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O Coração De Luma

Encontro às cegas

Luma

Encaro o espelho, olhos castanhos me encaram de volta, eu devia mesmo ter me arrumado tanto? Quero dizer, não tem nada menos excitante que um encontro as cegas e estou metida nisso por culpa de Sarah. Sarah e eu somos amigas desde que me entendo por gente, crescemos juntas num pequeno vilarejo onde a maioria das pessoas eram indígenas, minha mãe por exemplo era índia, dela herdei cabelos lisos e negros como ébano, ela era a mulher mais linda que já vi na vida! Meu pai era estrangeiro, alemão, foi até o vilarejo apenas para conhecer e se apaixonou por minha mãe, dele herdei poucos traços, como olhos castanhos tão claros quase esverdeados, meu tom de pele ficou entre os dois, nem morena, nem branca, Sarah diz que tenho a pele dos deuses, exagerada como só ela.

-Ai meu Deus, você está linda. -Sarah diz parando em frente a porta do meu quarto.

-Obrigada, não acha que exagerei?- Passo a mão pelo vestido preto colado ao corpo.

- Amiga, está tudo perfeito, amei que usou pouca maquiagem, esse batom fica perfeito em você.

Olho novamente meu reflexo, realmente passei pouca maquiagem, apenas corretivo em algumas áreas, blush pra dar vida, rímel e batom cor de canela, meu vestido preto é até comportado, tem gola alta, ombros à mostra e seu comprimento para nos joelhos, mas é bem justo e marca bem minhas curvas, calcço um scarpin vermelho e estou pronta. É, parece que vou realmente fazer isso no fim das contas…

Já dentro do carro me permito pensar com calma sobre essa ideia maluca, o que eu sei sobre esse cara? Sarah apenas disse que ele é muito amigo de seu namorado, que é absurdamente lindo, o que não sei se posso acreditar dado ao histórico de exageros de Sarah e que ele vem de boa família, o que significa que tem grana.

Dirijo até o restaurante onde combinamos o encontro, ou melhor onde nossos amigos combinaram nosso encontro. As reservas estão no nome de Sarah e Paul, eles fizeram mistério em tudo, já que se soubessemos os nomes um do outro, poderíamos recorrer ao amigo google. A recepcionista me conduz até a mesa, me sento e respiro fundo agradecendo o fato de ser a primeira a chegar. Antes de guardar o celular dou uma olhadinha na hora, estou uns 5 minutos adiantada, então vou usar este tempo para relaxar até que o senhor misterioso chegue. Me concentro nos detalhes do restaurante, o lugar é enorme, paredes e chão claros, lustres de cristais enfeitam o centro e luminárias antigas brilham nas paredes acima de cada mesa, ao fundo uma pequena banda toca jazz, as mesas são de madeira escura e polida, um vaso de flores brancas postas delicadamente acima de cada uma. Admito, Sarah e Paul souberam bem escolher, o lugar é um charme.

-Boa noite, senhorita!- Olho pra frente no exato momento em que ele sorri e estende a mão para mim, vamos Luma, seja educada, levante-se.

-Boa noite, senhor? - Me levanto e aperto sua mão, Sarah não exagerou desta vez, ele é mesmo absurdamente lindo.

-Jordan, Jordan Jones!

-Prazer Jordan, sou Luma Klein.

Ele aponta a cadeira, para que eu volte a me sentar e se senta a minha frente, decido ser aberta, vou me entregar a essa experiência e me permitir conhecer este senhor a minha frente, com certeza parte dessa decisão foi tomada após me deparar diante de tanta beleza, ele é sexy.

-Klein? Alemão? -Ele pergunta puxando conversa, parecendo realmente intrigado.

-Sim, mãe índia, pai alemão. Loucura, eu sei… -Dou de ombros e lhe ofereço um sorriso. - Mas e você? Jordan Jones, mais americano impossível…

-Sim, mais americano impossível, minha família não parece nada interessante perto da sua, fiquei curioso, como seus pais se conheceram?

Contei a ele sobre a história de meus pais, resumidamente meu pai era pesquisador e biólogo, em um passeio de férias foi até o Brasil, conhecer nossa fauna e flora riquíssimas e numa visita ao vilarejo conheceu mamãe, ele precisou de cuidados médicos e ela quem o atendeu, foi amor a primeira vista, pulei toda a parte melosa e Deus, como meus pais eram melosos! Parti logo para a parte em que eles morreram, infelizmente eles sofreram um acidente quando eu tinha dezesseis anos.

-Poxa, eu sinto muito…

-Não, tudo bem, fazem quase dez anos. -Afasto as lágrimas piscando os olhos algumas vezes, com certeza estraguei o clima.

-Então, como você veio parar nos Estados Unidos? -Ele muda de assunto e eu agradeço lhe direcionando um sorriso sincero.

-Sarah, nós somos amigas desde sempre, estávamos no último ano do ensino médio e ela decidiu que viria para cá estudar, fazer intercâmbio e todas essas coisas, me convenceu a vir junto e estamos aqui até hoje, nos naturalizamos e tudo mais. Somos verdadeiras cidadãs americanas! -Faço um gesto golpeando o ar e ele ri.

-De fato, cidadãs americanas. E você estudou o mesmo que Sarah? Sei que ela trabalha com Paul no escritório de contabilidade, mas e você?

-Eu estudei advocacia, me especializei em Gestão Pública e trabalho num escritório importante no centro de Boston. Mas eu ainda não advogo, estou mais pra uma aprendiz, barra, estagiária. Mas e você? Já te contei tudo ao me respeito.

Ele começa a me contar todo tipo de coisa, sobre seu trabalho importante, muito mais que o meu na verdade, já que ele é sócio majoritario de uma grande empresa de consultoria digital, fala sobre seu hábito de malhar, o que é bastante visível dado o seu físico impressionante, mas percebo que ele mal toca no assunto família. O que será que ele tem a esconder?

Não foi má ideia, afinal

Jordan

Aqui parado em frente ao restaurante tenho ainda mais certeza de que foi loucura aceitar essa ideia de encontro às cegas. Paul me deve uma, ele sabe que gosto de escolher as mulheres com quem quero sair, não que eu me importe com aparência, ou que tenha um tipo específico de mulher que eu prefira, mas gosto de saber onde estou me metendo, literalmente. Abro os botões do paletó para parecer mais relaxado, sair do escritório e vir direto pra cá tinha parecido uma boa ideia antes, mas agora não estou certo quanto a aparecer com cara de quem trabalhou o dia todo e nem se quer se deu o cuidado de ir para casa trocar de roupa. Dane-se, é só um encontro e se eu der sorte terei uma boa foda depois dessa palhaçada toda.

Entro no restaurante e pergunto sobre a reserva em nome de Sarah e Paul, a recepcionista me indica uma mesa ao lado esquerdo do restaurante, nela há uma jovem mulher sentada admirando o local, seus cabelos são tão longos e volumosos que cobrem todo o corpo até a altura das coxas, posso vê-la apenas de perfil e já me sinto um idiota por não ter ido até minha casa pelo menos tomar um banho, ela é incrivelmente linda.

-Tudo bem senhor? Quer que eu o acompanhe até a mesa? - A recepcionista me dirige um olhar de quem não está entendendo o motivo de eu continuar parado ali. Pois bem, o motivo é que estou enfeitiçado pela sereia a minha frente.

Quando chego a mesa, ela ainda está distraída com a beleza do salão, eu também estaria, se ela não fosse muito mais encantadora.

-Boa noite, senhorita!- Ela olha pra mim e sorri, puta merda, que sorriso…. Se levanta estendendo a mão pra mim, me dando uma ótima visão de seu corpo e jogando os longos cabelos para trás.

Ela tem os olhos mais hipnóticos que já vi, sua pele morena clara contrastando com os cabelos escuros, uma mistura que me deixa completamente embasbacado. Presto atenção em cada palavra do que ela diz, e ela responde cada pergunta que faço, percebo que fica feliz ao falar da amiga, mas que o assunto dos pais a deixa muito triste, falar sobre o emprego a aborrece por algum motivo, mas mesmo assim ela é muito divertida e acabo sorrindo demais para o meu gosto.

-Mas e você? Já te contei tudo ao meu respeito. -Ela sorri me encorajando a falar.

Conto a ela sobre minha empresa e o papel que desempenho como consultor digital, também falo sobre meu vício em academia e corrida, mas escondo o fato de que queimar energia é uma das poucas coisas que me acalma e geralmente prefiro queimar com outras atividades além de exercícios físicos, mas ela não precisa saber disso, não ainda.

-Mas e sua família?

Eu sabia que esse assunto surgiria e por isso eu sempre fujo de encontros, prefiro ir a lugares onde as mulheres sabem exatamente o que quero, sem perguntas, sem explicações.

-Minha familia é um assunto sobre o qual não gosto de falar, resumindo mãe doente, pai morto.

-Sinto muito! -Ela não me dirige olhar de pena, apenas sorri e pega o cardápio.

-Ah meu Deus! Você viu isso?

-O quê? -Pergunto olhando o cardápio para tentar entender do que ela estava falando.

-Eles servem macarrão com queijo, você não ama macarrão com queijo?

Dou risada, isso é serio? Não tem como me surpreender mais. Quem come macarrão com queijo em um encontro?

-Macarrão com queijo é comida de criança. -Digo tentando fazê-la mudar de ideia.

-Eu sei, quando cheguei aqui a família que me abrigou fazia muito pra eu comer e depois que me mudei, nunca mais comi. Ah qual é, tá decidido, vamos comer macarrão com queijo. - Ela automaticamente chama o garçom e sou obrigado a comer macarrão com queijo, acho engraçado, confesso.

-O que você bebia?

-Como assim? -Estou ficando cada vez mais confuso, ela é maluca.

-Quando seus pais faziam macarrão, o que você bebia?

-Suco de uva. -Digo me lembrando de quando era domingo e minha mãe fazia exatamente o que pedimos e me servia de suco de uva.

Afasto a lembrança de minha mãe, preciso visitá-la, mas agora tenho de lidar com o furacão Luma diante de mim, me fazendo jantar comida de criança em um restaurante chique na área nobre de Boston. O restante do jantar é muito agradável e eu consigo realmente relaxar diante dela, de forma que nunca mais havia conseguido. Porém cada minuto que passa me deixa mais ciente de que preciso arrumar uma forma de levá-la pra casa, ela não parece o tipo de mulher que transa no primeiro encontro. E eu estou realmente interessado em tê-la, cada parte a mostra de seu corpo me deixando com água na boca, sua voz extremamente doce me fazendo imaginar como seria gritando meu nome, tudo nela está no lugar certo, seios fartos, lábios pequenos e carnudos em formato de coração, dentes perfeitos e brancos, cada parte extremamente convidativa.

-Bom senhor Jones, foi realmente maravilhoso apreciar sua companhia, mas está na minha hora. - Ela se levanta e me estende a mão mais um vez, não posso deixá-la ir, mas ainda não sei como dizer que quero comer ela, sem parecer um babaca.

-Já senhorita Klein? Gostaria que ficasse mais um pouco. - Tento não parecer desesperado.

-Realmente preciso ir.

Me levanto para acompanhá-la, então é isso, provavelmente depois daqui terei que procurar um rabo de saia em outro lugar para matar minha vontade.

Insisto em pagar a conta e peço que ela me aguarde para que eu possa acompanhá-la até seu carro e quem sabe pelo menos roubar um beijo. Pago a conta enquanto ela me espera ao lado de fora do restaurante, quando o garçom me devolve o cartão ouço um grito.

-Sai de perto de mim! Me solta!

Ninguém toca nela

Jordan

Ando depressa até a saída do restaurante e me deparo com uma Luma desesperada tentando se desvencilhar de um cara muito maior que ela, ele a mantém presa pela cintura e pelos cabelos, enquanto se esfrega nela e tenta beijá-la. Filho da puta!

-Solta ela imediatamente! -Digo parecendo mais calmo do que realmente estou, na verdade estou fumegando de raiva e quando ele a solta me olhando com desafio, vôo em cima do canalha e lhe desfiro vários golpes no rosto e na barriga. Ninguém toca nela!

-Jordan, para! Jordan pelo amor de Deus. Olha pra mim!

Sinto suas mãos pequenas e delicadas segurando um dos meu braços, paro na mesma hora de socar o filho da mãe, embora ainda pudesse fazer isso por muito mais tempo, mas vê-la assustada e com lágrimas nos olhos me fez cair em mim novamente, me levanto e passo as mãos pelo paletó, me ajeitando.

-Venha, vou tirar você daqui.

Ela apenas ascente e me segue até o meu carro, suas mãos apertando com força ao redor dos meus braços, ela está assustada e com razão, não posso deixá-la sozinha nesse estado, mas também não sei se consigo me controlar em casa a sós com ela, principalmente depois do que aconteceu aqui, preciso descarregar toda essa raiva.

Durante o percurso não muito longo até minha casa, não trocamos sequer uma palavra, às vezes me permito encarar seu rosto e examiná-lo, apenas para perceber algumas lágrimas escorrerem. Quando chegamos digito o código e o portão se abre, estaciono em frente a entrada imaginando que terei de levá-la para casa mais tarde, então evito a garagem. Saio do carro e abro a porta para ela, estendo a mão para ajudá-la, mas quando ela se levanta, se joga em meus braços, me abraçando com força, como se estivesse segura ali dentro do meu abraço. Eu retribuo, porque de repente sinto que realmente devo protegê-la e quero que ela se sinta segura perto de mim. Não sei por quanto tempo ficamos assim, abraçados apenas e também não sei se um dia já abracei uma mulher dessa forma, por tanto tempo e com tanto carinho, mas sentir ela tão próxima, seus seios pressionando contra meu corpo, suas mãos em minhas costas, estavam despertando partes de mim que eu não podia controlar e não queria que ela me achasse um babaca ficando excitado com ela logo depois que um cara praticamente a forçou. Me afasto ligeiramente, seguro seu queixo e examino seu rosto, pelo menos ela não está mais chorando. Seus olhos castanho-claros penetrando profundamente nos meus, como se ela pudesse ver cada pensamento, cada ideia e até mesmo todo meu passado. Seus olhos são realmente hipnóticos, percebo que eles descem até meus lábios e ela lambe os dela mordendo o inferior em seguida, deixando bem claro o desejo de me beijar e acordando ainda mais o lado sombrio dentro de mim. Céus, não posso fazer isso, não depois do que ela acabou de passar. Não posso me dar ao luxo de perder o controle com ela, nem eu sou tão babaca assim. Mas ela está deixando bem claro o que quer e eu não sou o tipo de cara que resiste.

Abaixo o meu rosto e encontro seus lábios com os meus. Tão macios, tão desejosos, sinto sua língua procurar a minha numa dança lenta e extremamente sensual. Porra, que vontade de subir seu vestido e comê-la em cima desse carro. A medida que o beijo esquenta, me permito passear as mãos por seu corpo, sua cintura fina, sua bunda gloriosa, enrosco a mão em seus cabelos e puxo levemente, ela solta um gemido em resposta que leva vibrações direto para o meu pau, então morde e puxa delicadamente meu lábio inferior. Deus! Assim vou ficar louco e ainda nem fizemos nada. Paramos para recuperar o ar, Luma deita a cabeça no meu peito e eu acaricio seus cabelos, se antes eu queria, agora preciso fodê-la.

-Me desculpe, eu não devia ter feito isso. - Luma me encara com olhar de arrependimento.

-Não baby, não se arrependa. Eu quis fazer isso desde o primeiro momento que vi você naquele restaurante. - Não quero que ela se arrependa de ter me beijado, quero que ela me deseje, me queira, assim como a quero agora.

-Você está sangrando! Está doendo? - Seus dedos pousam na minha testa e seus olhos me examinam, ela segura minhas mãos e percebe os arranhões que ficaram por causa da briga. Nem tinha me dado conta disso.

-Está tudo bem, nem estou sentindo. - A única coisa que sinto doer é meu pau de tão duro, mas não vou dizer isso a ela.

-Vamos entrar, vou cuidar desses machucados e depois você pode me levar para casa.

Não preciso disso, não preciso de ninguém cuidando de mim, já me meti em brigas muito piores e saí muito mais machucado do que isso, mas se é uma forma de fazê-la entrar e ficar mais tempo, eu aceito. Quem sabe não consigo dissuadir que ela fique e deixe eu me enterrar dentro dela.

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