pelo seu nome tão alto, tão alto na esperança que você entre por essa porta e me abrace dizendo que tudo ia ficar bem, eu nem iria-me importar se isso fosse uma mentira.

As noites atormentadas não o deixavam dormir, mas dormindo ou acordado o tormento em sua mente continuava, a cada segundo a mais que ele respirava deixava tudo mais difícil de carregar.

Não consigo alimentar-me direito nada para no meu estômago, mas lembro bem como você amava comer, você saboreava cada refeição como se fosse a ultima, não deixava um grão que fosse em seu prato, você elogiava a comida das pessoas mesmo se não tivesse um gosto agradável, você era bom, ajudava todos que precisavam, você parecia amar a sua vida, cada passo que você dava era bem pensado, por que você queria viver uma vida sem arrependimentos, mas as vezes você era imprudente nem mesmo pensava duas vezes antes de falar ou fazer algo, você podia parecer previsível, mas seu próximo passo era impossível de saber.

Desculpa ser tão patético e fraco, mas como posso ser forte? Você me deixou sozinho aqui, você quebrou uma promessa, você passou por tudo o que vivemos como se não fosse nada, em algum momento você chegou a pensar em mim, nos meus sentimentos? Passou pela sua cabeça que eu, eu... não iria perdoar-te? Nem mesmo se eu quisesse, não iria conseguir, por que ver você ali sem vida bem aos meus pés, o seu sangue estava em todo o lugar, quando você deu o seu último suspiro eu morri por dentro, eu implorei para ir junto, eu segurei aquilo e apontei pra a minha cabeça, mas você sabia que eu faria isso, certo? Pois, não tinha mais nenhuma bala, apertei o gatilho inúmeras vezes gritando o seu nome, mas você foi egoísta o bastante para acabar somente com a sua dor e deixar-me aqui sem saída, parece que você pensou em tudo, menos em mim.

Mesmo com a sua morte o mundo não parou, as pessoas continuaram a viver as suas vidas, já faz um tempo que você se foi, mas nós vamos carregar essa dor nos nossos corações, permanentemente

A pequena Nara agora está em seu último ano do ensino médio, ela é uma garota forte, ela esteve aqui durante todo esse tempo, ela está se esforçando, dando o seu melhor para que todos a sua volta não percebam que ela está destruída por dentro.

Não vejo a sua mãe já faz um bom tempo, mas sei que ela não sorri desde então, ela ficou presa num ciclo de culpa e dor, ela culpa-se por não ter sido uma mãe boa, mas sabe ela sempre foi a melhor mãe que alguém poderia ter, e você teve a oportunidade de ter a tido como mãe, mas você jogou isso fora também.

O seu pai tem focado todo o seu tempo no trabalho e eu entendo-o com a mente ocupada a dor fica mais suportável de se carregar.

Já o Ichiro o caso é um pouco mais doloroso, ele assusta-se com qualquer barulho alto, ele tem crises de pânico, ele diz que os seus gritos o atormentam a todo o momento, não o deixam dormir, ele carrega 2 bicicletas para cima e para baixo, na esperança que você volte e ande com ele como vocês faziam, ele parece tão desorientado como se tivesse perdido, ele tem medo de dormir, aquela noite o persegue, mas ainda assim ele está aqui, dando base para nós, tentando se mostrar forte, tentando fingir que não caiu também.

E quanto a mim? Você quer mesmo saber? para mim não dá, eu não consigo viver em um mundo no qual você não está, nós íamos conquistar o mundo lembra? Como vou fazer isso sozinho, diz-me por favor.

você fez as nossas vidas se tornarem um filme de terror, você nós tornou pessoas com o psicológico totalmente ferrado, você não nós deu a oportunidade de ter uma vida normal, você não se deu uma oportunidade de ter uma vida, e você sabe que isso tudo foi causado pelo seu orgulho de merda e o seu egoísmo, você não foi capaz de gritar por ajuda, você só achou uma saída fácil e rápida para acabar com a sua dor, mas esse ato vai deixar as nossas mentes atormentadas pelo resto das nossas vidas, você foi um cuzão Naoto.

Planos

the loneliest- Maneskin

Os dias não são fáceis, parece que tudo pode acabar a qualquer momento, e não que isso me deixe triste, bom se tudo acabasse agora, se um meteoro atingisse a terra, se o sol explodisse agora e tudo virasse pó, eu ficaria aliviado, a minha mente não iria guardar essa memória, não sobraria nada, nada para eu poder sentir alguma coisa, o universo voltaria a sua escuridão Inicial, qualquer história teria fim, sem tempo para chorar, se arrepender ou sentir medo, tudo acabaria rápido ou não.

Quando você faz algo que havia planejado com alguém por muito tempo e essa pessoa não está junto a você, parece algo tão sem sentindo, algo vazio e você não entende o porque, se isso antes parecia algo tão incrível, eu respondo-te, não era incrível, a pessoa que estava junto a você fazendo esses planos sim, fazia isso se tornar algo incrível, mas a verdade é que isso nunca passou de um futuro distante, algo tão impossível de se alcançar agora.

Ele fazia planos e eu era feliz por que não importa o quão imprudente era ele sempre me botava nos seus planos, sempre me via no seu futuro, universitários? Festas no ‘campus’? Colegas de quarto? Dominar o mundo e fazer que com que as crianças sejam livres para brincarem na hora que quiserem? Pescar peixes no céu?

Tudo parecia tão incrível, mas agora tudo não passa de um monte de tralhas que nós guardamos no sótão e deixamos lá durante muito tempo, esquecemos que um dia já esteve por aqui esses sonhos.

Haru: — Você vai ficar bem garoto?

Sato: — vou

Haru: — vê se vem nos finais de semana

Sato: — se você não tiver entrado num coma alcoólico ou ter se afogado no próprio vomito até lá

Haru: — eu não daria esse gostinho para você

Sato: — se cuida

Haru: — Você também.

Haru: — pirralho?

Sato: — o quê?

Haru: — vou sentir a sua falta

Sato: — eu sei

Ela entrou no seu carro e foi embora nem mesmo esperou eu dizer que também iria sentir a sua falta, mas sei que ela fez isso por que iria chorar a ouvir algo assim de mim, ela esteve lá por mim nas noites em que eu gritava pelo seu nome, ela esteve lá por mim quando eu não queria sair do quarto para nada, ela esteve lá e chorou por mim, ela cuidou de mim, ela permaneceu mesmo não sendo sua obrigação cuidar de mim ela preferiu fazer isso, ela não fugiu ou recuou, ela fez o seu papel de mãe mesmo eu não sendo seu filho, ela amou-me como se fosse, ela ama-me.

As pessoas aqui parecem estar tão animadas, alguns estão reencontrando seus amigos de escola, outras estão a fazer amigos novos, alguns têm medo disso, e outros nem ligam, esse lugar é tão grande eu poderia perder-me por aqui fácil, eu vou ter um colega de quarto esse semestre, no próximo irei morar fora do “campus”, esse era o nosso plano, eu não fiz questão de vir para essa faculdade, por que era para nós estarmos aqui juntos, mas você desistiu desse sonho, desse plano.

Matsumo: — Yamazaki?

Matsumo: — ótimo, vou ter que ver o seu rosto pelo resto do semestre.

Sato: — também estou feliz com isso, eee

Eu tive azar de reencontrar alguém da minha antiga escola, alguém desagradável, grosso, rude, o mundo pode ser mesmo pequeno e fez-me ter o acaso de ter que ficar no mesmo ambiente que ele, mas suas brincadeiras nunca incomodavam de verdade o Naoto ele não ligava, ele até mesmo tentou ser amigo de uma pessoa como ele, posso tentar o mesmo?

Sato: — Eu

Matsumo: — não precisamos fazer isso, você fica desse lado do quarto e eu desse.

Sato: — certo.

Matsumo: — não ter nenhum tipo de diálogo até o fim do semestre.

Sato: — ok

Não fiquei feliz quando descobri que ele seria a pessoa tomar o seu lugar nesse quarto, mas o que posso fazer? Você desistiu antes mesmo de chegarmos aqui.

Nara: — Sato!

Sato: — Nara, Ichiro.

Nara: — nós viemos para ver o lugar.

Ichiro: — parece interessante.

Matsumo: — Uau, a turminha chegou

Ichiro: — o que ele ta fazendo aqui

Matsumo: — eu e o seu querido Yamazaki seremos grandes amigos até o final desse semestre, não é incrível?

Nara: — ele é seu colega de quarto?

Sato: — sim

Nara: — o azar

Sato: — vamos dar uma volta pelo “campus”.

Sato: — vem Ichiro.

Eles até esquecem que eu os conheço, essa história de virem até aqui para ver o lugar, eu sei que eles estão preocupados comigo e em como isso vai doer, esse era um plano nosso e eu estou aqui sozinho e é tudo exatamente como ele disse que seria, não vou negar isso dói, muito mais do que eu pensei que doeria, mas ta tudo bem.

Nara: — e como você ta?

Sato: — estou bem

Nara: — mesmo?

Sato: — sim, estou com as pessoas mais importantes da minha vida

Sato: — o lugar é lindo, tem ótimas cafeterias e até bolinhos sem lactose, é ótimo.

Nara: — fico feliz em ver-te animado.

Nara: — o Ichiro vai ficar em um dormitório perto do seu.

Sato: — é mesmo, parece ótimo vou vê-lo com frequência.

Ichiro: — Para!

Sato: Hã?

Ichiro: — Para, Para de dar esse sorriso falso para gente, para de fingir estar bem!!

Nara: — Ichiro!

Ichiro: — desculpa para mim não dá.

Nara: — Ichiro!

Sato: — ta tudo bem, deixa ele ir.

Nara: — É difícil para ele, aqui é tudo como vocês três tinham planejado.

Sato: — eu sei.

Nara: — Você não precisa fingir nada, cada um leva um tempo até tudo começar a voltar ao normal.

Sato: — normal? Será que isso já existiu?

Nara: — Eu vou atrás dele, boa sorte.

Sato: — Obrigado.

Nara: — Sato, vem visitar-me quando tiver tempo.

Sato: — eu irei.

Ichiro não estava errado, eu estava a fingir, mas ele sempre foi bom em ver através dos olhos das pessoas, ele consegue sentir quando estão a mentir, o Naoto pensava que isso era um super poder só do Ichiro, Mas pergunto-me como ele não percebeu que ele estava a mentir? as vezes acho que ele sabia.

Matsumo: — já voltou

Sato: — estou aqui, não estou?

Matsumo: — to saindo para comprar o jantar, quer alguma coisa?

Sato: — não, mas obrigado.

É como eu estivesse submerso no fundo do mar, olhando para cima e observando que a cada segundo estou a afundar mais e mais, o tom de azul-escuro se torna tudo o que os meus olhos conseguem ver e a superfície fica cada vez mais difícil de alcançar.

Naoto: — Sato?

Sato: — que foi?

Naoto: — Você quer dominar o mundo ao meu lado?

Sato: — o mundo?

Naoto: — Sim!

Sato: — Mas como vamos fazer isso?

Naoto: - é fácil

Sato: - é?

Naoto queria dominar o mundo, mas talvez ele só quisesse criar um mundo onde a sua dor não existisse, um mundo onde tudo seria possivel como pescar peixes no céu e contar estrelas no mar.

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