...(Este não é um livro de fantasia.)...

Considerações Iniciais

Olá leitores e leitoras, como estão? Espero que estejam bem.

Muitos podem vir aqui esperando uma história como em meus romances publicados, mas estou aqui para dizer que essa história é diferente.

Será uma história curta, que já está concluída, eu escrevi essa história há um bom tempo e só agora resolvi postar. Mas como eu mudei a minha escrita com o tempo, preciso revisar os capítulos e por isso, serão postados os capítulos aos poucos.

Esta história pode até parecer um inocente Romance no início, mas como coloquei na descrição, essa é uma história de terror e suspense, vocês irão perceber isso ao decorrer do livro onde as coisas gradativamente ficarão pesadas.

Portanto, deixarei aqui um aviso de gatilho:

...Atenção...

...Essa obra conterá descrição de estupr@, assassinato, violência, tortura e violência contra animais. (Mas nenhum animal de verdade foi utilizado para fazer as cenas, hein? rs) Brincadeiras a parte, o conteúdo dessa obra não é recomendado para pessoas sensíveis a descrição de cenas violentas....

Enfim, se quer continuar é por sua conta, já deixei avisado que não se trata de um romance. Talvez próximo a um dark romance? Talvez... mas não considero um romance.

Então peguem suas pipocas, fiquem em uma posição confortável e se sintam assistindo a um série de terror na tv, pois a partir de agora, vamos começar! ;)

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Serra das Lamentações era uma cidade do interior, localizada no sul do Brasil. 

Mesmo no verão, seu clima era invernal e  não possuía nenhum atrativo peculiar. 

Esse clima, parecia ter congelado os corações de quem ali vivia, já que o ambiente não era muito acolhedor..

Quando algum forasteiro, que por algum azar tenha se perdido por aquelas redondezas, aparecia por ali, não tinha lá aquela hospitalidade, isso quando não desaparecia misteriosamente.

Haviam muitos casos de desaparecimentos por aquela região e estes eram tantos que as pessoas já não se impressionavam quando era noticiado um novo caso.

Quando digo sobre corações frios, também me refiro a cidade não ter aquele clima de boa vizinhança e sempre haver uma imparcialidade. Ninguém se metia nos problemas dos outros, nem para ajudar e nem para atrapalhar.

Por causa dos desaparecimentos, havia um toque de recolher implícito, já que mal anoitecia e as ruas já se encontravam vazias. 

Aquele era um lugar onde dificilmente se via festas ou pessoas sorrindo pelas ruas. E o desavisado que resolvesse dar uma volta pela cidade para apreciar, apenas encontrava a noite escura, a névoa e o silêncio profundo.

 Nessa cidade havia uma família poderosa, os Serqueira Ferraz. Eles eram conhecidos por uma reputação impecável e por comandarem a cidade há gerações, sempre em cargos de alto nivel na política. 

O cargo maior, que é o de prefeito, passava sempre entre os integrantes da família e ninguém se lembrava da última vez que alguém se elegeu e não era um Serqueira Ferraz.

Vocês acham estranho isso, não acham? Eu também acho, mas a verdade é que as pessoas dali não se opunham a isso. E apesar dos desaparecimentos, que geralmente eram de forasteiros, era de consenso comum que a cidade era silenciosa e pacífica, portanto, provavelmente os Serqueira Ferraz estavam fazendo um bom trabalho.

Todos os Serqueira Ferraz, moravam nos arredores da cidade e aquela família, sempre morou por aquela região, eram descendentes de Barões e Condes, que se instalaram no lugar, já na era colonial.

 A maior casa dali era a mansão Ferraz. Ela ficava em uma chácara que possuía um lindo lago e era cercada pela floresta densa e nebulosa.

 Os Ferraz se orgulhavam de suas propriedades e de seus empregados. Eles sempre se gabavam por serem patrões benevolentes e os funcionários concordavam com isso.

 Todos os empregados que trabalhavam na mansão Ferraz, possuíam uma residência na chácara, onde lhes eram garantidos todos os benefícios e direitos, desde que seguissem as ordens rígidas da casa principal. 

 Dentre esses empregados nasceu Maya, a protagonista dessa história. 

 Maya era uma linda garotinha sonhadora que tinha as bochechas rosadas, olhos grandes cor mel, quase amarelos, e os cabelos negros ondulados. 

 Assim que teve o primeiro contato com a mansão Ferraz, Maya logo caiu nas graças da matriarca da casa, senhora Mirtes Ferraz. Esta começou a tratar a garota como uma filha, pois achava a menina tão linda, quanto uma boneca e por depois de uma gravidez complicada, ter perdido a capacidade de gerar mais filhos, ela se apegou a criança.

A mãe de Maya era cozinheira na casa principal e seu pai cuidava dos cavalos. 

O trabalho na chácara era árduo e lhes roubavam todo o  tempo, e por isso, a Senhora Mirtes deixava que Maya ficasse o tempo todo com os seus filhos, Nicholas Ferraz, que tinha a mesma idade de Maya, e Júlia Ferraz, que era dois anos mais velha.

 Os irmãos Ferraz, não frequentavam a escola da cidade, pois possuíam professores particulares, e Maya acabava passando pelo privilégio de ter a mesma educação de seus abastados amigos.

Desde pequenos, Maya e Nick se tornaram muito amigos.

Os dois eram agitados e travessos. Deixavam a senhora Mirtes e os empregados da casa de cabeça em pé, enquanto corriam atrás um do outro pela casa, derrubando tudo por onde passavam.

O bom de se morar em uma chácara, é que crianças podem se sentir seguras em brincar fora de casa, rolar na grama, cair e ralar o joelho, mas nem se importar, pois a brincadeira não pode parar. E foi esse tipo de infância que eles tiveram.

 Maya  foi crescendo e chegou aos seus quatorze anos e já não parecia mais uma garotinha. Ela estava naquela fase complicada das mudanças do corpo e se transformando em uma encantadora mulher. 

 Seus seios se tornaram fartos, a cintura fina e seu lindo sorriso arrancava suspiros dos garotos e dos homens que a viam. Porém, seu corpo de mulher não refletia a sua mente de menina, ela ainda se comportava como uma criança. Adorava brincar de pique-esconde com Nick, nadar no lago e apostar corridas de cavalo. 

Os meninos de sua idade, que moravam na chácara, sempre a chamava para passear com eles ou fazer alguma atividade na chácara, pois Maya era a garota mais bonita dali e já estava despertando pretendentes, mas Nick acabava a impedindo de aceitar, pois ele era possessivo com a amiga e para ele, ela só podia ser amiga dele e de mais ninguém.

 Não só Maya estava sentindo as mudanças da puberdade, Nick também, pois eles tinham  a mesma idade e estavam passando por aquela fase juntos. 

Nick começou a ficar intrigado e confuso, porque a sua amiguinha lhe estava chamando mais atenção do que o normal. 

 Não entendia o porquê de quando a viu saindo do lago naquela manhã, vestida com o seu simplório vestido de cor branca, que por estar molhado destacava todos os atrativos de seu corpo, lhe fez sentir algo inexplicável, algo que fez o seu corpo esquentar, as suas mãos suarem e entre as suas pernas, algo enrijecer.

 No momento que isso aconteceu, ele sentiu pavor e vergonha. Colocou as suas mãos, escondendo as suas vergonhas, mesmo que elas estivessem submersas no lago.

Maya olhou para ele, um pouco confusa com sua reação e antes que ela lhe perguntasse o que estava acontecendo, ele lhe pediu para que se escondesse, pois ele iria procurá-la. 

Ela sorriu, e correu alegremente, pois era uma brincadeira que eles costumavam fazer.

Só depois que se sentiu seguro e percebeu que não tinha ninguém ao redor, Nick saiu.

 A Senhora Mirtes era religiosa e conservadora, nunca iria conceber a ideia que um dos filhos poderiam ter acesso a algo relacionado à sexualidade. Por esse motivo, seus filhos e Maya eram inocentes quanto aos impulsos e mudanças que sentiam no corpo, naquela fase da puberdade.

Após se dissipar o constrangimento, Nick, foi procurar Maya. 

A menina se escondeu na velha cabana abandonada, que ficava afastada da casa principal e próxima a floresta. Nick sabia que ela sempre se escondia ali, então chegou próximo e, fingindo não saber onde Maya se encontrava, disse:

 – E agora? Não consigo encontrar essa garota boba. Acho que vou ter que comer sozinho o bolo de laranja que mamãe fez!

 Maya saiu correndo da cabana e gritou:

 – Só se conseguir chegar primeiro!

Nick estava se tornando um rapaz alto e forte, facilmente conseguiu alcançar Maya. Ele lhe puxou pelo braço a fazendo desequilibrar e cair em seguida. Ele acabou caindo por cima da jovem e começou a lhe fazer cócegas. Ela estava se debatendo e sorrindo até que seus olhares se encontraram. 

 Neste momento Nick ficou paralisado, os instintos desconhecidos estavam lhe tomando o controle. Ele olhou a sua boca rosada e Maya correspondeu ao seu olhar com curiosidade. Por impulso ele aproximou os seus lábios aos dela, porém antes de se concretizar o que estava prestes a fazer, foi interrompido por um grito:

 – Nicholas! Ainda bem que te encontrei! Hoje vai ser o seu grande dia, garoto! É hoje que irá se transformar em um homem! – disse o senhor Roberto Ferraz, pai de Nicholas chegando e presenciando a cena.

 Nicholas se levantou e estendeu a mão para ajudar Maya a se levantar.

 – Acho que terá que guardar um pedaço de bolo para mim, Maya. Se você comer tudo sozinha, eu te mato!

– Hahaha! Não vai sobrar nada, Nick! Você acha mesmo que vou guardar um pedaço de bolo por cinco dias para você? Está muito enganado!

– Tomara que te dê uma dor de barriga! – ele diz sorrindo.

– Vamos garoto! – disse o pai se aproximando e tocando as costas do filho – Quando voltar será um homem e terá muito tempo para fazer brincadeiras com a bela mocinha. – disse o senhor Roberto, pronunciando as palavras com maldade.

 Sr Roberto, estava chamando Nick para um rito de passagem da família, todos os homens eram caçadores. Existia um ritual misterioso de iniciação e tudo que se sabe é que consistia em eles se embrenharem na floresta densa e passar dias em tocaia. A idéia não era abater qualquer animal, mas sim um vigoroso alce negro, um feroz lobo cinza ou até um desafiador Javali. 

Para eles, a caça não era apenas para se alimentar, era uma diversão, um motivo de orgulho, um troféu e uma prova de bravura.

 …

Cinco dias se passaram desde que Nick saiu para a caçada e Maya se sentia entediada. Ela também era muito amiga de Júlia, mas esta dificilmente saia de casa e gostava de passar os dias devorando os livros da vasta biblioteca da mansão. Por isso Júlia nunca toparia de participar das mesmas brincadeiras que Maya e Nicholas faziam. Tudo bem que Maya também gostava de ler, mas achava que se divertia muito mais quando estava correndo por aí com Nick.

Já se ouvia o cantar das cigarras e os trabalhadores já estavam se retirando para suas respectivas casas. Maya estava na cozinha da mansão esperando a mãe para irem embora. De repente ouviu-se um grito de fora:

 – Preparem o carvão, que hoje iremos saborear um grande Javali! Tudo cortesia do meu garoto! – disse o senhor Roberto orgulhoso, voltando junto com os homens da floresta.

As vezes os caçadores traziam caça da floresta, eles faziam uma grande comemoração e dividiam a carne da caça com os funcionários. E este era um desses dias, principalmente por estarem comemorando a iniciação de Nick na irmandade de caçadores.

 Maya ouvindo o grito, saiu correndo para encontrar Nick, pois estava com muita saudade do amigo, mas quando o viu, se assustou com a situação em que ele se encontrava. Instantaneamente seu sorriso se desfez e ela deu alguns passos para trás, hesitante. Reagiu assim, pois o corpo do garoto estava coberto de sangue, parecia até que ele tinha tomado banho em um lago de sangue.

 Apesar de toda aquela situação grotesca, ele exibia um sorriso orgulhoso no rosto. E sim, ele realmente estava orgulhoso, pois a verdade é que Nick era um verdadeiro Ferraz, e esses cinco dias lhe fizeram descobrir a emoção de ter uma vida em suas mãos, ouvir o grito do animal, o sangue esguichando, os olhos se apagando enquanto a vida lhe esvai. Essa experiência, deu-lhe um prazer que nunca tinha sentido antes. A partir daquele dia, ele era um caçador.