Faço como falei ao meu advogado, vou até a minha sala pegar as últimas provas para anexar ao processo; passo pela mesa da secretária e percebo que ela não está nem por perto, penso que deve ter ido ao banheiro..., olho para o canto onde fica uma pequena recepção, tem um garotinho no sofá com um brinquedo nas mãos, deve ser o filho de Guilherme meu advogado.
Dou dois passos em sua direção na intenção de cumprimenta-lo, mas ao seu lado tem algo que atrai meu olhar..., é a moça mais linda e meiga que já vi em toda a minha vida, tem um rostinho encantador, meus olhos ficam presos nela, atento a forma como interage com o menino, como sorrir para ele.
Ok, devo tá com uma cara de lobo encarando uma pobre ovelha distraída..., tento recompor-me quando ela olha para mim e lança aquele sorriso espontâneo..., impossível não retribuir, ainda mais com essas covinhas lindas nas bochechas..., tenho certeza que agora estou babando, embora sempre mantenho a seriedade.
Ela levanta e caminha na minha direção..., tento manter a postura de CEO, arrumo a gola da camisa e ia dá um jeito na gravata, mas aí lembro que estou vestido com o uniforme de faxineiro..., até poderia explicar, que tenho mania de me vestir assim para me infiltrar em nossas lojas e verificar como os funcionários trabalham, se precisam de melhorias, é uma espécie de disfarce, e esse é o disfarce para passar uma semana infiltrado em uma filial, mas tinha uma reunião com meu advogado e acabou não dando tempo de trocar de roupa..., mas a forma que a garota fala comigo sem a menor cerimônia, sem se preocupar com formalidades, sem dirigir-se a mim como senhor, é interessante, me deixo levar..., deixo ela pensar que sou um funcionário da empresa...
Alice:_ Oi!
Kessid:_ Oi...
Alice:_ Desculpa, sei que deve está ocupado, mas poderia nos conseguir um pouco de água?..., por favor, quebra essa pra gente, não sei por quanto tempo ainda vamos esperar..., sabe como é, nossos patrões estão em uma reunião importante..., por favorzinho!
Kessid:_ Ah..., é claro..., nossos patrões..., e-eu posso..., tem..., uma salinha aqui ao lado..., vem comigo, consigo água...
Alice:_ Obrigada..., Noah..., vem, vamos beber água gatinho...
Isso foi mesmo muito interessante..., ela tem uma alegria na expressão e não é só o sorriso lindo, essa coisa meiga e inocente que me atrai..., também tem a voz doce, parece ser carinhosa, paciente e transmite uma animação natural..., a observo discretamente, mas ainda não consigo acreditar que seria assim se soubesse quem sou.
Chegando na salinha onde fica um bebedouro, encontro minha secretária preparando um café, assim que me vê quase abre a boca para falar algo, faço um gesto discreto de "se me chamar de chefe está demitida", sei que iria me tratar com formalidade, o bom é que temos uma boa conexão, ela entendeu que não quero que estrague o meu disfarce..., passo ao lado de Glória, tentando agir naturalmente, pego dois copos..., ela nos oferece café sem a menor formalidade..., agradecemos e recusamos praticamente falando juntos, olho para a garota e sorriu, foi engraçado..., por uns segundos fico preso em seu sorriso, mas aí lembro da água...
Kessid:_ A sua água..., eu sirvo vocês...
Glória fica me observando, sei que ela quer rir..., a encaro de forma ameaçadora, sabe que se rir vou transferi-la para a recepção de baixo como punição, mesmo assim, ainda vejo o ar de que está se divertindo..., dou um jeito tira-la daqui...
Kessid:_ Dona Glória, o sr Kessid estava lhe procurando...
Glória:_ É mesmo?, e o que ele quer?
Kessid:_ Que a senhora volte para a sua mesa imediatamente..., ele precisa de uns documentos..., que a senhora já sabe quais são.
Glória:_ Não lembro desses documentos...
Kessid:_ Dona Glória..., o sr Kessid disse que caso não vá, agora mesmo, será transferida para a recepção de baixo..., e ele pediu que a lembrasse que a senhora odeia aquela recepção, com certeza ele ficará furioso se não obedecer suas ordens..., entendeu?
Alice:_ Nossa..., ele deve ser um chefe horrível para ameaça-la assim...
Glória:_ Concordo com você querida, ele é..., é um homem horrível..., hor-rí-vel!
O comentário da garota me desanima, o pior é minha secretária falar de mim concordando e me encarando..., fico pensando desde quando ficou tão atrevida?., mas ao menos entendeu minhas intenções, ela se vira e sai com aquela cara cínica..., faço tudo para agrada-la, por isso é rebelde desse jeito. Depois converso com essa..., senhora..., me concentro na moça linda à minha frente. Sirvo a água para os dois e tento mudar de assunto...
Kessid:_ Aqui sua água..., e não dê atenção a dona Glória, o Sr Kessid não é como ela disse...
Alice:_ Obrigada...
Kessid:_ Ainda, não me disse seu nome.
Alice:_ É mesmo..., me chamo Alice, e esse rapazinho aqui é Noah..., e você?, como se chama?
Kessid:_ E-eu?
Alice:_ Sim?!
Penso em como me chamo, vou usar o mesmo nome que geralmente uso quando estou infiltrado nas lojas, é comum e acho que tenho cara de Gabriel...
Kessid:_ Ga-gabriel..., me chamo Gabriel.
Alice:_ O que faz aqui?, digo, qual a sua função Gabriel?
Kessid:_ Eu..., sou..., sou faxineiro..., cuido da limpeza de todo esse andar.
Alice:_ Nossa, deve ser difícil manter esse lugar assim impecável...
Kessid:_ É um pouco..., mas dou conta.
Alice:_ E, é difícil conseguir um trabalho em um lugar como esse?
Kessid:_ Depende do cargo..., mas, e você?..., faz mais alguma coisa além de ser babá?
Alice:_ Como sabe que sou babá?, não lembro de ter falado...
Droga, como sou idiota..., é óbvio que sei que ela é a babá, mas agora, parece que a julguei pela aparência, por ser muito jovem e não ter cara de mãe de um menino dessa idade, mas poderia ser a tia ou outra coisa..., tento me explicar...
Kessid:_ Não falou mesmo..., eu é que chutei por causa dele..., e você não tem cara..., de mãe..., me desculpa..., eu não sei o que tô dizendo...
Alice:_ Tá tudo bem..., você é muito esperto..., sou babá.
Kessid:_ E o que faz, além de ser babá?..., o que gosta de fazer?
Sei que preciso voltar, mas estou muito interessado em saber mais sobre ela...
Alice:_ Estudo moda, amo desenhar..., essas coisas...
Kessid:_ Gostaria de ver seus desenhos um dia..., poderíamos nos ver qualquer dia..., o que me diz?
Alice:_ É, quem sabe..., obrigada Gabriel..., você é muito gentil, mas temos que ir agora, o sr Guilherme já deve está esperando...
Kessid:_ Ah..., sim.
Acho que ela percebeu meu interesse, agora parece tímida e sinto que tá me dispensando já que nem mencionou trocarmos número de telefone..., talvez não fizesse isso se soubesse que não sou um simples faxineiro, talvez não seja diferente das outras que já conheci.
Os conduzo de volta para o sofá, lembro que preciso levar os documentos a Guilherme, saio da visão de Alice, entro em minha sala, pego tudo e levo para o advogado. Mas, agora estou totalmente distraído, confuso..., aquelas covinhas não saem da minha cabeça, mesmo achando que isso não vai dar em nada, certeza que me olharia diferente se soubesse que sou rico...
Estávamos esperando o sr Guilherme e acabei conhecendo um funcionário da empresa. Gabriel é muito educado e gentil..., mas não reparei só nisso, também vi que é um homem muito bonito, já deve ter quase trinta anos e a conversa foi muito agradável, percebi que ele se mostrou interessado em saber mais sobre mim ou posso estar confundindo as coisas, devia só ta puxando assunto, provavelmente já é casado.
Fiz bem em encerrar a conversa, não é o momento pra um bate-papo, precisava esperar o pai de Noah..., voltamos para o sofá, fico observando Gabriel se afastar e entrar no escritório do chefe..., tive uma boa impressão dele, me passou confiança, mas ainda assim é um estranho.
Senhor Guilherme demorou mais uns 20 minutos..., ele é o pai do garotinho de quem sou babá, descobriu o filho a poucos dias e brigou com Marina, mãe de Noah, é uma longa história esses dois, uma pena que ainda não se acertaram, mas torço que logo consigam conversar, afinal, eles se amam. Vejo que assim como Marina, ele também está sofrendo com essa distância.
Sr Guilherme pega o filho nos braços, eles já estão bem familiarizados, o menino o abraça todo feliz, é o final de semana deles..., ouço com atenção o que ele diz...
Guilherme:_ Alice, preciso ir com Noah agora, estou atrasado para outro compromisso por isso não a deixarei em casa, mas já pedi a dona Glória para chamar seu táxi, assim que chegar ela a avisará, tudo bem pra você?
Alice:_ Sim senhor, sem problemas..., podem ir tranquilos.
Dou um beijo em Noah e nos despedimos..., eu sei que não é compromisso, ele está evitando Marina, mas ao menos se preocupou em me ajudar a voltar para casa, ainda não conheço bem a cidade, cheguei há poucos meses do interior..., sr Guilherme praticamente me entrega sobre a responsabilidade da secretária, agora é sentar e esperar minha carona.
Uns minutos depois, ela vem para avisar que já chamou o carro..., fico mais tranquila em saber...
Glória:_ Alice querida, seu táxi chegará em alguns minutos.
Alice:_ Obrigada...
Falo o mínimo, estou meio que me sentindo um peixe fora d'água..., a mulher mal fechou a boca e o telefone de sua mesa toca, ao atender percebo que muda a postura, meio que disfarça, não dou atenção. Uns dois minutos depois Gabriel aparece, pega uma chave com a secretária e vem até mim.
Kessid:_ Alice..., sr Kessid mandou que a levasse em casa a pedido do sr Guilherme..., se quiser pode ligar e confirmar.
Alice:_ Não precisa..., ele pediu que dona Glória chamasse um táxi e acho que já está chegando, mas obrigada.
Kessid:_ É que acabei de saber que seu táxi não virá, a própria Glória avisou ao patrão...
Olha um pouco desconfiada, não notei a secretária sair ou ligar, mas a própria me dá um sorriso meio sem graça e confirma com um balançar de cabeça..., bem, já que não tem outro jeito, concordo, só quero ir pra casa.
Seguimos para o estacionamento e entramos em um carro popular, Gabriel parece estranhar, ajusta tudo para o seu tamanho, como se o carro fosse pequeno para ele e não consegue dirigir de cara, pergunto para descontrair
Alice:_ É o carro de dona Glória?
Kessid:_ S-sim..., só preciso, dá um jeito nisso..., pronto..., vamos?
Alice:_ Sim..., ela deve confiar mesmo em você.
Kessid:_ Ela confia..., e acho que podemos nos conhecer melhor já que teremos alguns minutos juntos até chegar em sua casa..., fiquei curioso com seus desenhos, pode me falar mais?
Penso por uns segundos, se dona Glória confia nele fico mais tranquila, e suas perguntas não são inconvenientes...
Alice:_ É que..., eles ainda não são muito bons...
Kessid:_ Já fez muitos?..., digo, desenhos?
Alice:_ Alguns..., até tentei tirar do papel, mas não ficaram exatamente como imaginei, mas vou aprender.
Kessid:_ Então, além de desenhar também confecciona?
Alice:_ Eu tento...
Kessid:_ Algo me diz que além de talentosa você é modesta.
Alice:_ Obrigada..., mas, é como eu disse, ainda são muito amadores..., amo desenhar e me esforço para melhorar..., Gabriel, e você?
Kessid:_ E eu?
Alice:_ Gosta do que faz?
Kessid:_ Ah... Sim..., gosto..., eu me sinto muito bem..., em deixar tudo limpo..., e organizado..., essas coisas.
Alice:_ Acho que isso é o que importa, fazer o que se gosta, independente do que seja...
Kessid:_ Você está certa...
Mais uns minutos e chegamos, ele estaciona e se vira para mim com um olhar..., sinto que não confundi nada antes, ele parece mesmo interessado e agora de um jeito bem mais evidente, mesmo que não fale diretamente..., antes de qualquer avanço preciso saber...
Alice:_ Gabriel, posso te fazer uma pergunta ?
Kessid:_ Quantas quiser...
Alice:_ É casado?..., ou tem namorada?
Gabriel rir como se aprovasse, acho que eu é que fui inconveniente..., mas agora dá pra ver melhor, ele tem um sorriso muito bonito, os lábios, os dentes, é um homem charmoso..., ele responde sem ao menos pensar...
Kessid:_ Não, pode ficar tranquila, se te interessar, serei todo seu...
Fico ruborizada..., tive uma criação muito rígida numa casa cheia de homens, meus pai, meus irmãos..., esses lances de paquera me deixam envergonhada, mas tento manter a naturalidade, gosto de parecer mais madura e moderna.
Já até beijei umas vezes, mas nunca nem namorei sério, consegui me livrar dos cabrestos de meu pai só com 17 anos e foi quando consegui beijar pela primeira vez, aos 18 podia sair para uns festivais da comunidade em que eu morava, mas sempre acompanhada. Meu sonho sempre foi vir para a cidade grande trabalhar e estudar moda e vi em Marina essa oportunidade, ela realmente está me ajudando, é um anjo em minha vida.
Já tive minha resposta, abro a porta do carro, mas antes de sair ele segura minha mão e fala me encarando...
Kessid:_ Agora, que sei onde mora, posso vir te ver, outro dia?
Alice:_ Não sei...
Kessid:_ Não vou forçar a barra, só quero conhece-la melhor..., podemos ser amigos...
Alice:_ Acho que..., tudo bem..., eu gostei de você...
Kessid:_ Também, gostei muito de você Alice.
Falo tímida, não sei se deveria ter dito isso, mas realmente gostei dele..., Gabriel beija minha mão, pega uma caneta do bolso e anota um número de telefone, fico olhando ele escrever em minha pele, quando termina acaricia meu rosto, o toque dos seus dedos me causou um leve arrepio...
Kessid:_ Da só um oi nesse número, vou esperar..., só um toque e vou saber que é você.
Confirmo com a cabeça e corro para casa, fiquei um pouco envergonhada com o contato..., senti algo estranho e bom...
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A HISTÓRIA DE GUILHERME E MARINA ESTÁ NO LIVRO "ME AME OUTRA VEZ". 😘
Com muito trabalho e anos de investimento conquistamos nossa riqueza e status, o grupo Montenegro se tornou um dos mais conhecidos no ramo de lojas de departamentos, em meio ao trabalho e ao lazer, me relacionei com diferentes mulheres; diferentes em vários sentidos, me apaixonei algumas vezes, mas numa coisa, todas eram iguais: o interesse pelo que eu podia proporcionar, não tinha essa coisa de amor, minhas experiências só me fizeram acreditar naquele ditado " sorte no jogo, azar no amor".
Pra finalizar com chave de ouro, quando achei que tinha encontrado o amor verdadeiro, que iria me casar com a mulher perfeita, a mais sincera, maravilhosa e..., o dinheiro novamente mostrou quem eu amava..., minha ex noiva participou do belo golpe que levei do meu sócio, primo e ex melhor amigo Ulisses Montenegro..., ela e Ulisses só me deram a certeza de que o dinheiro é mais importante do que amor, que todo mundo tem um preço, por mais amor que diga sentir.
Sou o filho do meio, mas sempre tomei a frente dos negócios e de nossa família como se fosse o irmão mais velho, o patrimônio que temos, fui eu quem conquistou, criei a empresa a partir do que meu pai me entregou e a fiz crescer, administro tudo..., tenho duas irmãs, Sandra de 40 anos, casada e mãe de dois garotos e Keila de 18 anos, essa ainda me dá um pouco de trabalho.
Sandra é gerente em uma das lojas, e Keila está no segundo período da faculdade de artes cênicas, disse que nasceu para as artes; a apoio, não é o que eu queria que ela fizesse, mas ao menos se interessou por algo, por isso pago o seu curso, só espero que amadureça até se formar, ainda pensa como uma adolescente..., ambas recebem uma porcentagem dos lucros, Sandra um pouco a mais do que Keila, é como uma pensão que lhes dou mensalmente.
Nosso pai, sr Kássio Montenegro, que atualmente está no auto dos 63 anos, com uma saúde que requer cuidados, começou um pequeno comércio ainda jovem, quando conheceu minha mãe dona Lena 60 anos, já tinha um meio de manter uma família e logo se casaram, os filhos vieram com os anos.
Quando comecei a assumir os negócios de nossa família tinha quase vinte anos, ainda era só um supermercado que meu pai fez crescer em um bairro de classe média, vi nisso muito potencial para expandir, fiz empréstimos e investi em novos produtos, abrangendo o comércio..., me formei em administração e legalizei uma pequena empresa., com o passar dos tempos, consegui abrir duas filiais, meu primo Ulisses investiu em meu sonho e nos tornamos sócios fazendo com que nossos negócios crescessem ainda mais e assim tornando-se um pequeno império.
Depois de anos trabalhando juntos, nossa empresa se tornou grande e conhecida, de uns tempos para cá, descobri muitas irregularidades fiscais, entradas e saídas de dinheiro estranhas, desvios, enfim. Precisei recorrer à justiça e com as investigações, as provas que consegui me disfarçando de funcionário em diferentes setores nas várias lojas, também com a ajuda do doutor Guilherme Lopez, consegui provar que Ulisses me roubava, adquiri total posse da empresa, mas infelizmente, não pude provar a participação daquela maldita que dizia me amar..., na verdade, ela só amava meu dinheiro..., elas sempre amam o dinheiro.
Falando em disfarce, foi na minha função de faxineiro que conheci uma linda moça: Alice..., não era para me verem com aquele uniforme, só Glória e meu advogado sabem dessas estratégias de administração, dona Glória chama de mania..., fato é que meus disfarces me trouxeram muitos retornos e ideias de melhorias, tanto para as lojas quanto para os funcionários.
Eles são sempre bem produzidos com direito a peruca, bigode, barba e sobrancelhas falsas, boné, óculos até maquiagem se for preciso..., eles sempre me ajudaram a colher informações boas, também foi com eles que consegui algumas provas contra meu primo e o envolvimento de minha ex..., e agora, vai ser com esse uniforme de faxineiro que vou testar essa moça, quero só ver até onde vai essa gentileza toda.
Ela parece ser muito inocente, alegre e delicada, não vou negar que estou muito interessado, minhas decepções amorosas não tiraram de mim o instinto de conquista, só não busco mais um grande amor, deixei de acreditar nisso..., e aquela carinha não me engana, duvido que tenha interesse em mim para algo sério sabendo que "não tenho onde cair morto", que ando em carro emprestado, ela me tratou com cordialidade, mas, aposto que é apenas por educação.
Sou Kessid Montenegro, tenho 32 anos, CEO do Grupo Montenegro, após o término do meu noivado, tenho aproveitado a solteirice em viagens, baladas, boates, mas sou um cara sério, responsável com meus negócios e com a minha família.
Conheci Alice por acaso, é a babá do filho do meu advogado, me interessei de cara e para não perder a oportunidade, rapidamente tive a ideia de pegar o carro da minha secretária emprestado para levá-la em casa, não daria certo se a levasse no meu.
Como ia dizer que meu chefe me emprestou sua Ram1500 Limited sendo um simples funcionário da limpeza?, ela não ia acreditar, sem querer desmerecer, mas um carro daqueles não deixo nem meu pai dirigir..., o carro de Glória me fez sentir como uma sardinha, mas foi a melhor carona que já dei na minha vida..., há tempos não me interessava por alguém assim.
Antes dela descer do carro, anoto meu número particular na sua mão, não dou esse número para praticamente ninguém, nunca dei a nenhuma mulher, é exclusivo para falar com meus pais e irmãs, nem sei o que deu na minha cabeça para fazer isso, mas algo nela me atrai, é como um desafio ou um teste.
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No dia seguinte, vou até uma de minhas lojas e pego um aparelho celular dos mais simples, troco pelo meu..., aposto que Alice não aguentará um passeio no parque tomando um sorvete barato, depois disso levarei um belo de um pé na bunda..., isso é, se ao menos ela ligar, porque até agora não recebi nenhum "oi", comprovando o que eu já desconfiava, bastou ela saber que "Gabriel é um simples faxineiro", que deu um jeito de fugir correndo do carro, a essa hora já lavou a mão umas mil vezes para apagar meu número.
Os dias foram passando..., uma semana inteira e nada de ligação..., ao menos já resolvi meu problema com o desgraçado do Ulisses, menos uma preocupação. Agora, é melhor esquecer Alice, não ia dar em nada mesmo e estou sem tempo de correr atrás de um rabo de saia..., mas aquele sorriso ainda atormenta meus pensamentos, não consigo esquecer aquelas covinhas.
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