Capítulo 01. Fernanda narrando...
Todos os dias ao me levantar, se antes não pensava em.nada e simplesmente em como seria mais um dia chato em que o segurança que meu pai botou em minha cola me levaria ao colégio fazendo eu passar vergonha sentindo que era como se ele fosse minha babá, hoje eu ao abrir meus olhos ainda deitada em.minha cama agradeço por mais um dia , agradeço por estar viva e pelo fato de minha humilde residência não ter como decoração diversos buracos de bala na parede.
Para que vocês entendam a minha história eu preciso me apresentar a vocês...
Meu nome é Fernanda Alencar, sim , muitos me conhecem como a filha do capitão da rota, Carlos Alencar..
Meu pai de um plano de carreira incrível na parte militar..Diversas condecorações, bem como medalhas de honra ao mérito...meu pai era motivo de orgulho e acima de tudo respeito pelos seus colegas de farda, principalmente dentro do batalhão da rota que era aonde ele infelizmente encerrou sua carreira de um modo trágico.
Ser filha de um policial tem lá suas vantagens...as pessoas associam você ao nome de seu pai e na maioria das vezes isso digamos te dá alguma vantagem, mas também tem a parte não boa que eh quando as pessoas más, bem como vemos nos filmes policiais, os chamados bandidos, te perseguem e acabam arriscando a sua vida em busca da destruição de seu pai, tal como foi comigo...
Nos tempos de glória, morávamos meu pai , eu e minha mãe em um dos bairros mais aconchegantes de são Paulo, bairro este repleto de lojas, parques, e até mesmo shopping de grande prestigio...
Meu pai saia bem cedo para trabalhar e muitas das vezes no escuro ainda.
Minha mãe sempre levantava antes e preparava seu café da manhã enquanto ele ia tomar seu banho e se aprontar..
Após tomar o café ele ia até meu quarto aonde me dava um beijo em minha testa e somente aí saia de casa fazendo o sinal da cruz pedindo sempre proteção a nós duas e a ele também.
Por anos a fio essa sempre foi a sua árdua rotina de trabalho, inclusive no dia em que nossa vida iria virar de cabeça para baixo em todos os sentidos...
17 de março de 2013...
Foi nesta data que tudo ocorreu..foi nesse dia que o destino resolveu virar nossa vida de cabeça para baixo ...
Meu pai havia saído para trabalhar..
Fazia dias que ele estava coordenando uma missão de invasão a uma das maiores comunidades de toda a cidade de são Paulo, estamos falando de Paraisópolis...
E quando falamos em comunidade , nem sempre nos referimos a extrema pobreza, até por que se vivemos em um país aonde não se existe justiça, bem como leis favoráveis a população de classe baixa, dentro da comunidade é o que prevalece..
Paraisópolis tem uma extensão de 331.510 km², sendo considerada a 2 maior comunidade de toda a cidade de são Paulo..E não eh preciso saber que assim como em qualquer lugar sempre tem os dois lados...o lado bom e o lado ruim...bem como o lado rival também..
Dentro da favela, existem diversos pontos de tráfico de drogas aonde os chamados empregados do tráfico atuam em tempo constante e integral de uma forma muito organizada e bem planejada aonde o único objetivo nisso tudo é encher a conta bancária do até então considerado o maior dono da favela naquele presente momento, estamos falando de Douglas Navarro, apelidado pela população que o venera como "DG".
Douglas comanda de uma forma muito bem organizada o maior contrabando de drogas de toda a favela..Ele é a lei, ele é o presidente da comunidade por assim dizer... É ele quem determina as ordens a seus empregados, bem.como atua de juiz no famoso tribunal do crime tambem, porém do outro lado, parte de sua renda recebida do tráfico, ele faz doações mensais de cestas básicas a famílias que não tem.o que comer, bem como criou um centro de atividades esportivas para tirar os pequenos da rua e também está construindo o que será o maior hospital filantrópico de toda a favela , destinado somente aos moradores locais que serão préviamente cadastrados.
Viu? Tudo tem os dois lados...ao mesmo tempo que ele é um cara do mal , ele é um salvador da comunidade, porém não são todos que pensam assim e por conta disso, sempre existe conflitos rivais com o dono da considerada maior favela de são Paulo, e agora falamos de Heliópolis, esta é regida por Thiago Sandoval, vulgo o "alemão", só para constar, por ele ser branco de olhos azuis e loiro ainda por cima.
Alemão por sua vez não tem a suposta "generosidade do crime", tal como DG.
Ele é mais reservado... Alemão por sua vez tem um único objetivo , destruir seu arqui inimigo declarado e concorrente DG pois assim ele pode tomar posse da segunda maior favela da cidade.
Dia sim, outro também sempre há algum disparo feito por um dos lados...e quando paro para ouvir seu som do estampido forte e agudo sinto uma raiva súbita me consumir pois lembro do dia em que meu pai foi alvejado e por conta disso minha vida mudou e hoje sinto na pele e sei melhor do que ninguém o que é morar em uma favela bem como suas dificuldades para se ter uma vida digna, pois conheço muitos que moram e trabalho dentro de uma.
17 de março de 2013..
Meu pai havia saído cedo como sempre fazia todas as manhãs e sua última frase dita foi...volto assim que puder.. .
De fato ele não mentiu, ele voltou mas não dá maneira na qual nem eu e menos ainda minha mãe quisesse vê lo...cravejado de bala entre a vida e a morte em uma cama de hospital...
Sim, meu pai foi alvejado em uma ação desastrosa ocorrida dentro da comunidade conhecida como Paraisópolis, aonde dois olheiros do tráfico ao notarem a presença do meu pai, bem como seu parceiro, o cano guerra não pensou duas vezes e avisou os parça que de pontos estratégicos meteram bala nos dois...
Cabo guerra foi atingido de raspão, mas meu pai infelizmente não teve a mesma sorte..
Ele levou três dos cinco disparos que foram feitos contra ele ..
Um foi nas costas , esse eu suponho que tenha sido o primeiro, pois assim que ele caiu de barriga pra cima , um outro atingiu seu abdômen e um terceiro sua perna esquerda na altura da coxa.
Por estarem na linha de tiro, não tinha como de primeiro momento tirar ele daí, então seu parceiro o arrastou para dentro da viatura e conseguiu sair de lá as pressas...
Temendo que fosse morrer ali mesmo , meu pai pediu que cabo guerra lhe prometesse que não iria desamparar minha mãe e eu, e assim ele o fez...
Era quase sete da noite quando minha mãe recebeu uma ligação vinda lá do batalhão da rota , feita pelo comandante geral . Este comandante foi quem teve a triste missão em comunicar a minha mãe sobre o resultado da ação desastrosa que culminou em meu pai estar gravemente ferido...
Uma viatura veio nos buscar e em um poucos minutos lá estava nós duas chorando sentadas a recepção do hospital a espera de alguma notícia...quando eis que de repente surgiu o famoso parceiro de meu pai, vindo em nossa direção com uma tristeza explícita em seu olhar..
-boa noite senhora Almeida, eu sinto muito...
Minha mãe ergueu o olhar para aquele homem ali a sua frente e com lágrimas nos olhos disse..
- o que aconteceu ? O que os médicos disseram?
- o seu marido levou três tiros , mas o socorro foi imediato...
- oh meu deus...
- os médicos estão com ele lá dentro...eu sinto muito Sra Almeida...vamos orar para que tudo dê certo.
A cirurgia de emergência durou em torno de 4 horas...Foram diversos procedimentos realizados, porém o quadro de meu pai ainda inspirava muitos cuidados e por conta disso ele acabou sendo induzido ao coma para as próximas 24 horas.
Durante esse tempo , o cabo guerra nós contou como tudo aconteceu em detalhes, mas o principal detalhe de todos ele nos omitiu..
No momento em que meu pai saiu do centro cirúrgico o médico que o atendeu, disse ao cabo que um dos tiros , mais precisamente o que ele levou pelas costas acabou por lesionar sua medula o que contribuiu para que ele perdesse o movimento de suas pernas..
Ainda nos minutos seguintes o médico explicou que havia uma grande possibilidade de que meu pai talvez não voltasse mais a andar e teria que viver em uma cadeira de rodas para o resto de sua vida..
Para ele , o maior baque de sua vida não seria nem sua condição física mas principalmente ele ter de se afastar do trabalho que tanto amava, e da única coisa que sabia fazer em toda sua vida que era agir em defesa da pátria..
Minha mãe e eu passando a a noite no hospital e quando o dia amanheceu o médico veio conosco falar..
Ali ele deu a confirmação da pior notícia, a de que meu pai havia ficado paraplégico.
Após uma intensa crise de choro , minha mãe e eu decidimos nos unir e dar força a ele que iria precisar...
Era muito melhor te -lo nessas circunstâncias aqui conosco do que ficar sem ele...
Contabilizando o tempo de internação de meu pai, nós ficamos nos revezando no hospital com ele por quase 45 dias ao todo.
No dia em que ele teve alta e finalmente podia ir para casa, seu parceiro cabo guerra junto de todos seus amigos de farda foram até a porta do hospital lhe prestar uma homenagem que deixou ele mais emocionado do que já estava.
Ali, meu pai encerrou de forma honrosa sua longa carreira de mais de 30 anos de policial militar sendo mais de 10 como capitão da rota.
Mas a missão precisava continuar...
Pelas imediações da zona sul de são Paulo localiza se as duas maiores favelas de toda a cidade .
De um lado temos Paraisópolis , a segunda maior comunidade de são Paulo, perdendo apenas para a que fica quase de frente , a mais conhecida como favela de Heliópolis, sendo a número um em questão de habitantes de toda a cidade de São Paulo .
Cada favela, ou como as pessoas preferem que chamam, as comunidades, tem seus líderes...
Esses líderes , que na maioria das vezes deveriam ser pessoas de bem, com objetivo de fazer progressos para a população volumosa de ambas comunidades, na verdade são dois grandes chefes de tráfico que dominam cada qual sua comunidade de uma maneira única e objetiva, t atiçando drogas e impondo leis aos seus moradores.
Em Paraisópolis, o chefe de tráfico que comanda todo o local chama se Douglas Navarro, e as pessoas carinhosamente o apelidaram de DG.
DG foi um garoto de infância sofrida e difícil..Quando tinha onze anos viu seu pai ser morto pelos traficantes locais para um acerto de contas e desde pequeno teve de ajudar no sustento de sua casa junto de sua mãe que era doente e não podia trabalhar..
Na escola era sempre aquele aluno que chegava atrasado e que na verdade ia somente para poder se alimentar já que o pouco dinheiro que ganhava com a venda de balas no farol comprava comida para sua mãe e quase sempre nunca a ele sobrava.
Por anos foi assim, até que ao atingir a adolescência ele foi pedir o chamado "emprego" a um dos chefes do tráfico que acabou deixando ele atuar como olheiro.
Por ser ágil, esperto e ter um certo carisma , aos poucos DG foi alavancando o lucro no mercado de drogas e quando já estava em sua fase adulta, conseguiu derrubar o antigo chefe se colocando em seu lugar e ficando até os dias atuais..
Ele abastece toda a região da comunidade de Paraisópolis bem como alguns pontos fora dali também .
Seu faturamento mensal ultrapassa a faixa dos vinte mil ao mês o que visto da maneira na qual se consegue o dinheiro é uma boa grana.
Por outro lado, de frente a sua favela, existe a maior de toda São Paulo, a favela de Heliópolis, chefiada pelo "alemão".
Thiago Sandoval, um homem que desde pequeno sempre soube o que era a vida do crime.
Quando pequeno, passou por diversos reformatorios após cometer diversos delitos, e quando atingiu sua maioridade, sua ficha criminal apenas aumentou.
Quando o assunto era criminalidade, alemão era especialista...em seu chamado currículo do crime existia, furtos, estelionato, homicídios, latrocínio, sequestro, roubo, violência doméstica e por fim aquele que fez dele quem ele é hoje em dia, o tráfico de drogas.
Alemão abastece toda a sua comunidade e pelos olhos de seus clientes ele é tido como o maior chefe de tráfico de toda a zona sul de são Paulo, .mas seu legado esta em risco na medida em que ele vê que o faturamento da favela rival aumenta a cada dia que se passa.
Confrontos diários pela disputa de poder acontece entre eles constantemente...cada chefe do tráfico usa de suas artemanhas e estratégias para proteger seu reinado..
Foi durante um tiroteio entre os rivais que o capitão da rota, Carlos Almeida, bem como seu parceiro de longa data, conhecido como cabo guerra foram atingidos..
Guerra teve ferimentos superficiais , mas que o manteve na ativa até o presente momento, mas infelizmente para o capitão da rota, ali se encerrava uma carreira de anos, e anos, após receber o diagnóstico médico de que ele estava paraplégico por conta de seus ferimentos.
Diante tal situação, ele não teve outra opção para garantir sua familia do que se aposentar, mas para um policial , vingar se de um criminoso era primordial, e por conta disso, após meses silenciosos de investigações , ele criou um plano de implantar cabo guerra dentro da comunidade como um possível cliente do trafico, atuando disfarçado, guerra teria como missão saber passo a passo todo o andamento do tráfico bem como passar as informações para o batalhão na tentativa de impedir o crescimento da criminalidade local...
Tudo sairia perfeito, se não fosse por um mero detalhe que faria tanto capitão , bem como o cabo guerra desviar de o foco da missão...
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