As mãos fortes dele estavam sobre o meu pescoço e eu quase não conseguia respirar. Podia sentir o hálito quente dele no meu rosto e as gotas de suor que pingavam da sua testa.
Havia ódio nos seus olhos e eu tive a certeza de que não conseguiria salvar-me:
— Eu dei tudo a você..eu te amo tanto..- ele repetia, tentei empurra-lo para longe com mais força, mas essa mesma força começava a se dissipar lentamente. Olhei para o lado e vi a garrafa de uísque que ele deixara cair. Tente Sarah, você precisa. Gritei na minha mente. Então agarrei a garrafa com dificuldade e o atingi na cabeça com toda a força que ainda restava em mim..."
Abri os olhos sobressaltada. Uma réstia de luz entrava pela janela do ônibus indicando que o dia começava a nascer. Olhei para os lados e percebi que além de mim apenas alguns poucos passageiros ainda seguiam viagem. Respirei fundo, eu estava segura.. Eu iria para um lugar distante, onde Jonah jamais iria me encontrar, eu estava segura.
Essa era a primeira vez em quatro anos que eu conseguia me sentir assim,livre. Minha vida e minha liberdade haviam sido arrancadas de mim quando decidi me casar com Jonah, eu não podia negar, eu era jovem e estava apaixonada mas, meu conto de fadas havia acabado quando algo nele mudou. O homem carinhoso que me enchia de flores e promessas de amor desaparecera, afogado na bebida e tomado por um ciúme doentio. Muitas vezes eu havia tentado fugir, mas lá estava ele novamente. Me forçando a voltar. Mas agora eu estava pronta, agora eu podia sentir que algo dentro de mim havia mudado e eu jamais iria permitir que ele me fizesse mal novamente. Eu havia prometido a mim mesma que Jonah jamais iria me encontrar novamente.
Afastei a cortina da janela e vi a relva dourada que brilhava como ouro no chão. De repente um sentimento tão bom tomou conta de mim que não vi outra alternativa se não chorar. ..Deus,eu estava a salvo!
Puxei o capuz para a cabeça e enfiei as mãos nos bolsos do casaco e desci do ônibus olhando ao redor. A cidadezinha de Esplendor do Sul era perfeita. Rodeada por uma parede de montanhas esverdeadas que mais pareciam uma fortaleza. O centro resumia-se a prefeitura, uma igreja, a farmácia ao lado de uma clinica médica e um armazém. Parecia uma daquelas cidades do velho oeste americano, era aconchegante e me dava um sentimento bom.Resumindo, parecia um bom lugar para recomeçar.
Ajeitei a mochila nas costas e fui andando em direção ao armazém, precisava de um lugar para descansar.
O lugar era espaçoso e em estilo rustico, parecia muito um saloom,com mesinhas com toalhas xadrez vermelho e uma vitrola antiga tocando uma música calma. Algumas pessoas ali reunidas olharam pra mim assim que entrei. Desviei o olhar e caminhei até o balcão. Uma mulher baixinha, delicada, com uma barriga de grávida veio até mim sorrindo. Um sorriso iluminado e cheio de cortesia:
-Olá querida posso ajudar?- ela indagou.

Olhei para os lados instintivamente então respondi:
-Preciso de um quarto para alugar.
Os olhos muito verdes dela brilharam.
- Está falando sério?
Porque eu não estaria?Pensei comigo. Que mulher estranha.
- Não recebemos muitos hóspedes aqui em Esplendor. Geralmente as pessoas só estão de passagem.- ela se aproximou mais do balcão a mão no rosto como se quisesse confidenciar algo.- Ninguém quer ficar nesse fim de mundo.
Isso era perfeito pra mim. Uma cidade perdida no mapa, onde Jonah jamais poderia me encontrar.
- Nesse caso...-eu disse- Deve ter muitos quartos vagos.
A mulher sorriu e pegou uma chave atrás do balcão.
- Pois é,acho que tu tá com sorte. Como se chama?
- Sarah...- pensei em dar-lhe o sobrenome de solteira, seria mais difícil me encontrar assim.- Sarah Xavier.
-Seja bem vinda a Esplendor Sarah Xavier! Sou Laura Valentine.
Ela estendeu-me a mão, cordialmente.
★★★★★★★
Saí do banho alguns minutos depois e olhei pela janela do quarto. Lá fora um retrato vivo da vida pacata e simples dos moradores de Esplendor.
Eu me sentia segura ali. Onde aquelas pessoas não me conheciam. Onde eu não precisava temer. Desde que eu me casara com Jonah minha vida havia se tornado um inferno e aquela era a primeira vez que eu podia respirar aliviada desde então.
Peguei uma das poucas mudas de roupa que havia trazido comigo e me troquei.Laura havia me dito que o almoço era servido ás 12:30 no armazém e eu estava faminta. Ouvi algumas vozes vindas do andar de baixo ao chegar no topo da escada. Risos e barulho de pratos e copos. Não havia muita gente ali, mas pareciam animados, felizes.
- Aquele infeliz, eu podia ter acabado com ele..
-Não duvidamos de sua força e disposição Tom.- Laura soltou uma gargalhada e deu dois tapinhas no ombro do homem grisalho de olhar contente.
Ao me ver abriu um sorriso:
-Hey, espero que tenha conseguido descansar.- disse ela, fiquei parada a alguns passos da mesa cheia de homens que comiam e bebiam, aparentemente famintos.
-Sim, obrigada.
-Digo isso porque fica difícil descansar ouvindo a zoeira desses rapazes.
- Desculpe se atrapalhamos teu sono moça, não estamos acostumados a ver hóspedes por aqui.- explicou-se o senhor grisalho.
Sorri contidamente:
-Está tudo bem, não me atrapalharam.
-Venha se sentar, vou trazer seu almoço.-disse Laura.
-Você...-a porta do armazém se abriu e um homem moreno e muito bonito entrou,tirando a bandeja das mão de Laura a envolveu num abraço-Você vai largar essa bandeja e se sentar.
-Kit!
-Sem brigas, não pode se cansar demais.
-Kit,estou grávida e não doente,posso muito bem servir o almoço de nossa primeira hóspede-Laura riu,tenho que confessar que eu estava ficando um pouco constrangida parada ali.
O homem olhou para mim e sorriu,era ainda mais bonito quando sorria e os dois faziam um belo casal:
-Desculpe moça, sou Kit, marido dessa baixinha teimosa aqui.-Estendeu-me a mão e eu a apertei cordialmente.
-Sou Sarah.
-Sente-se Sarah,vou buscar teu almoço. E você mulher-ele a beijou carinhosamente na testa-Vá se sentar também.
Eles eram uma família feliz, algo que eu não conhecia, afinal minha mãe havia me criado sozinha e eu ao menos sabia quem era meu pai,eu a amava era uma mulher batalhadora, um exemplo. Eu mesma havia me casado com Jonah sonhando construir uma família assim,feliz,completa, mas meus planos não haviam dado muito certo. Mas Laura e Kit eram uma família de verdade e se amavam tanto que mesmo uma desconhecida como eu podia perceber o quão perfeitos eles eram juntos.
-Então você pretende ficar por aqui?- ele me perguntou enquanto almoçávamos.
-Por um tempo.
-Esplendor é uma boa cidade, tem boas pessoas, mas vamos combinar que é um cu de mundo..
-Kit!-Repreendeu-o Laura.
-Oque foi?Só é estranho que alguém queira se mudar pra cá.
-Eu gosto de cidades pequenas.
-E tenho certeza que irá gostar da nossa.- Laura tinha razão, havia algo naquele lugar que já me roubara a atenção.
-Mas então está procurando um emprego?
-Sim, algo que eu possa fazer para me manter ocupada...
-E ganhar uns trocados também..
-Kit!
-Tudo bem- eu sorri-Ele tem razão, também preciso do dinheiro.
- Neto não está precisando de alguém no rancho?
Os dois trocaram olhares de maneira cúmplice.
- O irmão de Kit, Neto, ele está precisando de uma empregada no Rancho a alguns minutos daqui, não pode pagar muito mas oferece casa e comida.
Aquilo parecia perfeito pra mim:
-Pode dar uma passada lá se quiser.
- Eu posso leva-la moça- ofereceu-se tom,o senhor grisalho- Estou indo pra'quelas bandas.
-Eu agradeço e aceito a carona.
Seria bom demais se eu conseguisse o emprego.
Tom me deixou na estradinha de terra e disse que eu devia andar mais uns 5 minutos a frente e então encontraria o Rancho do tal Neto. Eu parecia estar andando a quase meia hora quando enfim avistei no centro do vale a casinha de madeira com uma varanda na frente.
Atravessei a porteira e fui em direção a entrada. De longe vi a menina que brincava entretida com uma boneca de pano, era loira e miúda,devia ter pouco mais de cinco anos. Olhou para mim com seus grandes olhos azuis. Seu rosto redondo estava sujo de terra, na qual ela brincava.
-Oi.- disse.
-Oi.
-Quem é você?- sua voz infantil era doce e falava muito bem para aquela idade.
-Sou Sarah, estou procurando por...Bom ele deve ser seu pai.
-Neto?
Assenti.
-Ele tá lá atras... Com o Perdigueiro e a Lua.
-Tá bom, obrigada.
A menina voltou a brincar com a boneca, dei de ombros, era estranho deixar uma criança assim,tão sozinha. Dei a volta na casa, haviam algumas galinhas por ali, eu tinha pavor de galinhas,podia lidar com ratos,aranhas e até cobras,mas galinhas, não obrigada.
Havia um cercado de madeira nos fundos da casa em formato de circulo e no centro um homem alto e forte de camisa xadrez e jeans surrado. Estava tão entretido, com um belo cavalo de pêlo avermelhado, que não percebeu minha presença.
-Hey menina...calma.-Dizia ele ao animal. A égua relutava em se aproximar dele,certamente estava assustada. Fiquei paralisada observando a cena e quase gritei quando o cachorro preto,um pastor alemão, latiu em minha direção. A égua que até então parecia calma relinchou afastando-se do homem assustada.
Pela primeira vez desde que cheguei ali o homem olhou para mim. Parecia irritado. Seus olhos acinzentados me fuzilando de cima.
-Me desculpe- eu disse assim que ele se aproximou,saindo do cercado.- Eu não queria atrapalhar..
-Mas atrapalhou.
O cachorro preto continuava a latir, mas parecia preguiçoso demais para me atacar.
-Quieto Perdigueiro!- ordenou o homem com sua voz grave e o cão obedeceu.Estremeci.
- Realmente sinto muito senhor, não queria assusta-lo..Ou a seu cavalo..
- E quem diabos é você, mulher?
Ótimo, eu havia conseguido irritar o homem antes mesmo de falar-lhe sobre meu interesse na vaga de trabalho. Isso não era um bom sinal.
-Eu...- ia começar a falar quando a menininha loira surgiu correndo e agarrou-se a perna do pai.
-Essa é a Sarah.- disse ela.
O homem olhou para mim novamente:
-Sim..Me chamo Sarah...E estou aqui pela vaga de emprego.
-Vaga de emprego?
-Sim, Laura me disse que o senhor está precisando de uma ajudante para cuidar dos afazeres da casa.
Ele me lançou um olhar dos pés a cabeça, senti meu rosto esquentar. Tudo bem que eu não parecia mesmo alguém que sabia lidar com as coisas da casa, mas tinha que mostrar a ele que estava enganado.
-Sem chance.-cuspiu, com total seriedade e começou a andar em direção a casa,com a menina e eu em seu encalço.
-Senhor,tenho certeza que se me contratar não vou desaponta-lo, sei limpar, cozinhar e modéstia parte, sou uma boa cozinheira..
-Já disse que não.- ele insistia. Que homem mais teimoso!
-Senhor..- eu precisava fazer com que parasse, que me ouvisse, então agarrei-o pelo braço e ele se voltou de pronto, meu coração deu um salto quando seus olhos encontraram os meus. Eu não podia negar, o homem era muito bonito, tinha um rosto de traços bem marcados e os cabelos louros pareciam fios de ouro iluminados pelo sol.
Ele olhou para minha mão,agarrada em seu braço. Soltei-o de imediato.
- Senhor...me desculpe,mas realmente preciso do emprego, eu realmente preciso..
Seus olhos acinzentados apertaram-se,devia estar se preguntando qual o motivo para alguém como eu estar tão desesperada assim por um emprego em um lugar como aquele. Ele respirou fundo enfiando as mãos nos bolsos do jeans:
-Tudo bem.- disse, arregalei os olhos.
-Oh,Muito obrigada!-exclamei sem conseguir me conter.- Eu prometo que não vai se arrepender..
- Assim espero- ele murmurou entredentes- Ana, mostre a casa a ela e diga o que tem que fazer, preciso voltar ao trabalho.
- Tudo bem ,Neto. Posso fazer isso.- disse a menina agarrando minha mão.
-Ana vai lhe explicar tudo- ele disse- Sobre o dinheiro,falamos mais tarde.
-Ok, obrigada novamente.
A casa era pequena. Tinha três quartos, um no andar de baixo que segundo Ana,eu poderia usar e dois no andar de cima. Na sala havia uma enorme lareira de pedras e os moveis rústicos lhe empregavam um charme particular. A bagunça era algo que saltava aos olhos, pois haviam roupas jogadas por todos os cantos e pratos sujos na pia. Segundo Ana, ela e o pai não davam conta sozinhos, afinal ele trabalhava o dia todo na madeireira e também cuidando das coisas do rancho.E ela, bom, era apenas uma menininha.
-Oque aconteceu com a antiga empregada?
-Antônia? Ela, se casou.
-Entendo.
Eu estava feliz.As coisas pareciam estar começando a se encaminhar. Com o emprego eu teria dinheiro suficiente para seguir minha viagem. Eu havia pensado muito nisso. Queria atravessar a fronteira, ir pra o Uruguai, onde minha avó nascera. Talvez lá as coisas fossem melhores para mim.
No dia seguinte eu havia retornado a casa do viúvo e sua filha com minha mochila. No armazém,Laura havia ficado muito feliz em saber que seu cunhado havia me aceitado como sua empregada:
-Neto é um homem teimoso e um tanto rabugento,mas é uma boa pessoa.-ela dissera.
Bom,eu estava acostumada a lidar com coisas piores. Tinha quase certeza que um homem teimoso e rabugento era o menor dos problemas que eu já havia enfrentado.
Cheguei cedo ao rancho naquele dia, Neto já havia saído para o trabalho na madeireira e Ana ainda estava dormindo. Eu achava o cúmulo deixar uma menina daquela idade sozinha em casa. Mas pelo que Laura me dissera, uma vizinha, Jude, sempre passava para leva-la a escola.
O quarto que me fora destinado era pequeno e aconchegante. Tinha uma cama coberta por uma colcha de crochê colorida,uma comoda de madeira com espelho e um guarda roupa. A janela dava para os fundos da casa onde havia uma grande arvore e um pouco mais adiante o cercado de madeira.Larguei ali minha mochila e arregacei as mangas para começar o trabalho.
A bagunça da casa era tanta que conforme eu limpava o lugar ia se transformando. Estava entretida nos afazeres quando vi Ana no topo da escada,tinha uma cara de sono e usava um pijama branco.
- Você veio!- exclamou feliz.
-Achou que eu não viria?
Ela sorriu e assentiu:
- Venha até aqui, vou fazer panquecas pra você.
Eu precisava ir para casa,confirmar se estava tudo bem por lá. Deixei o trabalho ao meio dia. O sol estava a pino, estacionei a caminhonete em frente a casa e fui andando em direção a varanda. Parecia tudo normal por ali. Perdigueiro tirava uma soneca á um canto, levantou a cabeça e me encarou.
Logo que abri a porta o aroma exótico de temperos invadiu-me os sentidos. Havia barulho na cozinha, panelas batendo, o frigir de uma frigideira e uma voz doce que cantava uma canção:
A mulher estava parada diante do fogão, os cabelos muito cacheados presos em um coque no alto da cabeça. Usava uma camiseta, um tanto grande para suas formas delicadas e uma calça jeans, os pés descalços mostravam o quão à vontade ela estava. E cantava. Estava alheia a tudo e todos, concentrada em seus afazeres, a voz melodiosa preenchendo cada canto daquela casa que parecia ter ganhado vida com a presença dela:
-Nossa!- ela exclamou assustada ao me ver, então abriu um sorriso contido, meu coração deu salto. Eu não sabia oque estava acontecendo comigo, mas aquela mulher me confundia de alguma forma.
Pigarreei.
-Desculpa moça, eu não queria assustar...
- São Paulo...E estou aqui porque pretendo viajar para o Uruguai, onde minha avó nasceu..- ela deu um suspiro- Sei que parece estranho alguém vir de tão longe para uma cidadezinha como essa, mas eu procuro sossego senhor Valentine, um emprego, e um lugar para ficar até que possa seguir minha viagem. Está cidade parece perfeita para mim, e prometo que o senhor não irá se arrepender por ter me contratado..
Bom, eu não podia negar, a mulher parecia confiável e nós moradores de cidade pequena sempre sabíamos quando uma pessoa era ou não confiável.
- Mais alguma pergunta, senhor?
Olhei para ela:
- Não... Seu pagamento será feito a cada duas semanas moça..não é muito..
-Tenho certeza de que é o suficiente,senhor- Ela abriu um largo sorriso seus dentes muito brancos eram como porcelana. - Sente-se, vou lhe servir um prato de comida..
-Não, estou sem fome...Obrigado..
Na verdade eu estava com fome, mas precisava sair dali, tomar um ar. Despedi-me com um aceno de cabeça e saí sem olhar para trás.
*******
Essa é sua mãe Ana?- perguntei, a menina assentiu, seus olhos azuis cheios de tristeza.- Ela era muito bonita.
Fitei novamente o porta retrato que repousava sobre o criado mudo, a mulher da foto era realmente muito bonita, com seus cabelos dourados e o sorriso iluminado. Parecia muito feliz em seu delicado vestido de noiva. Era tão triste que uma menina tão pequena tivesse que viver sem a presença da mãe.
- Tia Laura disse que ela é um anjo agora..- disse a menina com sua voz infantil.
Sorri, meu coração aquecido por um sentimento de compaixão. Acariciei o cabelo louro dela e respirei fundo.
-Sim querida, ela é um anjo agora e está tomando conta de você.
- De verdade verdadeira?
-Sim..de verdade verdadeira..
Ela sentou-se na cama e se jogou em meus braços em um abraço apertado, não esbocei reação de inicio:
- Ela deve ter mandado você pra me cuidar..
Senti minha garganta arranhar, aquele menina despertava em mim um sentimento tão doce que a unica coisa em que eu pensava era que queria protege-la. Eu queria jamais deixa-la só novamente e fazer o possível para que fosse feliz..Retribui o abraço e foi então que o barulho vindo do corredor me chamou a atenção. Voltei-me para porta e Neto estava parado lá. Uma semana havia se passado desde que eu começara a trabalhar ali e nossa relação resumia-se a "Bom dia" e "Boa noite". Há dois dias ele havia chegado em casa e dissera-me que iria até a cidade vizinha fazer uma entrega de madeira e só retornaria no fim da semana.Bom, ali estava.
Afastei-me de Ana e levantei da cama, ele me cumprimentou com um aceno de cabeça.
-Papai..- disse a menina.
- Boa noite amor. - ele se aproximou da cama e depositou um beijo na testa da menina.- Olha só oque eu trouxe pra minha guriazinha.
Ana agarrou o pacote sorrindo.Resolvi deixa-los a sós, então sai do quarto e as ultimas palavras que ouvi me encheram de alegria:
- Sarah me ajudou com o dever de casa, ela é muito esperta papai, e amanhã vamos plantar flores!
- Você gosta dela?
- Sim!
Sorri satisfeita e me afastei.
★★★★★★
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