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Guerra De Corações

Rafael

Pov Rafael

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Este sou eu Rafael, mas todos me chamam de Rafa, tenho 23 anos e sou solteiro. Sou gay, me assumi aos 16 anos surpreendendo um total de 0 pessoas. Sempre dei pinta amor fazer o que , nasci pra brilhar.

Mais um dia vencido! Eu não sinto meus pés, meus Deus como estou cansado. Pelo menos assim eu durmo rápido! Mas não é sempre assim, quando fico sozinho meus pensamentos exigem a minha atenção pra sentimentos que eu quero ignorar, lembranças que eu quero esquecer, e sonhos que quero abandonar.

Me sinto sempre frustrado por não estar onde queria, me sinto incapaz de terminar o que começo, me sinto inseguro em relação a minha aparência e meu corpo. É como se eu nunca achasse que mereço algo bom pra minha vida, meu celebro me cobra constantemente sobre as metas que eu não alcancei e as coisas que ainda não vivi. Me sinto diminuído e frágil, mas ninguém vê isso.

O que todos vêem é uma gay maluca e escandalosa, vaidosa com um apetite sexual descontrolado e por aí vai, um conglomerado de esteriótipos.

O que quero dizer é que todos me vêem felizes, alegres de bem com a vida. Eles acham que por eu ter me assumido sou forte, eles me tratam como se eu fosse de aço, ninguém vê a minha dor e meus medos, só vêem a bicha amiga, e ignoran as feridas que tenho em meu coração.

Não me sinto a vontade pra falar com ninguém, nem com a Isadora minha melhor amiga. É muito cansativo ter que mudar o rótulo de bicha louca pra bicha depressiva. Zero paciência pra gente me tratando assim:

- Ahhh não fica assim, você tem que ser forte, você é tão jovem.

- olha só tudo o que você tem!

- Você precisa querer ficar bem!

- Tem gente pior que você por aí!

Affs que saco! Já ouvi muita gente sem noção falando isso pra quem tá sofrendo. Sabe esse negócio de que falar ajuda? Pois é ajuda bosta nenhuma, o que vai mudar na minha vida contar meus problemas pra alguém que tá mais fudido que eu?

Vou sobrevivendo assim até quando der, quando chegar a hora e se precisar eu vejo o que eu faço.

Trabalho em uma loja de roupas de grife, hoje teve lançamento de coleção nova então tava tudo um caos! As madames estavam lá em peso, só por eu ser gay elas acham que eu entendo tudo sobre moda, mas o fato é que eu não sei quase nada, só o suficiente pra não passar vergonha, geralmente visto o que acho bonito. Mas como eu não tô aqui pra "educar" ninguém, eu fingo ser o maior guru da moda que existe no mundo inteiro, como? Enrolando até não poder mais. Sempre dá certo.

Moro com a minha mãe, meu pai se mandou quando eu tinha 6 anos, acho que ele não gostou muito de ter um filho afeminado, enfim foi tarde, porque entre ter um pai que bate em mim e na minha mãe, e não ter um pai, prefiro a segunda opção.  Minha mãe teve câncer de mama a 2 anos atrás, por causa disso larguei a faculdade de dança, pra trabalhar e ajudar a pagar os gastos com o tratamento da minha mãe, ela recebia auxílio do governo mas não era suficiente então eu decidi ajudar, nunca me arrependi, minha mãe é meu tudo, sempre teve comigo me ajudando e apoiando, então o que eu fiz foi o mínimo.

A dança sempre foi minha paixão, me sinto livre quando danço, consigo extravasar minhas dores e angústias. Mas ser bolsista numa faculdade cheia de granfino foi um pesadelo, foi com certeza o pior ano da minha vida, todos os dias eu era atacado com xingamentos e zombarias, por ser pobre, gay e afeminado.

Riam das roupas que eu usava, dos meu materias comprados de segunda mão, da minha falta de recursos pra cursos e aulas extras que a faculdade oferecia.

Sempre me deixavam de fora das festas , eu era o único bolsista do curso o único que não podia pagar a entrada das boates,a conta do bar nem nada daquilo.

Me fizeram sentir vergonha de mim, de quem eu sou e de onde eu vim. Eu não abria a boca pra falar porque eu tinha medo, a minha voz naquela época era mais afeminada que de agora, eu gesticulava mais pra falar, sorria alto e era espontâneo.

Tudo isso foi motivo pra rirem de mim e fazerem piada, de me imitarem e me ridicularizarem. Depois de um tempo só queria ser invisível, tinha medo de ser "viado" de mais e acabar apanhando ou coisa pior.

Depois de tempo sai daquele inferno pra ajudar a minha mãe, desde então uso qualquer desculpa pra não voltar lá odeio aquele lugar com todas as minhas forças.

Com o tempo longe daquelas pessoas horríveis eu voltei ao normal, ou quase né, ficaram muitas sequelas. A insegurança, a vergonha, o medo.

Não gosto que me toquem ou abracem. Nunca, jamais em hipótese alguma uso banheiro público.

Um dia se eu tiver coragem conto  o porquê.

Mas agora eu gosto é de chamar atenção, esse e minha forma de me vingar e mostrar pra essa gente que pessoas como eu exitem e estão em todo lugar! Mostrar que eles não me venceram e que eu não vou me esconder.

Amanhã é sexta, e eu vou sair pra caçar, quero sentar em um boy bem gato até esquecer meu nome.

Sei que vou ser usado, mas vou usar também. Sinto que pra uma transa casual, sexo sem compromisso, pra essas coisas eu sirvo, como um boy disse uma vez tenho "cara" de quem gosta.

Mas pra namorar, bom não sou interessante o suficiente pra manter ninguém em um relacionamento.

Então já que todos me acham uma vadia safada, não vou decepcionar né, se é para o bem geral da nação diga a todos que dou!

Vou pro baile com a minha melhor roupa, dançar o mais sexy que eu sei me acabar de beber, e fuder loucamente.

Posso até não ter um príncipe encantado ou um final feliz, mas sexo e diversão isso ninguém pode me negar.

Mesmo que no fim da noite eu me sinta vazio e triste, mesmo que eu me sinta um lixo sem futuro, mesmo assim eu vou continuar lutando essa guerra entre meu coração e minha mente, que  parece não ter fim.

Bernardo

Pov Bernardo

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Esse sou eu, Bernardo de Sá Ribeiro.

Tenho 25 anos, estudo Publicidade, solteiro e Hétero.

Meu objetivo é chegar no topo e ser reconhecido pelos meus próprios feitos.

Quero vencer e provar pra todos que eu não sou dependente do meu pai, que eu sei caminhar com as minhas próprias pernas.

Quero provar que ao contrário do que todos pensam eu não sou um garoto mimado que tem tudo na mão.

Vou provar do que eu sou capaz e até onde posso chegar nem que isso leve minha vida inteira.

Já ouvi muitas piadinhas, de pessoas que diziam estar " brincando" dizendo que eu era um filhinho de papai mimado. Que meu pai me bancava em tudo, que era ele que fazia meia trabalhos e projetos. Não importava o quanto eu me esforçava, quantas noites eu passava em claro estudando ,no final  sempre diziam que eu não merecia, que não era mérito meu, que fui ajudado pelo meu pai.

Me desmereceram muitas vezes, fizeram eu me sentir incapaz , inútil , e não merecedor das minhas conquistas, e isso durante muito tempo acabou comigo. Me deprimiu e me derrubou. Até que eu decidi que ninguém ia nunca mais pisar em mim e na minha dignidade outra vez.

A maior incentivadora dessa minha decisão foi a Alice minha ex namorada. Um dia cheguei mais cedo na faculdade, e ela estava sentada na mesa com outros colegas escutei ela dizer:

- O que eu tô falando gente, é que o Bê é um investimento e tanto, ele me banca ,me apresenta as pessoas mais importantes da sociedade, me ajuda com as aulas , vem de família rica,  e é um gato. Ou seja é a vítima perfeita, e o melhor é que eu não preciso largar os cantatinhos, porque o Bê tá sempre ocupado com os estudos que nem percebe que leva chifre.

Ser tratado como um investimento me fez abrir os olhos pra realidade. Todos que se aproximaram de mim me trataram como alguém inferior e incapaz, ninguém nunca acreditou realmente que eu tinha capacidade de fazer o que me era proposto.

Decidi não me relacionar com ninguém até ter chegado ao meu objetivo. Talvez nem assim, nunca mais vou confiar que os sentimentos de alguém por mim são verdadeiros, sempre vai haver duvidas.

Seria realmente amor ou só interesse?

Hoje sou um cara quebrado por dentro.

Tenho vergonha de quem eu sou. E da minha família.

Minha família é rica só em dinheiro, mas meus pais quase nunca se falam, dormem em quartos separados, minha mãe vive triste e deprimida, e meu pai frustrado e infeliz, e eu estou bem no meio de tudo isso.

Me dói ver minha mãe se destruindo dia a pós  dia, vivendo a base de antidepressivos e calmantes. Meu pai vive para sua obsessão por pinturas, ele compra e coleciona pinturas de artistas anônimos.

Eu teria crescido sozinho e abandonado se não fosse minha melhor amiga Renata, ela sempre esteve do meu lado, me convidava pra passar as férias com ela e a sua família, passava quase todos os fim de semana na casa dela e estávamos sempre juntos, ela é a irmã que eu nunca tive.

Sempre soube que a Re era diferente mas isso nunca me incomodou, quando ela tinha 13 anos passou a se vestir com roupas masculinas. O dia em que ela chegou na escola vestido calça jeans larga, tênis e boné, foi um dia muito louco. Ela tava feliz, seu rosto brilhava e era como se ela realmente fosse ela mesmo naquele momento.

Os pais dela aceitaram bem a decisão da Rê, levaram ela pra fazer terapia e tudo.

Ela fez o tratamento hormonal e começou a transição, com 18 ela fez a cirurgia pra retirar as mamas, e eu estive com ela em cada passo desse caminho. No dia em que foi feito a troca do nome nos documentos organizei uma baita festa. Meu amigo finalmente estava feliz e completo, Renata agora é Renan, meu melhor amigo desde sempre e eu jamais tive tanto orgulho de alguém na minha vida quanto eu tenho dele.

Renan passou por muita coisa, e eu nunca vi ele reclamar, ficar triste ou deprimido, mesmo depois do fim do relacionamento dele com a peste da Bárbara. Eles  namoravam desde os 16 anos, Renan amava aquela garota de verdade, e ela parecia aceitar bem a transição.

Mas aí quando Renan ainda tava no hospital se recuperando da mastectomia , aquela demonia simplesmente mandou uma mensagem terminando tudo com ele, dizendo que não iria conseguir ficar com ele com a aparência de um homem, que ela era lésbica e gostava de mulher e que tinha sido um erro deixar as coisas chegarem até onde chegou. Só isso, uma única mensagem sem direito a resposta, já que ela mudou de número, saiu da cidade e desapareceu.

Demorou muito pro Renan superar, ele não ficou trancado no escuro nem nada disso, mais durante um ano inteiro ele não ficou com ninguém, depois de um ano ele ficou com uma garota qualquer na balada, depois disso foi só ladeira a baixo, ele começou a pegar geral, toda noite uma mina diferente, mas nunca passava disso.

Não sou o melhor conselheiro pra essas coisas de amor, então só apoio ele , assim como ele sempre faz comigo.

Renan vive me dizendo pra ir com ele  pra balada curtir juntos mas eu não tô muito a fim de ficar de vela, sei que ele vai arrumar alguma garota e eu vou ficar rodado lá com cara de trouxa.

Já estava ficando sem desculpas pra dar pra ele, quando do nada ele me ligou e disse que eu tinha que ir com ele numa balada porque era aniversário dele e eu tinha a obrigação de estar lá.

Não tem como negar um pedido desse então,mesmo sem um pingo de empolgação eu decidi aceitar e fazer meu amigo feliz.

Vou na festa vou curtir e me divertir o quanto eu puder, e assim que o Renan sumir com alguma garota qualquer eu saio de fininho e vou pra casa.

O que pode dar errado né?

Ranço a Primeira Vista

Pov Bernardo

Pra que que eu fui aceitar esse negócio de balada gay. Nem gay eu sou, tô vendo que hoje eu vou ter uma noite e tanto, só o Renan mesmo pra me tirar de casa pra isso.

O lugar tá cheio, tem pessoas de todo o tipo, e um monte de casal se pegando, não é que eu não goste, mas esfregar a minha solteirice na minha cara já é demais né, tô na seca a meses e vê um bando gente se pegando não faz eu me sentir melhor.

Preciso transar, foda vai ser achar alguma mulher hétero aqui, aff essa noite só piora.

Renan por incrível que pareça continua aqui do meu lado.

- Que foi Zé, tá com medo que eu seja atacado ou o quê?

- Não , tô só garantindo que você não vai agir como um escroto e botar as mina que vier da em cima de tú pra correr seu pau no cú do caraio.

- Tá legal isso aqui é uma armadilha por acaso?

- Não isso é uma intervenção, cara você precisa viver, e transar principalmente pra ver se melhora esse humor ai, a vida não é só estudar não pô!

- Tá que seja, quero beber!

- Agora tu falou a minha língua.

Fomos para o bar ,pedimos nossas bebidas e ficamos observando o movimento das pessoas. Tinha uma mesa que fazia muito barulho, o que estava me deixando irritado, pra que tanto barulho? Já não é suficiente a música alta, que pessoas sem noção.

A música mudou e começou a tocar  Funk, proto agora sim eu vou embora! Odeio funk, odeio de verdade. Fiquei observando o movimento na mesa barulhenta, a gritaria aumentou quando a música começou tocar.

Um rapaz saiu arrastando uma menina pela mão até chegar na pista, eles começaram a dançar. O cara tinha cabelo comprido amarado em um coque atrás da cabeça,  tava de calça e camisa preta,a camisa toda aberta mostrando o abdômen e a marca em formato de V na cintura. Não que eu tivesse reparando, mas é que não tinha como não ver com ele se mostrando daquele jeito.  A menina era loira, bonitinha até.

Os dois começaram a dançar, a menina mais tímida, o cara mais ousado, parecia que ele tinha a cintura solta, rebolava até o chão e chamava atenção de todos os caras, menos a minha é claro.

Tava olhando pra menina isso sim. Ela olhava pra minha direção, e cochichava no ouvido do rapaz que ria alto.

Ela tava sorrindo alegre, e do nada ela veio andando até mim, sorrindo sedutora. Me dei bem, uma gata dessa dando mole pra mim, hoje é meu dia de sorte. Abri um sorriso e dei um passo em direção da loirinha.

A garota passou direto por mim e foi até o Renan que tava escorado com as duas mãos segurando o balcão do bar. Ela parou na frente dele se inclinou e tascou- lhe um beijo na boca. Meu amigo ficou sem ação por um segundo, só isso mesmo um segundo, porque nem pisquei e ele parecia um polvo cheio de mãos em volta da cintura da moça.

Ótimo, fiquei no vácuo e fiz papel de trouxa não tem como essa noite ficar pior.

Avistei o cara que tava dançando vindo na minha direção com um sorriso bem safado no rosto. Droga falei cedo demais, nada nunca tá tão ruim que não possa piorar!

Pov Rafael

Estamos numa balada que a gente vem sempre a Isa e eu, hoje quero dançar muito e pegar um gatinho bem gostoso.

Fomos pra pista de dança e a Isa viu um carinha que ela gostou, como ela já tinha bebido uns drinks, incentivei ela a perder a timidez e chegar no cara. Minha amiga é muito travada fica sempre esperando os cara chegar e muitas vezes perde a chance e acaba sozinha nos rolê, mas hoje vai ser diferente, vou ensinar que ela pode tomar a iniciativa e chegar no cara que ela quiser. O máximo que pode acontecer é ela ouvir um não. Ninguém morre disso.

Ela toda ousada já chegou beijando o carinha e mostrando quem é que manda.

O outro cara que tava junto com o boyzinho da Isa era muito gato, eu nunca vi ele por aqui antes. Bom já que nossos amigos tão se pegando, podemos fazer o mesmo né...

- Acho que nosso amigos se deram bem- apontei pro lado onde Isa tava tentando engolir o garoto com a boca, o pobre mal respirava - A propósito eu sou o Rafael - sorri e estendi a mão como um menino bem educado que dona Gentila criou.

O corno teve a audácia de por as mãos no bolso pra não aperta a minha.

- Desculpa mas eu não sou gay cara, não vai rolar.

- Ah sim, e posso saber o que o protótipo mal feito de hetero top tá fazendo na balada mais gay de São Paulo?

- Tô só acompanho meu amigo, tô na minha cara eu sou Hétero já disse,não quero saber de gay nenhum dado em cima de mim

Nessa hora minha vontade era de quebrar a cara desse playboyzinho metido do caraio.

Mas isso seria muito fácil.

- Olha não tenho muita experiência com esse negócio de ser hetero mas vou te dar uma dica. Ficar secando outro macho dançando não é muito hétero. Eu vi você olhando pra minha barriga, pra minha bunda, e agora enquanto eu falo, você não tira os olhos da minha boca, isso não pega bem sabe, pra quem é hétero.

Enquanto falava, passei o dedo incicador do umbigo até a boca dele, vi ele bufar, umedecer os labios e respirar pesadamente. Hetero meu cú!

Quando o playboy ia começar seu discurso de hetero de Taubaté, ouvi a Isa gritar e bater com força na cara do menino que ela tava beijando a 2 minutos atrás. Ela saiu furiosa e me arrastou pra longe dos dois.

- O que que aquele merda te fez Isadora?

- Nada, só me tira desse lugar agora Rafa, por favor !

Pegamos nossas bolsas e saímos em direção ao ponto de ônibus mais próximo.

Espero nunca mais topar com esses dois idiotas.

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