Era quinta-feira, dia 12 de setembro de 1996; o mar estava agitado, o céu se via completamente tomado por nuvens escuras, que indicavam a chegada de uma horrível tempestade. Em meio a todo esse desfecho, encontrava-se Jeferson, um homem de 21 anos, altura mediana, em cerca de uns 1,78cm, magro, mas não muito, pele clara e cabelos castanhos com olhos verde água, ele aparentava estar feliz mesmo em meio a todo o caos que pairava. Junto a ele estava Scarlett sua noiva, uma mulher de 19 anos, media cerca de 1,73cm, tinha um corpo atlético como o de uma modelo, pele morena clara, cabelo castanho médio comprido, e olhos verde. Ela aparentava estar assustada e também um pouco nervosa pois a mesma estava sentindo enjoos, tanto por estar grávida faltando poucos dias para dar à luz, quanto por estar velejando num barco em alto mar em meio a uma tempestade.
Começa a chover e o barco de Jeferson e Scarlett começa a balançar, deixando Scarlett preocupada.
— Vamos embora amor — diz Scarlett.
— Fica calma querida, vai ficar tudo bem diz Jeferson em um tom alto por estar um pouco afastado de Scarlett.
— Estou com um mal pressentimento — diz Scarlett.
— Vem aqui que eu te protejo querida — diz Jeferson abrindo os braços para que Scarlett vá em sua direção e a mesma acaba consentindo com a cabeça.
no momento em que Scarlett se dirige ao encontro de Jeferson, a mesma acaba se desequilibrando e caindo do barco.
Ao cair do barco, Scarlett clamou por socorro, ou pelo menos foi o que ela tentou.
— S-socorro — diz com a voz falha em meio as águas turbulentas que a impediam de nadar e atrapalhavam sua fala.
— Calma querida — diz Jeferson com a voz calma olhando para Scarlett.
— E-eu não consigo — diz Scarlett pronunciando suas últimas palavras antes de ser carregada pelas águas que ficavam cada vez mais fortes por causa da tempestade horrível que se alastrava.
já inconsciente, Scarlett era levada pelas águas e se afastava cada vez mais do barco em que se encontrara, numa velocidade espantosa. Depois de horas as águas finalmente se acalmaram, restando apenas a chuva forte e persistente. Com a calmaria das águas, o corpo de Scarlett afundou a fazendo chegar no fundo. Chegando lá seu corpo se chocou com um cadáver até então intacto; porém no instante em que os corpos se tocaram o cadáver se desintegrou virando apenas pó e não restando absolutamente nada. Nesse mesmo instante o corpo de Scarlett foi impulsionado para cima fazendo com que a mesma acordasse.
Scarlett ficou assustada ao perceber que estava em um local diferente no meio do nada, longe de seu noivo e sem nenhum sinal do barco em que estava, ela começa a pedir socorro em meio ao desespero.
— Help, help me please — Scarlett começa a gritar por ajuda, porém não havia nenhum sinal de vida naquele local, até mesmo os peixes estavam um tanto quanto escassos. Em meio aquela situação ela começou a ficar aflita e desesperada pois já havia anoitecido e ela estava ali sozinha.
Percebendo que seus gritos de nada estavam adiantando, ela começou a nadar sem rumo e sem destino apenas tentando se acalmar e encontrar algum local para se abrigar. continuou por horas assim sem conseguir entender como estava conseguindo nadar por tanto tempo, pois o dia já estava quase amanhecendo e ela já havia nadado quilômetros mesmo nunca tendo sido uma boa nadadora.
Seu corpo estava dolorido e ela já não estava mais suportando e no momento em que estava desistindo e aceitando que aquele era seu fim, ela avistou um barco.
Ao avistar o barco, Scarlett começa a gritar novamente por socorro, e vai nadando na direção do mesmo.
— Amor olha só — Diz Marcia olhando para Scarlett no meio do oceano. Marcia era uma mulher baixa magra de rosto redondo e cabelos castanhos escuros que vinham até seus ombros, pele morena e olhos castanhos.
— Please — Fala Scarlett já cansada se aproximando do barco.
Ao ver Scarlett clamando por socorro Manoel imediatamente pula na água e retira Scarlett de lá a levando para o seu barco e a deitando no assoalho. Manoel era um homem alto de cabelos castanhos escuros um pouco cacheados de um comprimento mediano, pele morena por causa do sol que tomava diariamente. Scarlett começa a tossir e a vomitar toda a água que havia ingerido e a se tremer toda.
— Toma isso talvez ajude — Diz Marcia entrego uma caneca com chá quente, e um cobertor de rede.
— Thanks, say... obrigada — Scarlett agradece tomando seu chá quente, já envolta no cobertor.
Enquanto tomava seu chá Scarlett começa a passar mal sentindo um desconforto enorme e muita dor, ao perceber isso Manoel pede para que ela se deite e manda Marcia buscar alguns cobertores e água morna, mas enquanto ela procurava, Scarlett entra em trabalho de parto e Manoel a socorre mesmo não compreendendo absolutamente nada da ala medica.
— Respira fundo, vai dá tudo certo, puxa o ar pela boca e solta pelo nariz, eu acho que é assim — Diz Manoel logo ficando um pouco pensativo
— Please i want — Scarlett fala com a voz um pouco rouca enquanto segurava na mão de Manoel e fazia força para ajudar no parto.
— Que foi que tu disse? — Diz Manoel um pouco confuso a olhando
— Desculpa, eu queria pedir uma coisa para você, AA shit — Naquele momento Scarlett sente uma contração ainda mais forte que antes.
— Dyllan — E então no momento do parto Scarlett não resisti e acaba por falecer. Manoel fica perplexo com o ocorrido e paralisado com o bebê já recém nascido em seus braços.
— Não se preocupe, vou cuidar dele a todo custo — Manoel diz com a voz firme enquanto segurava o recém-nascido.
Alguns dias se passam e Manoel e Marcia estão na capital do rio Grande do Norte, Natal. Aonde moravam juntos a dois anos desde que haviam se casado. Manoel era pescador desde criança e sempre morou lá até que seus pais se separaram, apesar que ele passava pouco tempo lá, pois sempre viveu a maior parte do tempo com seu pai em alto mar já que tal era Biólogo marinho, até que teve que se mudar para a cidade de Parnamirim, onde passou o resto de sua adolescência para estudar até que soube da morte de seu pai; ele decidiu fugir de casa e assim voltou e fez sua vida em Natal. Ao chegarem lá Manoel constatou Marcia de sua decisão, que não ficou nada contente.
— Como assim? você tá ficando maluco Manoel? ele vai trazer problemas pra nós — Fala Marcia alterada.
— Eu prometi pra ela, o que você espera que eu faça com ele?
— O óbvio né, como você acha que as pessoas vão reagir se aparecermos do nada com um bebê sendo que eu nem gravida tava.
— A gente pode falar que adotou ele ou que ganhamos ele, não sei.
— E o nome do orfanato qual é? qual o nome da pessoa que nos deu ele? a gente não sabia de nada daquela mulher e ela tava no meio do nada, se você contar isso pra alguém ou vão chamar nos dois de assassinos ou sequestradores ou os dois, e aí o que você prefere? ficar mofando na cadeia por causa dele ou — Marcia fala e logo é interrompida por Manoel.
— Nem pense nisso, a gente vai ficar com ele e esse assunto se encerra aqui, você não havia ganhado uma casa de herança no interior?
— Não, não, eu não volto pra lá nem amarrada!
E assim o tempo foi passando e Marcia e Manoel registraram aquele bebê como filho deles e se mudaram para Guanxirico próxima de Guamaré.
A viagem foi calma, uma estrada tranquila e com varias pastagens, eles foram em um fiat palio 16V preto, logo na entrada da cidade havia uma placa azul grande com letras em branco que diziam BEM-VINDO A GUANXIRICO, de inicio já se pode notar que a cidade era cercada por uma mata, e dentro dela em quase todas as ruas haviam arvores, desde cajueiros a ipês. A casa era um pouco afastada do centro da cidade porém era calma e trazia um ar de tranquilidade, havia um gramado que rodeava a casa, alguns pequenos arbustos e um cedro libanês que ficava logo na entrada com alguns galhos que eram tão longos que iam até perto de uma das janelas do andar de cima, era uma casa de altos e baixos, na parte inferior parecia ser feita de pedra, já na superior um amadeirado escuro com janelas de vidro, havia também uma garagem vazia ao lado da casa onde logo ficou localizado o carro.
Ao desfazerem a mudança tirando todas as caixas e malas do carro e adentrando a casa, puderam notar a sujeira e poeira que estava ali, apesar dos moveis estarem cobertos aquele cheiro permanecia ali e provavelmente só sairia depois de uma boa faxina, Manoel tirou o lençol que estava cobrindo o sofá o jogando no chão e bateu suas mãos uma na outra com o intuito de limpa-las.
— Acho que vamos ter um trabalhinho por aqui em —Manoel pega Dyllan que estava no colo de Marcia e se senta no sofá com ele enquanto a mesma passa seu dedo indicador por baixo do nariz pelo incomodo da poeira.
— Eu tô é com fome —Marcia vai até a cozinha que era separada da sala por um balcão americano e abre a geladeira — tá vazia, que ótimo
— Vi um mercado não muito longe daqui, vamo lá, assim a gente aproveita pra comer e comprar alguma coisa pra esse zé ruela aqui — Manoel fala sorrindo e brinca com o filho.
— Não sei como se apegou tão rápido a esse menino, também quem tem que trocar a frauda dele não é você né — Marcia fala fazendo um rabo de cavalo no cabelo deixando algumas madeixas de fora como uma pequena franja que ela coloca atrás da orelha.
— Tá então deixa que eu me responsabilizo por ele, eu não falei que ia cuidar dele? além disso ele é engraçado, a mamadeira tá contigo?
— Você que sabe né, Tá na bolsa dele lá no carro —Marcia fala e então os dois saem de casa fechando a porta.
O tempo foi passando e aquele bebê já não existia mais, Dyllan agora tem quatro anos e está ansioso para conhecer seu irmãozinho. Eles estavam no hospital Dom Pedro II que ficava em guanxirico, ele parecia uma obra prima, partes retangulares e quadradas com toda a fachada de vidro.
— Papai, quando eu vou poder ver ele? eu posso pegar ele? por favor — Diz Dyllan dando alguns pulinhos empolgado.
— Espera só um pouco Dyllan, daqui a pouco vamos poder ver ele — Fala Manoel pegando Dyllan no colo.
— Mas eu queria ver ele pai, só um pouquinho, mas então depois a gente pode levar ele no barco com a gente?
— Já falei agora não dá, e não, não dá pra levar ele no barco agora, ele ainda nem nasceu. — Diz Manoel sem saber muito como acalmar o filho.
— Bom então assim que ele nascer a gente leva ele, agora avante marujo, para a máquina magica de lanchinhos — Diz Dyllan levantando seus braços para cima.
—Aeeeee — Diz Manoel começando a andar e com o Dyllan, sai correndo em direção a máquina.
E então algumas horas depois naquele mesmo dia nasceu William.
Nove anos se passaram; parecia um dia comum como todos os outros, aquele sol quente que se colocassem um ovo no asfalto talvez ele até fritava, e o dia só estava começando. Algumas crianças já estavam na rua andando de bicicleta gritando felizes por finalmente as férias terem chegado, William se levantou sedo e já não estava mais em casa, foi o que Dyllan percebeu quando aquele maldito despertador tocou as 6:30 em ponto.
— A cala a boca, só mais cinco minutinhos vai — diz Dyllan se virando para o lado tentando voltar a dormir, porém o despertador não desistiu até ele se irritar o suficiente para desligá-lo.
— Porque você não desligou logo o... à é claro, ele já levantou, crianças — Dyllan se levanta e vai até o banheiro para suas necessidades pessoais.
Ao se dirigir para a cozinha para tomar assim seu café da manhã Dyllan a encontra vazia, e assim apenas vai até a geladeira para pegar qualquer coisa para comer, e acaba sendo qualquer coisa mesmo, já que ele pega alguns ovos e os frita, os mistura com farinha e come dentro da panela mesmo, enquanto anda pela casa.
— Será que ele já saiu e esqueceu de mim? ele saiu com o William? mas ele nem gosta de pescar — Dyllan coloca a panela sobre a mesa e vai até o quarto de seus pais para ver se eles realmente haviam saído sem ele, ou se apenas estavam dormindo.
— O pai, tá acordado? lembra que você falou que a gente ia sair hoje né? — fala Dyllan encostado na porta do quarto que estava um pouquinho aberta, porém acaba por não obter nenhuma resposta.
— Ok tô entrando — logo ao entrar no quarto ele se depara com uma cena inusitada e que o deixa imóvel por alguns instantes, Manoel sobre a cama ensanguentado.
Dyllan estava em casa e ao não ver ninguém ali, imaginou que poderia estar sozinho mais resolveu conferir, ao entrar no quarto de seus pais acabou se deparando com seu pai ali sobre a cama ensanguentado.
— Pai o que aconteceu com o senhor? fica calmo eu vou te ajudar, eu vou te levar no hospital e aí você vai ficar bom, é sério, pai por favor aguenta firme — Dyllan estava desesperado com um turbilhão de pensamentos e tudo aquilo que nunca poderia imaginar era perder seu pai, essa não era uma hipótese.
— Filho por favor, se acalme e-eu tô bem —fala Manoel logo tossindo um pouco de sangue e segurando na mão de Dyllan.
— Você não tá bem pai, por favor deixa eu...
— filho por favor me escuta, eu sei que eu posso não ter sido um bom pai pra você mas eu sempre tentei fazer o que eu pudesse pra te ver bem, você e o seu irmão, mas eu cometi erros e me envolvi com coisas erradas, agora eu tô pagando pelos meus erros, você não tem nada a ver com eles, nunca deixe ninguém falar ao contrário, você é perfeito pra mim do jeito que você é, e eu preciso muito te contar uma coisa, acho que nunca deveria ter escondido isso de você — fala Manoel.
— O que aconteceu pai? porque você tá falando essas coisas estranhas? — pergunta Dyllan um pouco assustado, mas também curioso.
— Filho você precisa saber que...
Enquanto Manoel ia falar, Dyllan escuta um rangido na porta, porém quando ele se vira para olhar acaba não vendo nada, ao virar sua atenção novamente para seu pai ele estava imóvel; e assim Manoel morre nos braços de Dyllan.
— não, não, não o pai acorda por favor, a gente precisa ir pro hospital pai —Dyllan fala enquanto olha para o corpo com os braços apoiados em seus ombros o balançando um pouco —Pai não faz isso comigo pai a gente precisa ir no hospital pai anda —Dyllan começa a chorar —Pai vamo logo —Ele apoia sua cabeça sobre o peito de Manoel enquanto lagrimas desciam pelo seu rosto e ele tentava ao máximo contê-las —P-pai — depois de alguns minutos ali chorando sobre o corpo de seu pai sem obter nenhuma resposta ele o olha ainda chorando porém tentando se conter, ele junta suas duas mãos e começa a fazer massagem cardíaca assim como ele já tinha visto em um filme de forma rápida e colocando todas as suas forças —Vai dar tudo certo pai —Dyllan fala enquanto mais lagrimas caem de seu rosto, ele para os movimentos e então cai sobre o corpo de Manoel agarrando com força as roupas de seu pai já soluçando— NÃOOOO
E então naquele momento de total desespero a respiração de Dyllan começa a pesar, ele fica com a respiração ofegante ali ainda entre algumas lagrimas que desciam por seu rosto, ele se afasta de Manoel colocando sua mão sobre o peito enquanto empurrava seus dedos conta o local pela dor que estava sentindo e então seu coração para de bater por alguns segundos e ele cai ali mesmo no chão do quarto.
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