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A Forbidden Love - Saga "cura gay" (Concluída)

DEDICATÓRIA + AVISOS

Aos olhos de muitos nosso amor pode ser proibido, mas nos nossos corações ele é legítimo e o melhor que me aconteceu na vida, podem me impedir de sentir seu toque, mas continuarei beijando sua boca nos meus sonhos mais secretos. Eu só consigo pensar no quanto eu te amei em silêncio. É difícil dizer adeus quando se quer ficar, é difícil sorrir quando se quer chorar. Mais difícil é ter que esquecer, quando se quer amar! Pertencemos um ao outro, mas seguimos só, cada um por uma estrada na esperança de se encontrar…

...MÚSICA...

''Don't hide yourself in regret

Just love yourself and you're set

I'm on the right track baby

I was born this way.''

...TRADUÇÃO...

''Não se esconda em arrependimento

Apenas ame-se e você estará feito

Eu estou no caminho certo, baby

Eu nasci assim.''

^^^Música: Born this way^^^

^^^Cantora: Lady Gaga^^^

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Oiii meus fofos como vocês estão?

E lá vai eu começar outra história sem terminar as do perfil, fazer o que né?

Bom antes de começar a leitura vou deixar alguns avisos para vocês:

¹ A história se passa na Rússia (aí você me pergunta você já foi na Rússia? Não

Você estudou sobre a Rússia? Também não mais como eu digo é sempre bom conhecer culturas novas né?)

Motivo da Rússia ser o país escolhido? A pesar do Brasil ser o pais que mais matam Gays, lésbicas, travestis, bissexuais, demissexuais, pansexuais, assexuais, transexuais... A Rússia é conhecida como o país em que o Homossexualismo é "proibido"

Se analisarmos as leis do país elas afirmam que a atividade sexual consentida e em privado entre adultos do mesmo sexo foi despenalizada em 1993, com uma idade de consentimento de 16 anos. No entanto, existem leis de "propaganda" que pode punir com multas ou prisões, com execuções toleradas.

É a partir desse ponto eu pensei e se existisse uma cura para Homossexuais afinal para muitos não é apenas uma doença?

² Nosso personagem principal é pansexual, porque para mim essas pessoas são as mais excluídas da comunidade, principalmente por serem confundindas por pessoas bissexuais ou são consideradas confusas o famoso indeciso.

³ Teremos Hot, então preparem as emoções

⁴ Será um romance entre um aluno e professor (isso não é motivo para você querer pegar seu professor, mais se tu precisar de nota se faz de vítima incorpora a "Tereza Chaves")

⁵ Ambos os personagens são maiores de idade ta bom queridos, não é necessário desespero.

⁶ Não teremos cronograma de postagem, mais estarei tentando atualizar o máximo possível.

⁷ Comentem para que eu possa saber a opinião de vocês

⁸ Leiam outras histórias do perfil e naveguem em um novo universo

...OBS: O que é pansexualidade? Pansexual é o indivíduo que sente atração por pessoas independente do gênero delas, de como se expressam para o mundo e de sua orientação sexual. Ou seja, a pessoa pan pode se sentir atraída por pessoas heterossexuais, homossexuais, bissexuais, dentre outras....

Então é isso meus anjos, boa leitura e espero de coração que gostem, até mais...

PRÓLOGO

— De quatro é muito mais gostoso — murmurei, como quem não quer nada com um sorriso malicioso nos lábios.

Dimitri, que estava prensado na parede, virou o pescoço de leve para me fitar. Os cabelos negros grudavam na testa por conta da chuveirada que tomou antes de me puxar para dentro do cubículo onde os atletas tomavam banho.

— Não vou ficar de quatro para você, Daniel — disse sem parecer ofendido com a minha proposta tentadora demais aos meus olhos.

Os olhos escuros e levemente puxados me sondaram por alguns segundos antes dele encostar de novo a testa na divisória. Sacudi a cabeça e reprimi uma risada, achando hilária a forma como esses atletas adoravam dar a bunda, mas se recusavam a ficar de quatro para qualquer cara. Até parece que isso deixava esses idiotas mais héteros.

Agarrei-o pela cintura e fui subindo, apreciando seus músculos da barriga enquanto descansava meu queixo em seu ombro antes de penetrá-lo. A barriga de Dimitri se contraiu e ele soltou um palavrão ao gemer.

— Mais forte! — ele pareceu implorar e eu como o bom samaritano que sempre fui, obedeci.

Soube que ele iria gozar no momento em que ele começou a tremer em meus braços. Dimitri gostava de segurar minha mão sempre que chegava ao ápice. Apertava minha pobre mão com tanta força que me admirava eu ainda ter ossos.

Uma vez, ele fez o favor de quebrar uma das minhas unhas. Fiquei uma semana inteira sem falar com ele. Só o perdoei quando teve o bom senso de marcar uma manicure para mim e consertar o estrago. Ele prometeu ser mais cuidadoso da próxima vez, mas a julgar pela forma como esmagava minha mão, foi uma promessa inválida.

Saí de dentro dele de forma mecânica. Sexo se tornou mais banal na minha vida do que dever de casa. Não havia mais aquele momento único e especial. Eu dava prazer aos caras para não ter que suportar bullying nenhum da parte deles, até porque eu era super o tipo de cara que sofreria na faculdade nas mãos de valentões musculosos como Dimitri.

— Foi bom para você, capitão? — Afastei-me dele e me apoiei na outra divisória.

Ele não olhou diretamente para mim ao assentir. Seu rosto estava vermelho de tanta vergonha. É, eu causava esse efeito nas pessoas. Era o benefício de já ter nascido incrível.

A porta principal do vestiário se abriu. Dimitri fez um sinal indicando para que eu ficasse quieto.

— Dimitri? — era o técnico do time de futebol. Aquela voz rouca era inconfundível.

— Sim. — Dimitri engoliu em seco ao responder. — Estou no banho. — Achei patética essa desculpinha, até porque o idiota nem sequer ligou o chuveiro para disfarçar.

— Se apresse então. Vamos ter uma reunião com o time para discutir as estratégias do próximo jogo e precisamos do capitão, não é? — A forma como esse cara falava me dava muito sono. Pelo amor de Britney, que cidadão insuportável. — Os outros já estão lá. Por que diabos seus banhos são tão demorados? Fica batendo punheta aí dentro?

Mordi com força minha boca para não explodir numa gargalhada. Dimitri ficou ainda mais vermelho. Parecia um tomate prestes a explodir.

— Já estou saindo — disse de um jeito bem sem graça. Eu teria feito um escândalo se aquele idiota estivesse falando comigo, mas como Dimitri abaixava a cabeça para o babaca, esse tipo de resposta era totalmente previsível.

Esperamos que a porta se fechasse atrás do técnico. Dimitri espiou para se certificar que a barra estava limpa e me pressionou na parede, um pouco mais relaxado do que antes. Voltou toda a sua atenção para mim e depositou vários beijos em meu pescoço. Podia sentir sua ereção na minha coxa.

Credo! Ele tinha acabado de gozar e já estava duro de novo. Esse garoto não ficava satisfeito nunca?

— Você não tem reunião? — falei quando tudo me levou a crer que teríamos uma segunda rodada. Minha vontade de comer ele de novo era menor do que zero.

— Está me dispensando? — Ele parecia impressionado pela minha audácia.

— Você já gozou, não? — Encarei-o com o olhar crítico demais até mesmo para mim. Parecia que eu estava diante de uma coleção de roupas de péssimo gosto.

— Sempre gozo com você — murmurou de um jeito que poderia ser fofo se eu tivesse algum pingo de paciência para fofura naquele momento. Eu estava cansado. Era o terceiro cara que eu comia naquele dia. Se eu tivesse que colocar mais uma camisinha de hortelã com certeza meu pau iria cair.

— Todos gozam comigo — declarei o óbvio e deu para notar que isso o incomodou. Não era novidade para ninguém o meu estilo de vida, mas ainda assim, os caras insistiam em me tratar como se eu fosse algo exclusivo deles.

— Seu ego é impressionante — foi só o que disse parecendo abalado por alguma razão. Em ocasiões normais, eu pediria desculpas por citar outros em nosso momento de intimidade. Agora, eu só rezava para rainha Gaga me dar forças o suficiente para sair daquele vestiário com um pau que subiria de novo em futuras transas. — Depois da reunião, posso te pagar um sprite? É a sua bebida favorita, certo? — O jeito como falou aquilo me deu a impressão de que tinha ensaiado muito no espelho antes de soltar aquela pérola.

— Sim, é minha favorita — respondi com um suspiro pesado e grosseiro. — Como sabe disso?

— Seu fã clube te entope de sprite. — Não gostei da forma como ele falou do meu fã clube, que nem era um fã clube de verdade, apenas um aglomerado de pessoas sensatas que escolheram me idolatrar. — Me admira você não ter diabetes.

— Eu me cuido. — Dei uns tapinhas no ombro dele e o empurrei de leve, deixando bem claro que queria dar o fora dali. — Pensei que teria vergonha de sair com alguém como eu.

Puxei a toalha que estava pendurada de qualquer jeito da divisória e sequei meu corpo. Dimitri não tirava os olhos de mim enquanto eu fazia isso, então me demorei um pouco mais só para torturá-lo um tiquinho. Na arte de ser cruel, eu não tinha culpa de já nascer graduado.

— Não sou louco de te levar num restaurante — disse, tão hipnotizado pelo meu corpo que nem parecia medir as palavras, que simplesmente jorravam sem qualquer pausa. — A gente ia para um beco beber refrigerante e comer alguma coisa. Tem um banco do lado das caçambas de lixo. Se você usasse roupas menos chamativas, talvez não fosse tão estranho sairmos juntos.

— Entre você e o meu guarda roupa, pode apostar que sempre vou escolher meu vestido de alças finas, obrigado. — Revirei os olhos e peguei meu vestido dourado. Acabei vestindo com um pouco mais de pressa do que o esperado. Passei minha echarpe de um rosa berrante ao redor do meu pescoço fino e tentei pentear com os dedos minha franja loira que precisava de um corte urgente.

Calcei minhas inseparáveis botas cor de rosa com um salto tão fino que tive que me aperfeiçoar muito para não cair de cara no chão a cada passo. Agora, desfilar por aí de salto era tão natural quanto respirar.

— Você é tão lindo — disse de um jeito doce, esticando a mão para tocar minha bochecha. Se ele queria que eu me derretesse, não rolou. Até parece que nunca ouvi esse elogio antes. — Se não fosse tão viadinho, podia andar com o time. Sério que você prefere ser o centro das atenções desse jeito? Ser conhecido como gay afeminado do campus?

— Eu não sou gay. — Inflei as narinas ao cruzar os braços. Tinha que ter muita paciência para lidar com aqueles atletas. Se eles não tivessem bunda lindas, já tinha mandado todos para o inferno ao som de ''Born this way''. Mas eu tinha que ser uma lady se quisesse comer ele de novo no dia seguinte. — Pego mais garotas do que todos vocês juntos.

— Eu sei. Não gosto de garotas. — Umedeceu os lábios, prevendo o quão louco eu ficaria com isso. — Mas você é tão viado que esse seu papinho de pan sei lá o que não cola.

— Pansexual — verbalizei pela milésima vez o termo, prevendo a discussão sem futuro que teríamos. — Não me importa se acredita em mim ou não. Se eu fosse gay, não teria problemas em falar, até porque como você mesmo disse: sou muito viadinho.

— Você não tem a masculinidade que as garotas gostam. Se alguma ficar com você, será como ficar com outra mulher.

Atletas tinham o dom de me tirar do sério. Acho que eles ensinavam essas coisas nos treinos porque não era possível todos serem babacas de graça.

— Pode até ser. — Dei um passo na direção dele, que não recuou. Dimitri nunca recuava, ainda que minha expressão não estivesse nada receptiva. — Mas não se esqueça de que é esse viadinho que come esse seu bumbunzinho e te faz gozar.

Incapaz de perder mais tempo com aquele resto de aborto ambulante, saí daquele maldito cubículo sabendo que ele estava bem atrás de mim com um pedido de desculpas pronto para sair porque era assim que ele funcionava.

O ciclo vicioso dos atletas daquela faculdade: eu os fodia, eles me ofendiam de alguma forma, eu rebatia porque nunca fui do tipo que levava desaforo para a casa e eles pediam desculpas porque enfim caíam a real e viam que não iriam conseguir me manipular da forma que faziam com as pobres namoradas de fachada que mantinham.

— Foi mal — disse, coçando a cabeça com desconforto.

Joguei a cueca pra ele, que vestiu sem cerimônia.

— Não queria ofender você — prosseguiu, quando não respondi ao seu pedido de desculpas fajuto.

— Você sempre me ofende, mas dificilmente me atinge de verdade. As coisas que você diz não são diferentes das que escuto todos os dias.

— Todos da faculdade te adoram — murmurou como se fosse um tipo de consolo.

— Nem todos, mas consigo me dar melhor no campus do que nas ruas. As chances de eu morrer a pauladas enquanto compro um mísero pão são bem grandes para alguém que escolhe se vestir de jeito ''desnecessário'' feito eu. — Fiz aspas com os dedos para ilustrar minha frustração. — Mas prefiro morrer sendo quem sou do que viver com medo, aprisionando quem eu poderia ter sido.

— Isso foi uma indireta para mim? — Incrível como o que esse cara tinha de gostoso, ele também tinha de tapado. — Quer que eu saia do armário por você ou algo assim?

— Pelo amor de Lady Gaga! — Dei um tapa na minha testa. — Não! Sei que você tem uma reputação de macho alfa a zelar, ok? Te acho gato, mas não faço a menor que estão de querer mais do que sua bunda.

Dimitri arregalou os olhos enquanto vestia o uniforme. A forma como as coxas dele ficavam naquele shortinho me fez lembrar a razão pela qual eu ainda aguentava a tagarelice machista dele. Alguns homens deveriam nem nascer com o dom da fala.

— Você é bem direto. — Sua risadinha sem graça deixou claro seu desconforto.

Geralmente eu deixava esses caras desconfortáveis quando os colocava em seus devidos lugares. Só de ele não ter se apaixonado por mim, já era um baita de um bônus. Era difícil para alguns deles separar uma foda de amor. Eu não me importava em me aventurar no sexo, agora amor era diferente.

A dor que eu sentia cada vez que entregava meu coração para alguém me fez aprender a lição antes que só sobrassem cacos dentro de mim. Invés de ser usado por esses brutamontes, eu os usava sem querer manter nenhum tipo de laço emocional. Era pura defesa. Pratico isso há tanto tempo que já virou um ato meramente reflexivo.

Claro que tinham alguns que não se mancavam e me davam flores, bombons, me tratavam como se eu fosse uma garota que ligava para isso. O que diabos eu ia fazer com um bando de flores? Pelo menos os bombons, eu podia comer e me entupir de açúcar. Se eles queriam ser otários, era problema deles. Eu que não ia devolver comida só porque não estava interessado nesses babacas.

Eu não era inconveniente com todo mundo, claro que não. O problema era que os caras que me davam bola eram lindos por fora, mas podres por dentro. Abusivos, possessivos, do tipo que me tratavam feito merda. Se fosse para viver desse jeito, era melhor ficar sozinho mesmo. Antes um coração solitário do que uma alma aprisionada, não é?

Com as garotas, não era muito diferente. A maioria insistia que eu só as namorava por fachada, o que não era verdade. Tentar provar o tempo todo que eu gostava delas foi se tornando mais exaustivo do que manter um cara do meu lado. Aprendi na marra que eu era exótico demais para ter um relacionamento de verdade.

— Ser direto é o meu forte — respondi tarde demais e retribui o sorriso para amenizar aquele clima bosta que se seguiu. Não adiantou muito, mas pelo menos tentei. Era difícil ser educado com quem tinha esquecido a sua educação em casa. — Amanhã a gente se vê, Dimitri.

Parti apressadamente em direção à porta, louco para sair dali o quanto antes, só que a voz dele me fez parar antes de alcançar a bendita maçaneta.

— Sinto inveja — disse, me fazendo virar mesmo que por dentro eu não quisesse. — Você não se rende à pressão de ninguém. Um dia você me perguntou o que eu vi em você, já que te critico tanto. Essa é a resposta para a sua pergunta. Você é tudo o que eu queria ser e tudo o que eu queria ter ao mesmo tempo. Isso soa estranho, não é?

— Na verdade não — me esforcei para ficar neutro porque ele foi sincero comigo e eu não podia fazer piada. Afinal, eu tinha que admitir que era difícil a pressão de ser o fodão o tempo todo. Devia ser horrível se olhar no espelho e odiar quem se tornou. Devia ser deplorável viver uma vida que não é sua, ser alguém que não é. Era minha obrigação demonstrar compaixão por ele. — É difícil sair do closet, ainda mais na Rússia, onde enxergam como doença.

— Meu pai me mataria. É bem capaz de me deserdarem. O técnico me tiraria do time e eu provavelmente perderia a bolsa de estudos. Eu não seria ninguém.

— Você seria você — respondi porque era assim que eu via a situação, mas me vi na obrigação de reformular porque querendo ou não, eu não era ele. — Mas tem que medir o que é mais importante: agradar os outros e fazer todos amarem alguém que você mesmo inventou ou ser quem gostaria de ser sem se importar com opiniões alheias, mas sabendo que quem te amar, amará a pessoa que é e não o personagem que construiu.

— É tentadora a segunda opção, mas eu não ia aguentar as consequências dela. Tenho o respeito de todos e quero manter assim. — Deu de ombros em sinal de derrota. — Foi mal.

— Não se desculpe. — Esbocei um sorriso de leve.

Girei a maçaneta e empurrei a porta, agradecendo à Gaga e todas as divas pop existentes por finalmente ter um pouco de ar puro e me livrar daquele cheiro de sabonete barato.

— O closet é seguro, confortável. — Dei uma última olhada nele, cuja expressão parecia desolada. — É mais fácil estar nele do que encarar o que tem por trás das portas duplas.

E com isso saí, porque se tinha uma coisa que eu prezava mais do que tudo, era ter sempre a última palavra.

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Oiii meus amores e então o que acharam do prólogo? Sobre a história eu esqueci de um pequeno detalhe os nomes não serão russos pelo menos não os personagens principais, já que vão aparecer com mais frequência fica melhor para ler nomes conhecidos.

CAPÍTULO 1

Meus neurônios já estavam fritando quando cheguei no corredor do campus.

Permaneci encostado na parede, esperando Valentin sair da aula de anatomia. Claro que não demorou muito para um otário vir perturbar minha paz interior.

— E aí, viadinho de merda. — A voz de Ivan reverberou pelos meus ouvidos feito uma música ruim.

— Tá falando comigo? — Decidi fazer a egípcia. Sinceramente, minha paciência com atletas esgotou há séculos.

— Está vendo outro viadinho por aqui? — sua provocação me fez dar um sorrisinho de canto de boca.

— Estou olhando para um agora. — Chutei a parede para me desgrudar dela e levantei a cabeça para encará-lo.

Ivan era um dos otários que foi rejeitado por mim porque queria mais do que sexo. Desde então, sua meta de vida era tentar fazer da minha existência um verdadeiro inferno. Porém, eu era evoluído demais para ser atingido por pequenas coisas.

— Vou te meter a porrada, seu merda. — Suas mãos se fecharam num punho e não demonstrei qualquer tipo de medo. Eu sabia que ele estava caidinho demais por mim para me bater de verdade.

— Ah, por favor. — Me esforcei para soar o mais doce possível, tão doce que minha voz saía em tom de gemido. — Faça isso. — Ele se encolheu um pouco quando me aproximei. Seus amiguinhos encaravam a situação de um jeito meio apático. — Meu pau fica duro só de imaginar você metendo qualquer coisa em mim.

As narinas dele inflaram e os olhos semicerraram.

— Deixe ele em paz! — Dimitri surgiu atrás de Ivan. A camisa do time pendurada no ombro.

— Por que diabos está defendendo ele? — Ivan pareceu indignado com a intromissão.

— Não precisa me defender. — Revirei os olhos. — Vão correr atrás de uma bola porque é isso que vocês fazem de melhor e parem de tentar tomar conta da minha vida.

Ouvi Dimitri gritando meu nome assim que comecei a me retirar, mas ignorei. Acabei esbarrando em Valentin, que segurava com afinco seu pesado livro de anatomia. Pela forma como suas pálpebras caíam, tudo me levava a crer que não teve uma boa noite de sono.

— Estou cansado pra caralho — disse enquanto enfiava de qualquer jeito o livro na mochila.

Valentin era o tipo de cara que não tinha muitas papas na língua. Era esquentadinho demais. O único que conseguia domar aquele garoto era seu namorado. Douglas merecia um Oscar por conseguir lidar com ele sem enlouquecer. Para o meu azar, Douglas estava viajando em algum retiro de igreja, o que só deixava Valentin ainda mais estressado e quem tinha que lidar com isso? Euzinho, é claro.

A camisa azul que Valentin usava estava amarrotada. Se ele não fosse um amigo muito querido, jamais andaria do lado dele. Ao contrário de mim, ele não prezava tanto assim pela sua aparência. Era nítido que ele não tinha nenhum senso de moda.

Comprei até um creme para ele passar na pele, só que claramente ele nem tinha se dado ao trabalho de usar. Os olhos estavam opacos e cabisbaixos, implorando por uma boa noite de sono.

A pele negra ficaria ainda mais bonita se ele usasse os cosméticos que lhe dei de presente. Se antes ele não se cuidava muito bem, agora que ele entrou na faculdade, se cuidava menos ainda. Se não fosse por mim, duvido que pararia tudo para comer alguma coisa.

Os estudos viraram prioridade na vida dele e eu não o culpava. Depois do inferno que passou por conta do nosso presidente e sua temível cura gay, querendo ou não, os estudos eram uma ótima válvula de escape.

— Há quanto tempo você não dorme? — Acariciei o topo de sua cabeça, deixando que meus dedos entremeassem em seus cabelos crespos.

— Um bom tempo. — Tive a impressão de que ele desmaiaria a qualquer momento, então passei meu braço pelos seus ombros e comecei a guiá-lo até a lanchonete para beliscar alguma coisinha. — Douglas me liga na madrugada por causa do fuso horário.

— Que inconveniente. Manda esse garoto dormir. Ele não sabe que você está louco por causa da Medicina?

— Sabe. — Valentin deu de ombros. — Por isso mesmo me liga. Gosto de ouvir a voz dele.

— Argh! Você tá mais meloso do que o Otávio. — Mencionar meu primo era uma coisa que eu fazia com frequência.

Ele era o alvo das minhas principais comparações, até porque cresci com meu cousin cosy do meu lado. Mesmo que agora ele tenha se tornado um cantor tão famoso que mal pode sair para comprar pão sem arrastar uma legião de fãs, ele sempre foi meu ídolo. Claro que isso é um segredo meu. Nunca seria louco de contar isso para ele e deixá-lo ainda mais arrogante. Otávio já se achava a última coca-cola do deserto sem essa informação.

— Ainda temos que entrar num grupo — falei assim que nos acomodamos numa mesa do refeitório. — Eu tava pensando no de música, o que acha?

Os roncos altos de Valentin deixaram bem claro que minha pergunta foi ignorada com sucesso. Bufei e fui até a fila comprar comida e abastecer esse corpinho. Como já era típico, algumas garotas se aglomeraram ao meu redor com os gritinhos exagerados e pulinhos. Parecia que eu era alguém muito famoso.

— Dani, fiz isso para você. — Uma garota tímida me entregou uma caixa cheia de doces. — É a receita da minha mãe. Passei a madrugada inteira preparando. Descobri que você gosta de bolinhos de chuva, então tive que fazer.

Agradeci e quase fiquei cego quando vi um flash na minha cara. Nunca entendi por que as garotas gostavam tanto de tirar fotos minhas. Sempre que eu ia me aventurar na fila do refeitório, saía com várias comidas que nunca comprei. As próprias garotas me entupiam de tudo quanto é tipo de petiscos e quitutes. Quem era eu pra reclamar, não é? Eu tinha um fã clube muito dedicado.

— Já decidiu em que grupo vai entrar? — perguntou outra garota, igualmente tímida por falar comigo.

— Acho que o de música, Anna — respondi, ainda pensativo.

— Ah, meu Deus! — ela deu um gritinho que quase me fez pular de susto. — Ele lembrou meu nome!

— Eu disse para você que ele iria para o de música. — Uma deu cotovelada na outra que estava muito ocupada entrando em choque por eu ter lembrado o nome dela. — Temos que nos inscrever logo antes que não tenham mais vagas. — Ela esticou uma sacola e seu rosto ficou vermelho quando a peguei. — Comprei esses sprites para você.

— Valeu. — Saí da fila na mesma hora porque não via mais sentido em permanecer nela.

— Vai para a festa da fogueira no sábado? — Eram tantas garotas falando ao mesmo tempo, que era difícil acompanhar o fio da meada.

— Uma festa não é uma festa sem Daniel Pavlova, não acham? — Ofereci meu melhor sorriso e achei que elas fossem desmaiar. Nem queria saber como elas reagiriam se encontrassem alguém famoso de verdade.

— Eu nem ia, agora eu vou — disse Anna, sacudindo seus cabelos curtos, castanhos e desfiados. Dava pra ver que estava pensativa. — Acha que eu devo ir com qual vestido? Qual cor?

— Rosa, sempre rosa — murmurei porque era óbvio para mim e devia ser para elas também, até porque todas elas usavam justamente essa cor porque era a minha favorita. Como eu disse: meu fã clube era bem dedicado.

— Ah, claro. Que burrice a minha! — Anna deu um tapa na própria testa. — Vamos nos inscrever no grupo de música. Vai me ensinar violão, Dani?

— Ele vai ter que ensinar para mim também — uma gritou indignada.

— Pra mim também — ouvi outra dizer.

— Posso ensinar para todas. — Esbocei um sorriso meio amarelado, sem revelar que eu não fazia ideia de como se segurava um violão.

Porém, isso deixou todas tão satisfeitas que correram para se inscrever no grupo de música, cuja primeira aula rolaria no fim do dia. Ou seja, tinha que me inscrever o mais rápido possível antes que as vagas se esgotassem.

Voltei para a mesa e fiquei um pouco mais feliz em saber que Valentin estava acordado. A última coisa que eu queria era lidar com seu mau humor ao tentar acordá-lo e nunca obter êxito.

— Nunca vou entender esse seu fã clube bizarro. — Valentin meneou a cabeça. — Você não sofre bullying dos atletas por roubar todas as garotas?

Abri a caixa de bolinhos de chuva e peguei dois sprites, dando um para o Valentin antes de abrir o meu. Minhas meninas eram exageradas e sempre me davam oito ou nove latas por dia. Nem queria imaginar a despesa semanal que eu dava a elas.

— Que atletas? Aqueles que eu como no vestiário depois do treino? — questionei em tom de malícia.

— Ainda trepa com o capitão? Achei que tinha desencanado — disse, mordiscando um dos bolinhos.

— Claro que trepo. Ele é gostoso como esse bolinho. — Dei uma piscadela e Valentin revirou os olhos. — Eu era meio virgem quando conheci ele.

— Citando ''Meninas Malvadas'' numa hora dessas?

— ''Meninas Malvadas'' é minha religião. Enquanto sua meta de vida é ser médico, a minha é ser Regina George. — Recostei-me na cadeira de plástico, cruzando as pernas.

— Só você mesmo. — Meneou a cabeça. — Ficou sabendo que meu primo vai dar aulas aqui? Bem, ele vai ser o professor do grupo de música.

— Que ótimo porque é exatamente para onde vou. Vai ser bom ter mais um membro da família Costa na minha vida — tentei não soar tão irônico, mas acho que não deu muito certo. Valentin já dava trabalho o suficiente.

— Seja bonzinho com ele, ok? Fábio é meio tímido.

— Não sei por que está falando assim. Você também vai para o grupo de música comigo.

— Eu não posso. Vou ter grupo de estudo e preciso focar nisso. Ao contrário de você, não tenho tanto tempo livre assim. Meu curso infelizmente não permite muito lazer.

— Então quer dizer que vou ter que enfrentar mais um Costa sozinho? Por Gaga, que perigo!

— Fábio é bem diferente de mim, então relaxe. Só prometa que não dará em cima dele. Ele é professor, então espero que tenha um pouco de respeito — o jeito mandão dele me fazia ter vontade de gargalhar bem alto porque nunca levei muito a sério. — Sei muito bem que você dá em cima de qualquer coisa que se mexa.

— Nunca dei em cima de você.

— Claro. Eu nunca cairia no seu papinho.

— Até parece! — Dei um tapa na mesa. — Se eu quisesse te pegar, com certeza teria pegado. Qual é, ninguém resiste aos meus encantos.

— Há, é claro. — Valentin riu como se eu fosse uma piada. — O lendário Daniel Pavlova que passa o rodo em todo mundo.

— Exato. Tenho uma reputação a zelar — decidi ignorar os traços de sarcasmo em sua afirmação. — Mas fique tranquilo. Não tenho interesse em conquistar um Costa, muito menos um professor. Eles me dão dor de cabeça o suficiente em sala de aula.

— Daniel. — Senti uma mão masculina em meu ombro e nem precisei me virar para saber que era o Dimitri. Aquilo já estava virando um caso de perseguição. Tudo bem que eu era irresistível, mas precisava ficar no meu pé o tempo todo? — Posso te ligar hoje? — a forma quase desesperada como disse aquilo me fez querer vomitar. Sério que esses garotos não se mancavam? Que parte do sexo casual eles não entendiam?

— Poder você pode. — Arrastei a cadeira e me levantei, farto daquela conversa, daquele refeitório e principalmente desses atletas que me perseguiam. Meu novo objetivo era assinar meu nome no grupo de música e me isolar em algum lugar mais calmo. — Só não garanto que vou atender. — Sorri de um jeito forçado e dei o fora antes que Dimitri tivesse a chance de retrucar.

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Oiii meus anjos mais um capítulo espero que gostem ♡

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