Jason Collins
Como ela está linda, na praia, vestida de branco, com os pés tocando a água do mar, cabelos soltos ao vento, me olhando com um sorriso travesso. O Pedro está correndo atrás da Júlia, que grita pelo meu nome. Meus olhos se enchem de lágrimas ao perceber que tudo isso era apenas um sonho que tive na noite passada, sentado em meu escritório. Lembro-me de como tudo seria diferente se você ainda estivesse aqui, Cassandra. Penso nisso enquanto seguro o porta-retrato em minhas mãos, e a sensação de perda continua a dilacerar meu coração. Hoje fazem exatos 3 anos desde que minha amada partiu, deixando um vazio em minha vida que nunca será preenchido.
Jason Collins, 38 anos
Meu filho Pedro, com seus 10 anos, é a imagem viva de sua mãe, Cassandra. Seus cabelos loiros e olhos claros são um lembrete constante dela. Apesar de sua personalidade forte, seu rosto me faz lembrar do quanto ela era especial. Ele vive de implicância com a pequena Júlia, mas ao mesmo tempo, seu instinto protetor em relação a ela é comovente. Quando os dois se unem para tocar o terror, é um caos adorável que enche a casa de risadas e vida.
Pedro Collins, 10 anos
Júlia, com seus 6 anos, é a calmaria da casa, apesar de suas brigas com o Pedro. Seu jeito doce e seu sorriso meigo são um lembrete constante de Cassandra. Enquanto ela exibe cabelos pretos e olhos escuros, os traços são indiscutivelmente meus. Cada vez que olho para ela, vejo um pedaço de mim e de minha amada esposa.
Júlia Collins, 6 anos
Apesar das carinhas de anjos, sei que são o terror da casa. Desde a tragédia que tirou Cassandra de nossas vidas, fiquei afastado da empresa onde sou presidente de uma rede de imobiliárias. Agora, tento encontrar uma babá adequada para eles, mas o temperamento forte de Pedro faz com que elas peçam demissão com frequência. Quando estou trabalhando, eles ficam a maior parte do tempo com Helena, minha governanta, que, infelizmente, acabo sobrecarregando.
Fernanda
Após mais uma discussão com meu irmão gêmeo, Antony, que só se preocupa consigo mesmo e sua banda de música, saio de casa frustrada. Ele poderia muito bem me ajudar com as despesas da casa, mas sua obsessão pelo sonho de ser guitarrista parece mais importante. Com um suspiro pesado, sigo para o meu trabalho, onde faço delivery de encomendas no carro da empresa.
Fernanda, 19 anos
Sou a filha mais velha de uma família de 4 irmãos. Trabalho desde os meus 16 anos para ajudar meu pai a sustentar a casa. No momento, ele está desempregado e afundando-se em dívidas de jogos de azar. Minha mãe fugiu com o amante quando eu tinha 15 anos, incapaz de suportar a vida que levava ao lado do meu pai. Vivo minha vida em uma correria constante. Embora tenha sonhos, como o de me tornar uma grande atriz de cinema em Hollywood, sinto que esses sonhos estão distantes demais no momento.
Quase chegando à empresa, vejo um grande tumulto na porta. O coração dispara dentro do meu peito enquanto estaciono o carro às pressas e corro para ver o que está acontecendo.
Fernanda: O que está acontecendo aqui? - Pergunto, com uma mistura de curiosidade e medo, diante do túmulo. Meu coração bate forte, e um arrepio percorre minha espinha enquanto espero por uma resposta que pode revelar algo inesperado e emocionante.
Guilherme: O gerente de vendas teve que demitir mais da metade da equipe! - Ele responde, a tristeza evidente em sua voz. Seus olhos expressam uma profunda preocupação e solidariedade enquanto compartilha a notícia, ciente do impacto que ele causaria.
Meu amigo Guilherme parece triste e abalado, o que só aumenta minha ansiedade. Seus olhos refletem a gravidade da situação, e eu sinto meu coração apertar ainda mais, sabendo que algo sério aconteceu na empresa.
Fernanda: Isso não pode ser verdade! - Exclamo, com os olhos marejados de lágrimas, incapaz de aceitar a notícia devastadora.
Guilherme: "Houve uma queda nas vendas e eles não conseguiam mais manter todos. Sinto muito, Fe." - Guilherme responde com pesar, suas palavras ecoando como um golpe doloroso. A triste realidade da situação começa a se solidificar diante de nós, deixando um gosto amargo de desespero no ar.
E uma sensação de pânico me domina enquanto as palavras dele se afundam em mim. Sinto as lágrimas começarem a se acumular em meus olhos ao olhar para a lista de demissões e ver meu nome lá.
Fernanda: Não, não pode ser! - Exclamo, com uma voz embargada pela incredulidade, ao entrar na empresa e me dirigir à sala do gerente financeiro. Minhas pernas tremem de ansiedade e medo à medida que me aproximo.
Fernanda: Boa tarde, senhor. Desculpe por entrar assim, mas o senhor não pode me demitir! - Digo, minha voz vacilando enquanto enfrento o gerente, cuja expressão séria e triste me olha com pesar.
Gerente: Oi, Fernanda. Já ia mesmo te procurar para pegar as chaves do carro. Desculpa, mas tivemos que fazer cortes e, infelizmente, a maioria das mulheres foi afetada. Sinto muito. - O gerente responde com uma sinceridade triste, deixando claro que suas mãos estão amarradas.
Fernanda: E desde quando ser mulher é um problema? Trabalhei duro nesta empresa, nunca atrasei uma entrega. Não pode ser verdade. - Minha voz traz um misto de indignação e frustração, enquanto a realidade da situação me atinge com força.
Guilherme que veio atrás de mim, sempre com seu apoio tenta me acalmar.
Guilherme: Eu sinto muito, Fe. - Guilherme murmura, com empatia e tristeza, suas palavras sendo um eco do que todos estão sentindo.
Uma onda de frustração e desespero toma conta de mim, fazendo com que minhas mãos tremam enquanto saio da sala do gerente. Pego um cartaz da parede, amasso-o com força e jogo-o no lixo, meus olhos marejados de lágrimas.
Fernanda: SEUS MACHISTAS! - Grito em uma mistura de raiva, tristeza e incredulidade, a frustração transbordando.
Guilherme: Fernanda, eu sinto muito. Se eu puder ajudar em alguma coisa... - Guilherme apressa seu passo, tentando me acompanhar, e oferecendo seu apoio, seus olhos refletindo compaixão genuína.
Fernanda: Obrigada, Guilherme, mas agora preciso encontrar outro emprego. - Digo, com determinação em meio à incerteza.
Guilherme: Quer uma carona?
Fernanda: Não, vou andando. Quem sabe eu encontre alguma coisa nos classificados do jornal.
Guilherme: Tudo bem. Nos vemos depois.
Fernanda: Até logo, Gui. - Nos despedimos com um abraço.
Guilherme
Seu abraço aquecia meu coração, uma pena ela só me ver como um amigo. Meus sentimentos por Fernanda eram profundos e intensos, mas eu escondia cada emoção, com medo de arriscar a amizade que tínhamos construído ao longo dos anos. A notícia de sua demissão me abalou mais do que eu gostaria de admitir, e a sensação de impotência diante de sua situação me inundou com uma tristeza avassaladora. Eu queria tanto ser capaz de ajudá-la, de ser mais do que um amigo, mas a vida tem seus planos traçados.
Fernanda
Caminho até uma banca de jornal, meu rosto ainda vermelho de raiva e tristeza. Compro um exemplar e me sento em uma praça próxima, as lágrimas escorrendo livremente enquanto circulo os anúncios de emprego. Meus pensamentos estão com meus irmãos mais novos, João Miguel e Agatha, que dependem de mim. Eles merecem a chance de ter um futuro melhor.
Quase anoitecendo, decido passar no trabalho da minha melhor amiga, Manuela, que sempre esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis.
Fernanda: Boa noite, Manu.
Manuela: Oi, amiga! Que saudades... O que aconteceu? Você parece triste.
Fernanda: Fui demitida, Manu.
Manuela: Amiga, que terrível... E agora? - Manuela fala com um misto de compaixão e tristeza em sua voz, seus olhos refletindo a preocupação sincera que ela tem por Fernanda. Ela expressa emoção em suas palavras, demonstrando sua profunda solidariedade diante da difícil situação de sua amiga.
Fernanda: Não sei, Manu, não sei o que fazer.
Manuela: Você sabe que pode trabalhar aqui, não sabe? - Tenta amenizar o clima com um sorriso caloroso, esperando arrancar um riso de Fernanda, já que sabia que ela nunca aceitaria sua proposta.
Fernanda: Amiga, tá maluca! Nada contra, mas meu pai me mataria!
Manuela: É verdade. - Manuela ri suavemente, compartilhando um momento de leveza para dissipar um pouco da tensão. - Olha, não esquenta. Passa amanhã na minha casa depois das 11:00, porque saio daqui tarde. Vou te ajudar a procurar um emprego. - Ela diz com um sorriso solidário, e as duas riem, encontrando conforto na amizade que compartilham.
Fernanda: Obrigada, Manu! - A gratidão transparece em minha voz, e nossos olhares refletem uma amizade que ultrapassa palavras.
Manuela: Não fica assim, linda, vai dar tudo certo! - Manuela responde com um tom encorajador e apoiador, enquanto coloca a mão sobre meus ombros.
Fernanda: Não sei o que seria de mim, sem você! - Digo, com um sorriso frágil aparecendo em meu rosto, ainda lutando contra as emoções que me dominam.
Manuela: Bom, agora chega de choro, tenho que ir atender os clientes. - Manuela suspira, mostrando um lampejo de preocupação em seus olhos antes de se afastar, indo cumprir com suas responsabilidades profissionais.
Antes de que puder deixar aquele lugar, ela me chama.
Manuela: Ei. Fe. Não se preocupe, nós vamos encontrar uma solução juntas. - Manuela oferece seu apoio, e sua voz transmite calor e confiança em um momento de incerteza.
Aceno com um sorriso iluminado.
Manuella 27 anos, melhor amiga
Guilherme 24 anos, amigo
Manuela
Eu sou Manuela, mas você pode me chamar de Manu. Desde cedo, a vida me ensinou que não se trata de um conto de fadas, mas sim de uma jornada implacável. Minha mãe partiu cedo, quando eu ainda tinha 16 anos. Após isso, me vi forçada a abandonar o meu lar, devido ao meu padrasto, que tentou abusar de mim repetidas vezes.
Passei vários meses vagando pelas ruas, perdida na escuridão da cidade, até que o destino me apresentou a um homem que hoje é meu chefe. Ele me ofereceu uma oportunidade que não era exatamente o que eu sonhava para a minha vida. Tornou-me uma dançarina em uma boate chamada Amazon Clube, onde homens frequentam para ver mulheres dançando provocativamente em torno de um pole dance.
Não somos obrigadas a nos deitar com esses homens, a menos que sintamos vontade. Eu mesma o fiz uma vez, iludida pela crença de que Pietro, sonhei que ele ia me tirar daquela vida, já que me prometia mundos e flores, me resgataria daquela vida sombria, prometendo-me um mundo melhor. No entanto, a realidade mostrou-se cruel, ele apenas me usou e partiu.
Assim, eu sobrevivo neste mundo, enquanto meu chefe insiste que Fernanda se junte a nós. Mas esta não é uma vida que eu desejaria para ninguém. É um universo de sombras e ilusões, onde a luz parece estar sempre a uma dança de distância.
Antony
Eu sou Antony, o irmão gêmeo da Fernanda. Hoje, tivemos uma discussão intensa após eu contar a ela que estava prestes a embarcar em uma jornada musical ao lado da minha banda favorita. Meu sonho é me tornar o guitarrista que a banda sempre precisou.
Entendo que ela sinta a pressão de sustentar nossa casa sozinha, e lamento profundamente por isso. No entanto, não posso permitir que ninguém detenha meu ímpeto de perseguir meus sonhos.
Amanhã, partirei com a banda que está prestes a desbravar grandes palcos, até mesmo fora das fronteiras do Brasil. Nada nem ninguém vai me impedir de seguir esse chamado musical que arde em meu peito. É hora de agarrar a oportunidade e deixar minha marca no mundo da música.
Antony irmão gêmeo da Fernanda.
Guilherme
Oh, coitada, da Fernanda, uma jovem tão corajosa, carregando nas costas o peso de sua família. Seu pai, um homem irresponsável, mergulhado no álcool e afogado em dívidas de jogos. Seu irmão, um rapaz que parece flertar com a malandragem a cada esquina que dobra.
Inúmeras vezes, ofereci a ela a chance de vir morar comigo, trazendo consigo os irmãos aos quais está tão ligada. Contudo, parece que o destino teima em nos manter separados. Desde o dia em que nossos caminhos se cruzaram, meu coração se rendeu à paixão que sinto por ela.
Fernanda, com sua alma livre e alegre, é uma verdadeira guerreira, destemida diante dos desafios que a vida lhe impõe. Hoje, ela perdeu o emprego, e agora meu coração se inquieta, sem saber qual rumo ela tomará. Sinto um medo profundo de que ela aceite a oferta daquela boate, pois as oportunidades de trabalho na cidade estão minguando, especialmente para as mulheres. Rezo para que, mesmo em meio às dificuldades, ela encontre um caminho que a mantenha longe das sombras que ameaçam envolvê-la.
Thomas Santino
Eu sou Thomas, o melhor amigo e parceiro de negócios de Jason. Nossa amizade floresceu nos corredores da faculdade, e juntos, aprontamos muitas travessuras. No entanto, isso foi antes de Jason cruzar o caminho de Cassandra, a mulher que se tornaria sua esposa e mãe de seus dois filhos.
Cassandra era uma daquelas almas incríveis que iluminam nossas vidas. Sua perda foi um golpe que ainda ecoa em nossos corações, e o impacto em Jason foi devastador. Desde então, ele se afastou da vida noturna e das diversões. Entendo sua dor, mas a vida, implacável, continua seu curso. Uma hora ou outra, ele precisa encontrar um caminho adiante.
Para Jason, entretanto, a jornada tem sido tortuosa. Além do peso da perda que ele carrega, há também o desafio de conquistar o coração de seus filhos, que resistem em aceitar outra mulher em suas vidas como mãe. É uma batalha emocional que persiste, um quebra-cabeça complicado de resolver enquanto tenta honrar a memória de Cassandra e encontrar seu próprio caminho rumo à cura.
Thomas 35 anos
Jason
Saulo tem sido meu fiel motorista desde que Cassandra partiu, e desde então, eu perdi completamente a coragem de tomar as rédeas de um carro. Fui a inúmeros psicólogos e psicanalistas na tentativa de superar esse trauma, mas eles mal conseguiram aliviar meu fardo. Há um mês, Saulo pediu demissão, e esta é sua última semana ao meu lado, já que ele e sua esposa receberam uma proposta de emprego em outro país.
Decidi então publicar um anúncio no jornal em busca de um novo motorista, de preferência do sexo masculino, pois todos sabemos como as mulheres dirigem, e não quero arriscar minha vida. Além disso, há o risco de gravidez, e é necessário que alguém esteja sempre disponível.
Ao chegar em casa, meus filhos estão sentados diante da televisão, e por um momento, parecem dois anjinhos. Julia se aproxima rapidamente, pulando em meu colo.
Jason: Oi, minha princesa, como você se comportou?
Julia: Com um sorriso radiante, ela responde.
Julia: O Pedro ficou puxando meu cabelo o dia todo.
Pedro, Cruzando os braços e com um olhar desafiador, diz.
Pedro: Fofoqueira, é mentira, pai.
Jason: Pedro? Eu sei que sua irmã não conta mentiras.
Pedro, revira os olhos e murmura.
Pedro: Que saco, o senhor sempre defende ela!
Jason, com voz firme, ele repreende.
Jason: Cuidado com o palavreado, garoto. Vá para o seu quarto.
Pedro bufando responde.
Pedro: Está bem, vou para o quarto, mas não é justo!
Helena: Senhor Jason, posso servir o jantar?
Agradecido, ele assente.
Jason: Só vou tomar um banho, Helena, obrigado.
Após um banho revigorante, troco de roupa por algo mais confortável e desço as escadas. Antes de ir para a mesa de jantar, entro no quarto de Pedro.
Jason: Filho, está na hora do jantar.
Pedro: Com um suspiro resignado, ele responde.
Pedro: Não estou com fome, pai. E não é justo, eu só estava brincando.
Jason, com um olhar compreensivo, ele diz.
Jason: Eu sei que estava brincando, Pedro, mas precisamos manter a paz em casa. Vamos resolver isso depois do jantar, está bem?
Pedro: Está bem, pai.
Helena: Senhor Jason, o jantar está servido.
Jason, agradecido a Helena, ele olha para o filho e sorri, dizendo.
Jason: Obrigado, Helena. Vamos comer em paz, certo?
Pedro, com um olhar melancólico, ele quebra o silêncio. - Pai, eu queria tanto que ela estivesse aqui. Sinto falta dela.
Jason, com ternura, abraça o filho. - Eu também, filho. - Seu tom é carregado de saudade. - Ela está em um lugar maravilhoso agora, Pedro.
Pedro, com a voz embargada, questiona. - Mas por que, pai? Por que tinha que ser ela?
Jason: Com os olhos marejados, responde: Sua mãe era uma mulher incrível, filho. Foi por isso que Deus a quis ao seu lado.
Pedro: Com lágrimas nos olhos, desabafa: Sinto tanta saudade dela. Esta casa é tão triste e vazia sem ela.
Jason: Com um suspiro pesaroso, concorda: É verdade, filho... Tudo nessa casa lembra ela...
Julia: Com a curiosidade típica da infância, interrompe: Papai, vamos jantar. O tio Thomas está lá embaixo devorando tudo! Por que vocês estão chorando?
Jason: Com um sorriso triste, tenta disfarçar: Não estamos, filha.
Julia: Com uma pitada de inocência, diz: Parece que sim!
Pedro: Tentando manter a compostura, afirma: Claro que não, sua boba. Homens não choram.
Julia: Com um olhar desafiador, rebate: Bobo é você!
Jason: Em tom conciliador, diz: Tudo bem, vamos descer antes que o tio coma tudo.
Pedro: Com um toque de ironia, questiona: Ele não tem casa não?
Jason: Com um sorriso de resignação, responde: Parece que não.
Descemos para o jantar.
Thomas, já na mesa cumprimenta a todos.
Thomas: Oi, família."
Pedro, sauda de forma breve: Oi.
Thomas: O que há com ele ? - Com humor, cutuca Jason. - Oi, "Mine Jason."
Pedro: Em tom sarcástico, diz: Você não tem comida em casa não?
Thomas, com um sorriso cúmplice, brinca.
Thomas: Tá vendo, você é igualzinho ao seu pai, réplica perfeita!
Com doçura, Julia defende-se.
Julia: E eu? Não pareço com meu pai.
Thomas, com carinho, responde.
Thomas :_ Nem fale uma besteira dessa, pequena Júlia, você é uma princesa igual a.... - Thomas faz uma pausa, num gesto involuntário, baixa a cabeça por um breve instante, um silêncio que fala volumes sobre Cassandra, a mãe das crianças, cuja ausência ainda os atormenta. Ele não pronuncia o nome dela, mas Julia compreende o significado desse momento e sorri com ternura. Com um riso carinhoso, ela confirma.
Julia: Eu sei, com quem me pareço com mamãe, eu sei! Rsrsrsr.
Thomas, com um suspiro repleto de lembranças, ele assente: É sim. Ela era uma pessoa incrível.
Jason
Todos se acomodam à mesa, incluindo Helena, a quem faço questão de incluir em nosso convívio.
Helena: Com uma nota de saudade em sua voz, ela começa a compartilha suas memórias.
Helena: Quanta falta a nossa Cassandra faz. Lembro que esta casa vivia em harmonia, repleta de vida, com as flores que ela adorava cultivar, inclusive o pequeno roseiro.
Jason: Com um olhar suave e distante, ele adiciona.
Jason: É, Helena. Ela tinha um amor profundo por rosas.
Helena, com delicadeza, ela propõe: Deveria me permitir pegar algumas rosas, senhor, para enfeitar a casa.
Jason, com firmeza, ele reitera sua decisão.
Jason: Já disse a vocês antes, Helena, ninguém mexe nas rosas.
Helena: Com um sincero pedido de desculpas, ela responde humildemente: Desculpe, senhor, não quis chateá-lo.
Fernanda
Chegando em casa, me deparei com uma cena que infelizmente já era comum. Meus irmãos estavam na sala, imersos na luz da televisão, ao lado do meu pai, que, mais uma vez, estava afogado em álcool. Encontrá-lo sóbrio parecia uma missão quase impossível.
Agatha, a mais nova da família, que sempre trazia um toque de doçura ao ambiente, quebrou o silêncio. - Fe, oi, tudo bem com você?
Respondi com um sorriso: _Oi, minha princesa, estou sim, só um pouco cansada. E você, rapazinho, se comportou?
João Miguel, o irmão do meio, assumiu um ar de responsabilidade. - Sim, alguém tem que ser responsável nessa casa!
Aplaudi a atitude dele. - É assim que se fala, rapaz! Parabéns. Bom, vou preparar algo para nós comermos.
Agatha não hesitou. - Quero batata frita!
Fernanda: Ótima ideia! - Concordei, seguindo em direção à cozinha. Preparei o jantar com cuidado, coloquei-o na mesa e chamei Agatha e João para se juntarem a mim. Enquanto jantávamos, minha mente se perdia nos anúncios classificados do jornal.
Fernanda: Motoboy, aff... Sexo masculino, dançarina, ótimo! Só que não! Secretária com nível superior, que droga! Babá, Humm, interessante! Vou dar uma olhada nessa. Motorista particular, essa também. - Murmurei comigo mesma enquanto folheava o jornal, perdida em pensamentos.
João quebrou o silêncio. - Está procurando emprego?
Olhei para ele e respondi com um suspiro. - Mais ou menos, João. Infelizmente, fui demitida.
Agatha, preocupada, perguntou. - E agora, Fe?
Tentei tranquiliza-la - Vou conseguir outro emprego em breve, você vai ver.
Nesse momento, Antony, o mais velho entre nós, entrou na sala e nos cumprimentou.
Antony: Boa noite.
Respondemos em sincronia. "Boa noite."
Fernanda: Onde você andou o dia todo? - Questionei Antôny, tentando controlar minha frustração.
Ele respondeu com impaciência.
Antony: Não começa, Fernanda!
Desapontada, continuei.
Fernanda: Devia me ajudar, agora que estou desempregada. O jornal está aqui, você bem que poderia olhar essa vaga de motorista aqui!
Antony olhou sério para mim e declarou. - Vou atrás dos meus sonhos! Infelizmente, não posso te ajudar nessa. Não vou passar minha vida inteira ganhando uma mixaria. Ainda vou ser muito famoso e voltar para ajudar vocês!
Minha frustração aumentou, e levantei da mesa com um suspiro. - Pelo visto, não vamos chegar a lugar nenhum.
Ele tentou amenizar a situação.- Fernanda, amanhã eu vou viajar. Queria partir sem mágoas ou ressentimentos. Não quero ficar de mal de você.
Minha resposta foi indiferente. - Tanto faz.
Subi para o meu quarto, tomei um banho e logo adormeci, ansiosa para acordar cedo e verificar as vagas de emprego no jornal.
Na manhã seguinte, levantei-me, desci para preparar o café. João e Agatha desceram, já prontos para o colégio, e logo após, Antony desceu com suas malas.
Fernanda: Bom dia, meus amores. Sentem-se para tomar café. - Convidei.
Antony respondeu, tentando parecer animado. - Humm, parece ótimo!
Fernanda: Sim, está ótimo. Vejo que já arrumou suas malas. Pelo que vejo, não consigo te convencer do contrário! - Comentei enquanto levava uma xícara de café à boca.
Antony: Vou buscar meus sonhos, Fe. Acredita em mim, ainda vou fazer muito sucesso! - Afirmou Antony com determinação.
Eu sorri, mostrando meu apoio. - Eu acredito em você, boa sorte, maninho. E, por favor, tome cuidado.
Agatha, com os olhos cheios de lágrimas, suplicou. - Fica, por favor, não vá!
Antony acariciou os cabelos dela com carinho. - Eu vou, mas vou voltar, eu prometo!
Fernanda: Bom, vou levar vocês para o colégio. E depois, vou a luta!
Antony: Vou esperar os meninos, eles estão vindo me buscar.
Fernanda: Está bem! Se cuida, e mande notícias! - Pedi com um sorriso.
Antony brincou. - Pode deixar, minha cópia!
Fernanda: "Rsrsrs". Respondi com uma risada, tentando esconder a preocupação que estava sentindo.
Não estava brava com Antony, apenas um pouco indignada talvez. Não poderia impedir que ele buscasse seus próprios sonhos, mas rezava para que ele não se envolvesse em coisas erradas e que tomasse cuidado.
Após deixar João e Agatha na escola, segui para os endereços das vagas anunciadas. Ao chegar no local indicado para a vaga de babá, deparei-me com uma casa enorme e aparentemente vazia. Parecia que a vaga era realmente minha. Toquei a campainha, e logo uma senhora muito elegante veio me atender.
Fernanda: Bom dia, vim pela vaga oferecida! - Cumprimentei com um sorriso.
A mulher convidou-me a entrar: Assim entre, querida.
Fernanda: Já tem alguém para a vaga? - indaguei curiosa.
Ela respondeu: Vamos entrar. Bom, umas candidatas vieram, mas acho que não estavam preparadas!
Adentrei na casa, que por dentro parecia ser tão grande quanto um castelo.
Fernanda entrou na casa com os olhos arregalados de espanto.
Fernanda: Uau, sua casa é gigantesca!
A anfitriã, com um sorriso caloroso, respondeu:
Mulher: Sim, haha! Venha conhecer as crianças.
Fernanda seguiu a mulher, curiosa. Quando chegaram à sala, ela ficou boquiaberta ao ver sete crianças brincando.
Fernanda: Crianças? Eu pensei que fosse só uma!
A mulher riu gentilmente.
Mulher: São sete, na verdade. Não quis mencionar isso no anúncio para não assustar as candidatas, mas eles são bastante tranquilos.
Fernanda riu nervosamente.
Fernanda: Espero que sim! 😅
A mulher explicou detalhadamente a rotina que esperava de Fernanda:
Mulher: Bem, estes são meus filhos e o meu marido, Zayan. Basicamente, você terá que levá-los para a escola e buscá-los, enquanto estiverem na escola, ajudar a empregada com a limpeza, dar banho neles e colocá-los para dormir às 21:00. Seu horário de trabalho será das 8:00 da manhã às 22:00, de segunda a sábado. Além disso, em alguns domingos, iremos para a praia, e você também ficaria de olho nas crianças nesses dias. Alguma pergunta? Ah, o salário é de 1.200,00."
Fernanda ponderou por um momento.
Fernanda: Uau, isso é por cuidar das crianças, certo? E a faxina é por fora?
A mulher balançou a cabeça.
Mulher: Não, mas meus filhos são tão tranquilos!
Fernanda sorriu e respondeu com um toque de humor:
Fernanda: Me desculpe, então você mesma pode ficar cuidando deles 1.200.
Zayan o marido, interveio e convidou sua esposa para uma conversa mais privada no escritório, deixando Fernanda sozinha com as crianças, que começaram a cochichar entre si.
Criança 1 sussurrou: Vamos fazer com que ela desista.
Criança 2 concordou: Ela não vai durar um minuto.
Criança 3 mostrou confiança: "Essa aí já era."
Enquanto as crianças conspiram, Fernanda começou a sentir a pressão da situação e seu nervosismo aumentou.
Fernanda: Estou encrencada! - Ela rapidamente pegou sua bolsa e saiu correndo daquela casa cheia de personalidades peculiares. - Que família excêntrica! Agora só me resta a vaga de dançarina e a de motorista.
Ao chegar ao endereço da vaga de dançarina, Fernanda se deparou com a visão inesperada de várias mulheres semi-nuas. Ela hesitou por um momento antes de comentar:
Fernanda: Isso não é para mim? - Com um rápido movimento, ela deu meia volta e fugiu do local, decidida a encontrar outra oportunidade de emprego. Após várias tentativas fracassadas, ela percebeu que já tinha caminhado por quase cinco horas.
Finalmente, ao passar em frente ao apartamento de Manu, que provavelmente já estava acordada, Fernanda tomou uma decisão impulsiva. Subiu até o apartamento, tocou a campainha e aguardou ansiosamente.
Manu recebeu Fernanda com um abraço caloroso.
Manu: Amiga, oi! Nossa, você parece horrível!
Fernanda respondeu com ironia. - Ah, obrigada!
Manu insistiu. - Entra, entra! Então, encontrou alguma coisa?
Fernanda suspirou, desanimada. - Bem, fora uma família maluca com um monte de pestinhas e uma boate com strippers semi-nuas, não, não encontrei nada!
Manu riu. - Menina, está difícil mesmo, né? - Soltou risadas da situação.
Fernanda concordou. - Percorri a cidade inteira e não achei nada!
Manu teve uma ideia:
Manu: Vem cá, amiga, me dê o jornal.
Fernanda entregou o jornal a Manu, que começou a folheá-lo.
Manu: Não tem mais nada aqui, olhei todos os anúncios.
Fernanda ficou preocupada. - Só uma vaga de motorista particular!
Manu sugeriu. - Então vamos lá agora mesmo, eu só preciso vestir uma roupa!
As amigas partiram de carro em direção ao endereço da vaga de motorista. Quando chegaram lá, ficaram impressionadas com a beleza da casa, que tinha um jardim repleto de rosas.
Na entrada, havia vários homens que claramente estavam interessados na vaga. Fernanda desceu do carro junto com Manu e se dirigiram aos rapazes ali presentes.
Fernanda: "Com licença, vocês estão aqui pela vaga de motorista!"
Um dos homens respondeu:
Homem: "Sim, senhorita. Você veio trazer o currículo do seu marido?"
Manu, indignada, explicou:
Manu: "Não, nós não viemos pela vaga!"
O homem, com um tom desrespeitoso, provocou:
Homem: Me desculpe, senhorita, mas a vaga é para o sexo masculino, a menos que a senhorita tenha duas bolas no meio das pernas.
Os outros homens soltaram gargalhadas.
Manu não conteve sua raiva:
Manu: Seu idiota, grosso!
O homem argumentou, apontando para um aviso:
Homem: Está escrito ali: 'Vagas para homens', não está vendo!
Manu respondeu com desdém:
Manu: Otário! Que babaca!
Fernanda, percebendo que a situação estava ficando tensa, sugeriu:
Fernanda: Vamos, Manu, tenho que voltar para casa.
Manu concordou, mas com um olhar de indignação:
Manu: Devia dar uma lição naqueles babacas!
Elas entraram no carro e se afastaram dali, voltando para a casa de Fernanda.
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