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De Patricinha À Rainha Do Morro

Capítulo 01 - Dia de baile

Oi, meu nome é Melina, tenho dezoito anos, e minha vida está uma loucura!

Você já teve aquela paixão? Não estou falando de amor, e de nada carinhoso, recíproco, seguro. Estou falando de paixão, aquela paixão cega, aquele sentimento louco que te deixa irreconhecível e que você sente que faria qualquer coisa pela pessoa, para estar com ela? Qualquer coisa mesmo? É, eu não acreditava nessas loucuras, até que comecei a vivenciar uma.

Bom, vamos aos fatos: Sou moradora do Rio de Janeiro, tenho uma ótima condição financeira graças ao meu pai (que não conheço, porque segundo minha mãe ele faleceu quando eu era uma bebê) pois se dependesse da vontade de trabalhar da minha mãe acredito que nós duas estávamos em uma situação difícil. Estudei para passar em Medicina na Oxford, apesar de ter dinheiro para entrar não gostaria que não tivesse esforço da minha parte. Faço trabalhos voluntário em casas de idosos, e lar de adoção. Ah! Eu saí da casa onde morava com minha mãe, ela colocou o nojento do novo namorado dela para dentro de casa, e depois de tanto eu dizer e ela não acreditar que ele me assediava, resolvi pegar minhas coisas e sair. Fui morar em uma das casas que tenho em meu nome. A casa fica no Leblon, é bem espaçosa, bem iluminada, tem piscina e jacuzzi, e um ótimo espaço para as minhas festas. E como só vou ficar aqui mais dois anos antes de ir para a minha tão sonhada faculdade quero aproveitar! Agora que já me conhece um pouco vamos ao dia que saí de casa.

Eu saio deixando a porta da entrada aberta, pois estou carregando duas malas e não tenho tempo nem energia de fechar. Por último só ouço minha mãe falando com sua voz estridente "pegou seu cartão de crédito princesa?", nem me dou o trabalho de responder. Coloco minhas malas em meu carro e saio em direção a casa nova. Tenho cinco casas no Rio de Janeiro em meu nome, escolhi a mais afastada, sem estar em um condomínio fechado já para não passar nervoso com polícia e vizinhos me enchendo. Chego rapidamente na casa, pois era somente algumas quadras de onde morava com minha mãe.

Melina: Lar doce lar

Após entrar na garagem meu celular toca insistentemente, era a Anira.

A Anira é minha melhor amiga desde os meus oito anos, é uma menina linda, com peito e bunda que encaixam perfeitamente com as curvas do seu corpo, tem dezessete anos e é filha do meu anjo da guarda.

Anira:

Melina: Fala cachorra!

Anira: Amiga, bora pro baile hoje! A favela ta lotada, vieram comemorar o aniversário do IG.

Melina: IG não é o dono do morro?

Anira: É pô! Bora!

Melina: Ani, eu acabei de chegar na casa nova, aquela que te falei. Vou só desarrumar as malas e passo aí pra gente ir.

Anira: Beleza amiga, aproveito e já passo pro banho.

Melina: Beijo, tchau.

Quando eu desligo tiro as malas do carro e entro em casa. Tudo está impecável, os móveis que eu escolhi, decoração, tudo.

Melina: LAR DOCE LAR!

Léia: Oi minha filha!

(Léia é mãe da Anira, ela é o meu anjo da guarda. O espaço e sentimento de mãe é todo para ela. Ela trabalha na casa da minha mãe há mais de dez anos, me criou desde que me entendo por gente, e veio me ajudar no início dessa nova fase)

Léia vem com os braços abertos para me abraçar.

Melina: Ah, como é bom ver você, a única pessoa que me ama nesse mundo!

Léia: Não fala assim, você é uma menina muito amada.

Faço um bico para ela e abraço ela forte. Como é bom sentir o abraço dela, foi nele que eu me encaixei tantas vezes quando meu mundo parecia que ia desabar.

Melina: Vou subir e me arrumar, vou no baile com a Anira

Léia: Virgem Maria, aquele lugar deve estar um inferno!

Melina: Tenha certeza, e porque você não dorme aqui hoje? Se não você vai ficar ouvindo aquelas músicas que você ama a madrugada toda.

Léia: Acho que vou aceitar sim, já pensou? Quem dorme com uma coisa que só fica falando "as novinha senta, senta, quica, quica"

Eu não me aguento e solto uma gargalhada faço como se estivesse dançando enquanto ela canta. Dou um beijo na testa da Léia e levo as duas malas para o andar de cima. Chego no quarto morrendo de cansaço, acho que coloquei pedras nas malas em vez de roupas. Começo a separar a roupa que vou usar, e aproveito para mandar mensagem para Anira.

*Text Melina: Ani, você vai querer alguma roupa?

*Text Anira: Miga, não precisa não! Passei na lojinha do morro e comprei um cropedd e um short babado

*Text Melina: Beleza, estou indo tomar banho, já te aviso quando sair. Acho que vou de Taxi porque a última vez quis atropelas a infeliz da Thamires.

*Text Anira: Ixe menina, vem de taxi, depois tu sobe de moto taxi até o baile. Quando você chegar já te conto os babados dela, a favela ta chocada.

*Text Melina: A-D-O-R-O fofoca, tô indo pro banho, beijo.

Eu jogo o celular na cama, escolho a roupa e vou para o banho. Ao terminar começo a me trocar, fazer a maquiagem e arrumar meu cabelo.

Melina: Agora só falta o salto!

Vasculho o local do meu guarda roupa onde tem meus saltos. Escolhido o salto, só preciso de um perfume, arrumar a bolsa que eu vou levar e partiu baile!

Passo meu perfume favorito, minha marca registrada como dizem meus amigos. E escolho a bolsa, pego documentos, minha carteira de cigarros (É, sou fumante. Comecei a fumar faz um ano), isqueiro, dinheiro em nota e meu cartão de débito. Tudo pronto para ir, dou mais uma checada no espelho, chamo o taxi pelo aplicativo e desço.

*Text Melina: Estou saindo de casa, te encontro na frente da quadra

*Text Anira: Estou subindo já, te espero lá, beijo.

Ao terminar de descer as escadas procuro pela Léia

Melina: Lé? Ta aqui ainda?

Léia: Oi meu amor, estava na sala assistindo novela. Liguei para a Ani e avisei que vou ficar por aqui hoje

Melina: A casa é sua você sabe. Já estou indo

Léia: Vai com Deus meu amor

Léia dá um beijo na minha testa e volta para o sofá onde estava assistindo sua novela.

Ao sair de casa o taxi já está esperando, não sei o porque mais os taxistas sempre me olham com uma cara estranha quando eu digo que o destino é a favela.

Quando eu chego consigo ver as luzes do baile lá de baixo, aproveito e mando uma mensagem para a Ani falando que estou subindo.

Vou até o moto taxi e subimos. Quando eu desço já ouço a voz da Ani me gritando

Anira: Caraca! Chegou na hora certa, o IG já tá subindo

Foi só ela terminar de dizer que olhando para trás vejo três carros subindo, alguns homem com fuzil na mão saindo dos carros e descendo das motos, e ali está ele, o dono do morro. Cumprimenta alguns que vão até ele, parece ser até bem acessível.

Melina: Cacete, que gato! É esse o IG?

Anira: Esse mesmo, cobiçado por muitas, mas poucas são as sortudas que conseguem ficar com ele. Na verdade, ainda não teve nenhuma mina do morro que conseguiu.

Passado alguns segundos em que ficamos ali olhando o IG sair do carro, cumprimentar as pessoas, vejo de longe a minha detestável conhecida, vizinha da Anira.

Melina: Porra, essa víbora já está aqui?

Anira: Ah! É mesmo, tenho que te contar os babados dela. Você acredita que a coitada está espalhando para o morro todo que está virando a fiel do IG? E que dormiu com ele essa semana toda.

Melina: Será que é verdade?

Anira: Você acha menina? acabei de te falar que ele não pega mina de morro. E quando chegar nos ouvidos dele quero ver só como vai ser

Anira dá uma risada e me puxa

Anira: Agora chega de conversa, vamos beber e dançar até amanhã!

Acompanho ela para onde está tendo o baile. Já tinha ido em outros bailes em outras favelas, mas aqui foi a primeira vez.

Tinha DJ, luzes, camarote, um ótimo espaço para dançar.

Fui com a Ani no bar, pedi um combo de Green Label, fomos para uma das mesas espalhadas nos cantos, nos sentamos e começamos a beber. Ficamos fofocando e colocando o papo em dia. A Anira já estava em seu terceiro copo, e eu no meu segundo.

Após mais alguns copos a garrafa acabou, pegamos nossos copos e fomos dançar. Eu percebia alguns olhares, mas nada invasivo, me sentia muito a vontade ali. Pego na minha bolsa uma bala de ecstasy que trouxe, e faço o uso.

Anira: Eita! que comecem os jogos!

Dou risada da frase dita, e só informando, a Ani não usa drogas, nenhum tipo, nunca colocou nenhum cigarro na boca, ela só bebe mesmo.

Depois de muito dançar precisei voltar para a o bar e pegar uma garrafinha de água, pois estava seca de sede. Enquanto esperava minha vez sinto alguém esbarrar em mim e perco um pouco o equilíbrio, me apoio na Ani e antes que eu pudesse olhar já ouço Ani gritando.

Anira: Tá cego porra?

*Vapor: Foi mal aí Ani, não precisa estresse

Antes que a Ani grite mais com o menino eu pego as garrafas de água e puxo ela. Voltamos para onde estávamos e continuamos dançando. Depois de uns minutos vejo a Ani falando com um homem que portava um fuzil, continuo dançando mas não deixo de observar os dois. Quando a Ani se vira me olha com uma cara muito estranha, e conhecendo a cara dela já sei que vem bomba.

Melina: O que foi dessa vez? Conheço essa cara

Anira: Amiga, a gente foi chamada para o camarote!

Eu olho para o homem que conversou com a Anira, e em seguida olho para o camarote. Por um momento parece que meu olhar encontra o de IG. Eu desvio o olhar e volto a conversar com a Anira.

Melina: A gente pode recusar?

Anira: Pode, mas não vou deixar você não ir, ser convidado para o camarote é foda! E você não vai perder essa!

Anira mal acabou de falar e me puxa pela mão, seguindo o homem com o fuzil que vai abrindo caminho até o camarote. Chegando na escada vejo o que nos trouxe até ali conversar com um segurança, que entrega duas pulseiras para Anira. Após colocar as pulseiras somos levadas ao camarote de frente para a pista.

Anira: Amiga, aqui é o camarote do IG, não estou acreditando!

Nesse momento IG se aproxima de nós duas com uma cara séria, e um olhar tão forte que chega a me dar arrepios.

IG: Minhas convidadas chegaram (Ele dá um sorriso quase imperceptível no canto da boca), fiquem á vontade

Anira encontra no camarote um amigo dela, que pelo que eu me lembro ela tinha comentado que ele era o braço direito do IG.

Não sei porque mas me senti um pouco retraída desde que subi para o camarote, estava explodindo para dançar por causa da bala, mas não conseguia me soltar. Anira estava dançando com o amigo dela, e eu estava sentada no sofá bebendo e olhando ela se divertir.

Vejo alguém sentando ao meu lado no sofá

Homem1: E aí princesa, tá sozinha?

Melina: Na verdade estou aqui com minha amiga

Homem1: É solteira?

Melina: Sim, namoro dá muita dor de cabeça

Homem1: Ah então fechou, podemos nos conhecer melhor

Melina: Agradeço, mas hoje não estou muito afim.

O homem tenta insistir mas eu me levanto e me forço a ir dançar com a Anira para sair de perto dele. Depois de pouco tempo acabo me soltando e voltamos a dançar juntas como estávamos lá em baixo.

Melina: Achei que você ia ficar com aquele cara

Anira: Você tá doida, não me envolvo com traficante não. De careca na família já basta meu pai

(O pai da Anira fugiu com outra mulher, deixando ela e a Tia Léia sozinhas.)

Melina: Achei errado então, você é consciente

Anira: Amiga já volto, vou no banheiro

Quando a Anira sai eu paro de dançar, me apoio na grade e olho para baixo onde vejo todos que estão ali com clareza. Sinto alguém chegando do meu lado, é o IG. Ele não fala nada, somente se apoia na grade como eu. Olho para ele por alguns instantes e volto minha atenção para baixo, onde prontamente localizo Thamires me fuzilando com o olhar. Vejo ela andando em direção á escada do camarote, e conversando com o vapor que está na ponta da escada junto com o segurança, mas nenhum dos dois deixa ela passar. Vejo de relance IG saindo de perto da grade, reparo quando a Thamires volta para onde estava, e vira a garrafa de vodka que estava na mesa de alguém. Poucos minutos depois está armada uma confusão, Thamires e uma outra menina se grudaram pelos cabelos e começaram a brigar. Havia uns homem com fuzil tentando separar e outros moradores que não estão envolvidos no tráfico tentando acabar com a briga.

Eu estava tão distraída olhando a briga que meu coração quase parou quando eu ouvi do meu lado o barulho de dois tiros. Quase fiquei surda.

Melina: Pelo amor de Deus! Não dá pra avisar antes de atirar? Quase fiquei surda!

Ao olhar para o lado meus joelhos estremecem. Quem tinha dado os disparos? É, o IG. Eu gritei com a porra do dono do morro. Não sabia o que fazer, se eu pedia desculpas, se fingia demência. Ele estava me encarando, virado de frente para mim, estava me olhando com aquele olhar profundo, que parece que só de olhar para mim conhecia cada intimidade minha, cada segredo, cada dor e cada sorriso.

Melina: Desculpa, eu não queria...

IG: Qual o teu nome?

Melina: Meu nome é Melina

IG: Você não mora aqui, nunca te vi aqui.

Melina: Eu não, não moro, mas eu vim com a Anira, aquela...

IG: Eu só perguntei o teu nome, relaxa. Não é um interrogatório.

Eu fico parada olhando para ele por alguns segundos, depois desvio o olhar para baixo

IG: Eu não sou um monstro, pode ficar tranquila

Ele fala isso e me entrega um copo. Eu não queria mais beber, mas devido ás circunstâncias pego o copo de sua mão.

Melina: Obrigada

Ele se vira novamente para a grade e se apoia, eu fico ali observando que a briga já acabou, e não vejo mais a Thalita, somente a outra menina que brigou com ela.

Anira: Mel, conta da treta eu estava no banheiro e ouvi as meninas comentando que era a Thami...

Anira imediatamente para de falar quando vê que o IG está ao meu lado olhando para nós duas.

Anira: Eu acho que vou lá falar com o Juve, beijo.

Anira sai de fininho, e eu nem ouso olhar para o lado, saio também e me sento no sofá de novo. O mesmo homem que havia tentado ficar comigo senta do meu lado novamente, mas antes que ele abra a boca vejo ele se levantando. Eu olho para cima e vejo IG encarando ele. Quando o homem sai IG olha para mim e pergunta:

IG: posso? (Apontando para o sofá)

Não falo nada, somente balanço a cabeça com um sim rápido (E eu lá sou louca de falar não?)

IG: De onde você é?

Melina: Leblon

IG: Você pode olhar para mim quando responde?

Imediatamente me sento um pouco de lado e olho em seus olhos, na verdade consigo instantaneamente reparar em tudo. Suas tatuagens, seu cabelo, a cor dos seus olhos que eram de um preto tão escuro que pareciam de Obsidiana, percebo como seu perfume é bom.

IG: Então, onde de onde você é?

Melina: Leblon

IG: E o que uma patricinha está fazendo no baile?

Melina: Não sou patricinha, e eu frequento há anos bailes como esse

IG: Ah, sei.

Fico tão nervosa que sinto uma vontade imensa de fumar

Melina: Posso? (Mostrando a carteira de cigarros)

IG: O camarote é seu, faça o que quiser. (Ele diz isso e pega um dos meus cigarros, acende e dá uma tragada lenta e profunda)

Melina: E o que tem nesse copo que você me deu?

IG: Jack Fire, só vai devagar porque está puro

Não sabendo o que falar dou um gole no copo, e vou fumando. IG segue fazendo algumas perguntas e eu sigo respondendo.

IG: Você bebe bem em, já é o seu quinto copo?

Como ele sabia quantos copos eu já tinha bebido? Será que ele estava me observando?

Melina: Aprendi a beber cedo, fiquei boa nisso.

Desvio o olhar e procuro Anira que está olhando para mim com uma cara engraçada, como de quem viu um espírito. Fico ali conversando por mais um tempo com IG, a conversa começa a ficar mais leve e começo a me soltar mais, fazendo perguntas para ele também. Conversamos sobre quase tudo, rolês, praias, bebidas, drogas, música, comentei com ele da minha faculdade e de como queria passar esses dois últimos anos aproveitando antes de me enfiar em Oxford.

Depois de umas duas horas eu ainda estava conversando com o IG, o baile estava chegando ao final. Comecei a bocejar de sono.

IG: Quer que eu mande um dos meus te levar em casa?

Melina: Não precisa, vou dormir na casa da Ani hoje.

Ao terminar de falar nisso já procuro Ani com o olhar, e não encontro ela. Pego meu celular e ligo para saber onde ela estava

Melina: Ani, onde você está?

Anira: Amiga eu vim pra casa, desculpa. Não quis te atrapalhar.

Melina: Ah, não tem problema. Então eu estou descendo.

Anira: A porta está aberta. O IG vai te trazer?

Eu olho para ele que ainda está olhando para mim, e parece ter escutado o que a Ani disse, pois logo responde:

IG: Te levo até o barraco.

Melina: É, acho que sim. Te vejo logo, beijo.

Desligo a ligação e me levanto para ir. IG avisa alguns dos homens que estão no camarote e dois deles descem com a gente, um na minha frente outro atrás do IG.

Quando saímos da muvuca os dois homens seguem com a gente, mas mantendo uma distância. E eu e IG vamos conversando.

IG: Quero te ver mais vezes aqui no baile

Melina: Ah, com certeza. Sempre que a Ani me chamar eu venho

IG: E um churrasquinho na laje? Você curte?

Melina: Eu fui só nos da casa da tia Léia, mas claro, eu adoro churrasco

IG: Domingo vai ter um lá no meu barraco, se estiver afim de ir será bem vinda

Melina: Ah claro, vou sim

Finalmente chegamos na frente da casa da Ani, não que a conversa ou a companhia estivesse desagradável, mas já eram cinco horas da manhã, eu estava morta.

Melina: Obrigada por me trazer

IG: Não esquenta a cabeça, a gente se vê domingo

Melina: Tudo bem, tchau

IG somente vira as costas para mim e eu vejo uma moto Kawasaki ZX 6 R chegando perto, o homem com uma arma desce e entrega a moto para ele. Dou um sorriso de canto enquanto vejo ele descendo o morro com a moto.

Entro na casa da Ani e vejo que somente depois que eu entrou os dois homens que estavam com a gente saem da porta.

Anira já estava dormindo, abro o guarda roupas dela, pego uma camiseta e um short molinho, vou tomar um banho e depois cair na cama.

Eu durmo que nem pedra no quarto da tia Léia, e quando acordo são três horas da tarde.

Capítulo 02 - Churrasco na laje

Quando levanto vou direto para o quarto da Ani, que está acordada mas ainda está deitada na cama, me jogo na cama junto á ela.

Anira: Agora que a bela adormecida acordou eu quero que me conte tudo, detalhes, dos simples aos sórdidos.

Dou risada ao ouvir ela falar desse jeito

Melina: Não aconteceu nada demais. Ficamos conversando, e ele me trouxe aqui.

Anira: Ele não tentou ficar com você?

Melina: Não

Anira: Nossa, estou pasma

Anira senta na cama com as pernas dobradas e fica me encarando

Anira: Então não rolou nada? Nenhum convite? Não trocaram o número de celular?

Melina: Na verdade ele me chamou para um churrasco que vai ter amanhã na casa dele

Anira: E você vai?

Melina: Eu disse que ia, mas não sei

Anira: Isso deve ser incrível, churrasco na casa do dono do morro. Imagina uma manchete nos jornais: "Garota da classe alta frequenta casa do dono do morro e aproveita churrasquinho na laje com direito a banho de sol e marquinha de fita"

Caímos na risada e eu empurro ela para longe

Melina: Aí já é demais, maquinha de fita não

Anira: Bom, agora eu tenho que ir para a casa da Dona Nice cuidar das crianças, parece que ela vai para o pagode e vou ficar de babá a noite toda

Melina: Ta bom, eu vou descer andando até o asfalto e chamo o taxi para ir para casa

Seguimos nos arrumando e saio da casa da Ani rumo ao asfalto. O taxi chega bem rápido até, e em pouco tempo chego na minha casa. Quando entro procuro por Léia, mas ela já deve ter ido para a casa da minha mãe, encontro um bilhete na geladeira:

"Deixei comida na geladeira, não deixe de almoçar e jantar. Não fique só comendo lanche. Te amo, beijo. Ass: Mãe adotiva coruja"

Melina: Nossa, que sorte a minha, não existe alguém na minha vida que seja melhor que a Léia e a Anira.

Subo para o quarto, tomo um banho demorado, me arrumo e desço para comer. Abro a geladeira e encontro dois pratos feitos cobertos com papel plástico e quatro lanches embrulhados. Pego um dos pratos prontos que tinha: arroz, feijão, carne de panela e uma tuppeware com salada. Pego uma lata de refrigerante e vou esquentar a comida. Depois de comer lavo a louça e pego uma barra de chocolate para comer enquanto assisto alguma coisa na TV.

Enquanto estou passando pelo aplicativo de séries meu celular começa a tocar, era um número privado.

Melina: Oi, pode falar

IG: Só te liguei para saber como você está

Melina: Desculpa, mas o número está privado, quem é que está falando?

IG: É o IG, não lembra de mim não?

Nesse momento meu coração acelera, como ele conseguiu meu número? Será que pediu para a Ani?

Melina: Ah sim, oi. Estou bem, estou em casa já.

IG: É, eu sei. Te vi no asfalto

Melina: Ah, e você está bem?

IG: Estou tranquilo, no corre de sempre

Melina: Desculpa perguntar, mas quem te passou meu número foi a Ani?

IG: Não

Melina: E como conseguiu?

IG: Tenho meus métodos de conseguir tudo o que eu quero

Um frio na espinha faz meu coração acelerar

IG: É um problema eu ter seu número?

Melina: Não, só fiquei curiosa mesmo. E eu posso ter o seu?

IG: Tudo no seu tempo

Quando eu olho o celular a ligação foi encerrada. Que coisa mais estranha, ele é dono do morro, mas tem uma fala quase perfeita, não usa gírias, não é um comedor alucinado igual muitos por aí, e é misterioso ainda. Não sei se acho isso excitante ou fico com receio.

Largo o celular de lado e continuo passando as séries até encontrar uma que já assisti cem vezes, e recomeço ela.

A noite chega e eu ainda estou no sofá, decido pedir uma pizza. Em uma meia hora a pizza chega e eu volto para o sofá para comer assistindo a série. É só eu terminar de me aconchegar no sofá que meu celular toca. Desta vez é a Ani me ligando.

Melina: Oi Ani

Anira: Amiga você está em casa?

Melina: Estou sim, já terminou o turno de babá?

Anira: Menina, a dona Nice chegou aqui sem ar falando que teve briga e tiroteio no samba, teve que sair de lá correndo

Melina: Meu Deus, então vem pra cá, comprei pizza

Anira: Ta bom, vou chamar um taxi aqui e te encontro

A gente encerra a ligação e eu continuo assistindo a série e comendo. Passados trinta minutos eu mando mensagem para Ani.

*Text Melina: Ani, você está chegando?

*Text Anira: Amiga ainda não consegui um taxi, parece que nesse tiroteio fecharam as saídas perto do morro e os taxistas não estão podendo chegar no asfalto

*Text Melina: Espera aí na frente perto dos moto taxi que estou indo te buscar

Fecho a caixa de pizza e subo para pegar uma blusa de frio. Desço e e já entro no carro para ir buscar a Ani. Em vinte minutos chego, e vejo ani parada conversando com uma outra menina, dou duas buzinadas e vejo ela vindo na direção do carro. Tomo um susto quando alguém coloca a cabeça do lado da minha janela.

IG: Você gosta mesmo daqui em?

Melina: Nossa, você me assustou (Dou uma risada meio sem graça)

IG: Veio me visitar?

Melina: Hã? Não, vim buscar a Ani

IG olha direto para ani que dá um sorriso de canto como se estivesse dando oi, e ele responde com um movimento da cabeça. Ani entra no carro e eu fico olhando para IG esperando para ver se ele vai falar mais alguma coisa, como ele não fala nada eu me despeço.

Melina: Bom, eu vou nessa, até mais

IG: Te espero amanhã para o Churrasco

Melina: Ah, claro

IG começa a caminhar e eu coloco a cabeça para fora da janela do carro

Melina: Ei!

Quando ele olha para trás eu dou um sorriso e falo: Esqueci de te parabenizar ontem, feliz aniversário

IG: Meu aniversário oficial é amanhã, vejo vocês lá

Faço o retorno e vou em direção á minha casa junto com a Ani, no caminho vamos conversando

Anira: E ai, vamos amanhã?

Melina: Caramba, esqueci de perguntar o horário

Anira: Eu resolvo isso, vou mandar mensagem para o meu amigo que é da função e descubro

Chegamos em casa, a Ani coloca a mochila dela no quarto de hóspedes e descemos para comer a pizza e assistir série, fofocar.

Anira: Mel, eu sei que você é difícil de se envolver emocionalmente com alguém, e tem a cabeça no lugar. Mas só vou te dar um toque, toma cuidado, se envolver com dono de morro não é nada comparado a se envolver com esses boyzinho da tua roda

Melina: Relaxa ani, pode deixar que eu vou ficar com um olho aberto e outro fechado, sem dar mole. E na real ainda não sei se vai rolar alguma coisa. E tem uma coisa que eu queria te perguntar, você já teve bastante contato com o IG?

Anira: Pouco, mais nos bailes, ou quando ele chega na roda dos moleque e eu estou perto, mas nunca rolou um papo só nosso. Porque?

Melina: Eu sempre tive a idéia de que os donos do morro falavam muitas gírias, com sotaque, tipo um "dialeto próprio". Mas o IG fala tão formalmente quanto eu e você, ás vezes parece que fala melhor que os mauricinhos da minha antiga escola

Anira: Ah mel, isso é porque ele não nasceu na favela, ele é de família rica que nem você. Até onde chegou em mim ele frequentou ótimas escolas, e fez até faculdade

Eu olho surpresa para Ani, realmente nunca me passou pela cabeça algo assim

Melina: E como ele chegou no morro e se tornou o dono?

Anira: Isso eu não sei, eu acho que como qualquer um. Para se tornar dono do morro você tem que ou ter o morro passado para você, ou matar o dono e tomar o posto, mas também se você não tiver armamento, e os aliados não adianta nada. O IG tem o respeito de todo mundo ali dentro

Melina: Nossa, que coisa louca, nunca imaginei

Anira: Mel, vou só te lembrar, vai na manha, qualquer coisa sabe que pode me falar e a gente desenrola

Puxo a Ani e abraço ela de lado, encostando minha cabeça no ombro dela. Depois de assistir alguns episódios, tomar sorvete, fofocar e comer decidimos ir dormir, pois já ia dar três horas da manhã.

No outro dia acordo cedo, era umas sete horas. Vou até o quarto da Ani e ela ainda está dormindo, decido ir para a academia, e mando uma mensagem para ela avisando. Faço meu treino, passo no mercado e compro algumas coisas que faltavam para casa, e compro dois whisky para levar para o churrasco, um Gold label e um Jack daniels, compro dois fardos de energético RedBull e saindo do mercado passo no shopping e entro em algumas lojas de roupa e tênis. Depois das compras volto para casa. Quando chego vejo Ani deitada no sofá da sala mexendo no celular, quando ela me vê com algumas sacolas se levanta para me ajudar a tirar as outras sacolas do carro. Depois de arrumarmos tudo olho meu celular e já são duas da tarde.

Melina: E aí, descobriu que horas vai ser o churrasco?

Anira: Sim, o zóio me contou que ia começas ás três da tarde, mas que ia rolar um esquenta no bar do Souza antes

Melina: Então ótimo, vamos nos arrumar

Subimos as escadas e eu chamo a ani para vir até meu quarto, quando ela chega eu entrego duas sacolas para ela. Ani abre as sacolas colocando as roupas e o tênis na cama.

Anira: Mel eu amei, vou causar com esse look aqui

Melina: Que bom que gostou, quero você vestindo esse vestidinho hoje

Anira: Claro! Vou ir tomar banho, obrigada amiga

Anira me dá um abraço e corre com as sacolas para o quarto de hóspedes, eu separo a roupa que vou usar e vou tomar um banho, e me arrumar, coloco um vestido bem colado e um tênis. Depois de prontas ajudo a Ani com a maquiagem, e descemos para a sala, pois já está na hora de ir.

Melina: Acha melhor ir de carro?

Anira: Acho que o movimento dos taxis já voltaram

De repente ouço uma buzina que parece estar vindo de frente á minha casa, saímos para olhar e tem um Mercedes-Benz AMG 63 parado na frente do portão, mas os vidros estão fechados, impedindo de saber quem está dentro. Eu olho para a Ani, mas ela não se pronuncia. Sem abrir o portão me aproximo e espero que abram a janela.

Melina: Posso ajudar?

Demora alguns segundos, mas quando abaixa o vidro eu fico com as pernas moles. Tem dois homens dentro do carro, um deles está com uma arma grande, que não consigo nem reparar qual é devido o nervoso. (Eu já convivo e frequento há muitos anos favelas, locais que tem pessoas armadas até os dentes, mas nunca recebi alguém em frente a minha casa assim)

Motorista: O IG mandou a gente vim na função buscar vocês

Eu olho para a Anira que está com a mesma cara de assustada que eu. Como ele sabe meu endereço? Respiro fundo, e consigo responder ao motorista.

Melina: Ah, claro. Só um minuto que vou pegar a bolsa

Entrando em casa com a ani eu começo a perguntar:

Melina: (Quase sussurrando) Como eles sabem onde eu moro?

Anira: Não sei, cacete! Que susto eu levei

Melina: Vamos com eles ou falo que vou com meu carro?

Anira: Acho que não temos a opção de dispensar eles, quer que eu pergunte?

Melina: Deixa que eu vou lá perguntar

Saio de casa com a bolsa já em mãos, abro o portão e chego perto da janela

Melina: Seria muito rude eu ir no meu carro?

Os dois homens se olham

Motorista: Deixa eu passar o rádio no patrão e ver se ele concorda com a situação

Eu me afasto da janela e espero eles resolverem

Motorista: A posição foi dada, pode ir com seu carro mas a gente tem que seguir na escolta

Melina: Tudo bem, obrigada

O motorista afasta o carro da entrada e abre espaço para eu sair com o meu. Eu e ani seguimos em direção ao morro conversando de como isso foi estranho, e supondo o que estaria por vir nesse churrasco. Ao chegar no início da favela eu paro o carro, e o carro que estava com os dois homens para com a janela rente a minha.

Homem que está no passageiro: Pode subir, segue a gente

Eles seguem entrando e eu sigo atrás com meu carro. Eles estacionam no topo do morro, perto de onde teve o baile e descem. Quando eu e ani descemos do meu carro percebo que os dois estavam armados. Ao abrir o porta malas entrego para ani um dos fardos de energético e percebo que os dois homens que foram nos buscar se oferecem para levar as coisas, eu agradeço o gesto e permito que eles peguem. Dou a mão para ani e seguimos os dois para a casa onde seria o churrasco. Entra viela, sai viela e chegamos em uma viela sem saída onde tem uma casa com a entrada tão grande quanto a minha, e vejo alguns homens armados espalhados próximos a casa. O portão da garagem é aberto e o homem que estava de motorista faz um sinal para entrarmos.

É, finalmente chegamos onde estava rolando o "churrasco na laje".

Melina: Churrasco na laje o cacete, essa casa é quase tão grande quanto a minha

Anira: Me amarrota que estou passada! Que luxo amiga!

Entramos sendo guiadas por um outro homem também armado. E logo eu avisto IG, quando ele percebe que chegamos segue em nossa direção, nos cumprimenta com beijo no rosto e mostra onde estão as bebidas

Melina: Ah, obrigada pelo convite.

Anira: Valeu mesmo IG, representou no churras

IG repara que os dois homens que foram buscar a gente estão segurando algo

IG: vocês que trouxeram?

Melina: Ah sim, espero que não se incomode

IG: Fiquem á vontade, a casa é de vocês. Preciso dar uma atenção para o meu pessoal, mas a gente já volta para trocar uma idéia

Eu concordo com a cabeça e ele sai. Os dois homens colocam nossa bebida em cima de uma mesinha alta e logo trazem um balde com gelo, pegador e dois copos de vidro. Depois de estarmos instaladas um outro homem traz um prato com variados cortes e tipos de carte. Fico ali conversando, comendo e bebendo com a ani. Estava tudo muito legal, o samba ao vivo que estava rolando, as pessoas se divertindo, e percebo até IG dando um sorriso quando olha em minha direção. Nada muito chamativo ou explícito, mas dava para sentir algo rolando.

Passando uns minutos eu vejo um homem tirando a ani da mesa para conversar, e os dois ficam conversando sentados na beira da piscina, quando reparo vejo IG se aproximando e em sequência antes dele chegar até a mesa a visão desastrosa da Thamires praticamente pulando em cima dele, jogando todo aquele charme asqueroso dela. IG se livra rapidamente dela, deixando-a para trás e segue até a mesinha onde estou. Ao olhar para ela percebo o mesmo olhar da noite do baile, só naquele olhar minha mãe levou uns cinco xingamentos diferentes por meio do pensamento dela, e eu fui amaldiçoada umas dez vezes.

IG: Você é na sua assim mesmo ou está com vergonha?

Melina: Apenas me habituando ao ambiente, pensei que ia ser um "churrasco na laje"

Pela primeira vez ouço uma risada de IG, e um sorriso. Porra, que sorriso foi aquele, eu sinto como se o som da risada dele e a visão do seu sorriso fizessem meu corpo todo entrar em êxtase.

Melina: Ah, e eu já ia esquecendo. Feliz aniversário.

IG: Obrigado, é bom ter você aqui nesse dia

Depois de falar isso ele coloca a mão na minha perna, e eu sinto aquelas famosas borboletas no estômago, sinto minha perna ficar arrepiada, é como se cada parte do meu corpo se ligasse ao toque dele.

IG: Você está com frio?

Melina: Não, foi só um arrepio por causa do vento

Que desculpa mais esfarrapada eu dei, não tinha passado um ventinho por lá. E claro que ele percebeu que eu estava mentindo, pois ele deu outra maldita risada que me fez sentir tudo novamente.

Ficamos ali conversando um tempo, e quando reparei Ani estava ficando com o cara que chamou ela para conversar na beira da piscina. Dei uma risada interna e me levantei da mesa.

Melina: IG, aonde fica o banheiro?

IG: Vem, eu mostro para você

Depois de dizer isso ele segura minha mão e me guia até dentro da casa, e assim eu sigo com mais um arreio percorrendo meu corpo. Chegando até a porta do banheiro eu agradeço a ele e entro. Eu não queria usar o banheiro, só tomar um ar e passar uma água no rosto e pescoço, ficar perto dele me fez sentir um calor que eu desconhecia.

Ao sair do banheiro dou de cara com Thamires, é claro que ela não ia deixar passar.

Capítulo 03 - Feliz aniversário

Essa é a Thamires:

Thamires me olha com a cara de deboche, está mastigando um chiclete com a boca aberta e isso me faz sentir nojo. Saio do banheiro e vou passar por ela, e é quando ela segura meu braço com aquelas unhas gigantes dela que fazem arranhar e meu braço arder

Melina: Ta doida? Me solta

Thamires: Não antes de você entender umas coisinhas aqui

Puxo meu braço e consigo me soltar, thamires continua me medindo e mascando o chiclete, aquilo faz meu sangue ferver

Thamires: Olha aqui, não quero você rondando o meu macho, eu vou ser a fiel dele

Melina: Primeiramente, aprende a mascar chiclete de boca fechada, você está parecendo uma vaca comendo capim, e segundo eu não estou rondando ninguém, se o macho é seu quem tem que segurar é você

Thamires: Oh piranha, eu tô te dando a visão, fica longe do IG

Melina: Você fala muito e pouco faz, quero ver a disposição. Cadê?

Thamires fica me olhando e quando percebi que vinha para cima de mim parou e ficou igual uma estátua, eu olho para trás e IG está parado no começo do corretor observando tudo, ele está com uma calça jeans que está com aquele caimento onde deixa a cueca aparecendo um pouco, e está sem camisa, seu corpo parece ter sido moldado por Deuses, ele tem os músculos definidos e tatuagens por todo o tronco, um dos braços é fechado com várias tatuagens que se complementam. Não consigo não olhar para esse homem. Thamires passa por mim me esbarrando com o ombro e vai desfilando até ele

Thamires: IG, vamos ir lá para o seu quarto. Quero deixar seu aniversário mais completo

Ela diz isso passando a mão pelo abdome dele, e ele continua a olhar dentro dos meus olhos, sem falar nada. Thamires segura no braço dele e tenta puxar ele, mas ele nem sai do lugar. Então ele desvia o olhar do meu e abaixa sua cabeça na altura da orelha da thamires, fala em um tom baixo mas que eu consigo ouvir pois a distância não estava tão grande.

IG: Eu não como puta igual você, e tu deu sorte que não bato em mulher se não te matava aqui mesmo. Não quero que encoste em mim de novo, se não mando cortar suas duas mãos

Ele levanta a cabeça novamente e me olha, eu olho para Thamires e ela está tremendo, literalmente, é visível o corpo inteiro dela tremendo.

IG: Vamos Mel?

Eu não respondo nada, somente sigo até ele e vamos para o outro corredor que dá acesso onde é o churrasco, voltamos lá para onde estávamos sentados e começamos a conversar de novo.

Melina: Então você não se envolve com as meninas que moram aqui no morro?

IG: Já ouviu o ditado ONDE SE GANHA O PÃO NÃO SE COME A CARNE?

Melina: Faz sentido

Eu acendo um cigarro e fico olhando para as pessoas dançando e bebendo, IG vê meu e copo e o dele vazio

IG: Você gosta de que bebida além de whisky?

Melina: Eu bebo de tudo, até cachaça pura

IG me olha surpreso

IG: Vou ali então fazer uma caipirinha, morango ou melancia?

Melina: Melancia

IG sai e outro prato com carne chega até a mesa, fico comendo ali e a Ani volta.

Anira: Amiga, Thamires está ali no canto enchendo a cara com whisky puro, o que será que aconteceu?

Melina: Ela tentou chamar o IG para o quarto mas ele deu um fora nela

Anira: Ela é doida? Se ele descobrir os boatos que ela inventa ele manda no mínimo dar uma boa porrada nela

Melina: Quem procura acha não é mesmo? Então ela vai achar. Mas e aí, e aquele carinha que você estava pegando?

Anira: Gato né? Ah, eu vim falar disso com você, eu vou ter que ir embora do churrasco, ele me chamou pra ir dar um rolê

Melina: Tudo bem, então eu também já vou embora

Quando termino de falar isso IG aparece com a minha caipirinha

IG: Vocês vão embora?

Anira: Então IG, é que eu vou sair com o Monzi e a Mel não queria ficar sozinha então ela ia embora

IG: Eu cuido dela, pode ir tranquila

Ani olha para mim como se esperasse uma resposta

Melina: Tudo bem, pode ir

Anira: Eu te amo amiga, qualquer coisa me liga

Ani me dá um beijo e um abraço e sai de mãos dadas com esse tal de "Monzi". IG percebe que eu fixo o olhar até os dois saírem da minha vista e entrarem por dentro da casa.

IG: Você é protetora com suas amigas?

Melina: Só com a Ani, ela é como minha irmã

Quando olho para IG ele está me olhando fixamente, com aquele olhar penetrante e sério que me deixa sem fôlego

Melina: Vou experimentar a caipirinha

Dou um gole da caipirinha e olho para ele

IG: Está ruim? Muito forte?

Melina: IG essa é a melhor caipirinha de melancia que eu já tomei, cacete! Nossa! Você devia abrir uma drinkeria

IG: Não levo jeito para gerenciar negócios

Melina: Ah não? - Eu olho em volta e retorno meus olhos para ele - E o morro?

Percebo que ele está pensando no que eu disse

IG: Está certa em uma parte, eu sou bom em gerenciar o tráfico, mas gerenciar e cuidar do morro não é um negócio, é um cuidado que eu tenho, porque aqui é minha casa e casa de muita gente que precisa de um lugar seguro.

Melina: Como que você começou nisso?

IG: Meu tio me abriu umas portas, e depois que eu fiz 17 anos comecei de baixo, e hoje estou aqui

Melina: Você então não nasceu aqui, interessante. Morava onde antes de vim pra cá?

IG: Leblon

Melina: Eu também, morei na mesma casa por dezoito anos... porque você está me olhando assim?

IG: Você é diferente das outras mulheres, mas ainda não consegui saber o que é

Eu fico sem graça com o comentário, mas continuamos conversando e bebendo. ele me conta muito sobre o morro e algumas situações que já passou até chegar no posto de dono. Ele não me passava a mesma imagem de outros donos de morro que conheço, os outros saiam comendo todas as mulheres que dessem bola, batiam em mulheres e eram agressivos tanto com suas fiéis quanto com as amantes.

Quando já estava escurecendo começaram a passar com rodadas de tequila, eu tomei duas mas IG não bebeu

Melina: Bebe uma comigo vai

IG: Tequila sobe muito rápido na minha cabeça

Melina: Esse é o ponto bom, vai bebe uma comigo

Pego mais dois shots e entrego um para ele, nós brindamos e viramos. Nesse ponto eu já estava ficando alterada, e como dizem: A cachaça entra, a humilhação vem, ou não.

Quando percebi IG já estava na quarta dose de tequila, e eu não sabia nem quantas eu já tinha tomado, já estava dançando com outras meninas que estavam lá, eu já tinha conversado com todo mundo e estava indo sentar em uma espreguiçadeira perto da piscina, Thamires aparece do outro lado da piscina me fuzilando com o olhar, está com uma garrafa de vodka na mão e vira ela, depois joga ela no chão que faz com que a garrafa se quebre e todo mundo olhe para ela.

Thamires: E aí IG não sou boa o suficiente pra você? Não sou gostosa? Ou é porque você prefere essas patricinha cuzona do que mulher de morro?

Eu olho para IG que está em pé fumando um charuto e conversando com um dos homens que me buscaram em casa, ele olha em minha direção mas logo olhamos de novo para Thamires quando ouvimos ela gritar

Thamires: Oh vagabunda! Você mesmo Melanie, eu vou quebrar sua cara inteirinha sua vagabunda, não vou te deixar com esse rostinho bonito nem mais um dia

Ela vem correndo na minha direção e para na minha frente com as mãos para trás

Thamires: Você não é mulher o suficiente pra me peitar né? Vai aguentar quietinha eu te esculachando piranha?

Eu estou de pé olhando no olho dela, e desvio o olhar para IG que aparentemente está só olhando, mas percebo quando ele bem discretamente faz um sinal positivo com a cabeça. Volto meu olhar para o dela e não consigo não dar risada da situação deplorável dessa garota, eu dou um sorriso irônico pra ela e ela explode

Thamires: Ta achando engraçado é?

Melina: Ah eu estou, engraçado e com vergonha alheia, ver que você pensa que consegue aguentar comigo parece piada, você não me conhece e não sabe do que eu sou capaz, não se meta no meu caminho ou você vai se arrepender

Eu estava alterada com a bebida, mas ainda tinha o controle das minhas ações, não ia deixar ela me desestabilizar dentro da casa dos outros, em um lugar que eu estava frequentando a primeira vez, e que por um deslize de falta de auto controle poderia ser a última

Um dos vapores vem para perto da Thamires e a puxa para o braço

Vapor: Chega de meter o louco Thamires, vamos!

Thamires: Eu ainda não terminei!

Ela se vira e é só o tempo de eu sentir meu rosto arder com um tapa. É ali que eu perco toda a minha calma, e deixo a raiva que eu sentia de tempos dela tomar conta das minhas ações.

Eu puxo ela pelo cabelo e jogo para o lado, ela cai em cima de uma espreguiçadeira, logo eu subo em cima dela e começo a desferir soc*s em seu rosto. Sinto alguém tentar me puxar e automaticamente meu cotovelo acerta o que eu acredito que tenha sido o rosto da pessoa. Thamires agarra em meu cabelo e começa a puxar enquanto grita "TIREM ESSA LOUCA DE CIMA DE MIM!", mas ninguém se aproxima. Eu me levanto de cima dela e arrumo meu cabelo, Thamires ainda está na mesma posição e posso ver a boca dela cortada e alguns machucados em seu rosto que logo irão se transformar em marcas. Eu seguro ela pelo cabelo e com outra mão aponto o dedo em seu rosto, me aproximo dela e falo em um tom baixo que acredito que por estar ainda rolando música só ela está ouvindo

Melanie: Nunca, nunca mais encoste essa sua mão podre em mim, ou eu acabo com você. Não diz que eu não avisei

Solto o cabelo dela e me levanto, vou até o IG e me despeço, acho que realmente já é hora de ir para casa

Melina: Me desculpe pelo acontecimento, e de novo, feliz aniversário.

Sigo até a mesa onde minha bolsa estava, vou até as meninas que eu estava conversando antes e me despeço. Algumas meninas pedem para eu ficar, mas eu respondo que realmente precisava ir.

Antes de eu chegar na porta IG segura minha mão

IG: Quero te mostrar uma coisa

Melina: Mostrar?

IG: Vem comigo

Ele ainda segurando minha mão vai subindo as escadas que dão para o segundo andar da casa, mas ele sobe mais um andar. Ele me leva até a laje da casa, eu olho para frente e vejo todo o morro, todos os barracos como mini pontinhos iluminados, e longe posso ver o início da pista, a saída do morro e o começo do asfalto. Eu fico encantada, é uma visão que deveria ser triste por toda falta de acesso das pessoas que moravam ali, mas é uma paisagem linda.

IG: Quando eu estou de cabeça quente eu venho para cá, e fico aqui até colocar as idéias no lugar

Melina: A visão daqui de cima é linda, dá pra ver tudo

Ficamos uns segundos em silêncio só olhando aquelas luzes, e até onde nosso olhar poderia chegar

Melina: Me desculpa IG

IG: Pelo que?

Melina: Por ter caído na provocação da Thamires, é que ela encostou no meu rosto e eu perdi o controle

IG: Tá tudo certo, relaxa. Vamos continuar bebendo aqui em cima ou você ta afim de ir pra casa?

Melina: Quero ficar, gosto da sua companhia

IG vai até dentro da casa e volta com uma garrafa de whisky

IG: Porr*, esqueci os copos

Eu pego a garrafa da mão dele e viro um gole

Melina: Não precisa de copo

IG: Vai ficar bêbada

Melina: Relaxa, todo o álcool que estava na mente sumiu depois do estresse

Ele puxa um puff que ele tinha lá em cima e sentamos juntos no puff, ficamos bebendo e conversando. Eu acendo um cigarro de menta que tinha na bolsa e quando o cigarro acaba eu me pego olhando para ele enquanto ele fuma um basead*.

IG percebe que eu estou olhando para ele e fica me encarando

Melina: O que foi IG?

IG: Posso te pedir uma coisa?

Melina: Claro

IG: Começa a me chamar pelo meu nome

Fico surpresa com o pedido dele

Melina: Seu nome é Ícaro?

IG: Ícaro Gaigher

Melina: Prazer, Melina Hathaway

Ele estende a mão e eu aperto sua mão dando um sorriso. IG não solta minha mão, e eu não tento soltar a minha, fico ali olhando aqueles olhos que me hipnotizam desde a primeira vez que se cruzaram. Quando me dou conta estou me aproximando dele e paro há poucos centímetros de sua boca, IG acaba com a distância que eu havia deixado, e assim começamos a nos beijar.

Ele me deita no puff e fica em cima de mim, com uma mão segurando meu rosto e deslizando sua outra mão sobre meu corpo. O beijo dele me envolve e me faz sentir uma explosão de desejo.

Quando o beijo acaba ele se levanta um pouco e enquanto me olha nos olhos faz carinho em meu rosto.

IG: Meu aniversário não acabou, quer ir para a segunda comemoração?

Melina: Porque a gente não vai lá pra minha casa? Eu moro sozinha

IG: Eu não saio do morro

Melina: Porque não?

IG: Onde você já viu dono de morro ir para o asfalto? - Ele dá um sorriso

Melina: O Cabeça da Jacarezinho ia em todas as baladas do rio, e já foi até no meu aniversário na minha antiga casa

IG: É por isso que ele foi preso semana passada. Vocês já tiveram envolvimento?

Melina: Deus me livre (dou uma risada), ele estava ficando com uma das minhas antigas amigas

IG: Então tu nunca se envolveu com bandido?

Melina: Na verdade não

IG: Tá certo. Quer ficar aqui e a gente continua trocando idéia?

Melina: Tudo bem, podemos ficar aqui até a hora de eu ir embora

IG: Fechado

Nesse momento o rádio dele bipa e não consigo entender o que falam

IG: quer ir dar uma volta? É dentro da quebrada mas ainda sim é uma volta

Melina: Quero sim, aonde vamos?

IG: Preciso resolver um B.O na associação dos moradores

Melina: Tudo bem, vamos

IG me levanta e me segura pela mão e seguimos para fora da casa em sentido á quadra que deixei o carro, eu não falo nada só sigo ele, ainda estou sentindo minhas pernas moles e estou em êxtase.

IG: Seu carro é muito louco, é um Audi Q5 né?

Melanie: Como sabe qual meu carro?

IG: É o único que não é meu, então deve ser seu

IG pega uma das motos que estavam lá, e sobe

Melina: Essa moto é uma BMW 1.250?

IG: Gosta de motos então?

Melina: Sou apaixonada, tenho uma Ducati V4

IG me olha com um olhar animado, eu subo na moto e seguimos até a associação. Quando chegamos lá está uma muvuca, moradores gritando com os homens que estão com fuzil, e tem um homem deitado no chão com um dos homens que foram lá em casa com o pé apoiado nele como se estivesse impedindo ele de fugir. Eu desço da moto e espero do lado dela observando o que estava acontecendo. IG chega perto do homem que está pisando no outro e percebo os moradores ficando em silêncio, alguns olham para mim, outros ficam o olhar no IG.

IG olha para trás e me vê encostada na moto, fala com o homem que estava com o pé em cima do outro que estava no chão e esse homem vem em minha direção.

Homem: Vem comigo

Melina: Como é o seu nome?

O homem me olha estranho, como se estivesse surpreso com a pergunta

JP: JP, agora vem comigo.

- Esse é o JP:

Melina: JP onde nós vamos?

JP: IG mandou eu te levar lá pra dentro da associação

Melina: Eu acho que aqui está rolando algo sério, acho melhor eu ir para casa

JP: Fica suave, o IG já tá resolvendo

Eu sigo JP e passamos por trás dos moradores que estão em volta de IG e do homem no chão, antes de entrar eu só consegui ouvir um dos moradores falando "Se ele for jack com a filha da Nete é bala, e merecido". Não entendo muito do que acontece entre as leis de dentro da favela, mas sei que o último jack de que eu havia visto ser encontrado na Jacarezinho tinha tomado vários tiros e o corpo tinha sigo jogado no matagal.

Entrando na associação o JP me apresenta para uma senhora, muito simpática, e apesar de estar estampado em seu rosto o desconforto com o que estava acontecendo do lado de fora ela é muito educada comigo.

JP: Dona Sandra, essa aqui é a Melina, o IG passou a ordem de você mostrar aqui o trampo pra ela, tudo certo?

Sandra: Tudo certo João Paulo, pode deixar

JP: Pô dona Sandra, já passei a visão que é JP

Sandra: Vai vaza, vai cuidar do que tem que cuidar e pode deixar ela aqui comigo

JP sai balançando a cabeça e eu acho engraçada a situação

Melina: Prazer Sandra, meu nome é Melanie

Sandra: O prazer é meu, você não mora aqui né?

Melina: Não, sou do Leblon

Sandra: Desculpa filha, mas o que uma menina de família rica faz aqui em cima no morro?

Melina: Eu sou uma amiga do Ícaro, estava no aniversário dele e ele precisou vim para cá

Sandra: Entendi, vem que vou te mostrar. Você já viu o que a associação dos moradores pode fazer dentro de uma comunidade?

Melina: É como uma ONG, estou certa?

Sandra: Sim, o exercício do trabalho é parecido.

Melina: Eu faço trabalho voluntário em lar de idosos, creches

Sandra: Nossa que coisa boa, me conta o que você faz lá

Eu e Sandra ficamos conversando por cerca de uma hora, estávamos sentadas tomando um café quando IG entrou na salinha onde estávamos

IG: Licença dona Sandra

Sandra: Oi meu filho, entra

IG: Vamos Mel?

Sandra: Já tá tudo resolvido?

IG: Tudo certo, tem moradores de prova e ele mesmo abriu o bico, a execução vai ser na quadra

Ouvindo aqui eu engoli a seco a informação de que alguém iria morrer. Sandra olha pra mim e me dá um sorriso de canto

IG: Vamos mel?

Eu me levanto, me despeço da Sandra e sigo IG para fora da associação, subimos na moto e voltamos para a casa dele onde já não tem mais ninguém.

IG: Ainda são oito horas, vai querer ficar aqui ou vai para sua casa?

Melina: Posso ficar aqui mais um pouco

IG: Você está com fome?

Melina: Não, comi bastante carne no churrasco

IG: Então vem que vou te mostrar a casa

IG estende a mão para mim e eu seguro sua mão, ele me mostra a casa e entramos em um quarto

Melina: Meu Deus! Você tem fliperama! Eu sempre quis colocar um em casa mas minha mãe reclamava que fazia muito barulho

IG: Agora que você mora sozinha pode ter um

Melina: Com certeza, vou montar um quarto igualzinho esse no quarto que está vazio

IG segura minha mão e me leva até o quarto dele, eu sento na cama e olho cada detalhe

Melanie: Ícaro, eu não acho que você vá me contar, mas eu ouvi um morador falando que aquele homem era um jack?

IG me olha com uma expressão séria

IG: É, aquele filho da puta é um maldito Jack

Melina: A menina está bem?

IG: Está sim, foi levada pra o postinho do morro, e vai fazer tudo certinho

Melina: Não seria melhor ela ir para um hospital da cidade? Eles podem ter tratamentos e exames que não tem aqui

IG: Mel, ela não pode ir com esse tipo de acontecimento pra hospital de cidade, porque envolve verme e no meu morro não vai subir verme. O que acontece aqui, eu resolvo.

Melina: Deve ser muita coisa na sua na cabeça, muita coisa pra resolver

IG: Até que estou com sorte, os aliados que tenho não deixa chegar muito B.O em mim, só esses desse porte aí que eu que tenho que resolver

Melina: Vamos lá em baixo pra você fazer outra caipirinha pra mim?

IG: Claro

Nós descemos e eu sento na bancada para ficar vendo ele fazer a caipirinha

IG: Vai querer do que?

Melina: Nossa, você tem lichia! Faz de lichia!

IG prepara a caipirinha e me entrega um copo, ficamos bebendo ali na cozinha e sem querer ele derruba uma jarra que tinha suco na mesa e acaba molhando meu vestido

IG: Porra, foi mal Mel

Melina: Relaxa Ícaro, é só suco.

IG: Sobe lá e pega uma camiseta minha pra você não ficar com essa roupa suja

Melina: Minhas pernas estão um pouco grudentas, posso tomar uma ducha rapidinho?

IG: Claro, tem toalha sobrando no armário do banheiro, fica á vontade

Eu subo para o banheiro dele, pego a toalha e entrou no chuveiro, tomo uma ducha rápida, me enrolo na toalha e saio do banheiro.

Melina: ícaro? Pode subir aqui pra me dar uma camiseta?

IG sobe as escadas com as caipirinhas feitas e coloca em uma cômoda que tem no quarto, vai até o guarda roupa e abre ele

IG: Pode escolher

Melina: Pega qualquer uma que você não for se importar

IG: Essa

Ele me entrega uma camiseta branca da Tommy e eu percebo que ele está me olhando

Melina: O que foi?

IG: Nada, se troca ai, vou esperar aqui fora

Ele sai do quarto e eu coloco a camiseta

Melina: Pode voltar

IG fica parado na porta me olhando enquanto estou fazendo um meio coque com o cabelo

Melina: O que foi que você está com essa cara?

Depois de arrumar meu cabelo, pego meu copo de caipirinha e começo a beber

IG: Cacete, você ficou linda com essa camiseta

Melina: Você tem bom gosto

IG: Vou tomar um banho também, já volto

Ele entra no banheiro e eu fico sentada na cama tomando minha caipirinha e mexendo no celular, sem pensar direito sinto meu corpo como em modo automático indo até o banheiro. Eu abro a porta e entro

IG: Mel?

Eu tiro a camiseta na frente dele e vou para frente dele, IG fica olhando meu corpo com um olhar de desejo, e seu corpo já me mostra que estou no caminho certo. Vou até ele e passo meus braços em volta de seu pescoço, ficando assim na ponta dos pés. IG puxa minha cintura e me beija, um beijo que me faz sentir a mesma sensação do primeiro, mas parece melhor ainda com nossos corpos naturalmente grudados. Enquanto nos beijamos IG mantém uma mão em meu rosto e outra na minha cintura, que não me deixa desgrudar dele. O beijo acaba e estamos sem fôlego.

IG: Cacete mel

Melina: Feliz aniversário Ícaro

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