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Amor Perdido

Capítulo 1

Júlia sentia-se destruída, como que o momento mais feliz da sua vida poderia ser marcado por uma grande tragédia.

Ela estava vazia por dentro e em certas ocasiões era acometida pelo desespero, não saberia o que fazer se não fosse por sua preciosa amiga Cath que permaneceu ao seu lado como um alicerce.

Lembranças sobre o dia do seu casamento veio como em um vídeo em sua memória.

Ela estava com Cath na noite anterior ao seu casamento e elas estavam bastante animadas, comendo brigadeiro e colocando o assunto em dias. Julia ficou surpresa ao saber que Cath acabou se envolvendo com Ralf e Bob.

Cath disse inclusive que os dois eram somente casos passageiros, Julia sentiu que ela não estava falando toda a verdade e decidiu esperar ela estar pronta para conversar sobre isso de verdade.

Quando Cath sugeriu que ela escolheu um péssimo dia para o seu casamento, pois ela estava morrendo de cólicas e sua regra tinha vindo.

Julia percebeu que estava atrasada, seu período menstrual sempre foi regular e geralmente seu ciclo coincidia com o de Cath, e desde que ela voltou de viagem não tinha passado por isso ainda, ela desconfiou que poderia estar grávida e sua amiga ligou para a farmácia e elas compraram um teste de gravidez.

Ela ficou um pouco assustada com o resultado positivo e ao mesmo tempo transbordava de felicidade, mas não foi nenhuma grande surpresa afinal uma hora isso iria acabar acontecendo já que ela é Michael esqueciam-se por diversas vezes de se prevenirem e ela não tinha nem dois meses que tomava seu anticoncepcional.

Julia ficou imaginando a reação de Michael quando ela o informasse que estava grávida, ela diria pra ele quem sabe após o casamento. Ela teria que iniciar seu pré natal e ficou um pouco preocupada se ter tomado anticoncepcional durante esse curto espaço de tempo poderia ter afetado seu bebezinho.

Cath parecia até a mãe do bebê de tanta empolgação, ela fazia Julia rir incontrolavelmente e apesar desse bom momento ela estava com saudades de Michael e imaginava uma hora ou outra o que ele poderia estar fazendo.

Quando ela estava quase pronta para caminhar até ele para toda uma eternidade ele a surpreendeu indo até ela, foi realmente maravilhoso sentir o seu cheiro e tocar sua mão antes da cerimônia.

Ela queria dizer naquele momento que eles teriam um filho, mas Michael começou a despertar seus desejos mais profundos e ela achou melhor pedir pra ele ir embora.

Quando ela começou a lembrar do seu casamento uma lágrima solitária passou por sua face e permitiu que seus lábios formasse um leve sorriso que morreu em seguida, aquele dia foi um dos momentos mais feliz da sua vida já que ela viveu muitos outros dias de alegria plena ao lado dele, mas aquele foi o mais especial pra ela, pois eles firmaram um compromisso de amor e mostraram ao mundo que estariam juntos por toda uma eternidade.

Tudo estava perfeito até mesmo a chuva que caia suave, o cheirinho de grama molhada misturavam-se ao cheiro amadeirado dele, o barulho das gotas uniam se ao som de sua voz grave e ele dizia seus votos, ele prometeu que não deixaria ela por nem um instante e que a amaria por toda uma eternidade.

Muitos convidados se dispersaram por causa da chuva e ela achou tudo perfeito já que permaneceu no local somente seus bons amigos e poucos familiares. Quando o Juiz de paz disse que os noivos poderiam selar sua união, Michael depositou um beijo gentil em seus lábios e murmurou que a amava mais uma vez.

Não deixe-me ela pediu silenciosamente, ela deixaria mais algumas lágrimas caírem, porém parecia que sua última lágrima tinha acabado de cair e que nem mais isso possuía, seus olhos estavam opacos e vazios.

Conduzir seus pensamentos por esse caminho era devastador, mas ela continuou lembrando-se, quando a cerimônia terminou e eles estavam indo em direção ao carro por causa da chuva que aumentava gradativamente, colocou a mão dele gentilmente em sua barriga e disse baixinho que a família deles iria aumentar e Michael respondeu dizendo o quanto a amava.

Michael percebeu que ela queria dizer algo por causa da chuva quando eles entraram no carro, e ele antecipou-se dizendo que casamentos que ocorriam na chuva era um sinal de sorte e felicidade para os noivos, conforme acreditavam os italianos.

Nesse momento ela queria dizer para um italiano que eles estavam enganados!

Ainda dentro do carro Michael a puxou para seus braços e ela buscou uma posição confortável, antes dele a beijar de forma avassaladora.

Depois disso, tudo aconteceu muito rápido e ela não sabia dizer exatamente o que ocorreu, como o destino poderia ser tão generoso e, ao mesmo tempo tão cruel com ela. No mesmo momento que a brindava com uma felicidade surreal, também incluia tormentos e demônios que estavam dispostos a torturar ela até seu último segundo de vida.

Lembrava-se de alguns detalhes e da dor abrupta que transcorreu por todo o seu corpo.

O carro parecia ter perdido a estabilidade e Michael a jogou repentinamente contra o assento e pressionou seu corpo ao dela como se pudesse proteger o corpo dela com o seu do impacto e disse-lhe: "- Segure".

Essa foi a última palavra que eu ouvi ele pronunciar, eu o abracei com todas as minhas forças e fiquei encolhida imóvel enquanto o corpo dele parecia ser meu escudo protetor, todo o medo que senti naquele momento não superava em nada a dor que eu estava passando agora.

Senti a força do impacto e quando o peso esmagador do corpo de Michael caiu sobre o meu fui pressionada com muita força contra o assento, perdi todo o ar dos meus pulmões e não conseguia respirar, acabei afundando em uma escuridão.

Parecia que eu estava sendo transportada e um ar forçado entrava por minha boca, preenchendo meus pulmões, era doloroso e aos poucos a escuridão foi sendo preenchida por diversas vozes algumas pareciam em desespero e outras eram pontuais e pareciam ter uma calma surreal que entrava em contraste com o desespero da situação.

Capítulo 2

Naquele momento forcei meus olhos para com que eles se abrissem, e uma voz que parecia um pouco preocupada perguntou meu nome e onde eu morava, respondi com certa dificuldade e tossi um pouco, minha garganta estava muito seca, eu chamei por Michael diversas vezes e tossia com certa constância.

Diante do desespero das minhas palavras eles disseram que ele estava bem.

Eu estava imobilizada dentro de uma ambulância e meu vestido de noiva estava em frangalhos, tinha dois paramédicos que ficavam fazendo perguntas o tempo todo, eu os ignorava e ficava dizendo que queria ver Michael.

Cath entrou um tempo depois dentro da ambulância e um clarão invadiu o ambiente, ela ainda estava usando seu vestido de madrinha encharcado por causa da chuva que não parou de cair por um momento sequer e estava cheia de manchas de lama espalhadas por toda parte.

Fiquei mais calma quando a vi e meu coração ficou mais brando com suas palavras, ela disse: "- Vai ficar tudo bem amiga, cuide-se primeiro, Michael é mais forte do que você é tudo ficará bem".

Cath queria chorar como um criança assim que viu Julia novamente, assim que chegou ao local do acidente Julia estava sendo retirada do carro e Cath queria ajudar a tirar ela de lá, porém Bob a segurou com força.

E o pior de tudo era que Michael estava em um estado deplorável e foi transportado por um helicóptero em estado gravíssimo, ele estava mais no mundo dos mortos do que dos vivos e Ralf tinha recebido a maior parte do impacto, não resistiu e morreu no local do acidente.

Cath estava em estado de êxtase, não queria acreditar que Ralf não estava mais entre eles. Ela negava para si mesma isso, com todas suas forças.

Vendo agora que Julia estava com seu vestido rasgado, molhado e um pouco sujo por causa do acidente e dos procedimentos dos paramédicos para retirá-la do veículo que estava aos pedaços e também por causa dos procedimentos de primeiros socorros.

Deixou Cath trêmula, ela manteve a calma, lembrando das palavras que Bob proferiu enquanto a segurava em seus braços, "Ela precisa mais que tudo de você agora, não deixe o desespero tomar conta de você".

Como Julia reagiu rápido aos estímulos ela seguiu de ambulância para o hospital mais próximo, disseram que ela não apresentava riscos e Cath suspirou de alívio antes de entrar na ambulância com essa informação.

Cath recordou que quando a notícia chegou ela estava perto de Bob, o telefone dele tocou é ele atendeu no primeiro toque calmo como sempre, mas assim que recebeu a notícia foi perceptível ver sua expressão mudando drásticamente.

Eles ainda estavam no local da cerimônia, conversando com Caio que iria partir para a festa de recepção. Assim que Bob desligou o telefone, ele pediu para Caio ir na frente, cuidar dos convidados e informar a Sra. Elizabeth e que ficasse lá para o que ela precisace, pois Michael acabara de sofrer um acidente e ele precisava verificar a gravidade.

Caio concordou prontamente e saiu, ele diria que os noivos escaparam da festa ou algo do tipo, e conversaria com calma com a Sra. Elizabeth.

Cath não pensou duas vezes e correu atrás de Bob, ele não queria levar ela, mas ela foi rápida e subiu na moto dele, garrou-se a garupa com força, Bob fez uma tentativa para retirar ela de lá, mas como não dispunha de tempo e ficou com medo de machuca-la, sua única opção foi entregar um capacete pra ela em silêncio.

Bob subiu na moto também e saiu em disparada, a chuva molhava o corpo deles com força é muitas vezes os carros que passavam jogavam água com lama neles.

Cath estava com o coração apertado, acidente! Como isso aconteceu, apesar da chuva Ralf era um motorista bom é muito prudente.

Pois no pouco tempo que eles tiveram o prazer de passarem juntos, ela começou a se apegar no jeito divertido dele e percebeu que ele era tudo menos irresponsável.

Eles não tiveram mais contatos íntimos desde o dia da boate, Cath não queria ficar nem com ele e muito menos com Bob. Os dois abriram uma disputa sem pé nem cabeça por sua causa, ela não queria embarcar nessa, pois poderia acabar escolhendo ficar com os dois já que Ralf era como um raio de sol e Bob como a escuridão.

Julia pensou que as palavras de Cath naquele momento deixaria ela mais calma...Se ela não tivesse lembrado de repente do seu bebê... "- E o meu bebê está bem?"... Ela perguntou aflita, pensando como poderia esquecer-se dele! Ela já sentia-se uma péssima mãe por isso.

Os paramédicos fizeram um silêncio ensurdecedor antes de responder, pois apesar dela está respondendo e não precisar de um respirador, passou algum tempo desacordada e seria possível saber os danos do trauma somente no hospital com os aparelhos adequados.

E Cath interrompeu seus devaneios e segurou firma na mão de Julia, e fez o possível para colocar um olhar de que tudo estava bem.

Julia tinha algumas escoriações e tinha a sensação de que um caminhão tinha passado por seu corpo, era até difícil identificar onde não estava doendo.

O soro que ela estava recebendo em seu braço pingava lentamente a deixando sonolenta e fazendo seus olhos se fecharem por vontade própria novamente.

- Ela está bem? Cath perguntou percebendo que ela voltava a dormir.

- Sim, está sobe efeito da medicação agora, deve dormir por mais algumas horas... O paramédico acrescentou... - Ela não corre riscos como disse anteriormente, não sabíamos que ela estava grávida, e melhor a Sra. preparar ela para um possível perda.

- Não vai acontecer nada! Eles ficarão bem. Cath disse ainda segurando a mão imóvel de sua amiga e suas lágrimas fugiam dos seus olhos sem sua permissão.

Capítulo 3

Quando Cath desceu da ambulância Julia foi encaminhada com pressa para dentro, ela precisava praticamente correr para acompanhar tudo.

Eles falavam rápido e ela ficava perdida em certas ocasiões, conseguiu entender que eles disseram que tratava-se de uma grávida traumatizada.

Disseram algo sobre proteção da coluna cervical, e usavam um monte de termos técnicos médicos que Cath ficava perdida.

- A Sra. não pode ficar aqui, uma enfermeira falou com gentileza para Cath.

Ela ficou parada por um instante vendo o vestido de Julia ser cortado antes de responder.

- Desculpa, mas o que será feito agora? Poderei ser a acompanhante dela mais tarde?

- Quando ela for para o quarto a Sra . poderá acompanhar. Em seguida, deve ser feito alguns exame físicos completos, da cabeça aos pés e reavaliação dos sinais vitais.

Cath foi conduzida para fora da sala de emergência com essa explicação, do lado de fora era mais frio que o normal.

Ela ficou em pé mais próxima da porta possível, com seus olhos cheios de lágrimas, para não perder nada enquanto aguardava notícias.

Uma mulher aproximou-se dela e ofereceu-lhe café, ela parecia ser muito gentil e era muito bonita com seus olhos cor de mel e cabelos longos que iam até sua cintura.

- Obrigada, Cath disse aceitando o copo, ela não recusaria estava com frio e não sairia dali tão cedo.

- Você está bem? Ela perguntou querendo iniciar uma conversa.

- Sim, estou apenas aguardando informações de uma amiga.

- Meu nome é melissa, estou aqui por causa de um amigo. Caso precise de ajuda é so avisar, você não parece bem, está um pouco molhada.

- Oh, obrigada! Lembrarei-me da sua oferta.

- Seria melhor você ir trocar de roupas, essas coisas geralmente demoram e se aparecer alguém aqui eu posso dizer o que aconteceu.

Cath pensou por um tempo antes de escutar o que ela dizia, seria melhor ela se trocar mesmo.

- Estou sem telefone aqui e não consigo pedir um transporte, Cath respondeu.

- Nossa que situação complicada, olha posso pedir um táxi para você, por minha conta. Faço isso de coração afinal tantas pessoas me ajudaram no meu momento de dor e agora quero retribuir.

- Você está falando sério? Cath ficou um pouco desconfiada com a oferta.

- Claro, farei isso agora se você não acredita. Melissa disse pegando seu telefone e fazendo uma ligação para pedir o táxi.

- Não sei como agradecer, Cath respondeu com um suspiro, ela iria tomar um banho rápido e pegar alguns itens para Julia também.

- Você agradece cuidando de você e da sua amiga, olha vou anotar o número do táxi pra você. E só dizer para onde precisa ir que ele irá atender. Melissa falou pegando um pedaço de papel da sua bolsa e uma caneta.

Assim que Cath foi embora com o pedaço de papel em mãos para poder providenciar tudo, um médico saiu da sala procurando pela acompanhante de Julia.

Melissa respondeu que era amiga dela imediatamente, e disse que queria saber se ela estava bem.

- Ela está segura, apenas foi necessário iniciar uma avaliação secundária devido as medidas de reanimação que foram adotado para normalização das funções vitais.

Melissa pensou como poderia ter sobrevivido ao acidente era uma desgraçada mesmo, ela fez um olhar triste.

- Obrigada! Doutor, ela terá alta logo?

- Vai depender da sua recuperação, ela sofreu um trauma abdominal intensos o que pode ocasionar óbitos fetais principalmente no primeiro trimestre, é o que ocorre por conseqüência de um acidente qualquer, como exemplo a queda de uma escada ou um acidente de carro como no caso da paciente. Seu organismo está mantendo o feto apesar de tudo, está com um descolamento na placenta e vai precisar repousar durante toda a gestação. Então o recomendado e bastante repouso sem estresses emocionais por enquanto até que ela se recupere para poder ir para casa.

- Eu posso ver ela Doutor?!? Ela é mesmo um milagre o Sr. não acha?

- Claro, ela será transferida para um quarto é logo a Sra. poderá acompanhá-la.

Melissa estava ansiosa por causa da demora dela poder ver Julia, se Cath chegasse ela não poderia ver ela.

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