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Intensidade do Amor à Guerra

Capítulo 1 Luísa Caccini

Hoje é o meu primeiro dia de estágio na empresa Lannuz, uma das maiores e melhores empresas do mercado financeiro.

Fiz questão de concorrer a essa vaga pra tentar a minha independência, longe da empresa do meu avô materno Mário Caccini, que por ironia do destino é a Lemari, concorrente direta da Lannuz. Minha relação com o meu avô é bem complexa, pois através dele tive um problemão que quase me custou a vida, ensaio para mim, quanto mais longe melhor.

Me chamo Luísa Sobral Caccini, tenho 22 anos e sou estudante de administração. Sempre fui uma das melhores da turma, pois desde pequena sempre amei estudar. Fora isso sou atrapalhada, tímida e só consigo ser disciplinada quando o assunto é estudo e trabalho.

Sou a filha mais velha de Carlos Sobral e Analu Caccini Sobral e tenho um irmão de 17 anos que se chama Matheus.

Desde pequena tenho o exemplo do meu pai, que mesmo sendo genro de um dos homens mais rico do país, nunca quis tirar proveito disso, e conseguiu tocar a pequena empresa que ele fundou um pouco depois de casar com minha mãe.

Meu avô não gostou da ideia de me ver na concorrência e insistiu que eu fizesse o estágio na empresa dele pra aprender sobre os negócios da família. Mas como disse, não quero depender dele e nem que ele tente controlar ou interferir na minha vida novamente. As lembranças de tudo o que aconteceu ainda estão bem vivas na minha memória, então prefiro o lado "inimigo" por enquanto.

Termino de me arrumar e me sento à mesa com meus pais e meu irmão mais novo. Conversamos enquanto tomamos café, e meu pai está super empolgado por eu ter conseguido o estágio. Minha mãe também está feliz, mas nem tanto. No fundo ela me vê como a possibilidade dela não ter que ficar no lugar do meu avô.

-Eu te desejo toda a sorte do mundo nesse primeiro dia, minha filha.

- Obrigada\, papai. Eu estou super nervosa\, com medo de alguma coisa dar errada

- Você é super competente\, Luí - minha mãe diz - Você vai tirar de letra esse estágio.

- Deus te ouça\, mamãe. Agora preciso ir\, não quero chegar atrasada no meu primeiro dia.

Dou um beijo na minha mãe e outro no meu pai. Coloco o endereço no GPS e dirijo até o endereço do meu novo emprego.

Como moro próximo ao centro da cidade, depois de 20 minutos estaciono meu carro e pego minhas coisas. Dou uma última olhada em meu rosto e ando até a recepção. Cumprimento a simpática recepcionista, que me cumprimenta com um belo sorriso.

- Bom dia\, me chamo Luísa Caccini\, estou aqui pelo estágio.

-Bom dia, o Sr Lannuzzi ainda não chegou, mas a secretária dele já está deve estar esperando. Só um minuto.

Ela pega o telefone e liga pra alguém, provavelmente pra secretária do tal Sr Lannuzzi. A ligação se encerra e ela pede minha identidade, fazendo meu cadastro e me entregando um cartão de acesso logo em seguida.

Eu sempre tive medo de elevador, morro de medo de cair ou algo do tipo, então como cheguei um pouco antes do horário consigo esperar a pequena fila acabar.

Entro e abaixo a cabeça, torcendo pra sair logo dali. Logo após alguém entra e pára na parte de trás do elevador, mas nem me preocupo em olhar.

Quando as portas estão prestes a se fechar, ouço uma voz vindo do lado de fora pedindo pra segurar o elevador. Em milésimos de segundos, enquanto penso se seguro ou não, a mão da pessoa impede que as portas se fechem.

- Não me ouviu pedir pra segurar a porta? Você é surda? - Ouço a voz ríspida de um homem.

Levanto a cabeça e um homem baixo e calvo, aparentando ter uns 45 anos me olha de cara feia. Antes que eu pudesse responder, um rapaz atrás de mim se manifesta num tom autoritário.

- Deveria ser mais educado. Com certeza a moça não escutou seu pedido.

- Sim\, Senhor. Me desculpe\, Senhorita. - O homem fala comigo e abaixa a cabeça. Não demora muito e ele sai do elevador.

Me viro pra agradecer, quando meus olhos encontram os olhos do homem que entrou e eu não vi, perco as palavras quando olho pra ele.

Quando consigo voltar a raciocinar, chegamos no meu andar e ele passa por mim sem me dar a chance de agradecer.

Procuro pela secretária do Sr Lannuzzi e ela já está na porta de uma sala me esperando.

- Bom dia\, Srta Caccini. Me chamo Rayssa Ferraz e sou a secretária do Sr Henrique Lannuzzi. - Ela me estende a mão, com um sorriso simpático.

- Bom dia\, Rayssa. Pode me chamar de Luísa\, por favor. Vim pelo estágio. - Retribuo o sorriso, apertando sua mão

- Tudo bem\, Luísa. Me acompanhe\, por favor\, vou te mostrar o andar e onde você vai ficar. Depois te levo até o Sr Lannuzzi.

Rayssa me mostra onde fica a sala de reunião, o almoxarifado, a copa, onde será a minha sala e enquanto ela vai me mostrando e me apresentando para as pessoas que estão presentes, fico pensando pra onde foi o homem que me defendeu no elevador.

Andamos até que Rayssa pára na frente de uma porta, na porta está escrito "CEO" e imagino que seja a sala do tal Henrique Lannuzzi.

Ela bate na porta e logo ouvimos uma voz nos mandando entrar.

Capítulo 2 Literalmente de Quatro

Assim que entro, me deparo com o homem do elevador e entendo porque o calvo mal humorado ficou tão nervoso quando viu quem ele era.

Mais uma vez me vejo sem palavras e fico paralisada com o olhar dele pra mim.

- Sr Lannuzzi\, bom dia. Essa é a nova estagiária. - Rayssa diz com um sorriso simpático

- Bom dia\, Srta. -Ele se levanta e aperta minha mão. - Me chamo Henrique Lannuzzi, o CEO.

- Bom dia\, Sr Lannuzzi. Prazer em conhecê-lo. Me chamo Luísa\, a estagiária. - Digo sem graça.

- Sr Caccini\, se me der licença preciso arrumar a sala de reunião. Luísa\, consegue achar sua sala sozinha?

- Sim\, Rayssa. Obrigada pela recepção.

- Pode se retirar\, Srta Ferraz. Se a Srta aqui precisar\, eu ensino o caminho pra ela.

Rayssa sai e Henrique se senta novamente, enquanto eu fico em pé segurando meus dedos.

- E então\, Srta...? - Henrique pergunta enquanto passa o indicador em seu queixo

- Caccini. - Respondo sem jeito.

- Caccini... Srta Caccini. Animada em fazer parte dessa empresa? - Ele me fita e me deixa sem fôlego.

- Sim\, senhor.

Respondo e noto que ele me olha dos pés a cabeça, depois da um sorriso de canto de boca.

- Gosto assim. Bem\, prazer em conhecê-la\, Srta Caccini. Ainda nos encontraremos muitas vezes. Agora precisamos trabalhar\, consegue se achar sozinha?

- Acredito que sim. Muito obrigada por ter me defendido no elevador.

- Não precisa agradecer\, ele foi mal educado e eu não tolero isso. Ainda mais com uma dama tão bonita quanto a Srta. Tenha um ótimo dia.

Henrique se levanta e abre a porta pra mim. Ele me cumprimenta com outro aperto de mão e dessa vez sinto como se me ligassem na tomada, todo meu corpo se esquenta ao toque dele. Eu sorrio pra ele tentando disfarçar meu nervosismo, mas ele parece perceber.

- Tudo bem? Você parece nervosa.

- Tudo bem sim\, é só nervosismo da primeiro vez. Até a próxima.

Saio quase correndo dali e adianto meus passos até chegar na minha sala. Me sento e espero o restante do pessoal chegar, enquanto sorrio feito boba por lembrar da sensação que senti ao toque dele. Nunca tinha sentido nada parecido antes.

Meus pensamentos são interrompidos pela Rayssa, que me entrega alguns documentos pra passar pro computador.

Agradeço mentalmente por isso, talvez ocupando a cabeça esqueço esses pensamentos bobos.

Passo a manhã inteira ocupada entre digitalizar os documentos e tirar minhas dúvidas com a Alice, uma estagiária que já está aqui há um pouco mais de um ano, e com o Gabriel gerente administrativo e responsável por nós duas.

Alice é bem alto astral, solícita e simpática. Ela tem dois anos a mais que eu. Gabriel é mais fechado mas também é legal.

- Mariana\, podemos continuar depois do almoço? Eu preciso ir almoçar\, estou morta de fome.

- Claro\, Alice. Desculpe ter ocupado seu tempo. - Digo ao perceber o quanto a ocupei.

- Não precisa se desculpar\, sei que faria o mesmo por mim. Eu também já fui novata aqui e enchi o saco do Gabriel. - Ela olha para ele e ri.

- Imagina aguentar essa garota chata sozinho\, Luísa. Vamos almoçar\, também estou morto de fome.

- Vão indo\, eu vou terminar essas duas folhas e já vou também.

Alice e Gabriel vão em direção da copa e eu fico terminando de digitalizar as duas folhas restantes.

Quando termino, pego meu celular e me levanto pra ir almoçar também.

Saio da sala e ando tentando me lembrar onde fica a copa.

Depois de andar um pouco, abro uma porta que deduzo ser a que eu estou procurando, mas dou de cara com o Henrique em pé fazendo uma apresentação para um grupo de homens sentados ao redor de uma mesa.

Percebo que estou na sala de reunião e peço desculpas. Acabo ficando nervosa, tropeço em minhas próprias pernas e caio de quatro no chão. Henrique corre e me ajuda a levantar.

- Sr Lannuzzi\, mil desculpas. Acabei me perdendo e não achei a copa.

- Tudo bem\, se machucou? - Ele me olha enquanto me ajuda a levantar.

- Não\, estou bem. Desculpe.

- A copa fica duas portas a esquerda. - Henrique me fala, sem tirar os olhos do meu

- Obrigada. - Agradeço, desviando o olhar.

Saio da sala e fecho a porta. Me encosto nela e tento me recuperar do susto.

Conto duas portas a esquerda e abro a porta da copa.

Eu cumprimento dando boa tarde a todos e esquento meu almoço.

Me sento a mesa junto com Alice, Gabriel, Bruna e uma loira que se chama Vanessa, mas eu ainda não a conheço.

- O que houve\, Luísa? Você parece assustada. - Rayssa me pergunta ao me ver.

- Eu me perdi e entrei na sala de reunião. Como se não bastasse ainda cai quando tentei sair.

Todos caem na gargalhada enquanto eu conto.

- Sr Lannuzzi deve ter adorado a cena. - Vanessa debocha

- Deixa de ser faladeira\, Vanessa.

- Ah\, como se aqui ninguém tivesse ouvido a fama dele\, Alice.

Nesse momento somos surpreendidos pelo Henrique, que entrou enquanto a Vanessa falava e ninguém se deu conta.

- Fama de quem? Posso saber também\, Vanessa? - Henrique pergunta, com a mão na cintura.

- Do Jorge do RH\, Sr Lannuzzi. Dizem que ele tem fama de ser bem exigente com o horário\, estávamos contando para a Luísa.

- Ah sim\, achei que tivesse ouvido demais. Srta Caccini\, quando terminar o expediente venha até meu escritório\, por favor.

Ele fala e se retira, sem me dar a chance de responder nada. Será que fiz algo errado?.

- Eu disse. - Vanessa volta a falar, em tom de deboche.

- VANESSA!! Tá querendo ser mandada embora? - Alice a adverte novamente e todos rimos dela.

Terminamos de almoçar e volto pra minha sala. Passo o restante da tarde ajudando a Alice e o Gabriel. Tento descobrir sobre a tal fama do Henrique mas eles não me contam.

O expediente termina e juntamos nossas coisas pra ir embora. Fico apreensiva com o que o Henrique quer e vou em direção ao escritório dele.

Cap. 3 Adolescente Fofoqueira

Chego até a sala do Henrique e bato na porta. Na segunda vez que bato, ele me pede pra entrar.

Entro e fico ali parada esperando ele dizer alguma coisa, enquanto ele continua mexendo no computador como se eu não estivesse ali. Decido quebrar o silêncio.

- Sr Lannuzzi\, o senhor me pediu pra passar aqui antes de ir embora.

- Sim\, Srta Caccini. Quero te entregar uma coisa\, só um minuto.

Ele continua mexendo no computador mais uns minutos e depois imprime algo, me entregando logo em seguida.

- Aqui\, quero que fique com isso. - Ele me entrega uma espécie de mapa do andar - Agora Senhorita não vai mais precisar invadir as salas a procura de outra.

- Senhor\, peço desculpas novamente pelo ocorrido. Eu realmente achei que aquela fosse a copa.

- Tudo bem\, não precisa se desculpar. Foi só uma forma que pensei pra não ter que te ver naquele posição novamente.

Ele fala e me lembro que além de ter entrado e atrapalhado a reunião, ainda cai na frente de todo mundo, mas não imaginaria que isso o incomodaria tanto.

- Imagino como me ver naquela situação foi desagradável\, ainda mais na posição que acabei caindo.

- Não foi desagradável te ver naquela posição\, muito pelo contrário\, até despertou minha imaginação - Ele se aproxima de mim e ri - . Me desagradou que meus sócios também tenham te visto.

- Não vai acontecer novamente. Agora se me der licença\, preciso ir pra faculdade ainda.

- Não quero te atrapalhar\, Srta.

Ele se levanta e mais uma vez abre a porta pra mim. Eu o cumprimento e saio de seu escritório.

Novamente tenho a sorte de entrar no elevador sozinha, e fico rindo ao lembrar da forma que ele me olhava enquanto me levantava do chão.

Dois andares antes do térreo o elevador pára e uma mulher entra. Eu a cumprimento pra disfarçar a cara de boba que estava quando ela entrou e ela finge não ouvir.

Logo chegamos no térreo e ela sai se esbarrando em mim. Que mal educada.

Me despeço da recepcionista simpática que me atendeu mais cedo e vou em direção a faculdade.

Como ainda não estou acostumada com o caminho, acabo ficando presa no engarrafamento e chego atrasada na aula.

Cumprimento o professor e me sento ao lado da Beatriz. Bia é minha amiga de infância, fomos praticamente criadas juntas porque nossas mães também são amigas de infância. Ela é a baixinha mais invocada que eu conheço.

- Vai chover hein. A nerd da sala chegando atrasada. - Bia debocha assim que me sento ao lado dela.

- Aí\, Bia. Deixa de ser exagerada. Ainda não aprendi o caminho mais rápido e peguei engarrafamento.

- Como foi o primeiro dia no estágio? Sobreviveu ao CEO mais cobiçado do Brasil?

- Minha filha\, eu literalmente caí de quatro na frente dele e de mais uns 5 que estavam com ele. Se não fosse atrapalhada\, não seria eu.

Bia acaba rindo alto quando conto que cai e o professor chama nossa atenção.

Ficamos em silêncio assistindo as aulas e de vez em quando Bia olhava pra mim e sorria novamente, enquanto eu tentava segurar pra não rir junto com ela.

Quando as aulas acabam, Bia vem até a mim empolgada feito uma adolescente fofoqueira.

- Agora me conta como aconteceu isso\, Luí.

- Ele estava numa reunião e eu achando que era a copa entrei na sala errada. Quando tentei sair\, tropecei nos meus próprios pés e caí de quatro no chão.

- Só minha amiga mesmo. Trabalhando com um dos solteiros mais desejados e faz uma dessas.

- E como se a vergonha não estivesse completa\, ele me deu uma espécie de mapa do andar onde a gente trabalha\, e disse que é pra não ter que me ver naquela posição novamente.

- Nossa\, amiga. Na certa não gostou do que viu então.

- Ele me disse que muito pelo contrário\, até despertou a imaginação dele. Mas não gostou de ver os sócios olhando.

- Olha! O CEO da Lannuz é egoísta. - Ela debocha

- Deixa de ser boba\, Bia. Talvez ele só não queira ouvir murmurinhos. Ninguém quer que suas funcionárias saiam por aí caindo de quatro na frente dos outros. Agora vamos porque preciso dormir\, estou exausta e a semana só tá começando.

Juntamos nossas coisas e vamos em direção ao estacionamento.

Conversamos mais um pouco antes de entrar em nossos carros e vamos embora.

Chego em casa e meus pais já estão deitados, pois já são quase 11 da noite. Vou até a cozinha e esquento minha janta.

Depois de um dia desses, tomo um banho e durmo assim que me deito. Só acordo no outro dia ao som do despertador e lá vamos nós outra vez.

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