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Laçando O Amor

CAPÍTULO I

Palavras da autora:

Olá meus queridos leitores andei um pouquinho sumida dando uma pausa para melhorar minha saúde, mas fiquei pesquisando para poder trazer novas histórias para vocês, por isso os convido a mergulhar em um novo mundo de romance que inicia hoje, peço também que compreendam pois não estarei liberando muitos capítulos na semana porque agora tenho restrições médicas quanto ao tempo que posso ficar digitando diariamente e como também trabalho meu momento como escritora está mais restrito, porém não os deixarei sem as histórias que tanto amo escrever e sei que vocês gostam muito de ler.

Desde já agradeço por embarcarem comigo nessa nova jornada.

*****

Ao longe escuto “VEM AÍ NO TIRO DE LAÇO A PRENDA MAIS CONDECORADA DO RIO GRANDE DO SUL, MONTADA EM SEU BELO GARANHÃO FERGUS, MARIAAAA” mas eu já estou longe da cancha galopando em meu puro sangue e fiel Fergus com meu bem mais precioso em meus braços.

Seu João, o segurança do Hospital Nossa Senhora da Oliveira, vem ao meu encontro e segura as rédeas de Fergus, meu lindo cavalo é muito obediente e docilmente abaixa a cabeça aguardando eu desmontar e pegar Pedro em meu colo, depois segue, submisso aos comandos de Seu João, até uma sombra do outro lado do estacionamento.

— ANAAAA, CHAMA O DOUTOR CARLOS - entro gritando indo para um leito vazio, todos me conhecem em Vacaria e nestes cinco anos de Pedro passamos mais no hospital do que em casa.

Pedro nasceu com cardiopatia congênita e a única maneira dele ter uma vida normal é realizando um transplante de coração, eu já sabia que seria uma mãe solo antes mesmo do Pedro nascer porque assim que meu ex-marido soube que Pedro necessitaria de cuidados diferentes de uma criança normal ele simplesmente decidiu viver a vida dele.

No dia do nascimento de nosso filho ele não estava presente, nunca foi vê-lo em todos os meses que esteve na UTI Neonatal ou nestes cinco anos de vida do meu pequeno. Desde sempre foi apenas Pedro e eu, corri atrás de tudo que meu filho precisou e só não lhe dei meu coração porque não posso, mas fiz muitas campanhas para doação de órgãos tanto que hoje me considero uma ativista ferrenha nessa causa.

Quando o cardiologista se aproxima do leito eu sei o que vai acontecer, conheço cada procedimento que eles realizam pois já passamos várias vezes por isso nesses anos todos, conheço até mesmo o que significa cada expressão que vejo no rosto do médico que nos acompanha desde o primeiro choro de Pedro.

— Eu sinto muito, fiz o que pude, agora vamos levá-lo para a UTI e torcer para que um coração chegue logo - informa o médico

— Quanto tempos temos?

— Dias… mas também pode ser … horas, não sei te dizer com exatidão Maria… nós sabíamos que em algum momento ia acontecer, ele se esforçou bastante até agora mas não tem mais forças, sem um transplante ele não sai do hospital.

Sim… eu sabia que esse dia chegaria, cuidei do meu filho nos mínimos detalhes porém não o privei de viver sua curta vida, sempre que pode está comigo nos estábulos cuidando dos animais, às vezes treinando seu laço com o boi de madeira ou montando seu touro mecânico batendo diversas e diversas vezes seus record de 8 segundos sob ele. Mas muitas vezes ele apenas pode me observar da janela do seu quarto ou sentadinho em algum monte de feno porque sua saúde não permite esforço algum.

Apesar do pai de Pedro nos abandonar tenho alguns anjos que me acompanham e são minha rede de apoio, um deles já está chegando e vindo ao meu encontro, meu pai acompanhado por Ana, esse jamais me deixou só, me criou sozinho até meus treze anos pois minha mãe morreu logo após o parto. Ana se tornou uma grande amiga desde que entrou em nossas vidas e hoje é uma excelente avó para Pedro.

— Como ele está querida? - apenas meneio a cabeça  sinalizando que nada está bem — Quando estávamos saindo pudemos ouvir o João convocando o pessoal para fazer uma reza por vocês - informa meu pai.

Ana não é de muito falar mas seu abraço sempre me traz o alívio que necessito e ao sentir seus braços ao redor de mim me permito chorar porque sei que dessa vez as horas com meu filho estão contadas, mas eu ainda acredito em um milagre então rezo em silêncio para Nossa Senhora Aparecida me conceder essa benção.

CAPÍTULO II

Fazem sete anos que saí do Brasil e no primeiro momento em que piso no aeroporto de Vacaria todas as lembranças vem como enxurrada e começo a reviver a maior tragédia da minha vida, trabalhei muito minhas emoções para poder voltar ao Brasil também me afundei no trabalho e aprendi tudo o que podia sobre culinária na França, mas eu sabia que em algum momento teria que voltar e enfrentar meu demônios.

Por sugestão do meu terapeuta voltei para uma cidade que tivesse as mesmas características da cidade onde aconteceu a morte de meu filho já que ir para Barretos ainda não estou preparado, então decidi vir para Vacaria e abrir minha nova franquia de restaurante aqui.

Minha formação é em gastronomia e há sete anos eu tinha um restaurante muito bem frequentado e mesmo com apenas dois anos inaugurado já possuía duas estrelas Michelin, mas para conquistar essas estrelas sacrifiquei meu casamento negligenciando minha função de marido e pai.

No dia em que meu pequeno morreu eu estava extremamente atarefado por causa da Festa de Peão de Barretos, o restaurante estava lotado e minha cozinha produzindo a todo vapor, era meu final de semana de estar com Mário e pretendia ficar com ele assim que o restaurante fechasse, mas ele estava impaciente queria ir no Parque do Rodeio ver os animais e Sandra, a senhora que me auxiliava cuidando dele no meu horário de trabalho, o levou porque ele não parava de chorar e fazer pirraça, mas ele fugiu dela, entrou na arena e foi pisoteado por um touro.

Nunca me perdoei por ter permitido Sônia levar Mário, EU deveria ter levado, EU deveria estar com ele, era EU que deveria estar lá. Nunca culpei Sônia apesar da pobre senhora atribuir a si toda a responsabilidade do ocorrido, mas sei que essa era minha obrigação e deixei o trabalho usurpar de mim o meu motivo de viver, porque na minha cabeça oferecer conforto para minha família era o que os fariam felizes.

Primeiro foi Sandra que me deixou e foi viver feliz com Jonas “um rapaz simples, mas que lhe dava a atenção que ela precisava” essas foram as palavras que ela me disse no dia que me deixou para viver com ele e depois Mário me deixou para sempre, o meu pequeno bebê que mal curti os sete anos que ele esteve comigo.

Depois dessa imensa desgraça vendi meu restaurante, Sandra se recusou a receber um real do que ela tinha direito dos nossos bens, pois para ela esse dinheiro só trouxe tristeza e queria distância de qualquer coisa que lembrasse o que levou nosso bem mais precioso.

Então eu estava imensamente rico e só com minha dor, decidi fazer a única coisa que sei… trabalhar mais… Fui morar em Paris e em dois anos já tinha inaugurado três restaurantes um em Paris, outro em Lille e o terceiro em Lyon, todos são pequenos e aconchegantes são boutiques da alta gastronomia com chefs renomados, cada funcionário dos meus restaurantes foram escolhido por mim após uma exaustiva entrevista e um treinamento ainda mais extenuante, por isso sei que só trabalho com os melhores e agora tenho uma excelente equipe muito bem treinada e um gerente extremamente competente em cada unidade.

Porém nada disso me fez feliz e agora o que quero é curar minhas feridas, mas também preciso ocupar o meu tempo, não consigo ficar ocioso e a ideia é abrir um restaurante ou mais de um aqui no Brasil começando por Vacaria.

CAPÍTULO III

Dou um pulo da cadeira derrubando cuia e mateira, mas o que é uma térmica quebrada se meu lindo filho acaba de receber mais uma medalha no tiro de laço de vaca parada, é o sexto ano que ele ganha medalha em todas as competições que participa, a parede do quarto dele já está repleta de medalhas e troféus.

Lembro-me como se fosse hoje que a sete anos atrás eu rezava com todas as minhas forças por um milagre e hoje meu milagre corre, brinca, laça e me enche de orgulho.

— Parabéns Maria, Pedro está cada vez melhor.

— Obrigada policial Santos - digo sem mostrar os dentes, não sei porque ele ainda continua se esforçando para se aproximar, já tentamos ir além de bons amigos mas não deu certo, não quero um homem arrogante e insensível mas não consigo lidar com homens grudentos e melosos.

Sou uma mulher independente e forte, claro que quero ter alguém na minha vida, mas essa pessoa precisa ser forte, determinado e acima de tudo que goste de verdade do meu filho e não que fique bajulando ele apenas para me agradar.

— Mãe, estou com fome.

— Então vamos comer um belo pedaço de carne meu campeão, que tal irmos naquele restaurante no centro lá deve estar menos cheios dos que os daqui perto.

— Se eu puder chegar e devorar um pedação de carne pode ser - diz Pedro rindo e lambendo os beiços mostrando o quanto deseja um bom churrasco.

Estamos no segundo dia do rodeio e a cidade está lotada, tem pessoas de todos os lugares inclusive de outros países, Vacaria já é uma cidade com uma população de mais de sessenta mil habitantes e no período de rodeio esse número quadruplica com os visitantes, é um povo para todos os lados, principalmente nos arredores do Parque de Exposições Nicanor Kramer da Luz onde acontece as festividades.

O restaurante que pretendemos comer está superlotado e assim como Pedro eu também estou com muita fome pois já passa das catorze horas, decido levá-lo a um restaurante que abriu a pouco tempo na parte burguesa da cidade, ele parece ser bastante sofisticado mas o cheiro da comida é maravilhoso e por sorte conseguimos uma mesa sem precisar de reserva.

— Mãe olha para a esquerda - diz Pedro cochichando.

— O que você quer que eu veja filho? - falo no mesmo tom.

— O Capitão América está no balcão.

Corto um pedaço de carne, ponho na boca e como se observasse o ambiente, foco o lugar indicado por Pedro e nooossaaaa que homem é aquele? Chris Evans está em Vacaria? Sem querer nossos olhos se encontram e ele me cumprimenta com um leve balançar de cabeça e eu, educadamente, retribuo o cumprimento.

— Huummm… foi notada pelo Capitão América - debocha Pedro.

— Encha sua linda boquinha de carne que por sinal é bem cara e pare de frescura - digo fingindo estar aborrecida, mas logo sorrio porque não consigo me chatear com meu garotão.

— Mãe eu gostei desse restaurante mas é bem caro.

— Não é um luxo que podemos nos dar todos os dias ou finais de semana, mas de vez em quando não tem problema querido.

Vejo a apreensão no rosto de Pedro, sempre fui bem aberta com ele em relação às nossas finanças, somos apenas eu e ele, apesar de meu pai e Ana sempre estarem nos auxiliando não gosto de depender financeiramente deles então sempre mantenho nossas despesas organizadas e Pedro sempre participou dessa organização.

Não somos pessoas abastadas mas também não vivemos na corda bamba, temos um certo conforto. Sou veterinária formada há mais de quinze anos e há catorze anos trabalho em uma grande fazenda cuidando dos animais.

Eu e Pedro moramos em um cabana que fica na fazenda onde trabalho, comprei a cabana e o terreno em torno depois de trabalhar arduamente por oito anos, meus patrões são parte da minha rede de apoio e sei que o valor que paguei pelo imóvel e o terreno foi bem abaixo do valor de mercado, mas não poderia apenas aceitar como presente algo que eles lutaram para conquistar, hoje eles têm uma grande fonte de renda mas tudo isso foi às custas de muito esforço então no mínimo era eu pagar pelo local onde moro assim poder chamar de meu sem nenhum constrangimento.

Temos uma caminhonete Hilux  mas gostamos mesmo é de andar a cavalo por isso temos cinco cavalos dentre eles meu amado Fergus que já está velhinho mas ainda é meu companheiro fiel e Jade a primeira égua que comprei para Pedro e por ele ela viveria dentro da cabana conosco.

— Mãe, vou ao banheiro, tomei muito suco e minha bexiga vai explodir - diz Pedro saindo apressado da mesa.

Mal ele sai da mesa e ouço um barulho de louça caindo e se quebrando junto com alguns gritos que não entendo, ao olhar para o local da agitação vejo meu filho envolvido na situação, meus pés me levam para perto dele sem ao menos eu precisar pensar e o que ouço mesmo sem compreender nenhuma palavra não parece ser algo bom que aquele homem está dizendo ao meu filho.

(Fonte Imagem: Pinterest)

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