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A Substituta

Capítulo 1

⚠️Minhas histórias são sobre mocinhas frágeis e sonhadoras que esperam seu príncipe encantado. Se você gosta de histórias assim, fique à vontade!

Boa leitura*‼️*

Personagens:

Henrique Sorrentino

Melissa Alves

Capítulo 1

— Droga, droga! Arrrghr! — Urrou Henrique atirando o celular o mais longe possível, enquanto gritava uma sequência de palavrões.

— Calma, cara! — Era a calma voz do seu amigo e advogado Arthur.

— Como assim, calma? A Marcela acaba de me abandonar, Arthur! Como você me pede pra

ter calma?

Henrique estava desnorteado. A porta do quarto se abriu.

— O que está acontecendo aqui? — Era Isabela, atraída pelos gritos do irmão.

— Entre e feche a porta! — Pediu Arthur e ela prontamente obedeceu.

Henrique sentou-se à beira da cama desolado. Ele estava começando a se arrumar para a

cerimônia do seu casamento, quando recebeu uma mensagem de sua noiva terminando

tudo.

— E então Henrique, o que tá acontecendo? — Repetiu a irmã.

— A Marcela fugiu com o André. — Respondeu sem rodeios seu amigo Arthur, enquanto

recolhia o celular do chão que, por sorte, não estava espatifado pois a cortina

amorteceu sua queda — Ela enviou uma mensagem agora há pouco.

Isabella pegou o aparelho e leu em voz alta:

“Sinto muito, mas não posso me casar com você. Tentei te amar, mas não

consegui. Estou apaixonada por outra pessoa e não podemos mais negar o que

sentimos. Se nos casarmos seremos infelizes. ”

— Meu Deus! Que vaca! E como você sabe que foi com o André que ela fugiu? — Perguntou

Isabela, pálida como uma vela.

— O desgraçado teve a audácia e a cara de pau de me ligar contando tudo! Tem quase

um ano que eles estavam me traindo… Bem debaixo do meu nariz! — Respondeu

Henrique.

— Nossa... Seu melhor amigo??? — Isa ainda não conseguia acreditar.

— Isso é questionável!  O melhor amigo sou eu! — Reclamou Arthur.

— Sim, mas o André é amigo de infância! — Informou ela.

— ERA amigo. Pelo menos pensei que fosse... — Corrigiu Henrique — E sim, é o mesmo André que ajudei e

apoiei por várias vezes, sem questionar! Colocaram o nome do apóstolo errado

nele, teria que ser Judas! Desgraçado!

— Nossa, maninho, eu sinto muito por você! — Falou Isabela e depois de uma pausa, perguntou: — Como a Marcela teve coragem pra acabar com tudo assim, apenas enviando uma mensagem? Por que

ela fez isso?

Henrique levantou-se agoniado.

— Porque é uma descarada, uma vadia! Porque não presta! Aliás, todas as mulheres são assim, um bando de

interesseiras, manipuladoras, desgraçadas! — Henrique gritava com muita fúria.

Isa sobressaltou-se.

— Ei, olha como fala! Eu sou sua irmã e também sou mulher!

— E é tão dissimulada como qualquer outra!

— Henrique! — Ela levou a mão ao peito, ofendida e de boca aberta.

— Pensa que não reparo no jeito que fica cozinhando o Arthur, se insinuando pra ele e tirando o corpo fora? Fazendo seu joguinho de sedução pra ele comer na sua mão como um animalzinho domado?

Você é como todas as outras, Isabela!

— Pega leve Henrique! — Repreendeu Arthur, que olhou para Isabella constrangido. Ela lhe devolveu o mesmo olhar.

Isabella enrijeceu sua feição e encarou o irmão.

— Eu vou relevar, porque sei que você está passando por um momento difícil e não está pensando direito — Declarou aborrecida e depois de respirar fundo, perguntou: — Devo avisar a todos que não

vai mais ter casamento?

Henrique se levantou subitamente e se colocou diante do espelho começando a fazer o nó da gravata.

— Não! — Disse ele decidido — Vai ter casamento sim!

Isabella e Arthur se olharam sem entender.

— Eu não vou permitir que o idiota do meu primo fique com a presidência da empresa só porque é casado! — Continuou ele — Como se isso fosse lhe dar competência! Ainda mais com aquela parasita e

fútil da Silvana que faz dele o que quer! O Lucas não tem aptidão alguma para ser presidente! O casamento está de pé!

Arthur olhou para Isabella e girou o dedo indicador envolta do ouvido, insinuando que o amigo estava louco.

Isabella perguntou:

— O que está dizendo? Como assim o casamento está de pé? Você sabe que a noiva é parte essencial, não sabe?

Henrique se virou para a irmã já todo alinhado, ajeitando as abotoaduras da camisa e respondeu tranquilamente:

— Eu vou arrumar uma noiva em meia hora, então tudo vai sair como manda o figurino — Ele aproximou-se de Isabela e segurou em seu queixo — e quanto a você, coloque seu sorriso lindo no rosto e

comece a receber os convidados!

— Henrique...

— Eu sei que você pode me ajudar, maninha... E vai me ajudar!

Ela meneou a cabeça.

— Não me meta em confusão, Henrique!

— Não tem nada de confusão, Isa! É só o meu casamento!

— Mas Henrique...

— Faça o que estou dizendo, Isabela! Conduza tudo normalmente e não conte nada sobre o que aconteceu à ninguém! Se a Marcela acha que vai me envergonhar, ela está muito enganada! — E virando-se

para o amigo, falou: — Arthur, você vem comigo!

—Eu? Pra onde?

— Vem! No caminho eu te explico.

Arthur, mesmo sem entender, seguiu o amigo. Henrique Sorrentino era o filho mais velho do casal Eugênia e Giovani Sorrentino, donos do Grupo Sorrentino e da marca SottoSapore uma das

maiores empresas do ramo alimentício do país. A empresa era um império

centenário dividido entre os irmãos Sorrentino, Giovani e Francesco. Giovani,

no entanto, detinha maior parte das ações da empresa por ser mais velho e mais

atuante que o irmão. Também era o atual presidente da SottoSapore, mas estava

prestes a passar o bastão para Henrique. Henrique havia se preparado a vida

toda para esse momento. Sempre soube que ao completar trinta anos se tornaria o

presidente da empresa, mas para isso precisava ser casado.

A família Sorrentino era conservadora e prezava por algumas tradições. Para eles, o presidente teria que

ser exemplo em todos os sentidos e a solteirice era malvista, já que essa

poderia ocasionar uma vida desregrada. O casamento também lhe garantiria filhos

legítimos para continuar o legado. Henrique tinha mais dois irmãos, Isabela de

vinte três anos e Vitório de vinte e cinco. Seu tio Francesco tinha dois

filhos, Lucas de trinta anos e Paola de vinte e quatro. Todos eles se envolviam

na empresa de alguma forma, menos Isabela que sonhava em ser uma grande

estilista e se dedicava à faculdade de moda. Quanto às regras impostas pela

empresa, Henrique achava tudo isso uma babaquice e com certeza teria batido de

frente com elas se não tivesse se apaixonado por Marcela.

Henrique nunca se considerou o tipo de cara que se casaria, mas ao conhecer Marcela, não pensava em outra coisa. Estavam juntos há três anos e a cada dia se mostrava mais amarrado a ela.

Depois de ter passado por duas decepções anteriores, estava certo de que Marcela era a mulher de sua vida e a

futura mãe de seus filhos. Ela era tudo que um homem poderia sonhar. Estava começando uma promissora carreira de designer gráfica. Uma mulher sofisticada, bem resolvida e linda. Alta, elegante, a pele alva e os olhos azuis contrastando com os cabelos negros em um corte Chanel sofisticado. Henrique a

considerava seu prumo, o alicerce da relação. Porém, em poucas horas tudo veio

abaixo. Todos os planos e sonhos com aquela mulher se transformaram em um vazio

gigantesco. Ela não era quem ele pensava. Esteve fingindo todo esse tempo,

enquanto dormia com seu amigo. Lembrou-se de André se gabando das noites

ardentes com “a garota misteriosa” que ele nunca dizia quem era. Era ela.

Henrique agora tinha certeza. Era demais para ele essa traição dupla. Se imaginou

matando os dois de várias formas diferentes. É claro que ele não faria isso.

Não iria estragar sua vida por causa daqueles vermes! Mas era satisfatório

imaginar. O fato é que Henrique se fechou completamente depois de ter recebido

aquela mensagem e estava agindo roboticamente. Ele dirigia apressadamente com

Arthur ao seu lado. Arthur não estava entendendo nada.

— Para onde estamos indo? — Perguntou o amigo.

— Vamos ao Moulin Rouge — Respondeu Henrique calmamente.

— O quê? E o que vamos fazer lá?

— Eu acho que fui bem claro quando disse que iria arrumar uma noiva.

Arthur sobressaltou-se.

— Você vai arrumar uma noiva num cabaré?

— Por que não? Só porque são vadias? Qual é, meu amigo? Todas são!

Arthur o olhava assustado.

— Você está perdendo a razão, Henrique!

— Muito pelo contrário! Eu nunca enxerguei as coisas com tanta clareza como agora. É a melhor opção. Me casando com uma prostituta vai ser algo muito prático. Vou fazer dela o que eu quiser e

nunca mais uma mulher vai me fazer de bobo!

— Não estou entendendo. O que você está pensando em fazer?

— Vou tratar essa mulher como deveria ter tratado todas as vagabundas que passaram pela minha

vida! A Bárbara, a Suzane e... A puta da Marcela! — Ele gritou o nome de suas

ex-namoradas com muita raiva, mas no último nome sua voz estava embargada — Vou

fazer da vida dela, da minha futura esposa, um inferno! Escreve o que eu tô

dizendo!

— Tá, eu entendi. Você tá muito puto, mas é melhor se acalmar! Vamos voltar... Melhor, vamos pra

minha casa. Fica lá um tempo, se isola, esfria a cabeça e deixa que eu e a

Isabela resolvemos tudo pra você...

— Não, não! Você não entendeu, Arthur! Não há nada que me impeça de me casar hoje!

Arthur meneou a cabeça.

— Você quando coloca uma coisa na cabeça...

— Isso, você já entendeu!

— Tá, se quer se casar a qualquer custo, tudo bem! Mas precisa ser com uma mulher dessas? Você

tem um monte de amiguinhas, ex-paqueras...

— Não, não! Quero me casar com uma prostituta!

— Mas por quê, Henrique? Cê tá ficando doido, cara?

— Muito simples! Com uma prostituta não terei expectativas e nunca vou me decepcionar. Saberei

exatamente quem estará do meu lado e terei alguns privilégios como homem.

Arthur o olhou meio assustado e perguntou:

— E que garantia você tem de que alguma delas vai querer se casar com você?

— Muito fácil! Todo mundo tem seu preço. Aposto como qualquer vadia dessas vai lamber o chão

que eu piso por causa de uns trocados.

— Eu tenho minhas dúvidas. Ficar com um cara por umas noites até pode ser, mas se casar?

— Pois eu tenho certeza que nem vou precisar negociar muito.

— Aposto como vai ser perda de tempo ou só vai conseguir sair daí com uma noiva depois de lhe

oferecer uns dois milhões.

Henrique sorriu de lado e falou:

— Apostado então. Quero sua garrafa de

Dalmore 15 anos.

Arthur sorriu também e disse:

— Feito.

— Assista e aprenda! — Falou Henrique estacionando o carro.

Ao entrarem no estabelecimento, se depararam com o que ainda eram os preparativos para

iniciarem os trabalhos. Algumas garotas estavam ensaiando alguns passos de

dança, a limpeza do lugar ainda estava sendo feita, o barman organizava sua

área de trabalho, mas já estava atendendo. O bar estava funcionando, por isso

eles entraram normalmente. Arthur estava visivelmente constrangido e seu

constrangimento se intensificando à medida em que as moças iam notando a

presença deles, lançando olhares insinuativos. Henrique avistou uma moça muito

bonita de cabelos longos e castanhos, levemente ondulados e olhos escuros

expressivos. Ela parecia estar tão deslocada no local quanto eles. Henrique se

aproximou dela e disse depois de pigarrear:

— Com licença! Você trabalha aqui?

A moça levou um leve susto, mas respondeu:

— Si...Sim, eu trabalho aqui.

— Desculpa... Você é uma das garotas do Moulin, certo?

— Garota de quem?

— Quero saber se você é uma das garotas da boate... Você sabe...

— Ah, sim, eu sou — Respondeu ela ajeitando o vestido, empinando o peito para frente.

Henrique olhou para Arthur como se confirmasse que se tratava de uma boa escolha. Ela olhou

para eles meio desconfiada. Ele desceu o olhar pelo corpo dela analisando cada

detalhe e pareceu gostar do que viu a julgar pelo risinho malicioso estampado

em seu rosto, deixando a moça sem jeito. Ela usava um vestido curto, colado ao

corpo na cor creme com lantejoulas douradas.

— O que o senhor quer? — Perguntou ela receosa.

— Tenho uma proposta a te fazer! — Disse ele finalmente a encarando.

— Olha, o expediente ainda não começou — Informou ela desviando o olhar.

Ele a encarou com olhos semicerrados.

— Nós já não nos conhecemos? — Perguntou ele curioso.

— Não que eu sabia — Respondeu ela prontamente

— Engraçado, parece que te conheço de algum lugar— Observou ele intrigado.

— Acho que está enganado.

— É, pode ser...

Ela limpou a garganta e retomou o assunto de antes:

— O senhor falou de uma proposta...

Ele sacudiu a cabeça.

— Ah, sim! Bem, é o seguinte… Quero que venha comigo!

Ela inclinou a cabeça para um lado contraindo os lábios e respondeu:

— Hoje eu só vou dançar... Não posso sair daqui.

Ele deu uma risadinha e falou:

— Você não entendeu. Quero que se case comigo! — Descarregou ele sem mais, nem menos.

— O quê? — a moça franziu a testa em dúvida se tinha ouvido direito — O que disse?

— Eu preciso me casar, preciso de uma noiva e gostei de você.

Ela sorriu amplamente revelando o quanto seu sorriso era bonito.

— Essa foi a cantada mais estranha que já ouvi! — Exclamou ela ainda sorrindo.

— Não foi uma cantada. — Retrucou ele com um semblante fechado — Eu realmente preciso que

venha comigo agora! Preciso que se case comigo ainda hoje — Sua voz era grave,

autoritária e veemente.

Ela ficou séria e perguntou:

— Isso é uma brincadeira, não é?

Ela olhou para Arthur, que estava ao lado, para que ele confirmasse, mas o olhar dele só

admitiu que Henrique estava falando sério. A garota olhou em volta e percebeu

que a conversa deles estava começando a chamar a atenção das pessoas, então

abaixou o tom de voz e disse:

— Olha, eu não sei de onde o senhor saiu, mas aqui não é o lugar mais adequado para se

conseguir uma noiva. Sugiro que use o Tinder. Agora se me der licença...— Ela

tentou se afastar, mas Henrique a segurou pelo braço.

— Espere! Eu acho que não fui claro... Qual é mesmo o seu nome?

Ela o olhou por um instante, apreensiva.

— Melissa — Respondeu ela enquanto ele a soltava.

Henrique então, com ar persuasivo e com convicção, falou apressadamente:

— Melissa, eu me chamo Henrique. Hoje é o dia do meu casamento e a minha noiva me deixou, foi

embora com meu melhor amigo, ex-melhor amigo e eu estou muito, muito puto com

tudo isso... Mas eu preciso me casar ainda hoje por motivos muito fortes que eu

não posso explicar agora e gostaria muito que você me ajudasse...

Ela o encarou intrigada e falou piedosamente:

— Eu sinto muito pelo que te aconteceu, mas eu não posso me casar com o senhor...

— Por que não?

— Ora, porque não...

—Por acaso você é casada?

— Não...

— Tem namorado ou compromisso com alguém?

— Não, mas...

— Qual o problema, então?

— O problema é que eu nem te conheço...

— Teremos todo tempo do mundo pra nos conhecermos...

— Eu não posso fazer isso!

Henrique estalou a língua chateado, passou a mão na testa e arriscou:

— Eu pago.

— Hã?

— Eu pago muito bem!

Melissa o olhou curiosa.

— Está querendo comprar uma esposa, é isso?

— Você não me deixou alternativa.

— O senhor não deveria fazer isso!

— Por que não, se eu posso? — Revelou ele com arrogância. — O que me diz?

Foi a vez de Melissa passear o olhar pelo moço de corpo inteiro e se certificar de sua

beleza e elegância. Era um belo espécime masculino. Pele bronzeada, olhos

verdes, cabelos castanhos e alinhados, queixo quadrado e simétrico e barba por

fazer. Ele parecia um modelo de revista. Usava um terno feito sob medida, mas

dava para perceber seus músculos bem definidos, distribuídos em seus quase um

metro e noventa de altura.

Definitivamente um homem daqueles não precisaria pagar nenhuma mulher para ficar com ele.

Melissa corou ao perceber que ele notara que ela estava reparando nele e

gostando do que via. Ela desviou o olhar e perguntou:

— Quanto você pagaria?

— O quanto você quiser — Respondeu ele lançando um sorrisinho para o amigo afim de lembra-lo da

aposta. Arthur já estava de queixo caído.

— Sério? O quanto eu quiser? — Perguntou Melissa animada.

— Exatamente.

— Pode ser... Cem mil? — Insistiu ela em dúvida.

— É o que você quer?

Ela arregalou os olhos.

— Sério que me pagaria cem mil?

— Até mais, é só me passar sua conta — Respondeu Henrique tranquilamente.

— Isso é loucura!— Exclamou a moça, mas já começando a ceder.

— E então? — Perguntou Henrique mais uma vez.

Ela ficou pensativa alternando o olhar entre Henrique e Arthur ponderando sobre a proposta.

— E pra quando seria isso?

— Quando? Eu já disse. Agora, garota!

— O quê?

Henrique a apressou:

— Está todo mundoesperando. O casamento já está montado. A decoração está toda e “H e M”. As

iniciais dos nossos nomes. Tá vendo? Até isso vai dar certo. Posso fazer a

transferência?

— Mas eu não posso me casar vestida assim!

— Está ótimo! Vamos?

— Espera! Eu preciso saber uma coisa!

— Diga!

— Quanto tempo duraria esse casamento?

Henrique suspirou e falou:

— É aquela velha

história: Até que a morte nos separe!

— Como assim? Quer dizer que vou viver presa num casamento de fachada?

—Que casamento de fachada o quê? É um casamento normal, menina!

— Normal?

—Sim! Você aceita ou não? — Henrique estava começando a perder a paciência.

Melissa sorriu mais uma vez, dessa vez de nervosismo por estar realmente pensando em aceitar

aquela proposta descabida, quando finalmente falou:

— Tudo bem. Não é nem de longe o pedido de casamento que eu sonhei... Mas, realmente não vai ser

um casamento de aparências?

Henrique segurou-a pelos ombros um de cada lado e, usando a última gota de paciência, olhou-a bem nos olhos e falou:

— Olha, já disse que é um casamento normal. Eu estou te pedindo pra se casar comigo, ser minha

esposa, minha companheira, a mãe dos meus filhos. Me apoiar em tudo o que eu

vou ter que enfrentar ainda na minha vida complicada — ele deslocou o olhar do

rosto dela para outras partes se seu corpo, analisando tudo de perto e limpando

a garganta, concluiu: — Você vai ter que mudar de vida. Vai ter que aprender a

se comportar como uma dama e vai ser só minha e de mais ninguém. Não pode nem cogitar a voltar aqui, entendeu?

Melissa o olhava assustada. Se não fosse pela arrogância com que ele falava, até que teria sido um belo pedido de casamento.

— Entendeu? — Insistiu ele sacudindo-a.

— Sim, entendi!

Está me machucando! — Reclamou ela.

— Desculpa! — Disse ele afrouxando a mão— É que estou com um pouco de pressa.

— Tudo bem, eu aceito — Respondeu ela.

Henrique vibrou aliviado e puxou o celular.

— Você está com seus documentos aí? — Perguntou ele.

— Sim. — Respondeu ela abrindo a pequena bolsa que trazia consigo retirando seu RG.

Henrique tirou uma foto do documento com seu celular e virou-se para Arthur.

— Arthur, pode fazer a transferência.

Arthur meneou a cabeça ciente que iria perder a sua garrafa de whisky.

— Eu não tô acreditando nisso! — Resmungou ele retirando seu tablet do bolso interno do paletó.

Henrique sorriu e virando-se para Melissa ordenou:

— Passa suas informações pra ele e em seguida nós vamos!

Arthur iria fazer

a transferência dos cem mil para Melissa ali mesmo, enquanto Henrique

afastou-se para atender a vigésima ligação da sua irmã.

— Onde você está,

Rique? Eu não sei mais o que fazer pra segurar essa gente! — Reclamou Isabela

— Calma, já

estamos indo! Vou te enviar uma foto da identidade da minha nova noiva. Passe

para o juiz de paz e para a cerimonialista.

— Henrique, você

é maluco! O papai já está fazendo muitas perguntas!

— Estamos indo, Isa! Conversamos pessoalmente.

⚠️Recado:

Se quiser participar do grupo de leitura, mande um “Oi, quero participar do grupo!” para o número

(94)98148-0010 e vou enviar o convite.

Capítulo 2

Horas antes...

Melissa estava se arrumando para ir à famosa casa noturna Moulin Rouge, sob os protestos de sua amiga Adriana que tentava dissuadi-la daquela loucura.

— Pelo amor de Deus, Mel! Não faz isso, você vai se arrepender!

Drica

— Eu não tenho escolha, Drica! Eu não tenho outra forma de conseguir esse dinheiro. Só ganho um salário mínimo naquela loja. Se a gente não pagar o Romeu, ele vai nos matar! Ele é perigoso!

— Eu sei, mas... Mas esse mundo da prostituição também é perigoso, amiga!

Melissa passa a escova nos cabelos deixando-os alinhados como queria e contesta:

— Eu não vou me prostituir! Só vou dançar. A Soraia me garantiu que dá pra tirar uns mil reais ou até mais por noite.

— Dançar? Desde quando strip-tease é dança?

Melissa respirou profundamente e respondeu:

—Eu vou só tirar algumas peças e ficar enrolando até a música acabar... A Soraia disse que vai me ensinar direitinho. Em um ano fazendo isso, vou conseguir pagar a dívida do meu pai.

— Não se iluda, Mel! É exatamente assim que todas começam. É um caminho sem volta. A Soraia mesmo é um exemplo disso. Começou dançando, agora tem dois filhos de pais diferentes e nem sabe quem são os pais dessas crianças! Como você foi ouvir conselhos dessa mulher?

— Ela só estava querendo ajudar. É uma boa vizinha, Drica. É só uma pessoa que não

teve sorte na vida.

— Ajudar coisa nenhuma! Ela quer te levar pro mau caminho! Logo você que sempre foi tão certinha!

Melissa suspirou mais uma vez e falou:

— Se eu pudesse, jamais faria isso, Drica! Se aparecesse outra alternativa, qualquer que fosse, eu não pensaria duas vezes, mas infelizmente, eu não vejo outra solução.

— Minha mãe vai surtar quando souber disso!

— Não fala nada pra ela ainda. Eu sei que ela além de ficar muito triste, vai tentar me convencer a desistir, mas eu não posso.

Drica fez uma cara de reprovação e Melissa se chateou.

— Ai, você tem que me apoiar, amiga!

— Tô tentando, Mel, mas tá difícil!

—Olha, eu pedi muito a Deus pra me mostrar uma solução, um outro caminho, mas...  Você viu o estado que os homens do Romeu deixaram meu pai. Foi um milagre ele não ter morrido!

— Coitado do seu Ronaldo! Quem está com ele no hospital?

— A tia Meire.

— E o que os médicos disseram?

— Disseram que ele vai se recuperar, mas vai levar um tempo. Sabe como é o atendimento em hospital público, né? E agora sem a mamãe, ele tá muito abatido!... Estou falando apenas da parte física, porque emocionalmente nem sei como ele está... Até agora não reagiu. Está apático, com o olhar perdido, não interage com ninguém.

— Ele não está respondendo nem a você?

— Não. Está catatônico!

— Nossa! Ele deve estar em choque.

— Não sei muito bem o que está acontecendo com ele... Estou muito preocupada. Por isso preciso conseguir esse dinheiro, Drica! Eles não vão parar.

— Eu te entendo amiga, mas não é justo você se sacrificar assim. E os seus estudos, seus sonhos?

Melissa apoia as mãos na penteadeira e encara a amiga.

— Vou ter que adiar meus planos por pelo menos um ano. Vou ter que trancar a faculdade, mas assim que der, eu volto.

—E o seu namoro com o Sérgio?

Melissa ficou surpresa.

— Que namoro? Não existe namoro algum!— respondeu ela voltando a retocar a maquiagem.

— Não é o que ele anda espalhando por aí.

— Porque é um mentiroso! Nunca aconteceu nada entre nós.

— Nunca aconteceu, porque você não quis.

— Não quis e não quero.

— Por que não? Ele até que é bonitinho e é louco por você. Dá uma chance pra ele!

— Tá louca? Sérgio e eu não temos nada a ver. Ele vive fazendo ceninha de ciúmes sem ser nada meu, imagina se fosse! Ainda mais agora...

Melissa se levanta, confere seu visual no espelho e pega sua bolsa.

— Preciso ir. A Janete disse que tenho que estar lá uma hora antes — ela diz decidida.

— Poxa, Mel, não há nada que eu possa fazer pra você mudar de ideia?

Melissa olha para a amiga com os olhos marejados e responde com a voz embargada:

— Infelizmente não, amiga!— as duas se abraçam — Me deseje sorte!

Elas se afastaram do abraço e Drica cruza os dedos em apoio a amiga.

— Vou rezar por você. Vai dar tudo certo e você logo vai sair disso!

Melissa e Drica eram amigas de infância e tinham a mesma idade, 22 anos. Dividiam o mesmo apartamento para facilitar a locomoção para a faculdade e para o trabalho. Estavam morando há seis meses na minúscula kitnet, onde elas dividiam as despesas. A vida não estava sendo fácil e agora Melissa precisava de cem mil reais para pagar o agiota de quem seu pai tinha tomado dinheiro emprestado para pagar a dívida do hospital, onde sua mãe passou seus últimos momentos de vida. Apesar de todo gasto com o tratamento, ela não resistiu. Havia morrido há quatro meses. Melissa cogitou voltar a viver com seu pai, mas ele não permitiu, era um lugar muito perigoso. E agora há três dias foi a vez dele ficar internado depois de levar uma surra do bando do Romeu, o traficante do bairro que lhe emprestou o dinheiro.

Melissa entrou num uber e indicou o endereço da boate. Ela estava pensativa e visivelmente abatida. Ainda sentia muita falta da sua mãe. Não se conformava com a morte dela. Ela era seu esteio. Seu pai escapou por pouco da morte e naquela situação não podia trabalhar e seu estado emocional estava pior que o físico. A vida estava perdendo o sentido para Melissa também.  A Felicidade parecia algo distante. As lágrimas inundaram seus olhos. A lembrança de sua infância quando tentava ajudar sua mãe batendo as panelas e dizendo que seria uma famosa chef de cozinha, arrancou-lhe um sorriso em meio às lágrimas. Ela tinha uma cabecinha cheia de sonhos, mas como vivê-los agora? Ainda mais com o que estava prestes a fazer... Começar uma vida na noite, por dinheiro! Sua reputação estava no lixo com certeza, mas sua decisão estava tomada.

— A senhora está bem, moça? — Perguntou o motorista ao notar que ela estava chorando ao olhar pelo retrovisor.

Melissa secou as lágrimas, sorriu sem graça e respondeu:

— Está tudo bem! Eu vou ficar depois do próximo sinal.

Depois de pagar o motorista, Melissa desceu do carro, parou em frente ao Moulin Rouge e um calafrio lhe subiu pela espinha ao se deparar com a extravagante construção. Ela fechou os olhos por alguns segundos, respirou profundamente e passou pela

porta. Ao passar pela entrada principal, se identificou para recepcionista:

— Boa noite, me chamo Melissa, preciso falar com a Janete.

A moça ergueu a cabeça preguiçosamente e, mascando um chiclete, falou:

— Boa noite, Você deve ser a nova dançarina.— deduziu ela passeando os olhos sobre Melissa indiscretamente. — Uau, você é realmente muito bonita!

— Obrigada! — respondeu ela sem graça.

— Pode entrar, gata! Eu vou interfonar pra ela. Ela te encontra no salão.

Melissa assentiu com a cabeça e passou pela segunda porta. Lá dentro era tudo muito grandioso. Uma mistura de glamour e obscuridade. Melissa olhou para o palco onde havia umas garotas ensaiando alguns passos e, por uns instantes projetou a sua imagem seminua dançando sensualmente sob os olhos cobiçosos de vários homens. De novo um calafrio. Aquilo era realmente muito assustador. Janete apareceu sorridente, toda maquiada, mas usando um roupão brilhante. Ela era a travesti mais famosa da casa e também a gerente do lugar. Ao avistar Melissa deu um grito escandaloso que era sua marca registrada.

— Monaaa, você veio mesmo! Ai, tá nervosa?— perguntou ela segurando em suas duas mãos afetuosamente.

— Bastante... — respondeu a garota tentando sorrir.

— Relaxa! Vai dar tudo certo! Se você esquecer a coreografia, sorria e joga o cabelo!

Dessa vez Melissa sorriu de verdade. Janete foi muito simpática, mas Melissa sabia que não estava pronta, pois só havia participado de dois ensaios e foi muito mal em todas as tentativas. Só a escolheram por causa da sua beleza, que com certeza ia contribuir muito para atrair os clientes.

— Espera só um pouquinho aqui, porque o camarim tá lotado, mas já já eu volto pra te buscar pra retocar a maquiagem e dar um tapa nesse visual. Você está com muita roupa!

— Janete...

— Senta e pega uma bebida, Isso vai te ajudar a relaxar— aconselhou a travesti piscando com um olho e saindo apressadamente logo depois. Uma das moças do clube chamada Michele acompanhou Janete enquanto ia para o camarim.

— Essa é aquela moça desengonçada que estava no ensaio de quarta-feira? — perguntou ela.

— Sim, ela mesma.

— Não acredito que vão contratá-la!

— Por que não?

— Ela não tem talento algum!

—Você não reparou nela, menina?

— Tá, ela é bonita, mas isso não é suficiente!

— Pois fique sabendo que ela é garota do Rogério Roque. Muito valiosa!

— Como assim, valiosa?

— De um jeito que você precisa tratar ela bem e ajudar ela se enturmar!

— Eu?

— Isso mesmo. E vamos, pois estamos atrasadas!

Mel olhou em volta mais uma vez e abraçou a si mesma para espantar a tensão. Tirou o celular da bolsa e respondeu uma mensagem de Drica. Guardou o celular, suspirou profundamente e fechou os olhos.

— Você consegue, garota! Você consegue!— Disse ela para si mesma em pensamento.

De repente alguém pigarreou ao seu lado fazendo-a sair da sua imersão.

— Com licença! Você trabalha aqui?

Melissa virou-se para ver quem era e lá estava ele, o homem mais bonito que ela já tinha visto na vida.

— Desculpa, moça... É uma das garotas do Moulin?— Sua voz era grave e firme.

Capítulo 3

Enquanto Henrique conversava com sua irmã ao telefone, Arthur perguntava à Melissa as informações de sua conta bancária para fazer a transferência.

— Eu posso receber esse dinheiro em espécie? — Quis saber ela.

— Em espécie?

— Sim, dinheiro vivo.

— E por quê?

— Ah... Eu... Bem, eu não queria que um dinheiro tão grande entrasse na minha conta assim de repente, o banco pode suspeitar de alguma coisa, já que a minha conta sempre foi pequena e nunca movimentou mais que dois mil reais...— respondeu ela pensando rápido.

— Tem razão, não seria conveniente. Tudo bem, eu posso providenciar esse dinheiro, mas vai demorar um pouco. Quero dizer que não vai poder ser agora.

— Tudo bem.

— Segunda-feira, sem falta, eu te entrego e assim, você vai depositando aos poucos.

— Muito obrigada!

Henrique se aproximou deles.

— Vamos! Estamos muito atrasados!

Os três partiram para o carro apressadamente. Arthur abriu a porta traseira para Melissa e entrou do lado do carona, enquanto Henrique assumia o volante. Retornaram calados para casa dos pais de Henrique, onde seria o casamento. Melissa analisava o veículo luxuoso, enquanto enviava uma mensagem para Drica dizendo que não iria mais dançar na boate, pois tinha recebido uma proposta irrecusável.

Drica:— Como assim? Que proposta?

Mel: — Depois eu te conto.

Drica: — Depois nada!

Mel: — É que eu não posso falar agora.

Drica: — Fala logo, Mel! Se não pode falar, então escreve!

Mel: — É que... Eu

*vou me casar! **🤗😬*

*Drica: — O quê??? **😱😳*

Mel: — Não posso contar mais nada agora! Tchau!

Drica:— Mel, que história é essa?— Drica perguntou, mas ficou no vácuo.

Melissa guardou o celular e ficou tensa ao se dar conta da loucura que estava fazendo.

Estava indo se casar com um completo estranho. Henrique quebrou o silêncio e perguntou:

— Você tem algum apelido?

— Apelido? Meus amigos me chamam de Mel.

— Tá, mas eu quero saber se você é conhecida por outro nome.

— Outro nome? — Melissa não estava entendendo muito bem.

— Sabe como é... Outro nome — Henrique falou.

— Garotas de programas sempre tem um nome de guerra. — Esclareceu Arthur.

— Ah, não... Não tenho.

Henrique olhou para Arthur e o amigo entendeu que ele queria que fizesse uma busca nas redes sociais para saber se havia algo comprometedor.

— Como minha esposa muita coisa vai mudar na sua vida. Precisamos conversar depois pra ajustar tudo. — falou Henrique, enquanto observava a moça assentindo, pelo retrovisor.

“Meu Deus, eu realmente vou me casar! Isso é loucura! Eu nem sei quem é esse cara!” Pensou Melissa assustada.

A ficha foi caindo aos poucos e o pânico lhe dominou. Sua respiração foi ficando difícil e ela falou de repente:

— Para o carro, por favor!

— O quê? — Perguntou Henrique com rispidez.

— Não posso fazer isso! — Respondeu Melissa ofegante.

Henrique jogou o carro para o acostamento, freou bruscamente e virou-se para encara-la.

— Você me deu a sua palavra!

— Eu sei, mas...

— Não vai dar tempo de arrumar outra noiva!

— Você fala de buscar uma noiva como alguém que sai pra comprar bebidas! Casamento é coisa séria!

— Você está me vendo rir? Isso é muito importante pra mim!

— Não posso me casar com você!

— Melissa!!! — Henrique gritou impaciente, mas logo tentou se abrandar respirando de vagar — Mel! Eu sei que você está preocupada e não tiro sua razão, mas não precisa ter medo... E pode acreditar que exposta naquela boate você estava correndo mais perigo!

Melissa franziu a testa.

— Não que esteja correndo perigo agora... Você está prestes a entrar em uma das melhores famílias do Brasil e só tem a ganhar. Eu sou Henrique Sorrentino, filho de Giovani Sorrentino... Do Grupo Sorrentino — revelou ele meio desanimado com essa tentativa de convencê-la, pois achava que ela não fazia

ideia de quem ele falava.

— Giovani Sorrentino da SottoSapore? A empresa de alimentos? — Indagou ela com olhos curiosos.

— Exatamente! Você conhece?

— Claro que sim! Quero dizer os produtos da sua empresa, não o seu pai... Sei sobre a história da sua família também, as dificuldades que enfrentaram ao

migrarem pra cá, os primeiros molhos que desenvolveram... Seria uma honra conhecer seu pai!

— Pois então, essa é a oportunidade! — Falou Henrique dando partida no carro novamente.

— E ele será seu sogro.

Melissa sentiu um arrepio de empolgação e mudou sua expressão. Henrique olhou para Arthur intrigado e percebeu que ele também estava curioso por ela saber tanto sobre eles. Ela também notou que eles acharam estranho e tentou se explicar.

—Por coincidência eu vi sobre isso na internet uma vez. Estava pesquisando uma receita de molho pra minha mãe e me deparei com um artigo que contava a história dos Sorrentino... É uma bela história!— ela parecia estar mais tranquila.

Henrique também se satisfez com a explicação e informou:

— Estamos quase chegando.

A casa ficava em um condomínio luxuoso. Passaram pela portaria e ao se aproximarem da imponente construção, Melissa se sentiu dentro de um sonho.

Havia muitos carros estacionados por perto. Arthur abriu a porta para ajudá-la a sair do carro e lhe explicou que o casamento seria realizado no jardim da

casa, onde haviam montado toda uma estrutura para o evento. Melissa ficou apreensiva ao imaginar a quantidade de convidados. E todos, com certeza,

pessoas de nível elevado. Ela olhou para si mesma dentro daquele vestido simples e até meio brega, seus cabelos soltos de forma simples. Sentiu-se

pequena diante daquilo tudo e tentou se ajeitar dentro da roupa, por extinto.

— Nossa!— exclamou Melissa —Parece que tem muita gente aí dentro.

Henrique desceu do carro também e se aproximou dela.

— Minha mãe fez questão de fazer algo grande, mas relaxa, são só pessoas.

Isabela os avistou e veio na direção deles em passos apressados.

— Ai, graças a Deus vocês chegaram!

Henrique sorriu e falou:

— Melissa, essa é minha irmã Isabela. — e virando-se para Isabela — Isa, essa é

Melissa minha nova noiva. Sua futura cunhada.

Isabela olhou para ele meneando a cabeça negativamente com decepção e em seguida lançou um olhar de piedade sobre Melissa.

— Muito prazer! — Disse ela.

— O prazer é todo meu. — Respondeu a moça sorrindo sem graça.

— Você vai mesmo se casar com esse maluco?

Antes que Melissa respondesse, Henrique já foi cortando e dando instruções para as duas.

— Vamos, vamos, depois a gente conversa. Melissa, vai com ela! Retoque a maquiagem, beba água, se prepare, a cerimônia já vai começar. — e virando-se

para Isabela, perguntou: — Você consegue melhorar a aparência dela?

— Acho que sim! — Respondeu ela analisando Melissa.

— Então faça isso o mais rápido possível! Quero que ela use o colar.

— O quê?— sobressaltou-se Isabela.

— Isso mesmo que você ouviu.

— Mas...

— A Melissa vai ser minha esposa e tem todo direito.

Isabela se resignou e falou:

— Tem razão.

— Agora, vai!— e virando-se para Melissa — Vá com ela!

Ela olhou para ele e balançou a cabeça afirmativamente.

— Vamos, então!— falou Isabela a puxando pela mão.

Artur, que assistia tudo calado, se aproximou do amigo e falou:

— Você tem consciência da loucura que está fazendo?

Henrique nem se deu ao trabalho de responder.

— Eu quero que faça uma varredura nas redes sociais dela e apague tudo que possa me comprometer. Não quero perder meu tempo com possíveis transtornos que minha futura esposa possa me causar. — Disse ele ainda de olho nas duas moças que se afastavam.

— Vai ser um escândalo se descobrirem que está se casando com uma garota de programas.

Ele olhou de soslaio para Arthur e estalou a língua.

— Ninguém vai descobrir nada. Você vai se encarregar disso.

—  Sim, farei o meu melhor, mas não posso controlar tudo. E também tem aquela coisa: “Mentira tem pernas curtas!”, “ A verdade sempre aparece!”

— Fica tranquilo, como eu disse, ninguém vai descobrir nada, mas o meu pai eu faço questão que saiba.

— O quê?

— Eu quero que o meu pai saiba. É claro que ele não vai contar nada pra ninguém, mas vai ter que se conformar em ter netos maculados e viver com isso. Vai passar o resto da vida tentando evitar que isso vaze. Tentando evitar um escândalo. Talvez isso o mantenha ocupado e não atrapalhe minha gestão na empresa.

— Mas por que isso?

Henrique olhou para o amigo e respondeu indignado:

— Por quê? Porque por culpa dele eu tive que me esforçar pra esse casamento acontecer. Joguei fora um tempo precioso da minha vida me envolvendo com essas mulheres ordinárias, quando poderia estar me dedicando à empresa. Poderia ser nomeado presidente mesmo sendo solteiro, mas não, tenho que seguir essa tradição idiota e olha o trabalho que isso está me dando!

— Mas você ia se casar por amor... A Marcela...

—Não me fale na Marcela! E... Que amor, que nada! Não existe essa coisa de amor! Era só tesão! Tanto é que agora eu odeio aquela vagabunda! Minha vontade é matar, matar aquela mulher! Ainda bem que ela fugiu, senão eu já estaria preso!

— Calma, rapaz!

— E agora essazinha aí! Melissa! Ela não sabe o que a espera, coitada!

— O que você está pensando em fazer, Henrique?

— Já disse que vou fazer da vida dela um inferno.

— De novo essa conversa?

— Achou que eu estava brincando?

— Cara, você está dizendo que vai descontar a raiva que sente pela Marcela nessa menina? É sério isso?

— Exatamente.

— Isso não é justo! Ela não te fez nada!

—  Não fez porque ainda não teve oportunidade! São todas bandidas! Você viu? Ela nem titubeou quando ofereci o dinheiro! Aceitou os cem mil assim! — ele gesticulava estalando os dedos. — Cem mil! Não é nem o que faturo em um dia! Se ela tivesse mostrado ao menos um pouquinho de dignidade...Se pelo menos dissesse algo do tipo— ele fala tentando imitar a voz de uma mulher— “ Não estou a venda! ” , “Nem por um milhão!” e depois, fosse cedendo aos poucos e barganhasse uma quantia de milhões, seria compreensível... Mas não, ela aceitou a mísera quantia de cem mil sem pestanejar!

— É, realmente foi muito fácil. E com isso, eu perdi o meu whisky!

— Tá vendo? São umas vagabundas! Uma garota tão nova, vendendo o corpo por dinheiro, quando podia estar estudando, trabalhando honestamente, mas não... Bonita como é, já deve ter passado na mão de todos os homens de São Paulo!

— Ela não parece uma prostituta.

— Ah, com certeza não... Essas são as piores. Fingidas!

— É melhor você se conter, porque agora é você quem precisa fingir. Fingir serenidade, fingir que não foi atingido pela rejeição da Marcela e se mostrar

forte, porque muitos dos convidados já sabem o que aconteceu.

— Eu estou preparado.

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