Me chamo Sofia Lima, filha de Silvana Lima e Manoel Barbosa e irmã mais velha da Sara Lima.

A poucos dias completei 21 anos… como sempre minha mãe fez um bolinho para mim, ela e minha irmãzinha.

Meu pai mais uma vez não esta em casa, pois ele é caminhoneiro e passa a maior parte da vida nessas estradas do Brasil.

Ele sempre trabalhou muito para nos da do bom e do melhor, isso não podemos negar. Porém as vezes tudo que queríamos é ter a presença dele, como no dia do meu aniversário.

Quando minha mãe engravidou da Sara, ela foi diagnosticada com Diabetes Gestacional. Então meu pai pediu q ela ficasse em casa e cuidasse da sua saúde e da saúde da bebê, enquanto ele trabalhava dirigindo.

A cesária estava agendada para o dia 20/08, e estava tudo certo pro meu pai chegar no dia 18/08. Porém a Sara não quis esperar o papai e decidiu nascer no dia 15/08 pegando todos nós de supresa.

Por sorte eu já estava em casa na hora q a bolsa rompeu, pois eu estudava de manhã e a minha irma resolveu nascer a tarde.

Eu fui até a casa da amiga da minha mãe, que a propósito é mãe da minha melhor amiga, e a chamei ela para levar minha mãe pro hospital, e assim nós fomos. Eu tentei ligar pro meu pai diversas vezes, mas ele não atendeu pq estava dirigindo.

Mas graças a Deus deu tudo certo, Sarah nasceu forte e saudável. A bebê mais linda daquela maternidade.

Hoje ela é uma menina esperta demais, sorridente, alegre, porém nao é mais saudável como assim que nasceu.

A mais ou menos 1 ano descobrimos que minha irmã tem leucemia. Nossa vida virou de cabeça para baixo. Minha mãe até hoje não supera essa situação. Ver sua filhinha caçula se submeter a tal tratamento que é tão invasivo, a deixa arrasada.

Sara só tem 5 aninhos e já é uma grande guerreira.

Ela faz quimioterapia toda semana, e após cada seção, ela fica muito debilitada. E hoje não é diferente.

Minha mãe a leva para as seções, enquanto eu vou trabalhar e meu pai está na estrada.

Eu atualmente trabalho em um shopping do Rio de Janeiro. Moramos na baixada Fluminense e todo dia é uma luta para chegar no emprego. Mas é o que eu posso arrumar por agora.

Meu sonho é fazer faculdade de Medicina, quero me expecializar em Pediatria. Mas com a doença da minha irmã, tive q adiar esse sonho por enquanto. Mas se Deus quiser conseguirei realizá-lo, assim q minha irmã estiver curada dessa maldita doença.

Eu comentei sobre a mãe da minha melhor amiga, né?

Então… a tia Marcia é a melhor amiga da minha mãe desde a juventude. Consequentemente elas sempre moraram próximas uma da outra. Quando o marido da tia Marcia faleceu, minha mãe deu total apoio a ela. Uma sempre ajudou a outra em tudo q podiam.

Eu e Lara fomos acabou que fomos criadas juntas, somos quase da msm idade, eu sou mais velha q ela só 3 meses, então já já ela completa 21 tmb.

Ela atualmente mora no EUA. Uma tia dela a convidou para passar um tempo lá para conhecer e ela gostou tanto do país, q nunca mais voltou a morar no Brasil.

Eu sofri muito quando ela me contou q não voltaria mais a morar no brasil. Pois eu acabei perdendo a minha melhor amiga, confidente e irmã do coração.

Ela vem aqui 2x por ano.Que é quando tem feriados prolongados lá. Então ela vem e fica uns 10 dias conosco e depois volta pra lá.

Morro de saudades dela, das nossas noites de fofocas, das nossas brigas por causa dos boys q ela pegava, kkkk.

Ela chega hoje de viagem e não vejo a hora de vê-la novamente. Pois essa é a primeira vez q ela vem esse não. Já tem meses q não nos vemos e eu já tô morrendo de saudades daquela louca!

Lara Souza, 20 anos!

Me chamo Felipe Medeiros, tenho 30 anos, sou divorciado, e atualmente ocupo à presidência da empresa da minha família.

Sou filho único, meus pais são casados a mais tempo do que eu tenho de vida. Eles se conhecerem ainda na infância e desde então só tiveram um ao outro.

Minha mãe é advogada, uma bela advogada por sinal. Meu pai agora está se aposentando da empresa e eu sou seu sucessor.

Eu me casei quando tinha 23 anos. Um casamento arranjado q obviamente não daria certo nunca.

Karen é uma mulher extraordinária. Simpática ao extremo, amiga fiel, verdadeira, amante da natureza, resumindo, perfeita.

E vocês com certeza estão se perguntando… Pq não deu certo? E eu respondo…

Eu e Karen nunca demos e nunca daremos certo por um único motivo… Ela é homossexual.

Quando nós casamos, eu não sabia sobre a orientação sexual dela. Mas depois de dois anos de casados, só havíamos feito sexo 5x, eu já não aguentava mais.

A nossa última transa sem dúvida foi a pior de todas para ela. Lembro-me até hoje daquela noite.

Flashback on…

Havíamos acabado de transar, posso dizer q eu estava satisfeito e jogado na cama.

Já faziam meses q nós não fazíamos, porém eu nunca tive coragem de trai-la. Nunca fui mal caráter com mulher nenhuma e com ela não seria diferente, só pq eu não a amava.

Depois da transa, ela se levantou correndo e foi pro banheiro. Ela sempre fazia isso depois de terminarmos. Então pra mim era o normal dela.

Só q dessa vez ela não trancou a porta com sempre fazia. Ela deixou entre-aberta. Mas como nunca havíamos tomado banho juntos, não seria agora que eu iria entrar lá.

Eu ouvi o chuveiro ligado, porém havia um som abafado misturado ao som da água caindo.

Eu tentei controlar a minha curiosidade, mas ela me venceu.

Então eu levantei e a passos lentos, caminhei até a porta do banheiro e só assim identifiquei o tal som abafado… Era um choro!

Um choro angustiante, doloroso de ouvir… Abri a porta lentamente e vi uma cena q me cortou a alma…

Karen estava sentada no box do banheiro com o chuveiro ligado, o vidro estava embaçado, mas dava pra ver o quanto ela estava sofrendo enquanto esfregava o próprio corpo com uma esponja de banhos.

Felipe: Ká, tá tudo bem?

Karen: Vai embora, por favor!

Felipe: Não antes de saber o que você tem!!!

Karen: Eu tô bem. Vou ficar bem!

Felipe: Você é uma péssima mentirosa.

Entrei no box e me ajoelhei ficando a sua altura.

Felipe: conversa cmg, Ka. O que você tem?!

**Karen: **Felipe, me deixa… Por favor -suplica

Felipe: Não Karen. Eu não vou. Já disse q só saio daqui depois que você me contar tudo q te aflige.

Karen me olhou com um olhar indecifrável. Parecia q ela queria me contar algo, mas as palavras não saiam. Dava pra sentir a dor transmitido pelos seu olhar perdido.

Karen: Você quer mesmo saber, Felipe?

Felipe: Claro, Ka… Me conta. Eu sou seu marido, mas antes disso, eu sou seu amigo.

Karen: Tudo bem… Vamos voltar pro quarto e eu vou te falar.

Felipe: Ok.

Eu levantei e peguei na mão dela para q ela ficasse de pé tmb. Desliguei o chuveiro, lhe entreguei a sua toalha e a acompanhei até o quarto.

Ela se sentou na cama e eu puxei a poltrona para me sentar a sua frente.

Algo já me dizia que tinha alguma coisa séria nisso, mas nunca imaginei q fosse isso!

Karen: Felipe, você sabe pq o meu pai me obrigou a me casar com você?

Felipe: pra ser sincero não. A única coisa q eu sei, é que o meu pai fez um acordo com o seu em relação as empresas. Parece q a nossa empresa estava passando por dificuldades financeiras e o seu pai em troca do dinheiro emprestado, pediu q eu me casasse com você. Mas é só isso q eu sei.

Karen: Bom, essa tmb é a verdade. Realmente a empresa da sua família estava passando por dificuldades na época, então nossos pais fizeram esse acordo para q o meu pai ajudasse o seu. Porém, havia um motivo para esse casamento arranjado.

Felipe: Qual Karen?

Karen: A minha sexualidade.

Fiquei muito confuso com aquela frase. Como assim a sexualidade dela…

Felipe: como assim, Ka?

Karen: Poucos meses antes de nós casarmos, eu me assumi para os meus pais. Eu já tinha alguém em minha vida, mas eles nunca a aceitaram. Falavam q isso era

“modinha”,

“ que eu estava desiluda com os homens”,

“que eu era um demônio”

e o pior de todos

“que eu precisava de um pau grande e grosso para me fazer virar mulher outra vez”

Meu pai me bateu na cara quando eu disse q ele era um homofóbico de merda. E Depois disso ele e seu pai fizeram esse maldito acordo, e o resto você já sabe ou pode imaginar…

Flashback off….

Aquelas palavras de Karen foram como uma bomba no meu peito… Não pelo fato dela ser homossexual, mas pela forma como ela foi tratada pelo próprio pai. Isso era inadmissível.

Nós conversamos muito naquela noite e ali decidimos nos divorciar. Ela não poderia viver com uma pessoa q não amava e que essa pessoa tmb não a amasse. Havia alguém lá fora a sua espera e eu nao poderia ficar no meio disso. Ela precisava ser liberta daquele maldito casamento, assim como eu precisava me libertar tmb.

Eu amo a Karen, mas é um amor de irmãos. Ainda mantemos contatos, eu já até conheci a noiva dela, Natália. Outra mulher incrivel.

Elas são lindas juntas, formam um dos casais mais bonitos q já vi na minha vida. E eu só posso desejar mil felicidades para elas. Elas merecem!

Já eu… Eu sigo aqui, construindo meu império, e na luta para construir a minha família também!

Hoje é sábado e queria dormir até tarde, porém tem uma pessoa na minha sala fazendo escândalos. Eu conheço essa voz.

Me preparo para levantar, mas logo a porta do meu quarto é aberta bruscamente…

Lara: BOM DIAA MEU AMOOOOR -grita e corre até mim

Sofia: Laraaaaaa!!!’ -a abraço com força

Lara: Cheguei amiga!!! -grita no meu ouvido

Sofia: Eu tô vendo!

A gente rir e ela me solta!

Sofia: Chegou que horas, maluca?

Lara: Tem 30 minutos. Deixei as minha coisas lá na minha mãe e vim correndo pra te ver…

Sofia: Meu Deus!! - a abraço novamente- Senti tanto a sua falta…

Lara: Eu tmb meu amor!!! -me aperta no abraço

Ficamos ali abraçadas por um tempo… era muita saudades da minha amiga… Já fazia quase 1 anos que não nos víamos…

Lara: O dia está lindo… que tal irmãos na praia? Preciso pegar uma cor… Naquele país só neva!

Sofia: aaah eu queria ver a neve um dia!!!

Lara: Não seja por isso, vamos comigo!

Sofia: Iih a neve tá congelando seus neoronios mesmo! -falo rindo dela

Lara: Talvez… mas então, vamos na praia?

Sofia: Deixa eu ver se minha mãe vai precisar de mim, se não, a gente vai.

Lara: Ok. vamos falar com ela!

Sem nem ter escovado os dentes ainda, ela me puxa para descermos. Minha mãe estava preparando o café da manhã.

Sofia: Mãe, olha quem chegou!!!

Silvana: E eu não vi?? Entrou aqui igual um furacão gritando!!

Não aguento e começo a rir do comentário da minha mãe.

Lara: Para, Tia. Eu sei que vocês me amam!

Silvana: Não posso negar… eu amo você, doidinha!

Venham se sentem para tomar café.

Eu e Lara vamos para a mesa, sentamos e nós servimos.

Sofia: Mãe, a senhora vai precisar de mim hoje?

Silvana: Pq ?

Lara: Pq chamei ela para irmos na praia, Tia? Quase um ano que não sei o que é isso… já estou com cor de peido engarrafado.

Eu e minha mãe não aguentamos o tal comentário. Essa menina só piora com o tempo!

Silvana: Pode ir, filha. Se eu precisar de algo, chamo a Márcia. Vai se divertir um pouco, você merece!

Sofia: Realmente… Trabalhar a semana toda é puxado. Mas ainda bem que eu tenho os fins de semana livre.

Lara: Então, vamos?

Sofia: Só vou terminar de tomar meu café e vou me arrumar.

Lara: Ok. Vou em casa me trocar tmb. Daqui a 30 minutos eu volto pra gente ir.

Sofia: Ok.

Lara pega mais um sanduíche e sai comendo. Minha mãe tentou pegar da mão dela, mas ela foi mais rápida.

Silvana: Essa menina tá cada dia mais levada.

Sofia: Deixa ela… Talvez seja por essa loucura que nós somos apaixonadas por ela.

Silvana: É, tem razão.

Sofia: E a Sara, não vai comer?

Silvana: Ela ainda está dormindo. A seção de ontem foi puxado pra ela. Vou deixá-la descansar.

Sofia: Não vejo a hora de conseguirmos o transplante para ela.

Silvana: Mas mesmo que consigamos agora, ainda sim não temos o dinheiro para pagar a cirurgia.

Sofia: Vamos da um jeito, mãe. Eu prometo que ainda vou pagar isso pra minha pequena. Eu juro!

Silvana: Se Deus quiser, minha filha.

Sofia: E ele quer! Você vai ver.

Agora vou me arrumar para ir na praia. Qualquer coisa me chama.

Silvana: Tá bom, vai lá.

Eu saio da mesa ainda comendo meu pao. Vou pro meu quarto e pego meu biquíni e vou pro banheiro me arrumar.

Meia hora depois Lara volta já arrumada para a praia.

Lara: Está pronta, minha linda?

Sofia: Só estou arrumando minha bolsa.

Lara: Ok.

Logo eu termino de arrumar minha bolsa e a gente desce. Me despeço da minha mãe e pegamos um táxi até a praia do Leblon.