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Colégio Interno

você não pode me abandonar naquele inferno...

Emma Miller

Sentir o meu cobertor ser arrancado de mim pelo meu pai, revirei os olhos percebendo que a minha tentativa de fuga falhou, miseravelmente. Pelo ao menos, parte dela, já que consegui ir à festa voltar.

A vida seria bem mais fácil se eu fosse uma ninja ou se não tivesse nascido.

**É cedo demais para começar com as piadas pesadas? **

— EMMA, EU SEI QUE VOCÊ TÁ ACORDADA, LEVANTA DA DROGA DESSA CAMA AGORA-ordenou.

** Abaixem o volume\, as cenas a seguir contêm muita gritaria de velho que precisa fumar uma ou pelo menos cheirar um pó. **

Antes de eu me sentar na cama, enfiei o celular debaixo do travesseiro com medo deles inventarem de pedir ele.

Se eles decidirem pegar o meu celular, vão ver um nude meu logo de cara na tela inicial.

Um perigo constante mais um prazer também.

Tenho que admirar a obra de arte que sou.

Eu ainda estava com o vestido que usei para sair, com a maquiagem borrada e com os cabelos bagunçados. Tive que voltar correndo e os meus pés devem estar parecendo carvão, já que eu estava descalça quando fugi da festa.

Longa história, mas resumindo, o dono da boate tem uma filha, a filha não gosta muito de me, e não me importei de jogar uma mesa nela, literalmente.

— bom dia, meu pai querido, acordou cedo né? — Brinquei com um sorriso.

— Garota, você não sabe o quanto eu to me controlando para não…

Para não comprar uma casa bem longe dessa cidade? Viu, gente? Ele é um amor!

— Válter. — Chamou a minha mãe, impedindo o meu pai de possivelmente me xingar em 3 línguas diferentes.

— VOCÊ FOI EXPULSA MAIS UMA VEZ-Reclamou o meu pai, já vermelho pela irritação.

Finalmente…

Tô quase chorando de emoção.

— O quê? — comecei a atuar, escondendo o meu sorriso vitorioso. — Eu não acredito… Deve ter sido um engano.

— VOCÊ TACOU FOGO NO ESCRITÓRIO DA DIRETORA, EMMA, VOCÊ QUER MESMO QUE EU ACREDITE QUE ESSE NÃO É O QUINTO ESCRITÓRIO QUE VOCÊ COLOCA FOGO? — Gritou o meu pai em pânico.

Em minha defesa, a diretora era uma vadia comigo.

**Só porque fui expulsa de outras quatro escolas\, não significa que não sou legal ou não posso ter notas boas. **

— Eu não fiz nada. — Menti, dando o meu máximo para esconder o sorriso.

— Você é simplesmente impossível, eu não entendo como você é minha filha, o Lorenzo nunca, faria algo assim. — Protestou o meu pai, usando o meu irmão, mais uma vez como um argumento.

— EU não sou ele.-Falei rapidamente, mudando o tom da minha voz para um tom frio.

— Claro que você não é ele, ele era bem melhor que isso, e outra, ele está morto,-Me lembrou.

O meu pai age como se eu não soubesse disso. Como eu poderia me esquecer, se eles me lembram diariamente o quanto o meu irmão “perfeito” morreu por minha causa?

Trazer o nome “Lorenzo” para uma conversa, é pedir para que me feche completamente e aja como uma idiota.

— Você é o único que precisa aceitar que ele morreu. — Soltei com raiva e o olhar do meu pai escureceu.

— EMMA, EU JURO…

**Que comprará o Burger king só para mim? Olho ele de nevo\, sendo um amor de pessoa… **

— Vou conversar com ela.-Interviu minha mãe calmamente e o meu pai olhou para ela com sangue nos olhos, antes de sair do meu quarto pisando duro.

Se ele pisar mais forte, ele afunda, e do jeito que as construções são nessa cidade, ele levará a casa toda e uns dois prédios junto.

Respirei fundo e fechei os olhos tentando inventar uma desculpa boa o suficiente para fazer a minha mãe me perdoar.

É difícil pensar quando você tá chapada e de ressaca…

Nunca mais invento de cheirar açúcar com leite e****pó.

Lidar com o meu pai é fácil, tirando o temperamento dele que infelizmente herdei, agora, lidar com a minha mãe… é torturante. Ter que aguentar o olhar decepcionante e julgador dela é demais para mim.

Nem se eu cheirasse tang. Eu aguentaria uma briga com a minha mãe.

**Por isso cheiro vidro e bebo toddynho sem agitar todos os dias. É o único jeito de aguentar essa família. **

— Emma, eu não entendo porque você continua fazendo isso… — Suspirou ela olhando para o chão.

Viram? Eu já me sinto culpada.

A mulher tem super pode.

Alguns são o flash, outros são homem de ferro e outros até invetam de ser Hulk, mas a minha mãe, ela tem o poder te fazer se sentir culpado pela terra ser redonda.

Apenas idiota acredita que a terra é plana.

Esse povo só pode tá vendo que a terra é plana na puta que…

— Pelo menos agora, a senhora e o pai podem parar de tentar me colocar em escolas que eu obviamente não me encaixo. — Suspirei também.-Era sói a senhora deixar vender pulseira na praia, ou me deixar ser mendiga em Dubai, ou até me deixar virar stripper…

— É sobre isso tudo? É por isso que você tem arruinado sua vida? — Me olhou com decepção.

Alguém me dá um tiro?

Eu me lembrei mais uma vez, “eu to fazendo isso pelo Lorenzo”, eu preciso fazer isso por ele.

— Eu não arruinei a minha vida…

— Emma, esse é o quinto escritório de uma diretora que você decide que seria uma boa ideia colocar pequenos explosivos, e deixar o fogo se espalhar.-Reclamou ela comigo.

**Não precisa me lembrar\, eu sei que sou uma mula\, mas fui abençoada com um cérebro. **

Ele é do tamanho de uma ervilha? Sim, mas é um cérebro.

O bullying contra as pessoas com o cérebro do tamanho do pinto do Bolsonaro tem que parar, a gente também é gente.

— Você sabe quanto dinheiro a gente tem gastado para consertar os seus erros? Era uma surpresa no início receber chamada avisando que você foi expulsa, agora, eu acordo esperando a chamada.-contou.

Pelo ao menos ela tem um motivo para lembrar de mim todos os dias.

— Eu não quero estudar nessas escolas.-falei abaixando o olhar para evitar encara a minha mãe.

— Você finalmente conseguiu o que você queria.-ela fala e levantei o meu olhar surpresa.

Dessa vez, os explosivos vão ser em comemoração.

Bebidas são por minha conta, mais todo mundo terá que contribuir trazendo a carne pro churrasco.

Fico na churrasqueira!

— Você vai para um colégio interno.-Me surpreendeu.

Esqueçam o churrasco…

Eu me levantei da cama em um pulo, tocando os meus pés sujos no chão frio do meu quarto e me aproxime da minha mãe, fazendo uma careta de choque.

Será que se eu me jogar no chão e chorar igual uma criança, ela esquece essa ideia boba de me enviar para um colégio interno?

Não tem nada lá para mim.

— Mãe, não faz isso comigo, deixa eu virar stripper, eu prometo te enviar metade do dinheiro que eu fizer.-implorei seguindo ela pelo quarto enquanto a mesma tirava as minhas malas do guarda-roupa.

— O seu pai e eu já falamos com a diretora, vamos para lá ainda hoje, você tem sorte que a diretora é uma antiga amiga nossa. — avisou jogando as 2 malas pretas na cama.

— Você não pode me abandonar naquele inferno… — Supliquei.

— Eu posso, e vou. — Falou a minha mãe me encarando decidida.

Continua…

Pepino.

***       EMMA MILLER***

Bati a cabeça no vidro, entediada, e de ressaca.

Nunca mais invento de comprar drogas com um cara chamado JP.

O caminho para o colégio interno seria silencioso se não fosse pelo rádio tocando uma música do Bruno Mars, o meu pai não disse nem uma palavra, mas sei muito bem que só faltava ele soltar fogos de tão feliz que tava, por se livrar de mim de uma vez por todas.

**Eu também ficaria feliz\, se pudesse enfiar uma estaca de borracha pela goela dele. **

O que o meu pai não sabe é que em menos de duas semanas, ele vai me ver de novo.

Eu não tenho explosivos comigo, mas com certeza será muito fácil ser expulsa desse lugar.

Vocês realmente pensaram que eu ficaria naquele colégio de adolescentes certinhos e que nunca sofreram nada na vida?

Lição número 1: Nunca tire conclusões precipitadas.

O colégio ficava em uma cidade minúscula, longe de tudo e sem graça. Logo de cara dava para notar ele, era gigante e se destacava, parecia um castelo ou um lugar histórico.

Hogwarts, eu diria.

Só queria encontrar o meu Dumbledaddy…

Levantei minha cabeça do vidro para observar melhor e notei o gramado extenso e os enormes portões de ferro.

O meu pai abriu a porta para mim e me encarou com uma cara feia, eu dei o meu melhor sorriso saindo do carro. O meu pai fez a gentileza de ser útil uma vez na vida e pegou as minhas malas, começando a carregar as mesmas.

Eu só trouxe 2 malas porque não tinha muito o que trazer, o que eu ia colocar lá dentro? Minhas roupas de moradora de rua?

Eu segui meu pai pelo gramado e pelos corredores daquele luga. Tinha tanta escada que certeza que minha academia desse ano todo já tava feita.

As pessoas, que se encontravam no gramado e tanto como nos corredores, me olhavam feio e torto.

Eles nunca viram uma maconheira?

Maconheiros estudam, infelizmente.

Mal posso esperar para ser expulsa desse lugar e começar a vender pulseiras e cristais na praia.

Após tanto andar pelo que mais parecia a vida da rainha Betinha, o meu pai parou na frente de grandes portas de madeira, em uma das portas, tinha uma placa dourada com um nome que parecia italiano. O meu pai, por fim, deu três batidas em uma das portas.

Tomei a iniciativa de abrir as portas já que o meu pai era tão lerdo para ver a maçaneta na frente dele e entrei.

Nossa, que cheiro de droga…

Ah, não espera, é cheiro de livros.

Melhor ainda.

Era a diretoria, uma sala não muito decorada, mas com tons de branco e cinza predominantes, várias estantes com livros e papéis espalhados pela mesa. No final da mesa, tinha uma mulher sentada e que nos receberam com um sorriso brilhante.

Não querendo falar nada, mas que mulher gata…

Sentamos nas cadeiras de frente para a mesa da diretora e ela começou a conversar animadamente com o meu pai.

Eu não prestei atenção na conversa, eu estava mais ocupada tentando achar um jeito de ser expulsa mesmo antes de pisar em uma sala de aula.

Não tem nada que possa me fazer querer ficar aqui.

— Mãe, antes da senhora tentar me culpar por alguma coisa, eu juro que aquele pepino tava lá antes de eu chegar… — A nossa atenção foi tomada por uma voz masculina entrando na sala.

— Eita jesus… — Disse assim que o seu olhar maravilhado e chocado caiu sobre mim.

Fiquei levemente paralisada também, enquanto encarava o garoto do pepino. Ele usava o mesmo uniforme que os outros alunos que vi nos corredores e no gramado, o uniforme era um azul-escuro, quase preto e detalhadamente em vermelho. Essa roupa caia estranhamente bem nesse garoto… Ele tinha os olhos castanhos escuros, assim como o seu cabelo ondulado que estava levemente desarrumado, o seu nariz era meio empinado e os seus lábios eram avermelhados.

Qual hidratante será que ele usa?

Será que posso ser expulsa por roubo de hidratante labial?

O garoto do pepino com certeza não vai se importar se eu roubar o hidratante dele.

Espera aí…

Oque ele fez com o pepino?

— Marcus. — chamou a diretora com um olhar envergonhado e duro. — Filho me desculpe por interromper sua aula, eu te chamei porque preciso que você mostre para a senhora Miller, aonde fica o dormitório dela.

Intercalei olhares entre a diretora e o garoto do pepino.

— Sem problema. — Respondeu ele sorrindo para a diretora.

Ele me encarou e eu me levantei da cadeira, brevemente me despedindo do meu pai e da diretora. Saindo do escritório, o garoto fechou as portas atrás de mim e se preparou para pegar as minhas duas malas.

— Por favor, me diz que você enfiou o pepino na sua bunda. — Mencionei assim que ele pegou as minhas malas, mais interessada na fofoca do que em ir para o meu dormitório.

— O meu amigo Siriús… Ele… Espera, o quê?

Continua…

Natasha Caldeirão.

Emma Miller

— O meu amigo Siriús… Ele… Espera, o quê?

— Por favor, me diz que você não enfiou o pepino na sua bunda,-Repetida pausadamente e o garoto me encarou ainda chocado.

— Entendi essa parte.-Falou ele rindo.-Por que eu enfiaria um pepino na minha b&da?

— Me diz você, você que enfiou. — Olhei para ele confuso.

— Eu não enfiei o pepino na minha b&da!-Esclareceu ele com um sorriso chocado.

— Tudo bem, se você gostou de enfiar o pepino na sua b&da, não precisa ficar com vergonha.-Provoquei com um sorriso.

— O meu amigo siriús fumaria o pepino e não deu muito certo, foi apenas isso, eu juro que nenhum alimento foi enfiado na minha bunda ainda. — Contou ele com um sorriso.

— Ainda?-Dei um sorriso de uma risada e garoto do pepino soltou uma risada.

— deixa te mostrar o logotipo do seu dormitório. — Falou ele a seguir e eu andar com as minhas malas ele.

Peguei uma das minhas malas que ele segurava e ele hesitou um pouco antes de me carregar. Assim que ele soltou a mala na minha mão, eu quase dei de cara no chão pelo peso da mesma.

Como ele leva as duas como se fossem apenas dois?

A gente andou um pouco.

Mentira.

A GENTE ANDOU MUITO.

Se não fosse o ritmo do doidão lá, a gente levaria um dia inteiro para chegar no andar dos, dormitório. Quando finalmente a uma porta que tinha o meu nome e o nome de mais duas garotas em um papel na porta chegamos, eu soltei minha mala.

— AI MERDA!-Gritei quando senti a mala cair no meu pé. Eu me desequilibrei e cai para frente, derrubando as duas malas e arrastando o cara do pepino junto.

Eu cair em cima do cara, dando uma cabeçada tão forte que meu cérebro começou uma atualização nova.

Com aquela proximidade toda, eu consegui sentir o perfume dele.

Então esse é o cheiro amadeirado que todo mundo fala?

**Que negócio de rico… *

Eu me sentei em cima do cara colocando a mão na cabeça com dor e olhado para o cara que também me encarava em choque e raiva.

O maxilar dele estava travado e a gargalhada, mas estava para ver que ele estava segurando uma risada.

— A madame prefere ficar sentada no meu colo para sempre ou deseja sair? Você com ironia e então notei que tava sentada no colo dele.

Arregalei os olhos saindo de cima dele me sentando no chão.

— Certeza que você deve ter feito umas 300 partes do meu cérebro pararem de funcionar, cabeça dura e pesada do caralho.-Xingou se sentando no chão também e eu olheiro indignado para ele.

Ele me deu um tapa no ombro e no segundo seguinte dei dois tapas no ombro dele. Quando ele ia revidar me devolvendo os tapas, eu levantei a mão e falei rapidamente.

— Se você me bater, isso vai ser homofobia. — Olhei semi cerrados para ele.

Ele me devolveu o olhar semi cerrado negando com a cabeça. O garoto a sua mão ajudar e em seguida estimou me ajudar, esticou a sua mão ajudar também.

E não é que o vagabundo pelo menos é cavalheiro?

Quando eu tava na metade do caminho, já me levantando e pegando na mão dele, ele tirou a mão dele, me fazendo cair, bater a cabeça na parede.

O som da risada ecoou pelo corredor e eu feio para ele me levantando.

Ele parece uma moto rindo.

— Garoto, se eu te vejo no corredor… — Ameacei com ódio.

— Ah, é? Vai elaborar o quê?-Provocou com um sorriso.

Que sorriso… lindo.

Eu até fico meio desconcertado quando ele lançou aquele sorriso para mim.

— Vou meter a voadora no meio da tua cara feia. — Falei levantando as minhas malas.

Eu nunca menti tanto…

— A gente tá no corredor, se você quiser tentar a sua sorte… — Disse se aproximando.

— Você é chato para caralho, vai se fuder enviado do cão.-Falei dando um tapa com força no peito dele.

— Aqui e agora? — Deu um sorriso de lado e eu me preparei para meter outro tapão nele.

— Marcus? — Chamou uma voz fina no fim do corredor e nós dois olhamos na direção dela. O garoto do pepino, assim que avistou a pessoa, parou de sorrir na hora.

Era uma garota loira com o mesmo uniforme que todo mundo, só que o dela, parecia muito mais bonita do que em qualquer outra menina. Ela era alta e andava com segurança até nós.

Eu, uma Vadia maconheira com o ego e Autoestima de uma Deusa, me sinto segura.

— E quem você seria? — você está fazendo cara de nojo para mim.

— Natasha Caldeirão.-Sorri sincera.

Continua…

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