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O Bilionário Possessivo

Prólogo

“Somos todos um pouco estranhos. E a vida é um pouco estranha. E quando encontramos alguém cuja estranheza é compatível com a nossa, nos juntamos a essa pessoa e caímos nessa esquisitice mutuamente satisfatória a que chamamos de verdadeiro amor.” — Robert Fulghum.

Eduardo Villa-Lobos começou a perder a paciência, seus lábios estavam pressionados com irritação. Ele continuou a olhar para o topo da grande escadaria acarpetada da Mansão Cavalcanti, e em seguida, de volta para o seu Rolex.

Onde diabos ela estava? Já tinha se passado quinze minutos desde que chegaram ali e ainda nenhum sinal dela. Porra, ela estava desperdiçando o seu tempo. Ele cerrou os dentes e passou a mão, frustrado, por seu cabelo preto incontrolável.

Levantou-se e enfiou as mãos nos bolsos, enfatizando a sua altura e seu corpo magro, ainda que musculoso. O rico contorno dos seus ombros tensos contra o tecido do seu terno cinza Armani, exibia poder e confiança.

Ele chegou mais perto do retrato em tamanho real que pairava no centro da sala de estar. Seus brilhantes olhos azuis estudaram o retrato bruscamente. Era uma foto de uma bela mulher com um vestido pêssego de um ombro só. Ele era quase da mesma cor que a sua pele. Seus cativantes olhos castanhos, emoldurados por cílios escuros e longos, olhavam para ele intensamente, de forma atraente e magnética. Uma onda súbita de desejo tomou conta dele.

Droga! O que há de errado comigo?

Negou o efeito da image em seus sentidos, então piscou os olhos com força e olhou para o retrato novamente. Seu cabelo era tão escuro quanto a noite, longo e ondulado que caía em curvas graciosas até a cintura. Ela estava usando um conjunto de brincos de diamante e um colar de crucifixo que se instalava entre os seus seios firmes. Ela parecia uma princesa inocente de um filme de conto de fadas. Sua boca torceu desagradavelmente.

Esta imagem era uma farsa. Todo mundo sabia que ela não era inocente. Camila Cavalcanti era imprudente, uma criança mimada, uma socialite. Ela tinha a sorte de ser a única herdeira do bilionário Fernando Cavalcanti, que era o maior exportador de agronegócio no Brasil.

Eduardo estava odiando estar ali. Uma reunião com Camila Cavalcanti, sua futura esposa, não era o evento mais importante da sua vida, pois não estava pronto para se casar já que ainda estava no auge da vida. Ele não podia simplesmente desistir de namorar mulheres diferentes a cada semana e ter amantes em todo o globo. No entanto, ele não tinha escolha. Tinha que obedecer a vontade do seu pai e casar-se com a garota.

O pai de Eduardo, Gregório Villa-Lobos, tornou-se irredutível no cumprimento da sua promessa ao amigo de infância Fernando Cavalcanti, de unir a riqueza de suas famílias através do casamento de seus filhos. Seu pai afirmava que os Villa-Lobos eram homens de honra e cumpriam suas promessas.

Contra sua vontade, Eduardo concordou, mas comprometeu-se que não seria fiel a este casamento. Ele teria a liberdade para seguir o estilo de vida que gostava e continuar mantendo suas amantes.

Vá para o inferno, Camila Cavalcanti!

Ele lembrou-se da primeira vez que seu pai abriu a questão do casamento, sete anos atrás. Ele ainda tinha vinte anos, e estudava Administração de Empresas na Universidade de Harvard. Seu pai lhe mostrou uma foto de Camila Cavalcanti aos quinze anos de idade, que parecia muito jovem e bonita em seu uniforme azul da escola. Seu longo cabelo preto estava trançado e ela estava sorrindo para a câmera, mostrando todos os dentes. Eduardo achou-a muito bonita, mas ainda era uma criança.

Gregório explicou ao Eduardo a sua amizade com o pai de Camila. Como eles lutaram para defender um ao outro quando eram jovens. Ele mesmo devia sua vida a Fernando por salvá-lo de um incêndio. Cada um tornou-se um protetor, confidente e melhor amigo do outro. Eles eram como irmãos. Agora que eram velhos, o desejo de proteger a sua riqueza se tornou o principal objetivo de ambos. Eles concordaram que o casamento de seus filhos era a única resposta para alcançar tal coisa.

— Fala sério! Você está louco, pai. Casamentos arranjados não existem mais.

— Filho, eu dei a minha palavra ao Fernando. Sua esposa, Marcia, não pode mais ter fihos por causa da condição preocupante do seu coração. Não há nenhuma chance de eles terem um filho para herdar a fortuna. Sua filha é uma criança mimada, imprudente e irresponsável. Ela prefere sair com seus amigos ao invés de estudar. — Gregório sacudiu a cabeça em desaprovação. — Eles têm que escolher um bom marido para ela, que seja confiável e capaz de executar os negócios da família no futuro.

Eduardo colocou as mãos nos bolsos da calça jeans e descansou o ombro contra a parede.

— Eu não sou mais uma criança. Você não pode me obrigar a casar com alguém. O casamento não está na minha mente ainda. Eu amo minha vida e gosto de namorar meninas diferentes a cada semana. — Ele gemeu e continuou. — Eu não quero ser amarrado, especialmente a esse tipo de garota. Ela é apenas uma criança! Eu não suporto crianças mimadas como Camila Cavalcanti. Aposto que ela é um pé no saco.

— Ela ainda é jovem. E certamente irá mudar quando for mais velha.

Eduardo revirou os olhos e riu sarcasticamente. Ele enfiou as mãos mais fundo nos bolsos e enfrentou seu pai diretamente. A semelhança era extremamente evidente em suas características faciais esculpidas e na pele morena, embora Eduardo tivesse ficado pelo menos dez centímetros mais alto que o pai.

— Pai, eu ainda tenho que realizar meus sonhos, terminar meus estudos, e ajudá-lo nos negócio, fazendo com que cresça mais. Diga ao velho que eu não vou me casar com a filha dele nunca.

Gregório começou a andar na sala de estar da sua mansão de dois andares em Cambridge, Massachusetts.

— Eu te entendo filho, mas você não tem que pensar sobre isso ainda. — Ele fez uma pausa e encolheu os ombros. — Você está certo. Ambos são jovens. Você tem que terminar seus estudos primeiro e aproveitar a vida.

— Claro. — Eduardo deu um suspiro de alívio.

— Mas filho, não terminamos essa discussão ainda. Vamos falar sobre isso novamente em outro momento. — Seu pai disse antes de sair naquele dia.

Eduardo era rodeado de mulheres atraentes e sofisticadas. A maioria delas eram modelos, atrizes e celebridades. Seus relacionamentos duravam apenas dias ou semanas, e com algumas mulheres de sorte, um mês. Ele se livrava de suas mulheres tão frequentemente quanto descartava camisinhas usadas. Ele as tratava como um brinquedo ou criaturas que não devia levar a sério. Provavelmente, como uma boneca, que depois de quebrada, podia ser jogada fora e facilmente substituída por outra.

Ele não acreditava no amor, porque nunca tinha experimentado. Ele pensava que o amor não existia realmente em seu mundo. Sua definição de amor era apenas uma ou outra palavra de luxúria ou um jogo que as pessoas jogavam.

Ele não tinha encontrado a mulher que amaria e com quem passaria o resto de sua vida. Nenhuma das mulheres com quem ele saiu jamais tocou seu coração.

Ela ainda não tinha nascido. Talvez pertencesse a outra dimensão. Ele normalmente pensava nisso com um sorriso no rosto.

Para ele, o casamento era uma armadilha – uma pena de prisão. O homem ficaria preso enquanto sua esposa iria agir como seu chefe. Sua vida já não lhe pertenceria, ele já não teria a liberdade de fazer suas próprias escolhas e viveria sem ser dono da sua própria vida. Também seria privado de ter todos os prazeres de um homem, especialmente ao transar com mulheres diferentes. O casamento era o que os homens de meia-idade faziam para ter um herdeiro.

Ele sabia que um dia, ele teria que se casar com alguém, ter um filho para herdar a fortuna maciça dos Villa-Lobos. Ele não tinha escolha. Claro, isso iria acontecer no futuro, quando ele fosse mais velho e estivesse cansado da vida de pegador. Quando esse tempo chegasse, ele queria escolher sua própria esposa, uma mulher de quem ele pudesse se orgulhar.

Ela teria que ser extremamente bela, exuberante e sofisticada. Tanto, que todos os homens teriam inveja dele. Claro, ela não teria que ser inteligente, mas com boa educação e, mais importante, submissa e virgem!

Depois que Eduardo conseguiu sua graduação Administração de Empresas na Universidade de Harvard, começou a ajudar o pai a administrar os negócios de milhões de dólares da cadeia global de hotéis, casino e resorts de praia. Ele foi muito bem sucedido em seus negócios no exterior e viajava para diferentes continentes quase todas as semanas.

Era muito independente, confiante em seus pontos fortes e não tinha medo de nada. Ele sabia o que queria e ia atrás. Era imparável, um negociador brilhante e adorava correr riscos. Ele não mostrava medo em lidar nos negócios com outros executivos qualificados, magnatas, ou mesmo com príncipes e reis.

Agora, aos vinte e sete anos de idade, ele foi aceito como o CEO da Villa-Lobos International Holdings Inc. Conseguiu adquirir sua cêntupla empresa lucrativa e ganhava milhões e milhões de dólares anualmente. Assumiu o controle total da empresa, tornando-a a mais competitiva no mercado global.

A questão do casamento foi trazida novamente por seu pai. Uma foto em que Camila Cavalcanti estava mais velha foi mostrada a ele. Ele não podia acreditar no que via. Ela parecia muito diferente agora. A menina tímida, inocente, aos quinze anos tinha desaparecido e sido substituída por uma mulher de vinte e dois anos. Notavelmente atraente, deslumbrante e linda.

Camila Cavalcanti estava usando um vestido vermelho na imagem, que enfatizava seu corpo curvilíneo e sexy, e um par de sapatos dourado de salto alto, acentuando suas longas pernas “agradáveis”. Seu longo cabelo preto brilhante em forma de cascata caía-lhe até a cintura, dando-lhe um olhar recatado e misterioso. Ela estava muito mais bonita agora, sem seu aparelho.

Malditos lábios! E maldito sorriso assassino que poderia derreter o coração de qualquer homem!

Até mesmo seus olhos amendoados o encantaram, como pólos de ímãs hipnotizando e dando-lhe um “venha e me olhe”. Naquele momento, Eduardo percebeu que ele estava em apuros. Inferno! Ele não poderia estar atraído por uma mulher que ele só tinha visto em fotos.

De jeito nenhum! Ele disse a si mesmo. À força, ele negou a atração que sentia por Camila. Eduardo ainda não gostava da idéia de casar-se com ela. Não importava como ela era bonita. Ela não passou no alto padrão que ele estabeleceu para a esposa.

Ela é uma criança mimada, uma foliã selvagem e, provavelmente, tem uma vida sexual selvagem também! Ele não podia suportar mulheres promíscuas.

No entanto, seu pai tornou-se muito insistente e forte em sua campanha pró-casamento. Ele disse que já era hora de cumprir sua promessa a Fernando Cavalcanti.

— Então você deveria se casar com ela. Você tem estado tão solitário desde que a mamãe morreu. — Eduardo disse ao seu pai. Ele estava sentado atrás de uma grande mesa de mogno em seu escritório, em Nova Iorque. Seu pai deu um suspiro.

— Não envolva a sua mãe nisso, filho. Sua alma já descansou em paz. Isso tudo é sobre você e Camila.

— Eu te disse várias vezes, não vou casar com Camila Cavalcanti ou qualquer outra neste momento. Eu amo minha vida! Eu não estou pronto para ser amarrado a uma esposa irritante e fraldas sujas. Eu gosto da minha liberdade.

— Basta! Os Villa-Lobos são homens de honra. Nós cumprimos nossas promessas. Você vai casar-se com Camila, o mais rapidamente possível. Nós já discutimos este assunto, há sete anos. Já decidi e eu vou ter certeza que você vai me obedecer desta vez, Eduardo.

Após uma semana de discussão com seu pai, Eduardo finalmente cedeu. Com o coração pesado, ele concordou em casar-se com Camila. Ele não teve escolha a não ser obedecer porque seu pai estava tão irredutível no cumprimento da sua promessa a Fernando Cavalcanti que ele não sabia o que ele faria se não cedesse.

— Ok, você ganhou. Vou casar com ela. Eu sei que você está fazendo isso para nosso próprio bem. Irei ao Brasil com você e pedir sua mão em casamento. — Eduardo disse ao seu pai por telefone.

— Estou feliz, filho, que finalmente percebeu a importância desta união. Eu sei que você não vai me decepcionar. Você não vai se arrepender da sua decisão. Iremos ao Brasil o mais rápido possível. Vou ligar para Fernando e informá-lo. — Seu pai respondeu alegremente.

— Como quiser, pai. — Eduardo respondeu sombriamente e desligou o telefone. Ele levantou-se da mesa e caminhou em direção à janela de vidro do seu escritório. Ele olhou para os arranha-céus de Nova Iorque fixamente, pensando nessa mulher.

O alarme do seu Rolex trouxe a mente de Eduardo até o presente. Ele terminou seu uísque em um gole. Estava tão agitado que muitas vezes mudou de posição na cadeira e olhou para o relógio. Ele não conseguia entender por que se sentia um pouco nervoso sobre o seu encontro com Camila.

Seu pai, Gregório Villa-Lobos, estava sentado bebendo champanhe com os pais de Camila, Fernando e Marcia Cavalcanti, na sala de estar. Eles estavam conversando e rindo com entusiasmo por causa do casamento de seus filhos.

— Marcia, Camila não desceu ainda, o que houve? Diga à empregada para lhe dizer que se apresse. — Fernando disse à sua esposa, sentindo a inquietação de Eduardo.

Fernando e Marcia Cavalcanti estavam ambos na faixa dos cinquenta e poucos anos e já estavam casados há vinte e cinco. Eles eram um exemplo de socialites ricos e famosos do Brasil. Eram muito ativos na igreja e na organização cívica.

Marcia se levantou do elegante sofá vitoriano vermelho e dourado. Seu longo vestido de cetim brilhava com a luz.

— Vou chamá-la, por favor, desculpem-me senhores. — Ela sorriu charmosamente e caminhou em direção à escadaria com tapete vermelho.

Eduardo foi ao mini-bar para pegar outro copo de uísque. Seus nervos estavam tensos. Suas mãos tremiam, não importava o quanto ele tentasse controlá-las.

Ele não conseguia entender o que sentia. Era tão incomum porque ele era um homem cheio de confiança, coragem e comando. Nada o assustava. Ser presidente do conselho estudantil na faculdade e líder de várias organizações cívicas fez dele um indivíduo resistente e autoconfiante. Ele era famoso em dar longos discursos e fazer debates em defesa de seus princípios. Dirigir os negócios do pai e conhecer diferentes tipos de pessoas em todo o mundo o fez mais forte, mais brilhante e muito poderoso.

Mas agora... conhecer Camila Cavalcanti em pessoa o deixou nervoso. Sentia-se como se estivesse prestes a ser pregado em uma cruz.

O que havia de errado com ele? Ela era apenas uma mulher, e não era nem mesmo o seu tipo. Droga!

— Fernando! Fernando! — Marcia gritou. Ela estava em pé no topo da escadaria.

— Devagar, Marcia. O que há de errado? — Fernando se levantou e foi em direção à esposa.

— Ela foi embora! Camila se foi. Ela não está no quarto.

— O que! — Os olhos de Fernando se arregalaram. Ele parecia tão chocado que rapidamente subiu as escadas, até o quarto da filha.

Eduardo franziu a testa, não podia acreditar no que acabara de ouvir.

Camila Cavalcanti tinho ido? Ele pensava que ela estava morrendo de vontade de casar! Ele estava suando muito agora e não podia explicar seus sentimentos ambíguos. Ele sentiu-se aliviado, mas também irritado e... rejeitado.

Seu pai apenas olhou para ele e deu de ombros. Um tenso silêncio envolveu a sala. Ambos esperaram os Cavalcanti descerem. Poucos minutos depois, Fernando desceu as escadas. Seu rosto estava sombrio e os ombros caídos.

— Sinto muito Gregório. Lamento, Eduardo. — Ele balançou a cabeça, desapontado. — Camila não está no quarto. Ela fugiu. — Fernando disse com uma voz de sofrimento.

Eduardo olhou para o retrato de Camila Cavalcanti. Cadela!

Capitulo 1

"Me ame ou me odeie, ambos estão em meu favor... Se você me ama, eu estarei sempre em seu coração. Se você me odeia, eu vou estar sempre em sua mente." — William Shakespeare

Petrópolis

— Camila! O que está fazendo aqui?

— Olá, tia. — Camila parecia tão abatida, carregando uma maleta na mão esquerda e um grande saco em seu ombro. Seus óculos escuros escondiam seus olhos castanhos.

— Meu Deus! O que está fazendo aqui? Você tinha que estar com o seu noivo agora, certo? — Sua tia Beatriz quase gritou. Ela estava chocada de ver a sobrinha em sua porta.

Beatriz Rodrigues era a irmã mais nova da mãe de Camila, Márcia. Ela tinha quarenta e tantos anos, não tinha filhos e nem era casada. Morava em Petrópolis, onde a casa ancestral dos Cavalcanti estava localizada.

— Ele não é meu noivo. Eu não vou casar com aquele idiota. — Camila disse enquanto entrava na casa da tia e sentava-se diretamente no sofá antigo.

— Você o encontrou em sua casa hoje?

— Não. Saí antes que ele me visse.

— Oh, Deus. — Os olhos de Beatriz se arregalaram. — Por que você saiu? Seus pais estavam tão animados para que você conhecesse seu noivo. Isto é muito importante para eles. Tenho certeza de que eles estão muito bravos com você agora, Camila, especialmente seu pai.

— Eles não podem me obrigar a casar com aquele idiota. Ele é um porco! Eu não entendo por que eles querem me casar com esse tipo de cara. Minha vida será inútil e infeliz com ele. Eu não gosto dele. Na verdade, eu o odeio.

— Mas seu pai te falou sobre o casamento arranjado desde que você tinha quinze anos.

— Eu não sabia que iria me casar com um playboy arrogante dominado pelo sexo naquela época. Eu era jovem! Além disso, eu tinha que concordar com tudo o papai dizia, ou então ele ficaria bravo e cortaria minha mesada. — Camila deu de ombros, e revirou os olhos. Sua tia franziu a testa e balançou a cabeça.

— Playboy arrogante dominado pelo sexo? Oh filha, não acredite em tudo que você lê nos jornais. A maioria das coisas são apenas rumores.

— É verdade. Ele é um playboy, um mulherengo... um cretino! Acredite em mim. Espere. Vou mostrar uma coisa. — Camila tirou o tablet da bolsa. — Eu salvei algumas fotos e li sobre esse maníaco quando o papai lembrou-me novamente do casamento arranjado idiota, um mês atrás. Eu fiquei chocada. Pensei que eles já tinham se esquecido dele.

Beatriz sentou ao seu lado no sofá. Camila mostrou as diferentes imagens de Eduardo Villa-Lobos em sua galeria de fotos no tablet. Ele estava beijando e abraçando diferentes meninas, em sua maioria modelos e celebridades. As fotos foram tiradas em restaurantes, bares, em seu carro e em seu avião. Sua última imagem era em um iate. Ele estava beijando a famosa atriz e sexy modelo de Hollywood, Karen Logan. Que nojo! Camila pensava. Ela também leu algumas das manchetes dos blogs de fofocas que encontrou na internet para sua tia.

— Está escrito aqui que ele está sempre pulando de galho em galho. Ele muda de amantes a cada semana e não está interessado em um compromisso. Vê? Ele é um cretino.

— Camila, você é uma menina inteligente, como você poderia acreditar em tais mentiras? A maioria das coisas que eles escrevem nos tablóides e revistas de fofocas não são verdade. Você já foi vítima dessas manchetes maliciosas também. Lembra?

— Tia, estas são todas verdadeiras. Todas elas disseram a mesma coisa. Ele é um jogador.

— Ok, aceito que ele seja realmente um mulherengo, mas você deve pelo menos conhecer o cara. Ele e seu pai vieram dos Estados Unidos apenas para conhecê-la e pense que ambos são homens muito ocupados, assim como seu pai. Eu posso imaginar o que seus pais sentem agora, eles devem estar muito decepcionados com você. — Beatriz disse.

— Eu pensei que você estava do meu lado.

— Claro que eu estou do seu lado, mas você tem que perceber que seus pais estão fazendo isso para seu próprio bem. Eles te amam e estão fazendo o que é melhor para você. Além disso, Eduardo Villa-Lobos é um grande partido. Ele é muito bonito e muito rico. Toda garota o quer. Você tem sorte por se casar com o cara.

— O quê? Como você pode dizer isso? Seria um inferno me casar com um réptil como ele. Eu preferiria morrer! E eu não acho que ele seja tão bonito. Todas as meninas podem achar, mas não eu. Eu odeio aquela expressão presunçosa e aquele sorriso sarcástico dele. Ele é tão arrogante. Ele deve pensar que é um presente de Deus para as mulheres.

Camila andava sem parar pela sala de estar da tia.

— Não o julgue ainda. Pelo menos o conheça pessoalmente. Em seguida, mais tarde, você pode decidir se quer se casar com ele ou não.

— Eu não vou conhecê-lo, nunca. Eles vão me obrigar a casar com ele imediatamente. — Camila disse teimosamente. — Quero escolher meu próprio marido. Ele deve ser alguém que eu amo de todo coração, digno do meu amor, confiança e respeito. Ele deve ser leal e fiel a mim, sincero, amoroso e carinhoso.

— Querida, é difícil encontrar um homem com essas qualidades, é por isso que eu não me casei. Mas com esse Villa-Lobos, eu tenho certeza que você vai se apaixonar à primeira vista.

— Tia, você não está me ajudando... o que acontece com ele é que... eu tenho certeza que ele vai me ver apenas como uma de suas amantes, um objeto ou... seu brinquedo. Ele é o tipo de homem que não se apaixona.

— Querido, dê a ele pelo menos uma chance. O fato de que ele veio, só significa que ele quer casar com você. Você deve ter a mente aberta. Entenda que ele é um homem de negócios, jovem, muito bonito e extremamente rico. Obviamente, ele é o centro de fofocas e intrigas. Além disso, quando você se casar, ele vai mudar com certeza.

— Humm, eu não penso assim.

— Então, pense sobre o que eu disse. Conheça o homem. Em seguida, decida se você quer se casar com ele ou não.

— Ok, eu vou pensar sobre isso. Nesse meio tempo, eu posso ficar aqui por uns dias?

Sua tia sorriu e a abraçou com força.

— Claro que você pode ficar aqui, eu te amo. Você é como uma filha para mim. Mas, eu tenho que ligar para a sua mãe e informá-la de que você está aqui, ou eles vão ficar muito preocupados com você.

Beatriz foi para o telefone e começou a discar o número da casa de Camila.

— Espere tia, podemos fazer isso mais tarde? Quero dizer, não agora, por favor, eu tenho certeza de que os Villa-Lobos ainda estão lá.

Sua tia sorriu e soltou um suspiro.

— Ok, então, mais tarde.

Mansão Cavalcanti, Rio de Janeiro.

Eduardo estava chamando seu assistente pessoal em Nova Iorque. Sentia-se muito agitado, irritado, decepcionado e... rejeitado. Diabos! Aquela garota maldita havia desperdiçado seu tempo precioso. Todos os seus compromissos importantes e negócios foram cancelados por causa da sua viagem ao Brasil apenas para conhecê-la. Agora ela tinha ido embora. Camila tinha que estar fazendo isso de propósito e isso era uma prova mais que clara de que ela era realmente uma criança mimada, cadela insensível e egoísta. Eduardo pensou que deveria encontrá-la e lhe ensinar uma lição ou duas. Ninguém cruzava o seu caminho sem pagar o preço. Se seus pais não podiam lidar com ela, mas ele poderia.

— Louis, eu quero que você me envie todas as transações recebidas por e-mail. Diga também à Wanessa, ao Chris e aos outros que eu tenho um negócio inacabado aqui, então não serei capaz de retornar a Nova Iorque até a próxima semana.

— Ok, senhor. E a sua viagem de negócios para a Califórnia neste fim de semana?

— Remarque para dentro de duas semanas.

— Ah... senhor, a senhorita Karen Logan continua ligando, perguntando quando você vai estar de volta. Ela estava pedindo seu número privado.

Eduardo demorou alguns segundos antes de responder. Ele estava pensando o que fazer com a sua mais recente amante, a famosa atriz e modelo da Victoria Secret, Karen Logan.

— Diga à Wanessa para enviar-lhe a mesma pulseira com a mesma nota.

— Ok, senhor. — Louis respondeu. Outra garota de coração partido. O Sr. Villa-Lobos é cruel ao romper com suas namoradas, Louis pensou.

— Louis, eu quero que você chame nosso investigador particular aqui no Brasil. Eu preciso saber onde Camila Cavalcanti está se escondendo agora. Eu preciso do relatório no prazo de 24 horas, ok?

— Camila Cavalcanti?

— Sim, ela é a filha de Fernando e Márcia Cavalcanti. Vou enviar um e-mail com os detalhes agora.

— Sim, senhor. Quaisquer outras instruções especiais?

— Quero um relatório detalhado de onde ela está hospedada, com quem ela está, e especialmente, se ela tem um namorado.

— Sim senhor. — Louis respondeu, balançando a cabeça, pensando em como rapidamente seu chefe poderia encontrar uma nova substituta para a senhorita Logan.

Capitulo 2

“Eu não posso te dizer que te amei no primeiro momento em que te vi, ou se foi no segundo, ou no terceiro, ou no quarto. Mas eu me lembro do primeiro momento que te vi andando em minha direção e percebi de algum jeito, que o resto do mundo parecia ter desaparecido quando eu estava com você.” — Cassandra Clare.

Petropolis

Ás oito da manhã do dia seguinte, Camila saiu do supermercado, carregando uma sacola cheia de frutas e legumes. Ela estava a poucos metros de distância do supermercado quando notou que alguém a seguia. Seu coração começou a bater muito rápido e um suor frio percorreu-lhe a espinha. De repente, ela diminuiu o passo e olhou para o lado. Camila virou-se lentamente, mas não havia ninguém. Então respirou fundo e suspirou.

É apenas a minha imaginação, talvez por assistir muitos filmes de terror, ela sorriu para si mesma.

Camila começou a andar novamente. Então viu através da sua visão periférica um homem com roupa preta, camisa de flanela e calça jeans, realmente seguindo-a. Ela não estava louca.

Oh, Deus me ajude! Ela pensou. Um perseguidor ou um serial killer a estava seguindo. Camila caminhou apressadamente, meio correndo, e o homem andou mais rápido também, seguindo o seu ritmo.

Apenas duas quadras mais e ela estaria na casa da sua tia Beatriz!

Ela viu um beco isolado ao lado de um edifício e decidiu se esconder. Segurando o saco de mantimentos firmemente contra o peito, ela espiou ao lado do prédio e se sentiu aliviada ao ver que seu perseguidor tinha ido embora.

Ufa! Graças a Deus, ele se foi. Obrigada Senhor, obrigada Senhor. Ela suspirou com alívio e fez uma oração silenciosa.

Camila estava prestes a sair do canto isolado quando alguém de repente agarrou seu braço por trás. Alarmada e com medo, ela gritou em pânico com toda a força dos seus pulmões.

— AAaaaaaaaaaaaargh!!! — Quando ela gritou, imediatamente a mão do homem tapou sua boca.

O saco de mantimentos caiu no chão, espalhando as frutas e legumes. Ela tentou socar e chutar o homem, mas ele era grande e muito forte. Seu corpo a prendeu à parede e seus pulsos foram presos por uma mão de ferro acima de sua cabeça. Ela lutou e se retorceu, tentando fugir, mas sem sucesso. Em seguida, ela mordeu a mão do homem com muita força.

— Ah! Puta merda! — Ele exclamou e tirou a mão da sua boca. Ele estremeceu e esfregou a mão ferida em seu jeans.

— Socooooorro! — Camila gritou novamente. O homem tapou a boca dela com a outra mão.

— Pare de gritar! Você está atraindo uma plateia. — O homem disse com raiva.

Os olhos de Camila se arregalaram com o choque. Ela olhou para os olhos de seu agressor e percebeu que seus olhos azuis escuros eram vagamente familiares. Ela tentou se lembrar de onde ela o conhecia. Eu o conheço, eu o conheço, ela pensou. Seu atacante olhou para ela, com tamanha ousadia e intensidade que ela se encolheu de medo.

— Eu vou tirar minha mão, mas você tem que prometer que não vai gritar. — Ele falou suavemente para ela como se estivesse falando com uma criança com birra.

Seus olhos azuis estavam travados nos dela e sua respiração estava abanando o seu rosto. Ela podia sentir seu cheiro, uma combinação de colônia masculina almíscar e brisa. Tentando compreender o que ele disse, ela assentiu. Seus olhos estudaram seu rosto sem pressa, traço por traço. Dos seus olhos, um tom escuro de azul, até a ponta do seu nariz bem esculpido, para os lábios finos e queixo forte. Em seguida, ela o reconheceu.

Seus sentimentos ambíguos de medo, choque e ansiedade de repente foram substituídos por uma intensa raiva. De perto, ela viu que era Eduardo Villa-Lobos, o seu suposto noivo! Eduardo soltou a mão da sua boca, gentilmente. Sentia-se culpado de ver as marcas avermelhadas em seu rosto. Ela parecia tão jovem, indefesa e inocente naquele momento.

No entanto, ele sabia que era apenas superficial. Seu olhar poderia ser muito enganador.

— Você está bem? — Seu olhar baixou, assim como sua voz.

Camila estava respirando com dificuldade, puxando o ar com força. Seu coração batia bastante rápido. O maníaco! Ele está tentando me matar de susto!

Seu corpo ainda estava prendendo-a à parede, de modo que ela empurrou seu peito com força, para tentar fugir. Evitando o seu olhar atento, ela se abaixou, recolhendo com pressa as suas compras dispersas e colocando-as de volta na sacola do supermercado. Ele a ajudou a pegar as laranjas que caíram longe, ao mesmo tempo em que tentava explicar suas ações injustificáveis.

— Me desculpe se eu te dei um susto, acredite em mim, eu não tinha a intenção de assustá-la. — Sua voz era profunda e suave. Mas Camila não estava ouvindo suas explicações. Ela o estava ignorando totalmente como se ele não existisse. Ela estava muito brava com ele por assustá-la daquele jeito. Então fugiu sem aviso.

— Ei! Onde você está indo? — Ele a seguiu de imediato. — Então é assim que você trata seu futuro marido, ignorando-o, hein? — Ele falou com escárnio distinto. — Nós precisamos conversar.

Sua voz soou com comando, mas ela ainda o ignorou, aumentando seu ritmo.

— Eu sei que você está com raiva de mim por ter feito isso. Mas eu me desculpei. Ok?

Camila fingiu não ouvi-lo e continuou caminhando em silêncio.

— Você não vai me responder? Eu já pedi desculpas. — A voz de Eduardo estava fria. Sua expressão beirava a zombaria. — Você é surda? Está agindo como uma criança. Estou avisando, Camila Cavalcanti. Pare de me ignorar. Fale comigo como uma mulher adulta. Precisamos discutir as condições do nosso casamento.

De repente, ela virou-se para ele e lhe lançou um olhar hostil. Suas emoções rebeldes ficaram evidentes. Então ela cuspiu as palavras com desprezo.

— Não há nada para discutir, Sr. Villa-Lobos, porque eu não vou me casar com você, só sobre o meu cadáver! Mesmo que você fosse o último homem na face da Terra, eu não me permitiria ser acorrentada e arrastada para o altar. Então, tenha a decência de me deixar em paz.

A força da sua resposta o pegou desprevenido, e depois a raiva rápida acendeu em si. Seus olhos encararam os dela com desprezo antes que ela se virasse, sem esperar pela sua resposta. Camila estava feliz quando finalmente chegou ao jardim da frente da sua tia Beatriz. Ela rapidamente entrou na casa e foi para a cozinha. Sua tia estava fazendo panquecas.

— Você parece tão chateada. O que há de errado? — Beatriz perguntou.

— Ele está aqui. Oh Deus... Eduardo Villa-Lobos está aqui. — Camila disse, ofegante. Sua tia deu um suspiro e sorriu para sua sobrinha.

— Sério? Ah, isso é tão doce da parte dele. Ele veio buscar você, querida.

— Não, claro que não. — Camila disse.

Em seguida, a campainha tocou. Os olhos de Camila se arregalaram.

— Tia, é ele! Oh meu Deus, eu vou me esconder.

— Não vai, não. Fique aqui. Vou deixá-lo entrar.

— Mas tia, eu não quero falar com ele. Eu o odeio, ele é um arrogante e... um bastardo!

— Camila, onde estão suas boas maneiras? Fale com ele, pelo menos. Você deve-lhe ao menos uma explicação depois de dar o bolo nele ontem.

— Tia, por favor...

Sua tia não a ouviu. Soltou uma gargalhada e saiu da cozinha para abrir a porta principal. Camila sentiu-se nervosa como nunca se sentiu antes.

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