A Pequena província de Whinder esta alvoroçada pela grande notícia de que um conde iria se mudar para a pequena e pacata cidade, todos estavam curiosos para descobrir qual feição teria o tal conde. Os boatos dos seus feitos se espalhavam por toda a província, não havia uma só alma que não se soube da sua chegada.
_ Ouvi falar que o conde tem uma aparência tenebrosa e que não é casado porque odeia as mulheres. Falava Dote enquanto dava um leve gole na sua xícara de chá de hortelã.
_ Sim, Sra. Dote, pois eu ouvi que ele era casado e que mantinha a própria mulher presa numa masmorra. Respondeu Joana Wilson com um leve sorriso Imagine só. Sr. Helen, manter a mulher numa masmorra.
_ Então esse homem deve ser um monstro, nunca me envolveria com um homem desse nível, tenebroso, simplesmente tenebroso.
Helen Hinfox era a mais nova de três irmãs e a única que ainda não havia se casado, todos já diziam que ela passava da idade e que se demorasse muito certamente como diz o ditado popular iria ficar para a "ti, tia" e a orgulhosa garota temia profundamente que algo assim a acontecesse.
Imagine só ficar solteirona pelo resto da vida, deve ser algo horrível, pensara a garota, ela estava prestes a completar vinte e cinco anos, certamente nesta idade qualquer mulher já estaria a tempos casada, mais por ser de uma boa família e ser mimada pelo seu pai fazia todos os seus caprichos, mesmo assim ainda não havia visto motivo para se casar e como sempre foi elogiada por ter uma beleza como falara o seu pai sem igual, imaginava que a idade e o tempo não seria problemas para ela.
A Família Hinfox fazia parte da lista das grandes e renomadas casas da província, conhecidas por serem família fundadora, uma vez que se estabeleceram na cidade de Hidlen ao norte de Whinder as suas terras e a sua fortuna pareciam simplesmente não ter fim, assim pensara Helen.
_ Falimos, falou George Hino, por gerações a nossa família manteve-se no topo da sociedade e agora após anos perdemos tudo, Helen, perdemos tudo.
O homem estava jogado na poltrona revestida a ouro, que a sua falecida esposa encomendara diretamente de artesão famoso que morava ao sul de Oxford, era necessário seguir o padrão de vida de Oxford, dizia ela, todas as grandes e respeitadas famílias seguem, iriam zombar da nossa família se vivermos aos farrapos,
_Como assim? Como algo assim nos aconteceu papai, a nossa família sempre teve muito dinheiro, como essa fortuna desfez tão rápido.
_ Não podíamos andar em farrapos, dizia a sua Mãe e comprava poltronas como essa, estofada com linhas de ouro e modelada sobre medida com pedras de rubis, cristais e outros frufrus e agora como vamos ficar Helen, aos farrapos_ gritava o homem apontando para a luxuosa poltrona, o seu bafo fedia a álcool e certamente estava bêbado, passara toda a manhã bebendo o vinho da adega da sua família em prantos como se não haverá amanha.
_ Papai, que bafo horrendo e esse, fala a menina abanando o leque para amenizar o cheiro do álcool_ não disse que iria parar de beber.
O velho joga o seu corpo bruscamente sobre a poltrona, e abaixa a cabeça para que a filha não perceba as suas bochechas avermelhadas, que sinalizavam o grau da sua embriaguez.
_Como vou para de Beber, se esta vida só me oferece mais e mais desgosto, o que será de nós... Longo suspiro... o que será de nós.
A situação não poderia ser tão mal, pensara a garota, a sua família tinha muitas posses e objetos de valor inestimado, talvez, se apertassem um pouco, vendessem algumas propriedades, pudera sair dessa situação, ela anda de um lado para o outro no grande salão de mármore, ainda temos amigos de longa data, certamente se papai pedir favores a alguns dos seus amigos, não haveriam de negar.
_Eu pensei. Papai, a garota ajoelhasse a frente da poltrona de fios de ouro que o seu pai está debruçado.
_ fale querida, O que pensou?
_O senhor conhece pessoas importantes na capital que são seus amigos de longa data, certamente se pedir ajuda a eles, não irão negar-nos ajuda.
_ Foi a primeira coisa em que pensei, Helen, imagine só, entrei em contato com todos os meus "amigos de longa data".
_E então?
_Nenhum daqueles abutres miseráveis dispuseram-se a ajudar-me, nem mesmo um.
_ Mais e o Sr. Miller, ele devia um grande favor ao senhor, quando ele estava prestes a entrar em ruínas o senhor estendeu as mãos a ele.
Sebastian Miller e um grande bancário de Whinder, sempre envolvido em escândalos, pois não consegue se manter longe das mulheres casadas, a sua fortuna era dividida em bebedeira e casas de prazer, nutria um sentimento profundo por Helen, até se dispusera a cortejá-la, mesmo dizendo que nunca se casaria, pediu a mão de Helen, que o rejeitou sem deixar espaço para dúvidas, o homem ficou furioso, como poderia ser rejeitado assim, alguns anos atrás Miller envolveu-se numa grande dívida e pediu ajuda ao pai de Helen, que e um grande amigo da sua família, o homem sem evitar pagou todas as suas dívidas, o fazendo como ele dizia aos quatro cantos uma dívida eterna.
— Não posso ajudá-lo. Sr. Hinfox, eu queria poder estender a mão para um amigo, mas agora não posso fazer nada. Dizia o homem enquanto enrolava com o dedo mindinho o seu bigode, quase dava para ver um leve sorriso sarcástico se formar nos seus lábios.
_Mais o senhor não precisa pagar toda a dívida, apenas quero um empréstimo bancário, e lembrando da "Divida eterna" que o senhor tem comigo, pensei que poderia ajudar-me com o banco.
_ Infelizmente, Sr. Hinfox, não posso fazer nada, eu não tenho como fazer nada pelo senhor.
Sebastian estava se sentindo vingado, veria Helen que tanto o desprezava cair no poço da amargura e não lhe daria se quer um dedinho para a ajudar a se levantar, ele nunca a perdoaria por tê-lo rejeitado, era um homem orgulhoso, e se orgulhava de nunca ter recebido o não de uma mulher, todas as mulheres da cidade eram loucas por ele e fariam de tudo para se casarem com ele, como poderia Helen o rejeita, isso feria profundamente o seu orgulho.
_Aquele patife como pode agir dessa maneira, depois de tudo o que o senhor fez por ele, a garota já sentia um desprezo sem igual por ele, agora se sentia enojada.
_ Devia ter visto o rosto do canalha, ele estava se segurando para não dar gargalhadas.
_ Homem insuportável. Ordinário, maldito e insensível, mas deixe ele para lá papai e se vendermos algumas propriedades, certamente conseguiríamos quitar a dívida.
_ Não há mais nada a ser vendido querida, praticamente já vendi tudo que tínhamos e a dívida ainda não está quitada nem se quer pela metade, só nos resta esse teto que esta sobre as nossas cabeças.
_ Então, não a maneira de pagarmos a dívida?
_ Não nessa vida, minha querida… suspiro… não nessa vida.
Helen senta-se ao lado do seu pai na grande poltrona de ouro, fitando-de cima a em baixo.
_ Para que precisávamos mesmo desta coisa dourada… suspiro longo.
Os dois soltam uma longa gargalhada, para amenizar a tristeza da situação horrível em que se encontravam.
Determinada a resolver a triste situação em que se encontravam, Helen, decidira, ir em busca de conselhos da Sr. Dote que era uma amiga de longa data, e por ser mais velha e experiente, sempre a oferecia bons conselhos, ela a considerava uma amiga sem igual, nunca a havia desamparado.
_ Sra. Dote, assim se resumi a minha ultrajante situação, falara a garota enxugando os olhos com o lencinho de pano bordado a mão que a senhora acabara de entregar-lhe.
_ Oh querida, não chore, vamos pensar em algo para resolver a sua situação.
Lindisey Dote, era uma mulher muito respeitada por todos, depois da morte do seu marido, ela teve que criar os seus dois filhos, Mike e Emily sozinha e ainda tinha que manter a sua família e o seu nome, ela administrava todas as propriedades da família com mãos de ferro, embora era incomum mulheres conseguirem prestigio, a Sr. Dote era um caso em especial, não havia um homem que conseguia lidar com a "Mulher de ferro" como todos a chamavam.
_ Imagine, Sra. Dote, eu nem irei mais poder comprar um único vestido numa modista da alta sociedade.
_Calma querida, você e uma mulher forte, tenho certeza ira resolver toda essa situação.
As duas mulheres andavam de um lado pelo outro, e a cada passo sugira uma ideia diferente.
_E se pedirmos um empréstimo ao Banco, o seu pai conhece pessoas.....andando para a direita
_ não, infelizmente os canalhas abandonaram o meu pai... andando para a esquerda
_ Já sei, posso-lhe emprestar o din...
- E muito alta\, a senhora não teria como me dar toda essa quantia e ainda tem a sua família...
_ E se... Deixe
Se encontram no meio do salão…
— Qual era a ideia, diga?
_ não, querida, deixe.
_ fale por favor, estou desesperada, não há nada que eu não faça.
_ E... Se... Você casa-se com alguém capaz de quitar a dívida da sua família… alguém muito, muito rico.
_ Mais quem numa cidade tão pacata teria dinheiro para isso...
As duas param por minutos diante da janela do salão, estáticas imaginando prováveis pretendentes, ficam por horas sem moverem em músculo sequer, até que por milagre lembrou-se que o destino estava a seu favor e que naquele exato momento a salvação que precisavam vinha para aquela pacata cidade, e falam quase simultaneamente.
_ O Conde...
As mulheres sorriem, diante de tamanha coincidência, era impressionante como conseguiam se completar, a Sra. Dote era a mãe de Helen desde a morte da sua mãe, ela sempre fazia visitas constantes a sua casa, após a morte da sua mãe ela acompanhou Helen em todos os momentos, no enterro, foi seu ombro para chorar, uma vez que o seu pai começou a se embriagar e já não conseguia ser seu apoio emocional, os papeis às vezes se invertiam, às vezes ela tinha que ser O pai, a morte da sua mãe foi um grande abalo para seu pai, ela era como ele a chamava o "pilar da sua vida", a garota sempre teve o amor dos seus pais como inspiração para seus relacionamentos, por isso demorava tanto para se casar, buscava por amor semelhante e agora iria abandonar esse ideal e salvar a sua família.
Helen andava pelas ruas da cidade, segurando as barras do seu vestido, chovia e ela não queria molhar a barra e muito menos estragá-lo, ela atravessara a rua poucos minutos, o seu guarda-chuva entortara com o vento, ela vira o seu corpo bruscamente e acaba tombando num homem que andava ao seu lado, e que acabara de perceber, por estar com a mente focada nas possas de água e na barra da sua vestido, que nesse momento estava totalmente encharcado pela poça enorme que acabara caindo, a poça era imensa cabia uma pessoa deitada sobre ela, certamente alguém poderia nadar pensara a poucos minutos e morreria afogado com toda certeza.
O homem nem se quer olha para trás para conferir o que havia acontecido, apenas continua a andar para frente, quando ouve os gritos da moça.
_Ai, você… Ela falou de forma grosseira como nenhuma outra mulher haveria coragem de falar, e apontou o dedo em direção ao homem, que se mantinha a poucos metros de distância parado de costa segurando um guarda-chuva.
_ Não viu o que me fez, como pode ser tão grosseiro e sair como se não se ouve nada.
O homem estava relutante de acreditar o que acabara de ouvir, pois se ele se lembrara, ela havia esbarrado nele, então não haveria hipótese alguma daquela mulher está a falar com ele, deu um sorriso de canto de boca e olhou de relance e constatou que a mulher era completamente louca, e vinha na sua direção com o dedo erguido para lhe acusar de algo que nem se quer era ele que havia feito.
_ Como pode haver homens como você, que se quer conseguem ser cavalheiros com uma dama como eu.
A garota prossegue com a acusação e coloca a mão na altura do rosto do homem, ela está furiosa, como ele não poderia se dar o trabalho de se quer olhar para trás, o seu vestido favorito estava enlameado e encharcado, como poderia alguém ser assim, ela decidiu naquele momento, que iria descontar todo o seu ódio naquele homem, o seu dia parecia que não poderia piorar mais, após ter que lidar com a notícia da dívida do seu pai não lhe restara um pingo se quer de paciência para lidar com esse tipo de homem.
_ Como... interrompida.
O homem segura ao dedo da garota com força e a puxa na sua direção colocando a outra mão na sua cintura, ele estava com ódio daquela mulher, como ela podia colocar o dedo na cara de alguém assim e agir de forma tão deselegante e ainda se autointitulado uma dama. Ele abaixa o rosto próximo ao seu ouvido, a garota sente o calor da boca dele aquecer o seu ouvido. Ela sente um arrepio a subir por todo o seu corpo a deixando ridiculamente corada, nunca havia chegado tão próximo de um homem antes, ela engole seco, estava estática, paralisada diante daquele estranho.
_ Tenho duas coisas a falar a Senhorita... ele aperta mais a cintura dela contra o seu corpo... primeira... foi a senhorita que esbarrou em mim, sujando os meus pês de lama, a garota olha para os sapatos do homem e constata estarem realmente sujos de lama.
_Segunda... eu não vejo nenhuma dama na minha frente, então não vejo motivo para ter parado para lhe oferecer ajuda... ele segura o dedo dela com mais força, e gira o seu corpo com a outra mão a atirando na poça de água lamacenta.
Helen se debate na poça como uma criança, o seu rosto fica vermelho, nunca havia sido tão humilhada na sua vida, aquele homem era o pior tipo que havia visto na sua vida.
_ Como ousa-me jogar nessa poça suja, seu grosseirão, sem modos… interrompida.
O homem dar um sorriso de canto de boca…
_ Eu tenho mais o que fazer, então passar bem, e se eu fosse você me preocuparia mais em sair dessa poça de lama. Ele chutou o guarda-chuva de Helen, que ainda não estava totalmente dentro da poça, fazendo com que entrasse por inteiro.
Ele saiu cantarolando em direção a seu caminho original, com um sorriso empolgado no seu rosto, Helen sentiu o ódio percorrer por todo o seu corpo ao ver o guarda-chuva tão enlameado quanto ela, ela pegara-o e o arremessara na direção do homem, que desviou mesmo estando de costa sem muito esforço.
_ Uma dama não arremessa objetos nas pessoas, falou o homem a uma boa distância enquanto seguia o seu caminho.
_Vá para o inferno... gritou a garota
Dava para ouvir o seu sorriso a quilômetros de distância, era um troglodita, pensara Helen, como pode um homem, arremessar uma dama em uma possa e ainda ir embora cantarolando, que tipo de homem era aquele.
Sra. Dote, esfregava os cabelos de Helen com força, com uma tolha de lã, ela mal conseguia se aguentar, para não rir da situação que a menina acabara de a contar, era divertido imaginar o homem a atirando numa poça lamacenta.
_E então ele foi embora cantarolando, como pode existir um ser tão grosseiro como esse, eu sinto ódio só de lembrar-me do rosto daquele canalha.
_Não consigo nem imaginar a cena... falara a senhora enquanto solta uma leve gargalhada, e ele era bonito?
_ quem?
_ O rapas que lhe atiro na lama horas, há outro? A mulher mal aguenta terminar a frase sem esboçar um sorriso.
_ A Senhora, se diz a minha amiga e rir da minha desgraça, falara a garota cruzando os braços a frente do corpo.
_ Não o reparei, estava furiosa demais para reparar algo assim, até porque não me interesso por esse tipo de homem, grosseiro, que se quer sabe tratar uma dama.
Helen tenta puxar na sua memória o rosto do homem, e tenta se recordar se tinha algo que a chamasse a atenção, o seu corpo se arrepia ao lembrar do calor da sua boca no seu pescoço e ela toca-o levemente com as mão, um arrepio sobe todo o seu copo fazendo o seu rosto corar quase que instantaneamente.
_Por que esta corada garota? Lembrou-se de algo? A mulher fita Helen com um sorriso sarcástico no rosto.
Helen bate com as palmas das mãos nas bochechas, dando leves tapinhas. Sra. Dote havia a pegado numa situação embaraçosa, mais ela não poderia deixar esse assunto se render mais, afinal o homem de mais cedo não era importante e ela tinha que focar no conde e não num grosseirão qualquer que atira moças em poças sem o menor pudor.
_ Sra. Dote, a senhora está muito saída para meu gosto, acho que exagerei na intimidade que lhe dei, para me falar algo tão ultrajante e sem cabimento.
A mulher solta uma longa gargalhada, pois nunca tinha visto Helen agir de forma tão desgrenhada, para sair de uma situação, ela sempre tinha as melhores respostas, e nunca havia medo de usá-las e agora agia como uma criança devido a um estranho, ela ate sentiu uma certa nostalgia, pois temia que Helen, acabasse endurecendo o coração, após passar por tantas coisas depois da morte da sua mãe, ela gostava muito da garota e não queria que ela se tornasse alguém triste e amargurada pela vida, como ela.
_Não precisa ficar tão tensa, afinal eu não lhe disse nada de mais, só perguntei se… interrompida.
_ Não temos tempo a perder com esse grosseirão, temos coisas mais importantes que precisam ser feitas... suspiro desanimado... por exemplo, meu futuro casamento.
Ela levanta-se da cadeira mais que depressa e move se em direção a escrivaninha.
_ Agora temos que pensar em como proceder o plano, temos que ver uma maneira de unir-me ao Conde.
_ Certamente não será fácil encontrá-lo, ele não e alguém comum, argumenta a Senhora enquanto se abana com o leque.
_ Sim, não e como se eu fosse esbarrar com ele na rua ou algo assim, temos que conseguir frequentar os mesmos lugares que ele, conhecer as mesmas pessoas.
_ Excelente ideia a minha querida, mais será praticamente impossível você frequentar os mesmos lugares que um conde, ainda mais na sua atual situação.
Para mais, baixe o APP de MangaToon!