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Não Era Apenas Paixão?

Não era apenas paixão? Patricia Oliveira Capítulo 1- Paixões de juventude (Paola

Porque ele não me nota? O que eu tenho de errado? Será que não tenho nada que o atraia? Não sou tão feia, recebo elogios de minhas amigas e de alguns garotos. Tenho cabelos castanhos bem longos nem lisos nem enrolados, pele morena, sobrancelha bem definida natural, sou magra, será que sou magra demais? Porque??

Meu coração bate acelerado toda vez que o vejo, não sei se fico feliz por tê-lo visto ou triste por ele não me notar.

- Paola, acorde!! - Está sonhando novamente? O sinal já tocou e a professora está na sala! -Andreia chama minha atenção.

- Já estou indo Andreia! - Vou para sala mais meu pensamento está num garoto loiro que estuda na sala no final do corredor, Silvio, amigo de meu amigo Humberto, é por ele que meu coração bate forte e fico sem ar quando o vejo.

Me lembro perfeitamente o dia que o conheci, tinha doze anos, foi num encontro de jovens no salão da igreja de nossa cidade, eu magrela sem jeito, quando o vi algo mudou. Ele apresentou uma peça de teatro com mais dois amigos, todas minhas amigas ficaram encantadas com os outros dois, morenos, altos, bonitos, mais meus olhos se encantaram pelo branquelo magro mais com um sorriso lindo. O vi conversando com um amigo meu Humberto. -Tenho chance de conhecer ele.-Pensei.

Agora estou com quinze anos, e meu coração continua disparando quando o vejo, tenho feito de tudo para encontrar com ele, pra ele me notar desde aquele dia e até hoje o máximo que consegui foi ganhar uma bala dele quando ele passou dando para seus amigos e eu estava junto com Humberto.

É difícil pra mim arrumar maneiras de o ver, moro num bairro afastado da cidade e ele mora na cidade.

Fiquei tão feliz quando ele passou a estudar a noite, posso vê-lo quase todo dia. Minha sala de aula tem uma janela em frente ao corredor onde todos os alunos passam, então sentei próximo a janela para conseguir ver ele passar.

Já faz três anos que arrumo maneiras de encontrá-lo:

.Vou a missa na igreja onde ele vai,

.Passo em frente a casa dele quando vou com minha família fazer compras,

. Quando consigo ir a cidade a noite fico o seguindo.

. Vou ao clube onde ele vai......

E nada! Nada! E esse sentimento tem me feito sofrer muito, não presto atenção as aulas, não aceito as cantadas de outros garotos. Mais só penso nele. Minha amiga disse que é paixonite de adolescente.

Mais já faz três anos.....

- Oi Paola ! - Oi Andreia! Tudo bem com vocês? - Pergunta Humberto no recreio.

Humberto vem todo dia conversar comigo no recreio, sei que ele tem uma queda por mim mais gosto dele apenas como amigo. As vezes eu acho que ele percebe meu sentimento pelo seu amigo pois sempre me diz que Silvio não tem juízo, que cada semana está com uma garota diferente...

- Humberto vamos pra praça! - Ouço a voz que acelera meu coração. - Vem amigo vamos !

Humberto me olha com carinho e diz:

- Você ficará bem sozinha? Posso ir?

Aceno com a cabeça que sim e vejo os dois saírem, Silvio nem me olhou..... a tristeza toma conta de mim.

Esse será o último ano que ele estudará nessa escola, o que farei para ver ele depois? Talvez seja bom, eu o consiga esquecer e pare de sofrer...

-Paola, você virá na encenação da semana Santa?-Pergunta Andreia- Seu loiro irá fazer parte da encenação, sabia?

- É mesmo Andreia? Vou ver se alguém de meu bairro virá e se posso vir junto.

- E Humberto também vai. Vou para vê -lo.

Andreia estava interessada em Humberto, ela já teve vários namorados e não deu certo com ninguém ainda. Ela quer namorar e casar logo.

Consegui uma carona e fui com minha amiga Suzete ver a encenação. Quando vi Silvio se apresentando comecei a chorar, as lágrimas corriam pelo meu rosto descontroladas, meu coração apertado. Suzete tentava me consolar, mais era em vão......

Um rapaz me perguntou se eu estava bem, nem prestei atenção nele, as lágrimas corriam, me sentia rejeitada, sem atrativos, desprezada. Porque eu não me apaixonei por outro que gostasse de mim? Eu só queria um pouco da atenção dele, de seu carinho, sonhava com seus beijos e abraços e ele nunca me tocou...

Na segunda feira, na volta as aulas uma amiga dele me disse que ele estava namorando.

- Paola esquece o Silvinho, cada semana ele está apaixonado por uma menina. Namore meu irmão, ele é muito melhor que o Silvio. - Falou Lucinha.

- Se eu pudesse escolher a quem me apaixonar eu lhe garanto que não seria pelo Silvio, mais meu coração não me ouve. -Respondi

E assim se passou mais dois anos. O namoro de Silvio com Rosa ficou sério. Então criei coragem e numa noite, na praça da cidade, fiquei esperando Silvio chegar. Me arrumei como nunca, coloquei um vestido curto, roupa que não uso normalmente, me perfumei e quando ele passou indo em direção a casa de Rosa eu o chamei:

- Silvio! Gostaria de conversar com você, se puder.

- Oi?? Qual seu nome mesmo?? - Disse ele

Ele não se lembra nem de meu nome?? É brincadeira?? Não, não pode ser!!

- O que quer?? -Pergunta ele.

- Não, não é nada. Queria saber se viu Humberto por ai?! -Menti, não podia me rebaixar tanto declarando meu amor a quem não sabia nem meu nome depois de três anos o seguindo.

- Não. Não vi Humberto hoje. - Responde seco e vai embora.

Meu coração ficou em pedaços, fui embora dormir na casa de uma amiga e chorei o resto da noite...

Capítulo 2 - Ela não me vê! (Wagner)

Sou Wagner, tenho dezoito anos, estou me formando em contabilidade, moro com meu primo e amigo Paulo, minha tia e minha prima Flávia. Meus pais moram em São Paulo e vim para esta cidade para me formar em contabilidade e voltar para ajudar meu pai José Marcos em seu escritório. Não sou muito namorador, estou, estava, a procura de algo especial, verdadeiro, queria encontrar o amor e como meus pais um amor que fosse para sempre....Meu pai conheceu minha mãe Rita quando tinha menos que minha idade, ele disse que foi amor a primeira vista, fez de tudo para conquistar ela e até hoje parecem dois adolescentes, se beijando, fazendo carinho um no outro. Eu queria encontrar um sentimento assim.

E pensei ter encontrado, sim pensei.

Eu a vi debruçada no muro do colégio com olhar perdido, um rosto lindo, mais triste, uns olhos profundos, boca carnuda e os cabelos, longos lindos. Seu corpo pequeno mais bem definido, uma pele morena clara. Linda!

Foi a primeira vez que me interessei por uma garota sem conhecer, sem conversar. Senti uma vontade imensa de ir até ela e a abraçar, sentir o cheiro daqueles cabelos e beijar aqueles lábios carnudos.

Comecei a ir diariamente ao bar que ficava em frente a sala de aula onde ela estudava. A admirava de longe, ela sempre triste.

Infelizmente percebi seu interesse em outro rapaz, um branquelo que sempre que passava o olhar dela o seguia. Como eu gostaria de estar no lugar dele!

Para minha sorte, ou azar, ele não a notava, mais tinha uns dois garotos que sempre que podiam estavam a rodear minha garota.

Através de meu primo Paulo descobri o nome dela ''Paola'' , agora sei o nome da dona de meu coração.

''Paola'', aquela que eu queria para mim, queria cuidar dela, fazer ela sorrir, mais como se ela não me vê ?

- Wagner você vai para São Paulo nesse feriado da semana Santa? -Pergunta Paulo. - Ou vai atrás da garota que tirou seu sossego?

-Não sei. Meus pais ficaram de me avisar se virão pra cá. Espero que venham que não precisarei ir e eles não ficarão chateados comigo e ainda posso procurar por Paola.

Meus pais vieram e fui com Paulo a praça para ver a encenação e procurar Paola. Havia muita gente, a procurei por mais de uma hora até que a vejo com uma amiga, ela chorava, chorava muito. Chego até ela e pergunto:

- Você está bem? Precisa de alguma coisa?

- Não. Eu não preciso de nada nem de ninguém! -Ela me responde em lágrimas.

- Ele não merece suas lágrimas Paola! - Sua amiga lhe fala e a leva embora.

Ela estava chorando por outro. Ela gosta de outro.

Ela nem me viu. Nem olhou pra mim. Mais eu sou insistente, não vou desistir tão rápido.

Consegui fazer amizade com uma amiga dela, Lucinha e comecei a perguntar sobre Paola.

- Ela é apaixonada pelo Silvio, mais ele está namorando e não dá bola pra ela.- Lucinha me conta.

- Você é amiga dela! Fala pra ela sobre mim.

- Posso até falar mais ela é apaixonada e faz tempo, por ele, vou tentar depois te aviso.

Uma esperança nasceu em mim. Quem sabe ela topa falar comigo e eu consigo tocar seu coração.

Lucinha me disse que falou com ela, que eu estava interessado em conversar com ela, que queria uma chance apenas de conhecê-la.

Continuei a ir a frente de sua sala, percebi que ela me olhou, já sabe que eu existo, já fiquei mais feliz.

Me formaria este mês e dependendo do que acontecesse eu ficaria aqui mais um tempo ou iria embora pra São Paulo.

Combinei com Lucinha numa sexta feira, de ficar no bar enfrente a sala dela a esperando, que Lucinha dissesse a Paola que eu estou interessado nela e quero muito conversar com ela, que me dê uma chance.

Me arrumei como nunca, me perfumei, comprei um botão de rosa vermelho, estava ansioso, não via a hora de chegar a noite, tinha esperança de que ela viria falar comigo, e se isso acontecer eu a conquistarei, eu a farei esquecer aquele imbecil do Silvio.

As sete horas já fui pra frente da escola, eu queria que ela viesse logo, a vi entrando em sua sala. Talvez ela tenha prova e assim que acabar ela virá. Esperei, esperei, chegou a hora do recreio, ela virá agora!

Não, ela não apareceu, depois de duas horas esperando minhas esperanças estavam indo embora, ela não virá!! Comecei a beber uma cerveja, duas, três..... Deu onze horas, ela sai da sala de aula e vai embora..... Bebi, bebi muito. Meu amigo Paulo me levou pra casa carregado. Passei mal.

Meus pais preocupados vieram me buscar, eu nunca havia bebido. Prometi a mim mesmo nunca mais me apaixonar, nunca mais entregar meu coração a uma mulher.

Fui embora pra São Paulo com meus pais dizendo que nunca mais voltaria a essa cidade.....

Capítulo 3 - O casamento (Paola)

O tempo passa, não consigo esquecer o Silvio, ele continua namorando Rosa, ela estuda no mesmo colégio, em outra sala, a vejo e fico imaginando o que ele vê nela. Ela não é feia, mais também não é linda, tem os cabelos encaracolados é clarinha e é mais velha que ele uns três anos, ele é da minha idade, sei que faz aniversário em dezembro.

Não tenho ânimo pra sair, comecei a trabalhar em uma loja para conseguir pagar minha formatura, morava com uns parentes de minha família, trabalhava até aos sábados, tentei me interessar por outro, mais não consegui. Lucinha me disse que tinha um carinha querendo me ver, sair comigo mais eu não tinha vontade.

Saia de vez em quando com uns amigos e amigas, recebia cantadas de todo tipo, mais meu coração só tinha lugar pra um dono. Eu sabia que não era uma simples paixão, uma paixão não duraria tanto tempo.

Andreia e Humberto estão namorando, Suzete também arrumou um namorado, sei que Humberto namora Andreia porque ela é minha amiga e estamos sempre juntos. As vezes ele fica conversando comigo em vez de namora- lá, mais ele sabe que eu o tenho como um irmão.

- Filha, porque você anda tão triste? -minha mãe se preocupava.- Suas irmãs já namoram a um bom tempo e você não tem ninguém?

- Eu não quero ninguém mãe! Quero estudar e um dia me tornar uma pediatra, cuidar de crianças.- Respondi para ela deixar de se preocupar. Esse é meu sonho desde criança. Para tentar esquecer Silvio vou focar em minha profissão.

Uma noite, minhas aulas terminaram mais cedo, então fui, como fazia pelo menos uma vez por semana, até a frente da casa de Silvio, me sentei em um canto onde não podiam me ver e ali fiquei por horas, pensei muitas vezes em bater na porta e conhecer a mãe dele, seus irmãos, seu pai. Inventava mil desculpas para falar com eles e talvez conseguir até uma foto dele. Nunca tive coragem. Vi os dois saindo da casa abraçados. Chorei, nessa noite como nunca havia chorado, pedi aos santos, anjos, orixás, tudo que existe que me fizessem esquecer, tirar esse sentimento de mim, essa dor, mais foi em vão. Cada vez que eu o via com Rosa meu coração ficava apertado, doía, doía muito.

Fiquei sabendo que Rosa estava grávida e que se casariam em maio, Silvio já havia ido pra São José dos Campos procurar emprego. Acho que não há mais esperança, ele tem apenas dezenove anos e vai se casar. Porque não é comigo? Porque esse sentimento dura tanto tempo, esse coração que acelera só de ouvir o nome dele, sua voz, sua presença então, porque sinto isso a mais de cinco anos. Será que um dia vai passar?

Na semana em que vão se casar, por obra do destino nós nos encontramos na rua, e pela primeira vez ele olhou pra mim, sim ele me olhou! Durou alguns segundos, que para mim pareciam uma eternidade.

Seguimos nossos destinos, mais fiquei com aquele olhar em minha memória. Era um olhar diferente, um olhar que eu desejava a anos.....

Chegou o dia em que eles se casariam, passei o dia todo ansiosa, refletindo sobre a troca de olhar, seria uma ilusão minha? Algo de minha imaginação?

Pensei mil vezes se deveria ou não ir ao casamento e confirmar se eles se casariam mesmo. Na minha imaginação ele a deixaria no altar, me pegaria nos braços, me levaria pra longe e seríamos felizes para sempre.

Mais não foi o que aconteceu. Minha consciência falou mais alto, eu não tinha coragem de estragar um casamento, se ele não me viu durante anos, não seria agora que iria me notar.

Vou me entregar aos estudos, se não consigo tirar ele do meu coração mesmo casado, vou fazer de tudo para não pensar nele. Não o verei mais pois ele vai para longe, não ficarei mais perguntando sobre ele ou tentando vê-lo.

E assim fiz..... mais por mais que eu tentasse nunca mais meu coração bateu acelerado como batia por ele e assim se passaram mais alguns anos....

Minha irmã, Lurdes, que também mora em São José me disse que o encontrou no ônibus um dia com seu filho, mesmo se passando mais uns dez anos, meu coração disparou ao ouvir sobre ele.....

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