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INSTINTO SELVAGEM - Entre A Fera E O Amor

1 capítulo Um sonho

Aviso ⚠️

contém cenas" leve de sexo" de todo modo pode ser conciderada ,+ 🔞.

História sem correção, foi minha primeira história postada, meu xodó, porém não corrigir, aviso de ante mão, se a intenção e se entreter com história de época, com aventura, ação, fantasia, e uma boa pitada de romance, pode entrar, veio ao lugar certo. Com uma linguagem simples,e sem perfeccionismo, mas feita com carinho e até certo ponto com dedicação, pra quem curte, seja bem vindos ao um mundo de imaginação 😉.

Um sonho

Angellike descia a longa escada ansiosa, logo após uma das servas lhe apressar batendo na porta dos seus aposentos pela milésima vez. Seu coraçãozinho batia tanto que parecia que iria saltar do peito.

À medida que se aproximava do corredor que dava para o grande salão de festas, suas mãos suavam. Respirou fundo para se controlar, dizendo mentalmente que aquilo era necessário para agradar seu pai, que insistira para que usasse aquele vestido azul enfeitado com um decote de renda sobreposta.

Afinal, era dia do seu aniversário e iria ser apresentada à sociedade como a filha caçula de um duque. Ela riu nervosa: — Falido, mas ainda assim um duque — pensou, já na entrada do salão lotado de convidados curiosos para ver a mulher que havia se tornado.

Estava nervosa, pois não tinha o costume de ser o centro das atenções. Não fora criada no castelo da família, e sim na fazenda dos tios, que ficava em um lugar distante dali.

Só havia retornado há dois meses, quando seu pai lhe mandou buscar, sabendo que seu aniversário estava perto. Dizendo que precisava assumir seu lugar na família, ela se perguntava qual seria, mas não questionou.

Tudo que mais queria era viver com a família. Na verdade, nunca entendeu por que tivera que viver tão longe, principalmente da mãe, pois eram tão apegadas.

— Venha! Seu pai está resmungando a sua demora!

Lucy, sua dama de companhia, veio ao seu encontro para lhe abrir caminho até seu pai impaciente, que fez um breve e monótono discurso para apresentá-la aos anfitriões tão logo elas se aproximaram do grupo familiar.

— Minha filha amada, um pedaço do meu coração, Angellik de Lasnfordhy!

A jovem sentiu o forte abraço do pai logo após aquelas breves palavras e se aconchegou a ele, desejando que o momento fosse para sempre. Sentiu as lágrima quente escorrer na face. Já havia esquecido de como era bom ser abraçada.

Emocionada, ouviu os aplausos, gritos e até elogios dos convidados dizendo o quanto ela havia crescido e se tornado bela. — Não era verdade, pois tinha consciência de quanto era sem graça e diferente de todas as moças que já vira, principalmente pela cor dos cabelos e a estatura pequena. – Ela refletiu, enquanto esboçava em seus lábios um sorriso forçado.

Além de tudo, não era vaidosa, e sim tímida, diferente da irmã, que era loira, alta, de corpo esbelto, cheia de pompas, que gostava de receber elogios e toda a atenção, era extremamente vaidosa. Parecia uma princesa perfeita. — Pensou, vendo sua meia-irmã se aproximar para cumprimentá-la, entregando-lhe um pequeno embrulho, a pequena não abriu, mas sabia que ali tinha algo para ela, de presente, mas não fazia questão, a família já seria o bastante, era só o que ousava querer no momento.

— Minha querida irmãzinha, agora já é uma linda mulher e já até pode se casar! – a loira diz ao cumprimentar com um abraço rápido.

— Não, obrigada! — Disse em retorno sem rodeio, pois não pensava em casamento.

Até porque não tinha pretendentes, sabia que seria difícil casar-se com um bom partido, assim como o marido da sua irmã, que era de uma família de sangue nobre com muitas propriedades, além de ser um perfeito cavalheiro e muito bonito.

Já ela nunca teria aquela sorte. Aquilo também não a preocupava, não enquanto era ainda nova. Queria mesmo era aproveitar o seu pai, que tanto lhe fez falta todos aqueles anos.

— Não diga bobagens, o Alfred tem um primo, tenho certeza de que formariam um lindo casal!

Sua irmã insistiu, sorrindo, já fazendo papel de casamenteira, a ruiva ver seu cunhado se aproximar lhe dando os parabéns. Como sempre um cavalheiro gentil. Para ela, ele era uma boa pessoa.

— Não escute sua irmã – Ele mostrou ter ouvido a sugestão de mal gosto da esposa, — Meu primo não é um bom partido para você, ele tem quase o dobro da sua idade, é viúvo com quatro filhos! – diz lançado um olhar divertido para ela, e outro desaprovador para a sua esposa, que deu de ombros, num tanto faz.

— Nossa irmã! Então acha que é só o que mereço? Ser babá dos filhos de um viúvo?

Angellike esboçou um sorriso de bom humor, relevando sem malícia da parte da outra.

— Para ser sincera, Angell, acho que por ser criada fora das redondezas, como prebeia, vai ser difícil um nobre te cortejar, então devia aproveitar enquanto é jovem, saudável e aceitar quem quiser se casar com você! — a irmã alfinetou com certa rigidez , como se quisesse acabar com a tranquilidade da outra, que já acostumada com a falta de sensibilidade dela, não deu importância sabia bem do gênio da Suzzany, fazendo sempre brincadeiras impertinentes.

Não acreditando que fosse sério o que ouvia, Angellik deu outro riso.

— Não, Suzy, não quero acabar minha juventude a cuidar dos filhos de outras. Se um dia eu me casar, será para cuidar dos meus! Mas e você, quando me dará sobrinhos? – mudou de assunto.

Suzany olhou para o marido, que por sua vez olhou para o sogro, que todos sabiam desejar com urgência um neto. De preferência, um menino, pois ele só tivera duas meninas. De todo modo, logo o assunto mudou de rumo, e ficou de certo, um ar meio pesado.

Dessa vez foi a deixa da madrasta entrar em cena chamando a atenção de todos.

— Os convidados estão querendo uma dança com a nossa linda e querida aniversariante! — Disse no tom que a jovem achou soar exageradamente falso.

A mulher que tomara o título de duquesa da sua mãe se aproximou, tomando-lhe a mão para levá-la à multidão. Aquele toque frio lhe arrepiou a nuca. Sentiu impaciência para que a soltasse, não gostava daquela mulher e ela sabia disso, mas fingia que nada acontecia.

Era como uma naja sonsa, pronta para dar o bote.

No meio do salão, rodeada de convidados, sentira a pele do rosto queimar de vergonha por estar naquela exposição humilhante.

— Quem vai ser o primeiro cavalheiro a ter a honra de dançar com a minha filha caçula dê um passo à frente!

Angellik olhou acanhada para o seu público, sentindo-se ainda mais humilhada. Era como se a mulher estivesse lhe vendendo na feira livre. Logo alguém levantou a mão, era seu pai. — Pôde ver, levantando o olhar, enquanto este lhe estendera a mão, que talvez tenha percebido seu constrangimento e veio ao seu auxílio. Sorriu para ele, grata, mas a mulher ao seu lado não pareceu satisfeita.

— O duque não vale! Deve aprender a dividir. Você a terá sempre, meu duque, já os nobres convidados não!

— E um visitante não tão nobre assim?

Todos olharam na direção da entrada do salão. Um pequeno grupo de homens nordicos acabava de invadir a festa. Ao notarem que estavam todos armados, os convidados ficaram apavorados, se encolhendo nos cantos para proteger seus pertences das visitas inesperadas. Ouve muitos burburinho, e ninguém além do duque e a filha ruiva ousavam olhar atentos para a terrível ameaça fúnebre que pairava no ambiente tenso.

Pois já há alguns anos aquele lugar fora alvo de ladrões, saqueadores e todo tipo de malfeitores. Por isso não era novidade estar tão decadente. Um dos homens adiantou os passos sem parar de falar e encarar o duque.

— Um que está cansado por ter viajado semanas de navio para chegar até aqui. Posso ter esse privilégio?

O estranho estendeu a mão para a jovem, que olhou para o pai não entendendo a situação. Quem seria aquele estranho?

— A… Àllexsander… Miller? Filho de Vandrak…

Seu pai o conhecia, mas parecia que não esperava por aquela visita inesperada, tão inapropriada para a ocasião. Pois gaguejou seu nome por medo? Ou surpresa?

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Olá leitor, gostaria de pedir, que por favorzinho, ao finalizar cada capítulo, poderia deixar um joinha e um feedback ( Comentar o que achou do capítulo, se estão gostando, ou o que gostaria que acontecesse no capítulo seguinte)

Obrigada 😊 pela atenção

2 capitulo CASAMENTO FORÇADO

Antes mesmo de perceber a proximidade do estranho, Angellik se viu sendo arrastada para o centro do salão. Não teve alternativa senão seguir os passos da dança daquele cavalheiro, que na verdade não tinha nada de cavalheiro; segurava-a com audácia em sua cintura sem um pouco de delicadeza. Por surpresa, ele até que dançava bem, sempre evitando encará-la. A moça pôde notar que ele era munido de fortes músculos; seus ombros largos davam essa certeza debaixo daquelas armaduras grossas; havia um corpo musculoso.

Logo, pôde ter certeza do que pensava. O estranho apertou o abraço com exagero em sua cintura, fazendo-a se chocar em seu peito, na verdade, em sua armadura, fazendo-a soltar um leve grunido ao chocar os seios delicados na armadura e a machucar. Buscou o olhar dele para reprová-lo pelas indelicadezas, mas ele era alto e parecia querer evitá-la a todo custo. Durante a dança, a atenção dele estava voltada para o Duque, que também não desviara os olhos em momento algum. — "Eles podem até se conhecerem, mas com certeza não eram amigos!" — podia sentir isso só de olhar a intensidade com que se encaravam. Tinha certeza de que, se os olhos pudessem matar, ambos estariam triturados só pelas faíscas que saíam de seus olhares. Angellik viu o estranho se aproximar do pai assim que a dança acabara. Ele quase a empurrara, fazendo a pobre sentir-se como uma idiota usada pelo estranho que a assustava um pouco, talvez pelo seu tamanho ou pelo olhar gelado e ameaçador. Ela viu, então, o pequeno grupo se retirar indo na direção do cômodo particular de negócios. O Duque ia no meio, parecendo desconfortável e relutante.

[ . . .]

— Não estou fugindo das minhas responsabilidades... mas veja a minha situação...

Sim, era curiosa. Sabia que havia algo errado ali. Por isso, resolveu seguir o grupo de homens. Mal havia se posicionado ao lado da porta entreaberta, pôde ouvir a voz preocupada do pai e, em seguida, alguém bateu com força na mesa, berrando.

— Não quero desculpas. Sabe bem o que queremos... não sairemos de mãos vazias dessa vez!

— Só um pouco mais de tempo...

Seu pai disse com a voz amedrontada...? Seu pai com medo? Isso era novo. O que estava acontecendo?

Enquanto se fazia tantas perguntas, iniciou ali dentro uma rápida discussão.

— Vamos levar o que tiver de mais precioso, e não há ninguém que possa nos impedir... Cadê o ouro? Fala onde está o tesouro? Ou prefere que matamos a todos aqui?

Ouve silêncio, depois barulhos de coisas sendo arremessadas ao chão.

Angellik sentia o coração quase saindo pela boca. Queria gritar para irem embora e os deixarem em paz, mas a voz não saía da garganta. Estava com medo. Aqueles homens queriam ouro? Como podiam? Quem olhasse para aquele castelo decadente sabia que não havia mais riquezas, só dívidas. Percebeu que eles estavam cobrando dívidas antigas.

— Não queremos derramar sangue... prefiro que continuemos com o acordo amigável como antes mas...

Ela gelou ao ouvir um deles grunir ameaçadoramente.

— Pelo amor de Deus! Paciência!

Ouviu gargalhadas e palavras ditas entre eles em um dialeto estranho. Em seguida, um som abafado como se alguém estivesse levando socos...e gemidos.

— Cadê o tesouro, as joias? — Insistiram como abutres na carniça.

— O tesouro que possuo não posso lhes dar...

A voz do Duque parecia fraca e dolorida.

— Então existe um tesouro mesmo? E você não quer dar?

Novamente gargalhadas, barulhos, misturados a mais gemidos. Parecia que estavam espancando-o. Àquela ideia fez sua cabeça girar... — Papai!!! — Abafou um grito com as mãos na boca.

— Se não nos der, você morre!

Ouvira agora um barulho de uma arma sendo destravada. Sem hesitar, ela entrou de vez se deparando com uma cena chocante diante dos seus olhos. Seu pai tinha uma arma apontada para a cabeça. Sangue escorria em seu rosto machucado. Correu apavorada para abraçá-lo.

— Papai!!! O que fizeram com o senhor? — Apesar do medo, estava inconformada com tamanha covardia e violência. Nunca havia presenciado tais atos de violência. — Miseráveis! – lançou olhares de ódio a eles.

Sentiu mãos fortes agarrarem-na, afastando-a dos braços do pai. Esperneou, mas foi em vão.

— Estava escondida?

Um deles muito bravo perguntou.

— Bem, não importa. Sabe que seu pai nos deve uma grande quantidade em ouro? — Fez uma pausa olhando para o Duque. — Ele não quer nos pagar. Estamos um pouco irritados com isso... Talvez você queira que tudo isso acabe logo, não? – o que tinha ar de líder olhou lhe pela primeira vez, mas logo desviara o olhar para o pai dela.

Angellik sustentou o olhar do homem que ameaçava a vida do seu pai. "Onde estavam os poucos guardas que restavam no castelo?" — Se perguntou, tentando se acalmar. "Eles não aparecem porque?".

— Se acha que sei de tesouro, está enganado. Mesmo se soubesse, nada diria, seus imundos! — cuspiu na direção do grandão de cicatris no rosto. Queria esmurrar aquele homem, mas sabia que não era forte o suficiente. Só agora olhou ao redor, percebendo as características deles que estavam em três, os outros deviam ter ficado na porta do castelo. QUELS eram um maior que o outro. Pôde ver o que há pouco atrás a havia tirado para dançar. era o menos horrível, nem por isso deixava de ser ameaçador. Ele estava sentado em uma cadeira, observando a cena calmamente. Outro segurava a arma que com toda certeza havia pego da coleção que o pai exibia com orgulho, bem exposta na parede da sala. Com o dedo no gatilho, ameaçava esmigalhar os miolos do Duque, que parecia tremer feito vara verde. Aquele nórdico tinha um ar de pura maldade e devia ser o mais novo, ele sorria como um louco pronto para beber sangue. Ela estava certa de que ele não pensaria duas vezes em matar seu pai e também ela. Já o outro era mais rascoso, barrigudo com barbas bem espersa e tinha uma cicatriz na testa que o tornava o mais aterrorizante.

— Certo, então talvez eu deva começar por você...

O homem se aproximou com passos pesados, colocando a arma em sua direção e olhando fixo para o Duque.

— É ela ou o seu tesouro?

Ela fechou os olhos, imaginando o estalo.

— Por favor, não há ouro. Deixem-nos em paz!

Quando voltou a abrir o olho se deparou com seu pai ajoelhado, implorando.

— Minha família é o meu tesouro, o único que possuo. Entenda de uma vez!

— Entao essa garota é seu valoroso tesouro? – O que lhe havia ameaçado com a arma sorriu alto, de forma assustadora – Otimo então você vai pagar pela vida dela, se a ama como diz, então vai mostrar.

— Como assim? – O Duque se assustou, arregalando os olhos com a ideia.

— Vamos levá-la conosco! E quando nos pagar, devolveremos sua filha. Será nossa garantia de que irá nos pagar, caso contrário, não a verá mais... — O homem continuou...— Ela será uma escrava para nosso povo, fará tudo para sobreviver...– o homem disse coisas absurdas para assustar‐los.

Angellik viu seu pai retrucar e falar palavrões, o que não adiantou nada. Os homens já a empurravam para fora do cômodo apertado quando seu pai gritou interrompendo seus passos.

— Esperem! Se não há nada que eu possa fazer, pelo menos deixem-me fazer minha proposta!

Os homens se entreolharam, concordando em ouvi-lo.

— É minha caçula, a quem amo tanto...

O "tanto" parecia exagerado, ela pensou, enquanto seu pai jurava amor incondicional.

— ...mas se preciso fazer esse sacrifício... proponho que case-se com ela...

Mal podia respirar ao ouvir aquilo. Seu pai estava entregando-a para aqueles bárbaros? Dessa forma, ele não precisaria pagar a dívida? – não teve como não pensar na possibilidade.

Pelo visto, não era só a pobre garota que pensava assim. Logo, um deles falou atrás dela.

— Acha que somos trouxas? Quer se livrar da dívida, nos empurrando uma aliança de casamento? Não estamos interessados — Não precisamos de suas mulheres fracas!

— Veja! Case-se com minha filha. Sendo assim, pagarei a dívida em um ano. Então, devolverá minha filha intacta.

— Que garantia teremos de que pagará se desposarmos sua filha? — O mal encarado falou, parecendo testar até onde ele iria com aquela loucura.

— Sim, eu pagarei. Ou acha que gostaria de ver meu próprio sangue unido a vocês? – foi convicente ao mostrar o ar de desprezo pelo nórdicos.

— Um ano e pagara todo o valor do acordo?

— Sim, Com a condição que nunca a tocará, e se caso ouver a consumação do matrimônio, mas não gerar um filho, a proposta ainda sera valida!

— Espera aí espertinho, entao que casamento é esse? – um deles que mostrou mais interesse reclamou.

— Acha que prefiro que minha linhagem se perca, misturada a seu povo? Ela é sangue nobre nao merece vagar como cachorro por ai, vocês sao bárbaros selvagens, me sinto de mão atadas...– soltou um suspiro pesaroso enquanto olhava para a filha no pedido de desculpas, mostrou-se sofrido e sem opção. — Só estou permitindo que a tirem de mim, por que não vejo saída, e confio na palavra se me derem, que ela estará segura.

Então era isso! estava sendo negociada como se não estivessem em sua presença. A jovem quis gritar de raiva e se impor, não reconhecia o pai, se perguntou porque ele propôs aquele acordo absurdo? E que pai não lutaria ate a morte pela vida e liberdade da própria filha?

— Não mim caso dessa maneira, não sustentarei uma esposa em que não posso tocar! –

um deles falou sem interesse.

—Bem eu concordo, nao vale a pena, e eu já tenho duas esposas e filhos pra sustentar, acho que não daria certo... – O outro mais feio também falou olhando pro terceiro que continuava calado.

— Você tomaria conta da minha filha, Allexander? – o Duque confiou nos seu senso de deduzir caráter e também já ouvira falar do tal filho honrado do chefe dos vinkigns, aquele sempre ajiu diferente dos outros, devia ser o desgosto do Vandrak, que era mau até no respirar. o homem pensou.

O silêncio pairou por alguns instantes. Os homens se encaravam, até que finalmente ele resmungou algo entre os dentes.

— Um ano e nada mais! Caso não honre sua palavra, haverá severas consequências! — Ver o alívio na expressão do pai não era bem o que gostaria de ter visto. Não acreditava no que lhe acontecia. Seria um sonho ruim, logo passaria?

3 CAPÍTULO DESTINO

— Ela não está nada bem!

Ouviu a voz de Lucy, a sua dama de companhia, que falava com um dos soldados. Parecia preocupada. — Ela não consegue segurar nada no estômago desde ontem.

— Devemos avisar ao senhor Allexander… — o seu primo respondeu em tom baixo para não acordá-la. Reconhecendo a voz, levantou a cabeça um pouco para mostrar que estava acordada.

— Não… não… — a sua voz soou fraca

Angellik tentou sentar, mas sabia que estava muito abatida. Desde que saíra de terra firme, sentia-se mareada o tempo todo. Havia se trancado na cabine, não queria que a vissem daquele jeito e lhe tratassem como uma pessoa fraca.

Não sabia ao certo, mas acreditava já ter se passado uma semana desde que fora levada à força para o navio e tentava pensar o mínimo possível na desgraça em que se tornara a sua vida.

Mal se lembrava do casamento, apenas das fisionomias surpresas dos convidados quando o casamento fora anunciado. Em vez de aniversário, um casamento forçado.

Todos podiam notar na sua face o terror daquela celebração. Lembrava-se de implorar para seu pai não deixar que a levassem, de se espernear a ponto do seu então noivo carregá-la nas costas como se fosse um saco de batatas e o Duque apenas acenar com uma das mãos a dar adeus, virando as costas.

Já no navio, viu tudo que amava ficar para trás pouco a pouco. Ali parada desesperada, não sabia o que fazer, estava perdida. Trancara-se no único lugar que podia se esconder e chorar, queria sumir.

Ali desejava que houvesse uma tormenta e tudo se acabasse logo, pondo fim à sua triste vida, já que não tinha valor para seu pai e muito menos para o mundo. Podia estar sendo exagerada em querer morrer? Sim, podia! Mas estava ferrada disso, tinha certeza!

— Não chame aquele homem odioso aqui! — Falou com o pouco de força que possuía.

— Sim, milady!

— Vai dormir um pouco, Lucy! — Disse, vendo o ar cansado da moça que tinha um pouco mais que a sua idade.

Elas se conheceram quando viera para o castelo. O seu pai a contratara como dama de companhia, mesmo insistindo que não era necessário, pois sempre se cuidara sozinha. Na fazenda não havia tanta frescura. Sem muitas opções, concordara, mas particularmente elas se davam bem e se tornaram amigas, a única que tinha.

Lucy era tão magra quanto ela, possuía uma pele mais bronzeada e cabelos castanhos, que ela mantinha sempre cuidadosamente presos num coque. Era bonita e estava sempre de bom humor. Era aquela leveza que mais lhe encantava na mulher.

— Ele precisa saber, talvez possamos atracar em alguma ilha para você se recuperar pisando em terra firme! — Era Ferguns falando novamente. O seu primo, com tudo de ruim que lhe acontecera, nem havia agradecido por ele ter se oferecido em fazer parte da guarda que lhe acompanharia. Viera apenas ele e outro que parecia não estar no momento. constatou ao levantar a cabeça — Angell pensou, consciente do quanto aquela presença do primo lhe deixava menos solitária.

Ferguns era apenas cinco anos mais velho e um amigo querido. Ele sempre deixara claro que podia sempre contar com a sua lealdade, o que agradecia diariamente. Ele era de boa estatura física, tinha cabelos loiros e olhos azuis. Era de poucas palavras, mas muito astuto.

Angellik levantou os olhos para ele, que estava de pé na porta da cabine, onde montara guarda decidido a protegê-la com a sua vida se preciso fosse, o que ela sabia ser verdade, mas orava a Deus que não precisassem.

Caso contrário, estariam perdidos, pois a quantidade de homens no navio era de mais de cem, sem contar o tamanho de cada um que equivalia por dois homens comuns. Eram mal-encarados e podia sentir o cheiro de bebidas e tabacos de onde estava. Eram uns selvagens barulhentos. pensou alarmada.

— Oh! Meu primo querido, não pareças tolo, diante de mim, o que pensa que aquele porco vai fazer por mim? Acha mesmo que se importam conosco?

Sabia que nenhum deles se importaria com o seu estado de saúde, muito menos o seu noivo, que não lhe dirigira uma única palavra desde que fora forçada àquela união bárbara. “Comporte-se, não me dê trabalho, menina, e tudo passará rápido para nós dois!”

Foi tudo que ouviu dos seus lábios antes de jogá-la nas costas para subir a bordo do grande navio, que tinha uma grande cabeça de serpente esculpida na proa e o nome escrito com letras bem grandes: “DESTINO”. Aquele era mesmo o seu trágico fim? Morrer num navio com aqueles homens maus cheirosos?

— Ah! Minha Lady! Mi perdoe mas…

— Não me chame de lady… veja o meu estado… — Ela interrompeu-o gesticulando ao seu redor… — Não há necessidades de etiquetas! Não faça mais isso!

A cabine era um cubículo, com duas camas estreitas, uma de cada lado. No canto esquerdo, havia uma mesinha onde uma jarra de água e uma gamela de frutas não tão apetitosas ficavam à sua disposição. Do outro lado, dois baús contendo os seus e os poucos pertences de Lucy.

Suspirou com um certo exagero, sabendo que aquele seria sua triste realidade. Só Deus saberia até quando. Decidido a não insistir, o seu primo voltou ao seu posto e fechou a porta atrás de si. Ele conhecia bem a teimosia da jovem.

Horas mais tarde, Lucy preparou-lhe um banho e insistiu que deveriam subir até o convés para aproveitarem o final do sol. Há dias não saíam da escuridão úmida do quarto e aquilo não estava colaborando para que ela melhorasse. Concordara, precisavam mesmo do calor do sol. Com o ar fresco, talvez se sentisse menos enjoada.

Enquanto buscavam um bom lugar para aproveitar o fim de tarde, um dos homens as interceptou impediu a passagem, dizendo que ali não era lugar para elas passearem. Logo o seu primo posicionou-se entre elas, segurando a sua arma e com a outra na bainha da espada, pronto para um embate.

O homem se enfureceu e reclamou do atrevimento, e logo também empunhou a sua espada. Ouviram-se vozes, gritos e o convés agora estava amarrotado de caras sujas e sanguinárias loucos querendo ver sangue.

Estariam perdidos, era o fim, caso um deles desse o primeiro golpe. Todos partiriam para cima, pois muitos torciam o nariz quando passavam, como se estivessem ali por vontade própria. Angellik pensou, agarrando-se a Lucy, já temendo o que viria a seguir. As suas mãos geladas apertaram as da amiga, que rezava baixinho e tinha os olhos fechados.

— Vamos acabar com essa bagunça?

Todos olharam para a mesma direção, no deque do navio uma figura observava a confusão e se aproximava com altivez.

— Achei ter sido bem claro quando disse querer uma volta tranquila. — Ele falou, dissipando assim o bando. — Todos têm as suas ocupações, então o que estão a fazer aqui? — Agora olhando na direção do pequeno grupo, ele continuou… — Essas pessoas são nossos convidados. Não precisamos ser amigos, mas vamos manter o respeito e tudo ficará bem para todos, entendido? — Finalizou o discurso.

Antes de virar e sair, o seu olhar cruzou com o de Angellik no momento em que ela levantava o olhar e via toda a multidão se dispersar tão rápida como se juntou. Por um curto instante, eles se olharam e se viram, não como antes. Agora um homem enxergava uma mulher, e ela também via um homem. Se prenderam naquele curto momento, que traçaria o rumo dos seus destinos.

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O que acontecerá agora em? 🤔

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