Prólogo
Emily ao contrário de sua irmã Isy, nunca descobriu exatamente o que gostaria de estudar, mas também, nunca teve nenhum tipo de pressão em ser responsável. Ao contrário de Isy que saiu de casa assim que completou a maior idade, se esforçando sempre ao máximo para entrar em uma boa faculdade.
Emily nunca reclamou das regalias que lhe foram proporcionadas até o momento, mas ao decidir ir morar com Isy lhe causou um grande desentendimento com sua tia que mesmo detestando a ideia de tê-la fora de casa, optou por continuar lhe ajudando com as futuras contas.
Isy não gostou da ideia, pois conhecia a pior face de Hélia mas ter sua irmã novamente ao seu lado, sem dúvidas era perfeito. Desde que saiu da casa de sua tia, Isy continuou a conversar e se encontrar com Emily sempre que pode, pois eram tão apegadas uma a outra que era inevitável. Morreriam de saudades se fossem definitivamente separadas.
Então, para morarem juntas, Isy decidiu deixar para trás o apartamento antigo e ir em busca de algo com um pouco maior que pudesse acomodar as duas. E então, em um mês, estavam as duas em um apartamento não tão bonito, mas confortável e barato para começar uma vida juntas novamente. Aquele era definitivamente um achado e tanto!
Próximo da universidade de Londres, ocupação individual para as duas – Não algo exorbitante, mas um pequeno espaço particular para suas próprias coisas. — que podem chamar de quarto e mais perto ainda do trabalho de Isy.
Não era de fato um palácio e nem se aproximava da mansão enorme de sua tia Hélia, mas aquilo significava muito mais! Aquele era o cantinho, o conforto, o aconchego das duas! Elas estavam tão felizes em viver novamente juntas que se fosse por baixo da ponte, ainda estariam contentes.
Durante esses meses juntas, Isy decidiu incentivar Emmy a procurar algo de interessante. Emily realmente se sentia muito perdida nessa parte, mas era algo muito estranho tendo em vista que sempre soube muito bem o seu gosto pessoal para tudo. Porém, na hora de decidir o que estudar, parece que muitas opções surgem, mas no fim, acaba sempre desistindo.
E aquilo realmente mexia com Emmy que não queria viver uma vida às custas de sua tia para o resto da vida. Já não estava lhe fazendo bem e o tempo só ia passando, fazendo com que não tivesse mais do que cursinhos no currículo. Se sentia péssima, mas precisava parar de apenas se sentir mal com aquilo e tomar uma atitude.
Mas aquele seria o menor de seus problemas.
Após seis meses vivendo o sonho de morar junto a sua irmã, o depósito na sua conta aparece, mas não só ele, Hélia resolve fazer uma visita surpresa a suas sobrinhas que intuitivamente não esperam boas novas de sua tia.
—Eu vou fazer um chá! —Disse Isy indo depressa para trás do balcão que divida a sala da minúscula cozinha.
—Não há necessidade. —Disse Hélia que olhava com desdém ao redor. —Então é para isto que venho enviando os depósitos?
—Ainda estamos deixando com a nossa cara, mas... —Emmy ia dizendo, mas Hélia a interrompeu duramente.
—Não importa. —Emily engoliu em seco ao ser interrompida bruscamente. —Não vim aqui para falarmos sobre decoração. Na verdade, vim comunicar a nossa mudança de volta para o Brasil.
—Brasil? —Isy apertou o seu maxilar e desviou o olhar após a pergunta ligeira.
—Mas é temporário, certo? —Perguntou Emmy.
—Não. Na verdade, iremos partir sem previsão de volta.
—Oh, eu irei sentir falta da senhora e do Jack. —Disse Emmy, enquanto Isy se mantinha em silêncio um tanto pensativa.
—Oh... —Soltou uma risada nada cômica. —Não sentirá querida, pois estará de partida conosco! —Disse fazendo Emmy arregalar os olhos, enquanto Isy, aparentemente pouco surpresa, se colocou a frente da pia despejando água corrente dentro da chaleira.
—O quê? Não! —Emmy soltou de uma vez. —Isso deve ser alguma piada!
—Como se eu fosse uma mulher de piadas. —Hélia disse encarando firmemente Emmy mostrando-lhe certamente que não havia nenhuma brincadeira em suas falas anteriores.
—Ok. —Emmy se recostou no sofá e cruzou os braços. —Eu sinto muito titia, mas isso não irá acontecer. —Apertou o maxilar.
—Não vejo possibilidades disso já que se não for comigo, terá de abdicar dos meus bons depósitos em sua conta. —Disse e Isy quase deixou algo cair na cozinha.
—Está querendo me forçar a ir com você? —Emmy desencostou seu traseiro do sofá e ainda de braços cruzados, questionou a tia de forma incrédula.
—Não é uma ameaça querida! —Ela disse caminhando alguns passos. —Estou apenas dizendo que se não for comigo, não terá mais minha ajuda financeira para se manter. E isso é uma escolha que você poderá fazer.
—Pois bem! —Emmy estufou seus peitos como um galo de briga. —Faça as malas com Jack e aproveite as praias do Brasil por mim, pois eu continuarei bem aqui onde estou.
—É o que veremos meu amor! —Passou a mão no rosto de Emmy que soltava o ar pelas narinas como um búfalo. —Você não tem experiência em nada, muito menos um diploma nas mãos! Como acha que irá conseguir sustentar um apartamento no centro de Londres?
—Eu vou me virar!
—Oh céus! Em que mundo você vive criança? —Hélia parecia certa de que Emmy estava sem opções. —Isadora não tem o mínimo de condições de se sustentar no centro de Londres, imagine sustentar vocês duas!
—Eu não estou dizendo que isso irá acontecer.
—Se Emily deseja ficar comigo, farei de tudo por isso! —Isy disse saindo finalmente de trás do balcão. —Realmente não aceita uma xícara de chá? Fiz o mais calmante possível sabendo que essa visita seria apenas para abalar os nossos nervos. —Disse bebericando o líquido na caneca branca de porcelana.
—Sempre tão desprezível, Isadora. —Ergueu seu queixo para a sobrinha mais velha, olhando a com desdém. —Mas... Talvez mude de ideia ao saber que minha proposta é valida para você também, pois se Emmy decidir vir junto a mim, irei manter os depósitos em sua conta para que consiga manter esse apartamento chinfrim.
—... —Isy tossiu após a rispidez com que o líquido chegou a sua garganta. —Desculpe Hélia... —Ela disse ainda se recompondo do engasgo. —Mas reafirmo que se for da vontade de Emmy continuar a viver comigo, estarei disposta a fazer o melhor por nós duas. E se ela quiser ir para o Brasil, agradeço a oferta generosa de me mandar bons depósitos, mas eu prefiro que os mantenha para si.
—Sempre a mesma tola!
—Chega! —Emmy deu um basta. —Acho que já passou da hora de parar de me sustentar, então, fique com os seus depósitos e gaste com algo para o seu guarda-roupa. Sei que não repete roupas!
—Sabem que irão se arrepender de suas escolhas. —Hélia estava completamente descontente.
—Escolher a minha irmã jamais será motivo de arrependimento. —Emmy retrucou as palavras da tia.
—Estarei no Brasil caso queira sua mesada de volta. —Disse Hélia partindo a caminho da saída.
—Mande ao menos um cartão-postal por favor. —Disse Isy abrindo a porta para Hélia.
—... —Hélia foi porta á fora erguendo o seu queixo como a verdadeira esnobe que é.
Após mostrarem-se firmes e irredutíveis para Hélia, Emmy e Isy se jogaram no sofá salmão e soltaram a respiração de uma só vez. Olhando para a parede a sua frente, ambas se orgulhavam não só da firmeza com que trataram a situação, mas do fato de terem se escolhido perante a qualquer coisa. Entretanto, não podiam negar que estavam assumindo um enorme problema, pois Hélia havia sido má, porém, realista.
Emmy não tinha mais do que alguns cursinhos insignificantes e zero experiência para trabalhar. Não seria fácil arrumar um serviço com esse currículo vago, mas conseguiria em algum momento. O problema é que elas não tinham mais do que um mês, sabendo que o depósito era o suficiente para esse tempo.
—Eu vou tentar fazer algumas horas extras, fazer um tipo de bazar ou qualquer coisa para conseguir dinheiro até que consiga um emprego.
—Eu sinto muito por isso... Realmente eu não queria te forçar a isso tudo!
—Ei... —Isy colocou sua mão sobre a de Emmy. —Eu amo você e realmente irei fazer o meu melhor por nós duas! —Olhava para a irmã. —Realmente iremos nos apertar muito, mas vamos conseguir. Tenho certeza disso! —Apoiou a outra mão.
—Como eu poderia viver a minha vida sem os seus pensamentos otimistas? —Emmy sorriu emocionadamente para a irmã.
—Eu realmente não quero ficar longe de você! —Elas se abraçaram forte naquele sofá salmão que era de fato uma das coisas mais estranhas.
—Uh... —Âncora saltou para o meio delas, fazendo Emmy tomar um susto e soltar um leve gemido, seguido por uma risada. —Também não vivemos sem você, pequena! —Disse pegando-a por baixo das patas frontais.
Capítulo 1 – Detestável
Londres, 07h12 A.M.
—Isy... Isy! —Emmy chamara Isy várias vezes o mais perto possível de sua porta, mas nada de receber uma resposta, então, medidas drásticas resolveu tomar. —ISYYYYYYY... —Ela gritou tão alto que em breve saberia que teria uma notificação do sindico em sua porta mais tarde.
—Emily! —Isy disse dentre os dentes, abrindo a porta com os olhos mais murchos que uma laranja velha.
—Achei que iria precisar para medidas ainda mais drásticas para te acordar.
—Mais drástica que gritar como uma louca fora do hospício? —Perguntou indo em direção ao banheiro.
—O plano seguinte era arrombar a porta.
—Ok Chuck Norris, pelo menos já comprou os nossos pães? —Coçou os olhos enquanto tirava as meias dos pés e as jogando no canto do banheiro.
—Vou colocar uma roupa decente e estarei com os seus pães antes mesmo de terminar seu banho.
—Droga! —Isy disse enquanto Emmy vestia uma calça escura que usaria juntamente a blusa de alcinhas na qual dormiu essa noite.
—O que houve?
—Acho que não vai dar tempo de tomar café! —Disse ela entrando no chuveiro, mantendo a porta aberta. —Não vi a mensagem dizendo que hoje eu abro a loja.
—Eu vou correndo lá na padaria. —Disse Emmy pegando as moedas e correndo para fora. —Já volto!
—Pega a bicicleta do Billy.
—... —Emmy nem respondeu o que disse sua irmã, mas escutou e com toda pressa, desceu pelo elevador — Tal esse que em algum momento parece que vai quebrar de tão velho — e chegou a portaria do prédio indo em direção ao porteiro Billy.
—Bom dia querido Billy! —Disse de forma ainda mais doce do que a de costume.
—Bom dia menina Emily! —Disse devolvendo a simpatia como de costume.
—Billy, seria muito incomodo se eu pegasse a sua bicicleta por alguns minutos? —Perguntou Emily quase que suplicando. —Preciso ir à padaria comprar pão para Isy tomar café antes do trabalho.
—Claro! Ela está logo ali amarrada as grades. —Disse ele entregando-lhe a chave do cadeado.
—Obrigada Billy! Você é um anjo! —Ela disse pegando a chave de sua mão e indo depressa até a bicicleta. Por alguns segundos, Emily encarou aquele negócio e se recordou que há tempos não sabia o que era subir em uma, muito menos andar. Então estufou seus peitos e subiu naquela bicicleta sem pensar duas vezes. —Eu já volto Billy! —Disse passando para fora dos portões enferrujados do prédio. —Seja o que Deus quiser!
Emmy pensou alto ao se deparar com o caminho a seguir montada naquela bicicleta que mais parecia um camelo desengonçado.
No início do percurso eu realmente penei bastante, mas nada como algumas pedaladas para me sentir mais confiante. O problema que me atormentava era chegar à Avenida mais movimentada.
Estava andando normalmente e quando estava entrando na avenida, algumas moedas caíram do bolso da minha calça e não hesitei em dar meia volta. Não sei se havia sido falta de atenção minha, mas quando me deparei, eu já estava no chão ao lado da bicicleta e de todas os meus míseros trocados.
Por alguns segundos eu havia fechado o olho e quando dei por mim, já estava no chão após tudo ficar escuro. Senti os arranhões nos meus braços, bati minha calça um pouco suja e comecei a resgatar minhas moedas do chão até que os pares de sapato mais surrados que os que eu costumo usar, surgiram a minha frente.
—Você está bem? —Aquela voz familiar vinha junto de uma uma mão estendida a minha frente, tal que eu me apoiei para me desfazer da posição constrangedora na qual eu estava para juntar as moedas no asfalto.
—Estou, obrigada... —Disse tentando me recompor.
—Ótimo! Da próxima vez tente olhar por onde anda! —Disse ao mesmo tempo em que se afastava. —Quem foi o louco que lhe deixou andar de bicicleta?
—Como é? —Emmy franziu a testa automaticamente olhando para o imbecil que havia dito aquilo e quando percebeu que era o famoso Henry Dickens, já era tarde demais para desfazer a repulsa. —Henry Dickens não é? —Emmy o observou por alguns instantes.
—O próprio! —Suspirou enquanto abria a porta do seu carro. —Mas acho que não é hora e nem lugar para autógrafos.
—Concordo plenamente! —Ela disse erguendo a bicicleta. —Eu tenho coisas melhores para fazer do que pegar um autógrafo seu!
—O que? —Ele abriu um sorriso irônico de quem não havia aceitado muito bem aquelas palavras. —Como assim garota? Tá achando que é quem?
—Alguém que não faz questão de te conhecer! —Disse ela se posicionando para voltar a pedalar.
—AH! —Ele soltou quase uma gargalhada aos céus. —Até parece! Eu conheço pessoas como você e agora estou até achando que se jogou na frente do meu carro na esperança de realizar um tipo de “novelinha” de fã!
—... —Emmy olhou bem para a cara de Henry e naquele momento, ela estava tão incrédula em suas palavras que se pudesse entregar o papel de maior idiota, lhe premiaria dez vezes. —Nem se você fosse a própria Rainha Elizabeth eu me jogaria na frente do seu carro.
—Ah baby... —Ele abriu um sorriso malicioso e extremamente idiota. Mas antes que pudesse dizer algo mais, várias buzinas começaram a fazer barulho já que ele atrapalhava uma faixa de cruzamento. —Tchau docinho! Olhe por onde anda! —Disse ele entrando em seu carro de uma vez, mas sem antes estampar um sorriso irônico no rosto.
Emmy estava definitivamente irada, mas quando ele a chamou de docinho, certamente elevou seus nervos ao extremo já que qualquer apelido no diminutivo lhe revira o estômago.
—Barbeiro dos infernos! —Resmungou em um sussurro ao ver seu carro partir.
~
—“Alguém que não faz questão de te conhecer”—Repetiu a fala em tom de desdém. —Até parece! Como se eu não fosse o motivo dos sonhos de muitas por esse mundo! Quem ela acha que é? —Perguntou ele pensando alto, olhando para o retrovisor onde coincidentemente a via pedalando desengonçadamente.
Mais a frente, estacionei o meu carro a frente da padaria de Brian, um velho amigo que vende a melhor rosca de açúcar de Londres. Sempre passa ali quando está no em Londres, e é como visitar casa da avó aos domingos para Henry.
—Oi Brian! Como está? —Perguntei já retirando o trocado do bolso.
—Estou bem! —Disse contente em vê-lo. —Acabei de deixar uma fornada fresquinha de roscas de açúcar!
—Você nunca decepciona! —Abriu um sorriso simpático. —Trás uma água pra mim também, por favor.
—Deixa comigo! —Disse ele indo até o freezer um pouco distante, deixando-o por alguns instantes no balcão. Tempo suficiente para Henry avistar Emmy entrando na padaria por outra porta. —Parece um pouco cansada! Veio carregando sua irmã nas costas? —Perguntou Brian para ela. —Sua água e suas roscas!
—Sua padaria é no fim do mundo! —Disse soltando um suspiro. —Mas nada é pior do que ser atropelada por um imbecil!
—Quer dizer que me acha um imbecil? —Henry não conseguiu se segurar e se fez notado a poucos passos dela que ainda não o tinha visto.
—Ah... Para! —Ela enfiou a mão no rosto, quase explodindo de raiva. —Que inferno!
—Sábia que você nem tem tamanho para ser tão arrogante assim?
—Desculpe-me “oh deus maravilhoso e perfeito Henry Dickens”! —Debochou fazendo-o fechar a cara instantaneamente. —Mas o fato de ser um homem alto só o faz ser um idiota maior ainda!
—Eu sou idiota? Brian, foi muito bom te ver e agraço pelas roscas! —Disse deixando o dinheiro no balcão. —Já você, saia das fraudas e amadureça sua criança irritante!
—Arrrg! —Ela bufou irada ao perder a paciência com Henry quase como uma criança birrenta. —Você não é ninguém para me mandar amadurecer.
—Olha gente, isso aqui está começando a ficar feio! —Disse Brian.
—Ao menos sou maior e mais velho! —Ele se voltou até ela. —Você tem o quê? 20 anos? —Desdenhou.
—Não te interessa! —O encarava com rispidez. —Na verdade, quero que você e suas idiotices se explodam!
—É uma pirralha! —Continuou um pouco menos convicto. —Uma pirralha sem educação. Quando encontrar os seus pais, diga a eles para reverem a sua educação pois anda muito agressiva para uma garota!
— ... — Emmy até tentou revidar as palavras estúpidas de Henry, mas não conseguiu. —Você... Você... Arrg... —Seus olhos encheram-se de lágrimas de forma quase que instantânea e então com a voz embargada, Emmy lhe dirigiu uma última frase antes de ir embora. —Você não sabe o que diz!
Emmy nem se quer levou o que veio buscar. Ela simplesmente saiu pelo mesmo lugar em que entrou e subiu na bicicleta partindo desesperadamente.
—... —Henry não sábia ao certo o que havia sido aquilo, mas de fato se perguntava se havia ido longe demais mesmo com aquela garota impertinente.
—Não deveria ter dito aquilo. —Brian disse o olhando sério enquanto permanecia atrás do balcão.
—O que foi que eu disse? —Deu de ombros ainda sem entender o mau da situação. —Você viu ela me chamando de imbecil? —Ele tentava se defender.
—Realmente você não faz ideia!
—Não! Eu realmente não faço ideia porque eu conheci essa menina há uns dez minutos atrás! Quero dizer... —Engoliu seco desviando o olhar por alguns instantes. —Eu quase a atropelei, mas agora estou ficando preocupado de verdade. —Retornou seus olhos para Brian.
—Você simplesmente tocou em um ponto que não deveria! —Disse Brian. —Se você a odeia, acredite, nesse momento ela te odeia muito mais!
—E porquê? —Perguntou Henry enquanto Brian passava um pano sobre o balcão.
— Henry... —Brian pausou o pano sobre o balcão e lhe retornou os olhos. —Emmy foi criada pelos tios. Na verdade, ela e a irmã mais velha vieram para a Inglaterra quando pequenas e você ter tocado nesse assunto dos pais obviamente a deixou abalada, pois além de ser um assunto delicado, Emmy já estava nitidamente com os nervos a flor da pele!
—Hm... — Henry desviou o olhar por alguns instantes sem querer admitir que estava nitidamente se sentindo culpado por aquela situação. —E de onde ela é?
—Brasil.
—Engraçado... Ela veio criança para cá, certo? —Brian balançou a cabeça positivamente. —Mas ela realmente tem sotaque! —Disse ele olhando para o vazio enquanto se recorda de Emmy. —E o que houve com os pais dela?
—Morreram. Ela se acha culpada pela morte da mãe que morreu no parto. —Disse Brian tão diretamente que fez Henry ficar boquiaberto a ponto de engolir seco em seguida e ficar agora nitidamente sem jeito. —O pai faleceu anos depois, pouco antes da tia ter a guarda e as trazerem para cá.
—Eu... eu realmente não deveria ter escolhido aquilo para dizer. —Afirmou arrependido. —Mas como eu poderia imaginar? —Ergueu seus braços ao argumentar em sua defesa.
—É, não deveria! —Afirmou.
—Brian... —Henry olhou para o velho amigo um pouco de lado. —Como você sabe tudo isso? Por um acaso...
—Não continue! —Disse interrompendo-o sabendo da maliciosa mente de Henry. —Elas apenas vêm aqui com frequência desde que se mudaram para um prédio há poucos minutos daqui. São meninas simpáticas e gentis!
—Aquela menina? Simpática e gentil? —Henry olhou bem para Brian.
—Talvez porque simpatia e gentileza seja algo recíproco!
—Entendi... —Henry olhou de lado para Brian não gostando de sua resposta. —Até mais Brian.
—Não demore para vir novamente! —Disse Brian.
—O bairro anda muito mau frequentado! —Sussurrou e atendeu seu celular que vibrava no bolso sem parar.
—E aquela história de que iria voltar antes de eu terminar meu banho? —Disse Isy quase de saída colocando ração para Âncora. —Emmy? —Franziu a testa ao perceber que ela estava chorando.
—Desculpa... —Ela tentou limpar as lágrimas.
—O que? Não... O que houve com você? —Ela foi até a irmã. —O que aconteceu? —A levou para o sofá onde juntas se sentaram.
—Foi um idiota! Imbecil! —Afirmou entre os dentes.
—Que idiota? Te machucou? Te feriu?
—Não vai acreditar...
—Ah que raios, Emmy! —Soltou irritada e preocupada. —Diga o nome!
—Henry!
—Henry o que?
—Henry Dickens!
—O quê? Dickens? Henry Dickens? O famoso? Dito... Aquele cantor? Digo... O cantor?
—É, Isy! O idiota! —Afirmou irritada.
—Eu estou confusa demais! —Disse Isy completamente confusa. —O que ele te fez? Como o encontrou?
—Quase passou com aquele carro por cima de mim! —Disse fazendo Isy arregalar os olhos. —Discutimos na rua e depois na padaria! Agora ele me odeia e eu o odeio!
—É... Mas você acaba saindo em desvantagem nesse rancor, já que ele daqui um tempo possivelmente não se lembrará de você e assim, não terá como te odiar. Enquanto ele está em site, televisão, internet e aí vendo a cara dele em todo lugar ficará difícil esquecer-se dele e de odiá-lo.
—... —Emmy olhava fixamente para Isy. —Ajudou muito em! —Afirmou levantando-se e enxugando as lágrimas. —Ele é um idiota de rostinho bonito! Um arrogante!
—É... Parece que a coisa não foi feia entre vocês, foi HORROSA! —Se colocou de pé.
—Foi horrível! —Afirmou.
—Olha, eu adoraria mesmo escutar cada detalhe dessa história, mas preciso ir antes que eu perca a minha carona. —Disse pegando a bolsa e dando um beijo na bochecha de Emmy. —Tente se alugar com algo para esquecer-se dessa confusão!
—Eu vou ir atrás de algumas vagas de emprego hoje.
—Ok! Faça isso! —Disse quase fechando a porta. —Fica bem! Te amo!
—Também te amo! —Disse Emmy sentando-se a mesa enquanto Isy batia a porta.
Após selecionar algumas vagas, Emily entrou no banho para ir em busca de algum lugar que esperançosamente a contratasse.
~
—Ah Jennete... —John balançava a cabeça em negativa. —Ele vai detestar isso!
—Conte-me uma novidade John! —Disse Jennete do outro lado da mesa. —Henry há muito tempo vem fazendo tudo o que bem entende, por isso anda com essa reputação que me faz dormir somente a base de remédios controlados.
—Isso é verdade! —Concordou. —Não há possibilidade de deixa-lo livre por enquanto. Anda enfiando os pés pelas mãos quase que o tempo todo!
—Mas dessa vez eu irei fazer do meu jeito novamente e “Henry Dickens” é uma marca que pertence a mim! Então se ele quer continuar nessa vida, que seja do meu jeito ou ele que esqueça a carreira dele.
—Mas você acha que essa ideia vai funcionar? Principalmente indo atrás de uma “namorada” que é completamente fora das “Preferências” dele.
—Ele não tem que ter preferências em relação ao tipo de garota com quem irá se relacionar puramente por contrato. —Afirmou Jennete. —E dessa vez eu não quero nenhuma Barbie de passarela. Eu quero um outro tipo!
—E que tipo seria esse?
—Um tipo... Ah... Não sei! Alguém como...
—Aquela menina? —John apontou despretensiosamente com o queixo para a jovem conversando com o gerente do café.
—Sim! SIM! Sim... —Jennete ergueu-se de uma vez sem tirar os olhos daquela menina.
—Jennete... —John engoliu seco e tentou chamá-la num sussurro, mas foi em vão.
—Menina! —Jennete chamou a atenção da garota que levou um pequeno susto em não esperar pelo chamado. —Desculpe-me pelo susto!
—Imagina! —Ergueu os cantos da boca.
—Como se chama? —Jennete perguntou, olhando-a nos olhos, estudando bem aquela garota.
—Emily! Emily Salgueiro!
—Sal... “Salguero” —Tentou repetir. —Espanha?
—Brasil! —Afirmou Emily fazendo com que Jennete espremesse os olhos e lançasse em nada sutil olhar de baixo para cima.
—Precisando de emprego? —Perguntou olhando-a fixamente.
—É aqui do café? —Perguntou franzindo um pouco o cenho.
—Não, não... —Jennete ergueu sutilmente os cantos da boca. —Eu sou a agente de marketing e publicidade de uma gravadora.
—E seria para o que exatamente a vaga se me permite perguntar...? —Emily não podia deixar de parecer desconfiada de uma proposta tão incomum.
—É uma vaga muito especifica e estou procurando por uma garota com basicamente todas as características que você tem fisicamente! —Explicou. —Mas se não quiser, não se preocupe que obviamente deve saber que não há muito de especial em você que eu não consiga encontrar na próxima garota que entrar por aquela porta!
*Entra uma garota quase com as mesmas características que Emily*
—Ok. Como devo proceder?
—Esse é o meu cartão. —Jennety disse entregando-lhe um cartão de visita branco com tiras douradas. —Aqui tem todos os meus contatos e irei te aguardar nesse endereço às duas horas. Se atrasar um minuto, não se dê ao trabalho de aparecer mais!
—Vamos? —John apareceu com as coisas de Jennete.
—Vamos! —Disse ela colocando a bolsa em seu braço e encaixando os óculos de sol em seu rosto finíssimo.
—... —Emily ainda continuou parada ali, observando o cartão com logotipo em dourado contendo as iniciais JF nas quais se referiam a Jennete Fox. Algumas batidinhas do cartão em sua palma da mão e Emmy tomava folego para esperar que essa fosse a oportunidade perfeita para ajudar nas contas de casa.
~
Dia seguinte.
Londres, 01:25 P.M.
—Eu realmente me sinto muito ofendido com essa ideia absurda!
—Isso não é hora para sentir que sua masculinidade abalada, Henry.
—E como não me sentir menos homem dessa forma? Isso não é uma questão de masculinidade e sim de invasão dentro do meu livre-arbítrio!
—Já te dei livre-arbítrio demais sendo que no seu contrato não tem essa opção e mesmo assim eu acabei sendo incrivelmente bondosa a respeito!
—Jennete... Eu posso muito bem cuidar da minha vida amorosa!
—Você anda acumulando tanta notícia negativa a respeito de sua vida amorosa que nem mesmo se o presidente dos Estados Unidos trair a esposa no topo da Estátua da Liberdade será suficiente para cobrir as suas burradas!
—Eu fiquei com uma mulher casada e daí?
—E daí que você ficou com uma mulher casada que traiu um diretor incrivelmente respeitado em Hollywood. —Exaltou-se, colocando de pé atrás de sua escrivaninha. —Deixe de ser um menino mimado e vá trabalhar de acordo com as regras ao menos uma vez!
—Aquele idiota... —Henry resmungou cruzando os braços indo de um lado para o outro na sala.
—Aquele “idiota” é um homem influente que está fazendo das tripas coração para te difamar ao mundo inteiro! A mulher dele terá má reputação até as décimas gerações dela, mas eu não posso deixar isso acontecer com você! Entendeu?
— ... —Com a cara emburrada e totalmente contra essa ideia, Dickens balançou a cabeça positivamente para Jennete.
~
—Não sei como te agradecer por ter vindo comigo! —Emily disse sentada no banco traseiro do carro ao lado de Isy.
—Agora que vai trabalhar com uma agente de marketing e publicidade de uma gravadora, poderia me agradecer me colocando no clipe de um cantor bem legal.
—Você viu que ela é agencia o Nathan, não é? —Emmy olhou maliciosamente para Isy.
—Eu quase enlouqueci! —Disse quase eufórica. —Já pensou se esbarramos com ele em alguma festa?
—Isy... —Emily começou a rir com uma pontada de nervosismo. —Eu nem sei para que finalidade estou indo a esse endereço!
—Ah, não sei mesmo, mas eu espero muito que seja algo bom para você! —Disse fazendo Emily sorrir feliz em tê-la ao lado.
—O endereço é esse aí! —Disse o motorista do carro de aplicativo.
—Tem certeza? —Eu perguntei ao homem, olhando várias vezes ao GPS dele e ao endereço no cartão de visita.
—Mais do que eu me chamo Paul.
—Ok, Paul! —Eu disse abrindo a porta do carro. —Muito obrigada!
—Não esqueçam da estrelinha em...
—Misericórdia! —Isy saia pelo outro lado, admirando o tamanho do lugar. —Isso é muito grande!
—Vamos... —Emily pegou Isy pela mão para caminharem juntas para dentro do prédio gigantesco.
—Cara, esse prédio parece ter sido tirado de Dubai e colocado em Londres! —Disse Isy entrando no elevador juntamente a Emily que apertou no número correspondente a cobertura. —Meu Deus! Imagina a cobertura desse lugar!
—Acalme-se Isy, ou eu vou começar a me comportar euforicamente que nem você!
—Eu estou me segurando! É sério!
—Nunca vi um elevador demorar tanto!
—Obviamente! —Disse. —Nunca subiu 55 andares!
—Já está me dando até uma pressão na cabeça...
—Acho que isso não é do elevador.
~
Jennete se encontrava a postos com um advogado de confiança em seu escritório no segundo andar da cobertura, esperando pela tal menina, até que sua secretária informa que a jovem já se encontra na recepção.
—Mande-a entrar por favor. —Jennete aguardou então a entrada de Emily Salgueiro. —Seja bem-vinda Emily! —Disse ao ver a jovem entrar pela porta. —Entre, sente-se aqui conosco!
—Olá! —Emily tentou não parecer nervosa.
—Você já me conhece, sou a Jennete Fox, agente de Marketing e publicidade da gravadora L.L.P. e esse é o advogado da minha agencia, Dr. Warek Creeker.
—Olá, Srta.! —Disse cumprimentando-a.
—Muito prazer! —Devolveu Emily educadamente.
—Sente-se por favor, Emily! —Disse Jennete sentando-se. —Vamos direto ao que interessa!
—Claro!
—Não poderia te dizer do que se tratava o assunto dentro daquela cafeteria no centro de Londres, pois esse trabalho que tenho pra você é algo que necessita de confidencialidade. —Explicou aumentando os batimentos de Emily. —Por isso, deixo claro que até mesmo essa conversa deverá ser assinada por você para garantir que essa história não saia daqui de forma alguma!
—Ok. —Emily respirou fundo.
—Este documento contém apenas o assunto de sua contratação e ao assinar, você se responsabiliza em manter essa conversa em confidencial.
—Eu posso ler um pouco? —Perguntou Emily fazendo Jennete rolar um pouco os olhos, mas ao mesmo tempo se sentir aliviada de não estar prestes a contratar uma desmiolada.
—Sem problemas!
Após ler o contrato e assinar perfeitamente as três folhas, Jennete pode contar então do que se tratava o tal “trabalho” confidencial.
—Namorada? —Emily estava um pouco boquiaberta com o trabalho proposto por Jennete. —Desculpem, mas eu não podia imaginar uma coisa dessas!
—É bem comum no meio artístico, mas essa é a primeira vez que utilizo dessa estratégia puramente em um momento de desespero!
—Mas porque uma namorada de aluguel seria bom para um artista famoso? Principalmente uma pessoa tão simples e anônima como eu?
—Vamos a lógica da situação! —Jennete se colocou de pé para explicar as razões desse trabalho. —O meu cliente é um jovem um tanto “irresponsável” digamos assim! Que acabou tendo alguns envolvimentos amorosos conturbados com mulheres que não deveria nem ao menos dizer “oi”! —Explicou Jennete tendo uma súbita vontade de agredir Henry ao recordar de sua estupidez. —O marido dessa mulher, cujo foi traído e humilhado publicamente pela mídia, é um homem de prestígio dentro de Hollywood e não está querendo deixar barato, descontando na imagem do meu cliente. Por isso, para amenizar esse envolvimento que não teve provas, você entra como a namorada dele!
—Acho que estou conseguindo compreender...
—Acho que você é inteligente o suficiente para pegar essa jogada de Marketing! —Disse Jennete sentando-se de volta atrás da mesa a frente de Emmy. —Você será a saída do meu cliente da reputação de “destruidor de lares” que esse senhor influente está querendo impor na mídia!
—E quem seria esse “destruidor de lares” que irei namorar? —Emily perguntou espremendo sutilmente os olhos.
—Bom, essa é uma outra questão... —Disse Jennete. —Eu não posso te dizer quem é até que você aceite esse trabalho e assine o contrato.
—Mas como eu poderia “namorar” alguém que eu nem sei quem é? —Emily abriu um sorriso sem humor, querendo parecer lógica para as pessoas na sala.
—Querida... —Jennete se inclinou para a frente, aproximando-se um pouco mais de Emily. —Você pode pegar ou largar, mas já te adianto que eu pago muito bem e adiantado!
—E de quanto estaríamos falando... Quero dizer! —Emily tentou redizer. —Sem querer ser indelicada, mas quanto seria esse pagamento?
— ... —Jennete escreveu em um de seus cartões de visita o valor que não era pouco e arrastou pela mesa até a frente de Emily.
—Isso parece bom pra você?
—O quê? —Emily pegou o cartão nas mãos e logo retornou os olhos enorme para Jennete. —Isso mesmo?
—Uhum!
—Mas espera um pouco... —Emily recuou rapidamente a euforia. —Eu terei que fazer alguma coisa com esse homem? Digo, beijo, sexo...? —Ergueu uma das sobrancelhas.
—Possivelmente acontecerá de precisarem ter momentos de carinho e afeto publicamente, mas isso só acontecerá quando estiverem em PÚBLICO. Caso estejam dentro de um cômodo seguro e sem câmeras, podem ficar há quilômetros de distância sem problema algum!
—Onde eu assino? —Perguntou Emily de imediato.
—Kreeky! —Jennety chamou o advogado.
~
Não tinha como ela deixar de aceitar aquilo! Quer dizer, Emily havia visto um número maior do que os dos depósitos de sua tia e aquele dinheiro seria exatamente a salvação para os próximos meses.
—Assine aqui, aqui, aqui, aqui e aqui. —Disse o advogado.
Ela teria aquela quantia gorda por três meses ou até mais, caso Jennete achasse que a situação de seu cliente precisasse de mais tempo para ser resolvida.
O único receio de Emily era realmente precisar ter algum tipo de relação sexual com o tal artista, mas como Jennete garantiu que isso não seria necessário tendo em vista que só era interessante a troca de afetos quando estivessem em público, Emmy não pensou duas vezes.
Depois de assinar, algumas neuroses começaram a passar pela sua cabeça como quem seria o tal homem. Se seria velho, gordo, bonito, careca, muito famoso, muito estranho, com bafo, cheiroso... E etc. Mas parecia que finalmente, estava na hora de conhecer quem seria o seu namorado pelos próximos três meses!
—Acompanhe-me por favor, Emily. —Disse Jennete levantando-se da cadeira e saindo porta a fora, sendo seguida por Emily que ao sair, encontrou-se com Isy que não perdeu a oportunidade de juntar a elas. —Seu “namorado” está aqui. —Disse Jennete abrindo a porta.
~
—Eu não consigo engolir essa história. —Disse Henry sentado em uma das poltronas, mantendo-se de costas para a porta da sala.
—Tente engolir após morder um pedaço de pizza! —Disse Nathan com uma fatia de pizza na mão.
—Você vai morrer se não parar de comer tanta porcaria!
—Você come rosca de açúcar todas às vezes que está em Londres!
—Aquilo é algo especial, não “pizza!” —Disse. —E outra, se sua personal te ver comendo pizza, adeus finais de semana livres!
—Não seja estraga prazeres! —Disse Nat.
—Você não deveria estar em uma reunião agora? —Henry perguntou a Nat.
—Jennete cancelou por causa desse seu negócio de namorada!
—Isso não é justo!
Mensagem:
Número desconhecido
—Eu estou com muitas saudades de você!
Henry olhou para Nat focado na pizza e na bela vista da janela ampla, e começou a digitar.
—Também estou com saudades de você e dos seus beijos!
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—Eu posso sentir seu corpo daqui...
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—Onde você está?
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—Se eu disser você vem e nós não podemos de forma alguma dar essa brecha para o Tom.
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—Está em Londres, não está? Onde?
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—Não posso Henry... Mas estou com saudades! :/
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—Onde você está?
.
—
.
—Responde! Eu te quero muito! Estou louco pra te ver, beijar você, beijar o seu corpo... Thea!
.
—
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—Thea!
—Henry! —Jennete entrou na sala e Henry escondeu o celular como se ele fosse um pacote de cocaína prestes a passar pela fronteira.
—Olá Jennete! —Nat a cumprimentou serenamente.
—O que faz aqui Nathan? Nossa reunião foi cancelada!
—É bom te ver também, Jennete!
—Enfim... —Jennete balançou a cabeça e revirou os olhos no intuito de não se estressar com os deboches de mais um de seus clientes. —Henry, agora você está definitivamente em um relacionamento sério! —Disse Jennety abrindo espaço para as meninas entrarem.
—... —Ao entrar a menina de cabelo cacheado, Henry deu de ombros, ao contrário de Nat que ficou um tanto boquiaberto ao vê-la. Parecia o tipo perfeito dele, ao contrário de Emily que já ao tomar a visão de Henry, parecia ser o próprio diabo.
—Quando eu escutei Henry, torci para ser Harry ou qualquer Henry desse mundo que não fosse Dickens... —Emily enfiou as mãos no rosto.
—O quê? —Jennete fechou o sorriso orgulhoso no mesmo instante em que Emily terminou a frase. —Como?
—Não acredito que entre milhões de mulheres você foi capaz de escolher justamente ESSA! —Henry ergueu-se da cadeira e passou a mão no cabelo os jogando para trás. —Não! —Ele sorriu inquieto, fazendo sinal de negativo com o dedo indicador enquanto ia de um lado para o outro. —Escolha outra! Não vou namorar essa menina arrogante!
—Pela primeira vez eu concordo! —Disse Emily. —Sem chances de eu namorar três meses esse imbecil! —Afirmou balançando negativamente a cabeça. —Me ofereça milhões que não serão o suficiente para conviver com esse animal!
—Oh céus! —Jennete estava boquiaberta com o show de ofensas que aconteceu em menos de cinco minutos entre Henry e Emily ao se encontrarem.
—Eu sou o animal? —Henry apontou seu dedo para si. —Eu? Você que age o tempo todo como se viesse de uma safari e eu sou o animal? —Soltou uma risada irônica.
—Alguém me dê traga um remédio bem forte para dor de cabeça! —Disse Jennete indo para fora da sala.
—Isso não pode ser possível! —Disse Emily.
—Acalme-se Emily! Por favor!
—Eu tenho mil motivos para pular dessa janela! —Henry disse.
—Não seja dramático! —Emmy disse o deixando ainda mais irritado.
—Dramático? Eu vou ter que te namorar por TRÊS... —Ergueu três dedos. —Três meses! Você tem noção que vai ser uma tortura para mim?
—Como se eu achasse isso um sonho... —Emily revirou os olhos.
—Não revire os olhos para mim! —Henry bufou, cruzando os braços e amarrando ainda mais sua feição para Emily.
—Acostume-se a me ver fazer isso pra você pelos próximos três meses! —Afirmou Emily o olhando com desdém.
—Talvez acabe revirando seus olhos para mim de outra forma, “Emmy”! —Disse Henry soltando o apelido de Emily de forma irônica.
—Não pode me chamar de Emmy! —Bateu o pé de forma tão infantil quanto Henry. —Onde escutou isso?
—Brian! —Ele soltou um sorriso de lado e se sentou na poltrona novamente, mantendo os olhos em Emily. —Te chamar de “Emmy” te irrita? —Sorria de lado para ela.
—Não. Você me irrita! —Emily disse virando-se e se mantendo de costas para Henry.
—Esse circo acabou? —Jennete retornou com a mão na testa. —Não vejo a hora de me aposentar e viver sem estresse em Cancún!
—Jennete! Isso realmente não pode acontecer! —Henry se levantou mais uma vez da poltrona e disse se aproximando da agente. —Olhe bem para esse projeto de mulher! Realmente acha que a mídia vai engolir que eu, Henry Dickens, estou namorando essa criança?
—... —Jennete ergueu uma das sobrancelhas para Henry e o olhou fixamente, pronta para decapitá-lo.
—Sem querer te ofender, docinho... —Henry disse para Emily que mau podia acreditar nas idiotices que dizia. —Mas acredite, ela não é o tipo que conquista um cara como eu!
—Como se você fosse todo esse pacote de biscoito... —Emily disse mantendo seus olhos nas unhas, nitidamente desdenhando com classe.
—Ouça aqui...
—Ouçam aqui vocês! —Jennete interrompeu Henry. —Ambos têm um contrato comigo agora, e a partir de hoje, vocês são a porcaria do casal mais feliz que existe em Londres! —Disse sem a menor paciência, fazendo com que Henry e Emily, inclusive Nat e Isy prestassem bem a atenção em suas palavras. —Eu realmente não quero saber o porque vocês se detestam tanto, pois o que me interessa é que nós próximos meses o mundo acredite que vocês estão loucos de amor! Fervendo de paixão um pelo outro como se tudo fosse motivo de sexo!
— ... —Emily fez careta ao olhar para Henry. —Acho que será o maior desafio do mundo mostrar algum desejo sexual por esse homem! —Emmy soltou um suspiro, fazendo Henry manter-se calado e boquiaberto, com a língua apontada pela lateral interna de sua boca. Soltando um sorriso intrigante ao fim com um ar de quem acaba de aceitar a guerra.
—Eu não me importo! —Disse Jennete olhando bem para os dois. —Quando estiverem sozinhos, se matem, se mordam, se enforquem... Mas voltem vivos durante esses três meses quando eu mandar para aparecem publicamente felizes e apaixonados! Entenderam bem? —Ela tinha os olhos arregalados e afeição mais ameaçadora de todas.
—Sim... —Disse Henry.
— ... —Emmy engoliu seco e respondeu positivamente em seguida.
—Ótimo! Às três horas eu quero os dois nas ruas mais movimentadas de Londres, indo em um comércio público e comprando algo juntos! Quero engajamento dentro e fora do local! Muito carinho, muito afeto, muitas brincadeiras e sorrisos! Algo contrário disso não resultará em boas situações para os dois!
—Não sei como isso funcionará bem! —Disse Isy.
—Tem que funcionar meu bem! —Disse Jennete. —E vocês dois, venham até a minha sala comigo! —Disse Jennete para Nat e Isy. —Agora vocês precisam assinar o acordo de confidencialidade também e talvez, até venha a calhar!
—Ok. —Responderam mutuamente seguindo-a enquanto deixava aquela sala.
~
—Deus deve estar me castigando! —Disse Henry fazendo Emmy erguer uma das sobrancelhas para ele.
—Ah, com toda certeza! —Emmy disse indo a caminho da porta.
—Até sua voz é irritante! —Disse ele seguindo logo atrás em direção a porta.
—A cale-se Henry! —Disse ela abrindo a porta.
— ... —Ele bateu a porta a impedindo de sair.
—Eu nem sei porque Deus está me castigando assim, mas imagine se eu tivesse matado alguém, como ele poderia me dar um castigo maior do que esse? —Ela ergueu seu rosto farto para Henry.
—Vamos deixar claro que você é a insuportável aqui! —Disse Henry olhando bem para os olhos de Emily enquanto se encontravam presos na sala por ele.
—Acredite, você não é suportável puramente por ser famoso! —Ela sorriu com deboche.
—Você se acha muita coisa para me desdenhar tanto! Mas na verdade, eu acho que está blefando! —Disse ele bem perto de Emmy, olhando a bem nos olhos.
—Isso não é um jogo de cartas, Henry Dickens. —Ela disse o olhando ainda mais fixo que ele, já que Henry mantivera seu olhar divido entre o olhos e a boca de Emily.
—O que estamos jogando então Emily? —Ele perguntou e por um triz, aquilo não se tornava algo muito contraditório entre eles.
—Emily? —Isy girava a maçaneta, fazendo com que Henry tirasse o peso de seu braço que prendia a porta.
—Estou aqui Isy... —Emily lançou um último olhar repulsivo para Henry e abriu a porta, indo de encontro a sua irmã.
—Porque a porta estava fechada? —Perguntou Isy para Emily.
—Por pura babaquice de certas pessoas!
—Oi... —Nat apareceu e cumprimentou sorridentemente Isy como se não a visse desde ontem.
—Oi... —Isy tinha um sorriso bobo para Nat e Emmy não pode deixar de notar, o que a fez franzir o cenho e erguer os cantos da boca, percebendo que não só guerra aconteceria por ali.
—Eu vou ir descendo e... —Disse Emily indo em direção ao elevador.
—... —Quando alguém segura a porta e não poderia ser ninguém além do último homem que ela gostaria de ver na terra. —Oi “amor”!
—Que ódio! —Emily enfiou a mão no rosto, ação que repetia em todas as vezes que Henry a irritava maquiavelicamente.
—Então... Sinto muito em te dizer, mas preciso do seu número de telefone.
—O quê? —Emily fez careta ao parecer não entender bem. —Eu não vou te dar o meu número.
—Acredite, eu também não estou afim de te colocar na minha agenda telefônica! Mas Jennete disse que é “necessário”. —Enfatizou.
—Por um acaso alguém vai ver meu telefone?
—Ela disse que é por precaução! —Exclamou. —Toma! Coloca aí e salve como Emmy.
—Não vou salvar meu número no seu celular como Emmy! —Ela disse com o celular dele em mãos.
—Olha, você é bem chata, sábia? —Resmungou pegando o celular do bolso dela. —Será que tem alguma foto comprometedora aqui?
—Você parece ter treze anos! —Disse Emmy enquanto começava a digitar o número.
Mensagem para Henry:
Número desconhecido
—Eu não posso dizer onde estou, apenas que queria sentir o seu corpo no meu como aquele dia no México. Só eu e você é o que eu sonho todas as noites agora!
— Pronto! —Emmy devolveu o celular a Henry que ainda fuxicava o celular dela. —Pode me devolver o seu?
—Se você pode ler minhas mensagens eu posso ler as suas! —Disse quando quase chegavam ao térreo.
—Eu não li suas mensagens! —O elevador abriu e enfim chegaram ao térreo.
—O que estava fazendo agora? —Ele perguntou olhando-a com os cantos da boca levemente erguidos.
—A mensagem apareceu, não foi minha culpa!
—Também não tenho culpa se tira fotos só de lingerie! —Abriu um sorriso debochado no rosto, devolvendo o celular para Emmy.
—Eu não tenho fotos assim... —Emily alegou, mas o rosto estava completamente vermelho.
—Na sua lixeira tem! —Disse colocando os óculos escuros e se afastando.
—Arrg... —Emily bufou indo rapidamente até a lixeira e vendo que não havia foto alguma lá. —Idiota! —Revirou os olhos.
—Tchau amor! —Disse jogando um beijo, fazendo Emmy respirar fundo para não revirar os olhos.
—Emmy! —Poucos minutos, Isy apareceu no outro elevador. —O carro já está vindo?
—Acabei me distraindo! —Disse soltando um suspiro.
—Porque precisa ficar no telefone comigo? —Perguntou Isy do outro lado da linha. —Estou aqui no estoque escondida atrás das caixas por sua culpa!
—Eu preciso de apoio moral! —Disse Emmy. —Por favor! Sabe o quão repugnante é ter que pegar na mão de Henry? —Ela esperava na portaria do prédio.
—Ah claro... Aquela mão grande, forte, com dedos longos e... Ufa! Repugnante!
—Não seja tola! —Emmy disse revirando os olhos. —Ele chegou.
—Fique mais animada, é o seu namorado! —Gargalhou do outro lado da linha.
—“Ele chegou!”—Disse de forma irônica, fingindo animação. —Beijos!
—Beijos, te amo! —Disse Isy enquanto Henry abria a porta para Emmy entrar.
—Também te amo! —Desligou então.
—Coloca o cinto. —Disse batendo a porta do carro e dando a volta.
Hoje não parecia um dia muito feliz para Henry e certamente não estava para ser o melhor de Emily.
— ... —Colocando o cinto.
—Falava com quem? Seu namorado? —Perguntou ele após colocar o cinto.
—É o que? —Ela franziu o rosto em uma careta.
—Ouvi dizer que ama alguém pelo telefone. —Deu partida.
—Não que isso seja da sua conta, mas era a Isy. —Respondeu um tanto atravessado o fazendo soltar um sorriso que mostrou o chiclete dentre seus dentes.
—Eu sei!
—Que não é da sua conta a minha vida?
—Que não era um namorado! —Ela revirou os olhos. —Para de revirar esses olhos, que chatice!
Ligação da Jennete.
Transferência para o carro.
—Harry.
—Sim Jennete.
—Emily está com você?
—Olá Jennete!
—Ok. Preciso que você a leve em casa ao fim do compromisso de hoje!
—Se não tem outra opção! —Disse Henry.
—Não e tem mais uma coisa!
—Isso não me deixa surpreso! —Retrucou.
—Cale-se Henry! —Ordenou. —Preciso que fique na casa dela por algum tempo!
—O QUE? —Ambos soltaram a pergunta em voz alta, quase que em desespero.
—Qual a necessidade disso, Jennete? —Perguntou Emmy.
—Não é para fazerem nada, apenas fiquem juntos por algum tempo para gerar especulações! —Explicou. —No fim, acompanhe o seu “amado” até a saída de sua casa e se despeça dele carinhosamente!
—Com beijo? —Henry perguntou.
—Com um soco?
—Fique mansa gatinha, fique mansa... —Passou a mão na cabeça dela.
—Tire sua mão de mim! —Ela disse afastando a mão de cima da cabeça dela, o fazendo abrir uma risada empolgante.
—O beijo só irá acontecer se for...
—NECESSÁRIO! —Ambos disseram para Jennete e não conseguiram evitar se olhar seguindo de um sorriso.
—Boa sorte! —Desligou.
—Transferi aquela foto de lingerie para o meu celular! —Ele disse com um sorriso debochado.
—Cala a boca, Henry! —Emmy cruzou os braços e se manteve de cara fechada, olhando para a janela. —Só fale comigo fora desse carro! Aliás, é bom ver ele de dentro e não do para-choque!
—A visão do para-choque foi culpa sua!
—Ah claro! —Revirou os olhos e fechou a cara. —Falo com você novamente no mercado.
—Se é o que você quer...
~
Não demorou muito para chegarem ao mercado que nitidamente foi uma ótima escolha já que tem uma quantidade de gente considerável. “Market L. Center”. Henry olhou aquele mercado ao estacionar e recordou que jamais entrara naquele lugar em todas as vezes que vinha ao centro de Londres. E o motivo era exatamente por conta do movimento grande do estabelecimento, algo propício para vender a história de Jennete.
—É aqui. —Disse Henry se soltando do cinto.
—Aqui? Vamos ao mercado? Porque aqui? —Perguntou Emmy mas sem receber nenhuma resposta de Henry.
—Que lugar melhor que o mercado central de Londres?
—É... Deve saber o que está fazendo. —Disse ela se soltando do cinto e abrindo a porta.
—Não, não... —Ele disse fazendo-a parar no mesmo instante com uma afeição confusa.
Estava tão imóvel como se houvesse pisado em uma mina terrestre! —Fique onde está! —Disse e então deu a volta pelo carro, abrindo o restante da porta para que Emmy pudesse sair.
—Isso é realmente necessário? —Emmy espremeu seus olhos para Henry.
—Claro meu amor! —Disse Henry sempre em um tom preocupante de deboche. —Não se esqueça que devemos parecer “apaixonados”! —Enfatizou olhando-a bem nos olhos antes que ela revirasse os mesmos para ele.
—Como eu poderia ousar me esquecer!? —Deixou o carro então.
—Vamos! —Disse estendendo a mão para Emmy. —Me dê a mão!
—O que? —Ela engoliu seco um tanto sem jeito.
—A mão Emily. A mão! —Arregalou os olhos para ela esperando urgentemente que ela não o deixasse no vazio.
—Desculpe... —Ela recuperou o fôlego e juntou sua mão a de Henry.
—Saiba que está sendo tão difícil para mim, quanto pra você! —Soltou um suspiro colocando os óculos escuros no rosto.
—Acredito em você! —Disse ela fazendo Henry engolir seco por um momento. Esperava algo mais ácido que algumas meias palavras desconfortáveis.
Enquanto caminhavam para dentro do estabelecimento, não pode deixar de sentir a maciez da mão de Emily. Tal coisa que não esperava notar, mas imperceptivelmente, já havia notado quando se deu conta!
Além de macia, era quente e delicada. Poderia admitir a si mesmo que estava sendo prazeroso tocar a mão de Emily, mas seria como declarar-se insano!
~
Não havia como negar o desconforto. Emily e Henry estavam nitidamente sem jeito e duros como uma pedra para alguém olhá-los e dizer que eram de fato um casal apaixonado! Aquilo precisava mudar o quanto antes e ambos esperavam que ao decorrer do tempo naquele mercado algo pudesse começar a ficar mais natural.
—Eu não sei ao certo para onde ir... —Emmy murmurou como se estivesse em uma missão secreta.
—Que tal para a seção de biscoitos agente?
—Agente? —Emmy franziu o cenho olhando para Henry enquanto o mesmo tinha um sorriso de lado humorado.
—Vamos até os biscoitos! —Disse indo e a fazendo caminhar junto.
—Ok, ok. —Disse.
—“Ok” mesmo ou quer brigar comigo até pela seção do mercado? —Perguntou baixo enquanto iam até a seção.
—Você é o imaturo desse relacionamento! —Disse ela, curiosamente o fazendo rir. —Qual a graça? Eu queria te ofender! —Disse abaixando-se até uma prateleira baixa.
—Desculpe por te deixar frustrada! —Disse continuando com um sorriso no rosto até que algumas jovens surgiram na mesma seção.
—Amor... —Emmy se levantou rapidamente percebendo que Henry não havia captado a situação “necessária”. —Nós temos companhias bem jovens na seção. —Disse em um sussurro erguendo-se na ponta dos pés, inclinando seu corpo para o de Henry, deixando-os numa proximidade muito intima.
Nos pensamentos de Emmy, ela não pode negar que dizer aquelas palavras quaisquer no ouvido de Henry, precisando chegar tão perto, a fez sentir algo muito averso de repulsa. Por algum momento aquelas covinhas lhe pareceram... atraentes!
~
De fato, Henry a detesta com todas as suas forças, mas quando ele sentiu seus lábios tão próximos de sua orelha, algo o remexeu por dentro e não era do tipo ruim. Na verdade, era algo muito semelhante a prazer, tal sensação que Henry negaria até a morte naquele momento se alguém lhe questionasse.
Emmy não havia dito nada demais, entretanto, até os pelos mais finos de sua nuca se ergueram com rapidez deixando-o imensamente confuso.
De qualquer forma, ele ainda não a suportava.
—Ok... —Quando lhe deu por si, suas covinhas já haviam aparecido.
—Que tal esse? —Ela pegou tinha um biscoito nas mãos.
—Tem certeza? —Perguntou tentando uma conversa natural.
—Olhe o valor nutricional e confira o quão adequado esse é para a nossa alimentação! —Entregou-lhe a embalagem nas mãos. Henry passou os olhos em qualquer lugar e então concordou.
—Fico feliz que minha namorada é uma expert em alimentos saudáveis! —Henry disse e apertou levemente a bochecha de Emmy. Tal ação que fez a mesma olhá-lo um tanto atravessado.
—Elas se foram... —Disse Emmy soltando um suspiro.
—Definitivamente você não nasceu com o dom de nenhuma Angelina Jolie!
—“Minha namorada é uma expert em alimentos saudáveis”! —O imitou num sussurro. —Acredite, você também é de longe um Denzel Washington!
—Desculpe se isso foi o máximo que eu consegui chegar em um elogio para você! —Ele disse enquanto caminhavam para fora do corredor.
—Bom, acho que precisamos de uma cestinha “namorado”! —Disse ela soltando um sorriso assustador no fim na frase enquanto puxava uma cesta vermelha.
—Acho que você gosta em... —Ele disse desviando o olhar e colocando um sorriso cínico no rosto.
—Não ouse me irritar. — Disse ela num sussurro, olhando ao seu redor com receio de ser ouvida. —Pois tudo o que gostaria de fazer era enfiar essa cesta em sua cabeça e partir para um lugar onde você não esteja. —Disse dentre os dentes. Mas antes que ele pudesse responder, acabou sendo reconhecido por um rapaz que bateu de frente ao sair de uma seção.
Com isso vieram um, dois, três e quando Emmy se deparou, estava bem distante do namorado de mentira. Era como um enxame de abelhas ao redor de Henry e se ousasse estar ali, certamente poderia ser pisoteada. Escolheu então ir a uma seção de ervas e grãos, pretendendo procurar algo novo para um chá.
~
Ele ama todos os seus fãs, isso é incontestável, mas era sufocante quando se aglomeravam a sua volta esquecendo que ele ainda é uma pessoa e que oxigênio é necessário.
Quando a poeira abaixou, Henry conseguiu respirar e quando se deu conta, lembrou-se de Emmy e foi a sua busca pelo mercado o que lhe causou mais algumas aglomerações mesmo que se escondesse atrás de um disfarce básico de quem vai ao jogo de beisebol. (Óculos e boné.)
—Por um triz, acreditei que realmente tivesse ido embora para um lugar em que eu não estivesse! —Henry disse respirando afobado após percorrer por quase todo mercado a sua busca.
—Hm... —Ela disse tranquilamente pesando um saquinho de papel cheio de ervas para chá. —Acho que a multidão de fãs me deu esse prazer de encontrar um lugar nesse mercado livre da sua presença!
—Esquece! —Ele disse deixando de lado qualquer resposta atravessada que poderia retrucar. —Eu realmente estou exausto!
—Quando chegarmos em minha casa, prometo lhe preparar um chá! —Disse erguendo o saquinho calmamente como se fosse um monge.
Henry e Emmy circularam mais alguns momentos pelo mercado desfrutando o desprazer da presença um do outro. Até passarem a conversar novamente de forma natural.
—Posso te fazer uma pergunta?
—Você já está fazendo, Henry. —Disse Emmy enquanto escolhia algumas maçãs.
—Como se meteu nisso? —Perguntou. —Digo, como acabou no escritório da Jennete assinando um contrato como esse?
—Bom, não que eu goste de lhe contar sobre a minha vida, mas foi tudo um grande acaso! —Explicou. —Eu procurava por emprego e precisava o mais rápido possível! Encontrei Jennete exatamente no momento em que me candidatava a uma vaga de atendente para uma cafeteria. Ela tinha uma proposta misteriosa e bom, eu não havia tido muita sorte até o momento!
—Como confiar em uma pessoa desconhecida? —Henry se perguntava ironicamente.
—Quando você não opções e apenas esperanças! —Afirmou fazendo Henry acabar concordando. —Mas espera... Porque esse súbito interesse na minha vida em? —Ela o olhou um tanto encabulada.
—Nada, apenas acredito que em algum momento devemos nos comunicar sem acidez!
—Muito maduro da sua parte! —Elogiou. —Não esperava que algo assim viesse de você!
—Olha, eu realmente estou tentando! —Disse soltando a respiração de uma vez após ser elogiado e diminuído quase que ao mesmo tempo.
—Desculpe, as vezes é mais forte que eu te detestar! —Disse e por um segundo eles desviaram fortemente o olhar para bem longe dos olhos um do outro. Algo nessa frase certamente mexia em seus orgulhos.
—Então... Então me diga! —Henry parou com Emmy num corredor qualquer. —Havia alguma urgência especial em precisar logo de um emprego?
—Uhum... —Ela respondeu olhando os produtos na prateleira puramente para não o encarar. —É uma história complicada, mas resumidamente eu fiquei sem condições de ajudar a minha irmã com as contas depois de alguns meses morando juntas e para deixar de morar com ela, precisei arrumar uma fonte de renda que não fosse às custas da minha tia.
—Deixe-me entender melhor... —Estava raciocinando. —Sua tia sustentava a sua casa?
—Não, ela sustentava a mim! —Explicou. —Então ela decidiu ir embora para o Brasil e como eu não quis retornar, ela simplesmente disse que deixaria então de me sustentar. O que de fato acho até bom, pois já estou muito “velha” para ter tios me mandando mesada!
—Não gosta do Brasil? —Perguntou mais curioso do que poderia se permitir.
—Amo! Mas amo mais a minha irmã e definitivamente irei somente para onde ela for!
—E quando ela se casar? —Perguntou Henry pegando qualquer coisa e colocando na cestinha. —Essa cesta já está pesada, deixe comigo. —Disse pegando a cesta.
—Quando ela se casar, espero que o marido me aceite também! —Ela soltou uma risada que fez Henry erguer um dos cantos da boca.
—Mas você pode ter sua própria família, talvez até antes dela... —Disse sem nem saber para onde levava o assunto.
—Ah é? —Ela riu. — Olhe bem para mim, não sei o que estou fazendo da minha vida e para piorar, estou em um namoro que você sabe as condições.
—É... Parece que ela está enfeitiçando Nat!
—E o que poderia me dizer sobre isso? —Perguntou Emmy agora o fitando e indo para o caixa. —Quero dizer... Nathan é uma pessoa boa?
—Bom, somos amigos há um bom tempo e como todo mundo temos nossos altos e baixos... Mas Nathan é uma pessoa boa!
—Bom... Pois tenho medo que por conta de estarem próximos demais, algo ou alguém a machuque. E realmente quero acreditar que Nat não seja esse alguém.
—Olá, boa tarde! —Disse a atendente de caixa.
—Olá... —Henry disse juntamente a Emmy. —Acho que é só!
—Tem certeza, amor? —Perguntou Henry colocando-se um pouco atrás de Emmy a fazendo engolir seco. Ele havia perguntado de forma tão natural que a atendente logo esticou os olhos para os dois.
—Ah... Aquele chocolate que amo! —Disse Emmy com um tom de voz tão sutil e meloso que ambos poderiam ter adquirido diabete no exato momento.
—Adicione o de amendoim com chocolate por favor! —Apontou Henry.
—Obrigada! —Disse Emmy com um sorriso pouco espontâneo no rosto.
—Mais alguma coisa? —Perguntou a atendente.
—Não, somente isso! —Disse Emmy.
—O total de £67.
—... —Emmy abria a carteira, mas Henry a impediu com uma mão, levando a outra com dinheiro até a mão da caixa.
—Fique com o troco. Obrigado.
— Mas...
—Obrigada! —Disse a atendente enquanto Henry arrastava sutilmente Emmy para longe do caixa.
Henry e Emmy continuaram no papel encarnado, saindo de mãos dadas para fora do estabelecimento e indo em direção ao carro.
—Henry... —Ela finalmente lhe dirigiu a palavra quando entraram no carro. —Eu poderia ter pago aquela conta.
—E que tipo de namorado seria eu se não pagasse? —A olhou esperando-lhe uma resposta dentro de sua lógica.
—É sério! Eu poderia ter pago aquilo! —Ela estava incomodada.
—Olha, Emmy! Não fiz por mal, ok? —Disse dando ré no carro, prestando atenção na câmera traseira do carro. —Eu realmente só acho que aquelas poucas libras te possam fazer mais falta do que fariam para mim!
—Mas não é questão de dinheiro e sim de princípios! —Disse ela.
—Você era sustentada por mesada, Emily! —Afirmou a deixando nitidamente sem resposta. —Emmy... —Ele engoliu seco. —Eu...
—Não precisa se desculpar, na verdade, você está correto dessa vez. —Afirmou sem fita-lo.
— ... —Henry se calou. Não tinha nenhuma resposta na ponta da língua dessa vez! Emmy também não tinha mais o que dizer, mas ela o surpreendeu retirando a barra de chocolate de uma das sacolas. —Aqui...
—O que? —Henry desviou rapidamente seus olhos da direção. —Não, esse chocolate é seu!
— Não posso! —Disse ela o deixando confuso. —Eu detesto amendoim! —Sorriu o fazendo rir. —Você pegou justamente o chocolate que mais detesto! —Riam juntos da situação.
~
Chegaram enfim ao prédio de Emily. Aquele prédio comprido, antigo e precisando de reformas é onde fica o seu mais recente e verdadeiro lar. Na portaria estava Billy que ela cumprimentou tão docemente que Henry não pode deixar de notar.
Entraram então no elevador antigo do prédio que subiu até o quarto andar, deixando-os frente a frente de um corredor estreito com carpete marrom e portas verde escuro.
—Qual é o seu? —Perguntou Henry ao se deparar com seis portas ao redor.
—D-6. —Respondeu enquanto caminhava até a ponta do corredor, vasculhando a bolsa até retirar sua chave.
Assim que entraram no apartamento, Henry olhou ao redor. Se parou com um pequeno sofá salmão, uma tv a frente e uma mesa redonda num canto. Tudo em um espaço pequeno e bem aproveitado! Em alguns passos ele viu a cozinha que ficava inteira atrás de uma bancada fina que fazia a divisa dos cômodos.
Uma porta não muito grande levava ao que parecia ser uma sacada e três portas na mesma parede provavelmente se dividiam em mais três cômodos deduzidos perfeitamente por Henry como dois quartos e um banheiro.
Tudo em seu devido lugar até o momento que Emmy chegou colocando as bolsas no sofá, arrancando os sapatos e indo até a cozinha.
Henry estava bem observador, mas não foi capaz de perceber o momento em que uma certa gata de pelos pretos e branco, se aproximou dele, fazendo-se somente perceptível quando começou a aninhar em sua perna.
Ele não resistiu e se rendeu ao carinho dela e a tomou nos braços com ternura!
—Quem é você pequena? —Henry perguntou acariciando a parte inferior da cabeça da gata.
—Sente-se Henry, por favor! —Disse Emmy atrás do balcão. —Eu não gosto de você, mas já que terá de ficar em minha casa por algum tempo, espero que eu possa lhe deixar ao menos confortável!
—Não se preocupe comigo... —Disse ele sentando-se ainda rendido aos encantos de Âncora. —Aliás, você deve ser a única pessoa do mundo que não gosta de mim, pois até a sua gatinha me ama!
—Ah Âncora! —Disse Emmy indo até Henry para retirar a gata de perto dele.
—Não precisa! —Disse ele empolgado com Âncora. —Então... É fêmea!
—Sim! —Respondeu Emmy observando a folga de Âncora no colo de Henry.
—Mas porque se esse nome? —Perguntou deslizando a mão pelo dela.
—Henry, ela vai encher suas roupas de pelo! —Afirmou Emmy. —Eu estou sem o rolinho e...
—Não se preocupe com isso Emmy! É sério! Por favor! —Exclamou. —Eu gosto da Âncora e parece que ela também simpatizou comigo! —Ele então se levantou com ela nos braços e foi em direção a porta que dava para uma pequena varanda que era quase um beiral.
~
—Bom, quando Isy resolveu adotar um gato, fomos até um abrigo de animais onde uma gata havia tido alguns filhotes e um deles, veio até eu e minha irmã. —Explicou. —Era um filhotinho bem pequeno que agarrou na barra da minha calça! Assim foi o jeito que ela me impediu de sair sem leva-la junto! —Disse Emmy olhando para a gatinha tranquila nos braços de Henry. —Por isso decidimos que ela se chamaria Âncora!
—É uma história muito legal! —Disse Henry com um sorriso sereno.
—Só que tem uma coisa me deixando intrigada! —Emmy disse batendo a mão no queixo enquanto avaliava a cena dele com ela.
—O quê? —Perguntou retornando ao sofá em passos lentos.
—Ela não te estranhou nem um pouco!
—Pelo contrário! —Respondeu orgulhoso.
—E isso que me intriga, pois geralmente estranha qualquer pessoa que venha aqui e tente pegá-la!
—Ela simplesmente quis que eu a pegasse! —Disse ele, colocando-a no sofá delicadamente. —Acho que ela gostou de mim! —Disse se afastando do sofá e se aproximando do balcão.
—Realmente não sei porque justo você! —Implicou. —Tanta gente no mundo para gostar e ela foi escolher justo você!
—Mas é só você que não gosta de mim, Emmy! —Ele disse se vangloriando da popularidade. —Mas está tudo bem já que também não gosto de você! —Afirmou.
—Quer chá? —Perguntou ela abrindo o armário.
—Sem veneno? —Ergueu um canto dos lábios ao fita-la.
—Droga! —Ela disse. —Você descobriu meu plano! —Disse ela preparando uma xícara para ele junto a dela. —Com leite? —Perguntou assim que colocou a porcelana a frente dele.
—Está ótimo assim! —Disse pegando a xícara. —Então... Que horas a sua irmã chega?
—Não deve demorar muito! —Respondeu bebericando um pouco do chá após alguns assopros.
—É um bom apartamento!
—É sim!
—Emmy... —Henry retornou a xícara ao balcão após beber um pouco do chá. —Está contando com o dinheiro do nosso contrato para ajudar a manter esse apartamento?
—Essa é a intensão de todo esse sacrifício!
—E quando os três meses chegarem ao fim? —Perguntou ele fitando-a e percebendo-a engolir seco.
—O dinheiro dá para aguentar mais alguns meses depois do fim do contrato.
—Ah sim... —Disse ainda um tanto pensativo. —O que é aquilo? —Perguntou Henry ao avistar um par de luvas penduradas em uma parede.
—Luvas de Muay thai!
—Suas?
—Não. Da Katy Perry! —Ela revirou os olhos. —Sim, eu pratiquei bastante no passado!
—Bom, eu realmente poderia esperar mais de Katy Perry do que de Emily! —Respondeu.
—Talvez agora você entenda que não é bom me deixar irritada! —Ergueu os lábios em um sorriso convencido.
—Mas é sério... Por qual motivo luta e não algo como culinária?
—Tricô? Crochê? —Ela continuou e logo respondeu. —Eu sempre gostei de me sentir segura e saber lutar de alguma forma me fazia ter menos receio de ser mulher em um mundo tão maldoso!
— É... —Henry balançou sutilmente a cabeça em positivo. —Tem toda razão! —Ele então se aprumou. —Acho que está em minha hora, Emmy.
—Concordo! —Disse levando as xícaras para a pia da cozinha. —Já te suportei muito por hoje! —Disse indo até ele para acompanha-lo. —Eu te levo até a porta!
—Sinto em te lembrar, mas precisa ir comigo até a frente do prédio! —Disse abrindo um sorriso implicante.
—Que dia longo em... —Bufou. —Vamos então! —Disse ela calçando um par de sandálias chinelo e o acompanhando até a portaria do prédio.
—Mas já está de partida, jovem? —Billy perguntou fazendo Henry passar a mão na nuca juntamente a um sorriso sem jeito. —Está muito cedo!
—Ah claro! —Respondeu. —Mas tenho mesmo que ir, porém, eu irei voltar!
—Hoje? —Perguntou parecendo nem ao menos saber que Henry era um homem famoso.
—Não, não! —Respondeu Henry simpaticamente. —Mas eu volto qualquer dia desses!
Henry e Emmy já estavam nos degraus da portaria, o que o fazia pronto para ir embora de vez.
—Harry... —Emmy estava em um degrau acima do que Henry estava, o que fez com que a diferença de altura deles fosse menor. Então, ela se apoiou nos ombros dele, sussurrando bem perto de seu ouvido de um modo muito sorrateiro. —Tem um tipo de fotografo atrás de uma árvore na esquina.
Sugestão de áudio: IF I coldre fly - One Direction // 2:18 // tradução sugerida
—Ok. —Foi tudo o que Henry disse a Emmy antes de a puxar pelos quadris e beijá-la de uma vez.
Esperava-se deles que um beijo quando necessário fosse um selinho, mas nem nos melhores sonhos de Jennete, eles se sairiam tão reais como nesse momento. Henry tinhas as mãos presas nos quadris de Emmy, enquanto os braços dela envolviam as costas dele.
Quando tocou os lábios de Emmy, Henry parecia ter ido com vontade, mas foi ao longo que pareceu em desespero, pois beijava-a com tamanho apetite que certamente merecia um Oscar em tamanha representação de deleite!
Henry parecia tão absolutamente sem controle que mal viu suas mãos puxando sutilmente a parte traseira da blusa de Emmy. Algo que nem com a melhor câmera um fotografo seria capaz de captar!
Mas logo o ar faltou e o beijo desacelerando, até saírem lentamente dos lábios um do outro. Ainda com os rostos bem próximos, no primeiro olhar fixo entre eles após esse beijo, Henry se despede. —Tchau! Amor... —Ele apertou o maxilar e engoliu seco pouco antes de se afastar de fato dela. —Eu volto! —Disse fazendo Emmy ainda parada, apertar os lábios para dentro e engolir seco esperando que ele partisse de uma vez. —Eu vou voltar em! —Acenou para Billy ao falar agora escancaradamente. —Até mais senhor...?
—Billy!
—Senhor Billy! —Disse abrindo a porta do carro. —Não esqueço nunca mais! —Entrou no carro dando um último olhar de milésimos para Emmy.
—Volte logo! —Billy ergueu a mão.
Mesmo com toda a situação, Emmy ainda foi capaz de sutilmente avistar o fotografo e deduzir que possivelmente nada havia passado despercebido daquele homem.
Notas do autor *--*
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