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Conflitos De Um Casamento Arranjado

Prólogo.

Desiré uma linda jovem, paulistana, estudiosa, batalhadora e acima de tudo parceira. Passou por um trauma de família passado esse que lhe assustou por um longo tempo.

Trabalha desde cedo para alcançar seus objetivos, e ser alguém na vida, estudante de direito, trabalha de dançarina numa casa noturna para ajudar o irmão e pagar os estudos.

Vê sua vida virar de cabeça para baixo quando conhece o Joaquim, o homem de beleza deslumbrante acaba chamando a sua atenção.

Por infortúnio ou sorte do destino eles se envolvem e acabam se entregando a uma noite de paixão, o inesperado acontece e três meses depois descobriria uma gravidez.

Joaquim homem humilde, esforçado, envolvido em vários projetos sociais, comanda a Hotel's Line, empresa fundada pelo pai.

Noivo da Manuela há dois anos, garota rica, mimada e insuportável, está numa missão ensandecida de levar o Joaquim para o altar.

De uns meses para cá Joaquim vem demonstrando sua infidelidade, motivo esse que deixou Manuela a espreita.

As intenções de Joaquim para com Manuela mudaram ao descobrir uma traição, fato esse que nunca foi provado.

O desinteresse do rapaz se dissipou no dia quem que ele colocou os olhos em Desiré, mulher linda e atraente dançando em cima daquele palco.

Imediatamente os sentidos do Joaquim foi acionado, a chama adormecida dentro dele reacendeu, aquela sensação de amor a primeira vista o tocou profundamente.

Antemão ele ignorou o sinal, mas ao passar a próxima meia hora observando a linda moça esvoaçante movendo-se lindamente naquele palco, vestindo aqueles pedaços de tecidos que cobriam somente o necessário o deixou louco.

O corselet preto, deixando os seus seios apertados e voluptuosos, um espartilho rendado, segurando a cinta liga segurando a meia arrastão, era muita informação para não olhar aquele monumento de mulher a sua frente.

A partir daquele momento ele não quis pensar em nada mais, uma coisa era certa ele a queria, e não haveria ninguém nesse mundo que fosse o impedir de tê-la.

Sete anos atrás

 

São Paulo, 13 de janeiro de 2015

 

Rodovia dos Bandeirantes, um veículo tripulado por quatro pessoas se chocou com uma carreta, a equipe médica local teve muita dificuldade para mover as vítimas das ferragens do veículo.

Quem conduzia o veículo era o empresário José Antônio De Alencar, com ele estava a esposa Débora Perez De Alencar, e os seus dois filhos. Infelizmente com a gravidade do impacto da batida, o empresário e a sua esposa vieram a óbito.

Os jovens foram encaminhados para a Santa Casa Do Perpétuo Socorro, Rodrigo filho mais velho do empresário teve uma leve luxação no braço esquerdo, a Desiré o estado da adolescente é delicado, porém não há risco de vida, segundo o boletim médico eles ficarão bem, e terão uma boa recuperação.

Com a morte do empresário, Rodrigo passa a ser o principal acionista legal da Alimentos Life, a empresa ultimamente passa por uma crise financeira muito delicada, o pai envolvido em vários escândalos corporativos, há tempos vinha tentando se reerguer infelizmente a situação não era tão simples como aparenta.

Processos, acordos jurídicos, a má conduta do empresário tudo implicou para que a empresa ficasse à margem da falência, assim então indo para leilão, deixando os atuais herdeiros na rua da amargura e sem herança, ou qualquer benefício que os sobrenomes ofereceram-lhe algum dia.

Notícia: Jornal da cidade.

Continua.

Dias atuais.

...Desiré ...

Falar que a minha vida virou de cabeça para baixo no dia em que os meus pais morreram foi o eufemismo do século. O turbilhão de notícias ruins vieram dias depois do funeral dos nossos pais, tivemos que lidar com a perda, a falência da empresa, e principalmente a ordem de despejo, não tínhamos parentes mais próximos dali para frente seria só o Rodrigo e eu.

Um ano inteiro para conseguir absorver o que aconteceu com a minha família, lidar com a nossa realidade foi uma experiência árdua e esclarecedora, tive que fazer acompanhamento psicológico, eu não tive muita escolha a não ser seguir adiante.

Afastei-me de todo mundo  que fazia parte do meu círculo social, mudar de escola naquele momento foi uma libertação para me, sentia que aquele mundo não me pertencesse mais, esse sentimento só aumentou depois da morte dos meus pais.

As pessoas a quem chamava de “amigos” foram desaparecendo um por um da minha vida, contato de telefone, redes sociais, passei a não existir para eles.

Cada dia que passa a saudade deles só aumenta, passar dia após dia e saber que eles não vão estar mais aqui para nos apoiar é assustador, o medo diminui porque sei que tenho o Rodrigo, ele faz o seu melhor.

Rodrigo teve que se desdobrar em dois empregos para conseguir pagar o aluguel, ele tentava esconder, mas o passado da nossa família o assusta demais até hoje e nunca permitiu que me faltasse nada.

Por eu ser de menor não eram em todos os estabelecimentos que eu conseguiria emprego facilmente, depois de muito procurar apareceu uma oportunidade de trabalhar meio período num consultório de odontologia.

Trabalhava pela manhã e estudava pela tarde, conciliar estudo e trabalho não foi nada fácil, graças a Deus com muita persistência concluí o ensino médio, prestei vestibular e ingressei na faculdade de direito.

Várias vezes o pensamento de desistir passava pela minha cabeça, o cansaço físico e psicológico era enorme, mas o Rodrigo estava lá me apoiando e me dando forças para que eu não viesse desistir, ele queria me ver formada e com um diploma, queria que eu fosse alguém na vida.

Na faculdade, conheci a Larissa e nesses últimos quatro anos de convivência nos tornamos melhores amigas, além do Rodrigo ela foi meu apoio para tudo nessa vida.

 A ideia de fazer aula de dança burlesca certamente surgiu da Larissa, uma das únicas loucuras que ela sugeriu e eu não me opus a recusar.

A gente trabalhava e estudava, os dias eram remotamente estressantes, a dança era nossa terapia. Minha vida continuava a mesma, sem maiores acontecimentos que fossem me tirar a paz a calmaria se fez presente nesses últimos dias.

Em casa estudando para uma prova de delitos, por ser minha folga havia planejado ficar estudando, mas como sempre Larissa me liga marcando de sair de última hora, eu não estava a fim de sair para comer, quem em sã consciência almoça às duas da tarde?

Na base do ódio, tomei banho, me arrumei, embarquei no ônibus e fui encontrar a Larissa, chegando no local, não parecia ser um restaurante, e sim uma escola de dança, não a mesma que a gente costuma fazer aulas, fiquei perdida sem entender nada. 

Desiré: E agora o quê você está aprontando Lari, que lugar é esse? — Perguntei irritada, pois gastei duas horas para chegar aqui.

 Lari: Amiga, calma, não surta, você irá me agradecer quando eu disser. — Os olhos dela chegou a brilhar, ela me conhece bem e sabe que não gosto de surpresas.

O meu instinto ficou alerta, vindo dela não deve ser coisa boa.

Lari: Pega, lê esse folheto. — Sem interesse nenhum pego o folheto e leio.

“ A Scandall está abrindo novas vagas para dançarinas, ter o domínio na dança basicamente em todos os ritmos serão um diferencial, estaremos realizando uma pré-seleção para integrar o nosso corpo de balé, interessadas só comparecer e realizar o teste.”

Mal terminei de ler o folheto e já recusei em seguida.

Desiré: Não, absolutamente não. — Ela me olha incrédula.

Lari: Amiga, a gente não pode recusar uma oportunidade dessa, o salário é ótimo. — Obviamente, ela sabia da minha recusa.

Desiré: Lari, não, o Rodrigo me mataria se eu aceitasse esse emprego.

O emprego novo

Lari: Eu resolvo com o seu irmão.— Completa esperançosa.

Desiré: Não, para, eu não tenho coragem nem talento para isso.

Lari: Mentirosa safa'da, tu domina no pole dance, até melhor que eu, suas pernas são longas, miga será incrível. Já pensou nós duas no palco brilhando?!

Desiré: Para de sonhar garota, isso é loucura.— Pensando bem é loucura.

Foi a única coisa que consegui falar, a louca da minha amiga já havia nos arrastado porta adentro, quis voltar, mas ela me impediu.

Lari: Olha confia em mim, o seu trabalho atual só está sugando sua vida, você está lá há dois anos e nunca foi promovida.— Odeio ter que admitir, mas ela tem razão sobre isso.

Desiré: Amiga as coisas não funcionam assim.— Tento fazer ela mudar de ideia.

Lari: Não se desmereça assim, merece muito sabes disso, agora poderá dar entrada no seu carro como você sempre sonhou.

Desiré: Ok, tudo bem, faremos o teste.

Ela não está errada, nos últimos meses estava pensando em procurar um novo emprego, acontece que a gente acaba se acomodando e não quer sair da zona de conforto, pode ser que ela esteja certa, o problema, enfrentar o meu irmão depois será dose.

 Lari: Fica calma, vamos arrasar. — Faz o pole e finaliza com o solo da música do Two Feet, você decorou ela inteira. E se eu não fosse tua amiga eu pegava em.

Desiré: Tarada, deixa isso para os seus boys lixos.

Ela riu em aprovação, sabe que é verdade, porque a minha amiga é especialista em escolher macho tóxico, pela glória do nosso senhor ela está solteira.

A moça do palco anuncia o nosso nome, fizemos apresentações individuais, e como a Lari havia sugerido fiz o solo de Two Feet, essa música domina o meu ser, das poucas vezes que me esforço para conseguir algo dessa vez me entreguei, dei tudo de mim.

Não estávamos preparadas para o que viria acontecer a seguir, ficamos entre as melhores do dia, e conseguimos a vaga para fazer parte do balé da Scandall. Se estou feliz nem tanto, mas orgulhosa demais por ter me saído bem em algo que pensei não ser boa.

Estava extasiada, eufórica, em choque, custava acreditar no que estava acontecendo.

Lari: Amiga, a gente conseguiu, estou tão orgulhosa de você.

Ela não sabia se comemorava ou se me abraçava, assim como eu, ela estava feliz.

Desiré: É arrasamos, estou tão orgulhosa da gente.

A recrutadora responsável pela seleção ficou com s nosso contato, e nos ligaria passando mais informações sobre o trabalho.

Uma semana depois continuei a minha rotina igual, quando o Rod chegava do restaurante eu já estava dormindo, bom era isso que ele pensava. Dias após a seleção a recrutadora nos ligou agendado uma entrevista.

Conhecemos o espaço onde iríamos trabalhar, decoração em tons preto e luzes roxas deu um ar mais sofisticado, o palco onde acontece os shows tem uma visão privilegiada, o vestuário feminino são de uso exclusivos das meninas, aqui também é comum ter show burlesco masculinos, normalmente ocorre em despedidas de solteiros, ou mesmo em festa de aniversário.

O corpo de balé é formado por dez meninas, fomos todas apresentadas no mesmo dia, a coreografa, vem duas vezes na semana ensaiar a série que executamos a noite, uma vez por semana uma das meninas é selecionada para fazer um show solo, apesar do cenário duvidoso achei todo mundo bem receptivo comigo e com a Lari. 

A equipe de segurança é composta por quarenta homens, bom se a primeira impressão é a que fica, gostei do lugar.

O turno de hoje inicia-se as vinte e duas, e até lá preciso conversar com o Rod sobre o novo emprego, estou ensaiando essa conversa a dias e não conseguir formular nada do que direi a ele.

Lari: Amiga, já conversou com o Rodrigo?

 Desiré: Ainda não!

Lari: Por que está adiando? Quer apoio moral?

 Desiré: Não é isso, só tenho medo de decepcionar ele.

Lari: Sabendo como ele é, primeiro ele vai lhe repreender, segundo ele irá insistir para conhecer o lugar e quem trabalha nele, para depois julgar se é ou não apropriado para você trabalhar.

Desiré: Ai, amiga é bem isso, às vezes fico assustada com o tanto que você conhece a gente.

Lari: Como eu não conheceria, quatro anos de convivência, a sua casa é a minha segunda casa amiga.

 Desiré: É você é família, só falta dar uma chance para o Rod.  — Ela gargalha auto.

Lari: Quem eu e o seu irmão? Nunca na vida.

 Desiré: E por que não?

Lari: Que nojo amiga, seria como beijar o meu irmão mais velho. E se for ver bem, por outro lado, ele é de mais para me.

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