NovelToon NovelToon

Destinos Trocados

Capítulo 1

Acordo em uma cabana…

(Estranho, eu tinha certeza que estava no meu quarto.)

Vejo duas meninas idênticas sentadas no chão, brigando por uma boneca quebrada. Uma mulher alta aparece tentando fazê-las parar, mas ela é empurrada por uma das meninas. Ela acaba batendo a cabeça em uma mesinha que tinha perto, as duas param de brigar, e uma delas, se aproxima da mulher.

— Simonne, acorda. — Ela começa a chorar, eu tento me aproximar dela, mas sinto uma grande dor, e acabo caindo.

— Você não vai fazer nada! — Enquanto uma está chorando, a outra está com a mão direcionada a mim. Ela tem algum tipo de magia, e em seus olhos posso ver uma profunda escuridão.

Eu não consigo dizer nada, minha voz não sai.

— Você é fraca! Não merece viver. — Estou sendo sufocada de algum jeito, quando parece ser o fim da linha para mim, a outra criança para de chorar e começa a falar com a irmã.

— Você não pode fazer nada com ela, não se esqueça do pacto. — Após ouvir isso, a outra criança me solta, seu olhar está muito sinistro.

— Saia! — Ela grita, sinto uma enorme dor de cabeça, e acabo desmaiando.

Quando abro os meus olhos novamente, estou em meu quarto, era só um pesadelo, mas mesmo assim, quanta agressividade em uma só criança.

Já não tenho medo desses sonhos esquisitos que tenho, me acostumei.

Alguém está batendo na minha porta.

— Senhorita, o café já está pronto. — A empregada diz isso com um sorriso no rosto.

— Oh, tudo bem, só irei me arrumar e já desço. — Ela se retira e eu começo a me arrumar.

Quando desço, percebo que farei mais uma refeição sozinha.

— Claire, onde está a mamãe? — A tristeza está estampada em meu rosto.

— A Senhora Hunter teve um problema no escritório, e precisou se retirar.

— De novo? Escuto essa desculpa há meses.

— Lillyan, você precisa compreender que a sua mãe é ocupada, ela não pode estar com você a todo momento.

— Sabe quanto tempo tem que eu não a vejo? Meses, ela nem se importa em saber se estou bem.

— As coisas não são assim, você deveria compreendê-la melhor, afinal ela é a sua…

Eu a deixei falando sozinha mesmo sabendo que isso não é educado, mas mal consigo segurar minhas lágrimas.

— Lillyan, espere. — Eu a ignoro.

Minha mãe não se importa comigo, não conheço meu pai, não sei nada sobre ele, eu estou mesmo sozinha?

— Lilly. — A voz de Edward me tira dos meus pensamentos.

— Edward? Como você entrou aqui? Minha mãe ordenou que barrassem você caso se aproximasse da casa, ou de mim.

— Tenho meus métodos, você não precisa saber disso agora. Aliás, quer vir comigo para um lugar?

Estou um pouco hesitante, por conta do último aviso que recebi da minha mãe.

— Lilly, tem duas semanas que você não sai de casa, não se sente entediada? — Ele franze a testa para mim, eu sei que ele quer só o meu bem, mas não posso desobedecer!

— Me desculpe, Edward, mas você não deveria tentar se meter na minha vida!

Eu o deixo sozinho e vou rapidamente em direção ao meu quarto. Edward me segue, ele é realmente teimoso, sempre foi!

— Você não vai embora?

Não enquanto você não aceitar sair comigo. — Ele não vai sair daqui tão cedo.

— Tudo bem, mas como iremos sair daqui sem sermos pegos?

— Do mesmo modo que entrei aqui.

Edward estende a mão para mim, eu hesito inicialmente, mas logo aceito.

— Essa é a minha garota!

Antes de sairmos, sinto uma enorme dor de cabeça, minha visão fica completamente escura, e a voz desesperada do meu amigo começa a ficar cada vez mais baixa. Começo a ver uma mulher com uma capa preta entrando em uma floresta, eu a sigo, não controlo meus movimentos. Ela parece carregar algo em seus braços, é um livro que aparenta ser antigo.

Ela para em uma parte aberta da floresta, escuto pequenos sussurros, mas não consigo distinguir o que está sendo dito por ela. Uma voz rouca e assustadora começa a ressoar sobre todo o ambiente.

— O que você quer, garota? Veio pagar o que me deve?

Ela continua sussurrando palavras. Inesperadamente, uma força extraordinária me puxa em direção a garota.

— É ela? — A voz misteriosa questiona a garota, que não diz uma só palavra. Seus sussurros pararam, mas o olhar dela parecia estar focado em uma só coisa, o livro.

— Abra o livro! — Como se estivesse em um transe, ela obedece à voz imediatamente.

O livro começa a brilhar, mas nada acontece.

— Estou aqui, para pagar as dúvidas de minha mãe, eu lhe ofereço a gêmea escolhida para o sacrifício.

(Sacrifício?)

— Tomarei o seu lugar, e em troca, o sangue dela restaurará os laços desfeitos no passado.

Ela se vira para mim, mas continua com a cabeça baixa. A luz da lua ilumina uma adaga que ela segura firmemente em sua mão, consigo ver um sorriso de canto, antes de começar a se aproximar de mim.

— Agora, tomarei o lugar que deveria ter sido meu por direito. Você foi a escolhida, e eu a exilada, mas hoje, isso irá mudar!

Não consigo dizer nada, nenhuma palavra sai da minha boca, nem mesmo consigo me mexer, estou completamente paralisada.

— Pare! — A voz interrompe antes que o pior aconteça. — Ela não é a gêmea do sacrifício! Você pode até me enganar, mas não o livro!

— Ah, mas eu não estou te enganando, não sei se você se lembra, mas o pacto pode até não ser desfeito, mas trocando a oferenda pela escolhida, no seu décimo oitavo aniversário, uma tomará o lugar da outra.

Pacto? Aquele sonho com as garotinhas, elas também comentaram sobre isso!

— Ela será exilada, sofrerá tormento pelo resto de seus dias, as criaturas da escuridão irão consumir seu coração, e ela será odiada por toda a terra, desde criaturas mágicas, até seus queridos humanos medíocres, sem poder algum.

De repente, sinto suas mãos em meu pescoço, ela está me sufocando.

— Esse será o meu início e o começo do seu fim, minha glória será a sua derrota, a escolhida será trocada pela oferenda, eu serei amada, e você odiada. A partir de hoje, todos irão conhecer as duas faces do mundo, a escuridão e a luz! Chegou o seu momento, Yara… — Meus olhos começam a se fechar, sinto como se a minha vida estivesse sendo sugada.

Acordo no meu quarto, tentando recuperar o oxigênio, vejo Edward me olhando preocupado.

— Você está bem?

— Ah, sim, eu acho.

— Não é o que parece. Você sabe que pode me contar qualquer coisa!

— Espera, como você entrou? A Claire não te viu?

— Ah, parece que ela foi fazer compras, acho que sua mãe pensa que só ela e os seguranças dão conta de mim.

— Entendo. Obrigada por ficar aqui comigo, acho melhor você ir, não quero que entre em problemas.

— Tem certeza de que está bem?

-Tenho sim, não se preocupe comigo!

Com isso, ele beija a minha bochecha, eu fico sozinha com os meus pensamentos.

(Ela me chamou de Yara?)

Capítulo 2

— Ei…

(Hum… quem é que…)

— Por que não abre seus olhos, querida?

(Quê? Mas estão abertos…)

— Calma, venha comigo!

(Minha boca não está se movendo, então como ela está me ouvindo?)

— Sei quem você é! Não quer descobrir os segredos que o seu mundo esconde? O que a sua mãe não te conta sobre ela, e nem sobre você! Posso te dizer!

Uma mão é estendida para mim, eu vejo uma silhueta de uma mulher, mas não consigo distinguir seu rosto.

(Será que devo confiar nela?)

Estendo minha mão, mas antes de tocá-la, um sorriso sinistro se mostra, com isso a retiro imediatamente.

— Oh, o que foi, querida? Não confia em mim?

Uma risada de bruxa alta ressoa, como se realmente estivesse dentro da minha cabeça.

Ela se aproxima de mim, não consigo me afastar, eu não me mexo. Um sorriso de orelha a orelha aparece em seu rosto, e vejo garras ao invés de dedos tentando tocar meu rosto.

— Pliiim…

(…?)

Acordo percebendo que aquilo era só mais um pesadelo, o que me acordou foi uma ligação.

— Não tem nenhuma chamada no meu celular, que estranho. Deve ser o de outra pessoa, será da Claire?

Espero alguns minutos, mas nada de parar.

— Não irei conseguir dormir assim, melhor eu ir checar. Eu assisti tantos filmes de terror que acho melhor me preparar, isso com certeza não é bom sinal.

Caminhei até a cozinha e peguei a primeira coisa que achei, uma peixeira. O telefone continua a tocar, me levando em direção ao jardim. Assim que cheguei, o toque parou.

Juntando toda a minha coragem, ando em direção ao chafariz, não vejo ninguém ao meu redor.

Olho para o meu reflexo na água, tudo está tão quieto e normal, isso não foi coisa da minha cabeça, melhor não baixar a guarda.

— Acho melhor eu ir para den… -Prestes a me levantar, sinto uma força estranha me puxar para dentro da água.

(…?)

O lugar onde apareço, de repente, parece ser o meu jardim, mas, está mais sombrio e sinistro.

— Se purifique! — O que isso quer dizer? — Se purifique! Se purifique! Se purifique! — Ouço vozes dentro da minha cabeça, falando cada vez mais alto.

— Para! Eu não entendo o que isso quer dizer…

As palavras continuam, minha visão escurece, não faço ideia do que está acontecendo, o restante da minha consciência começa a desaparecer rapidamente.

Minha cabeça dói, não sei onde estou, mas consigo ouvir gritos altos, lentamente abro meus olhos, e percebo a bagunça ao meu redor, aquela cabana do meu sonho, está toda destruída. De longe, consigo ver dois corpos no chão, um de uma mulher, e o outro de uma das garotinhas do meu sonho anterior.

Me aproximo do corpo, alguém a esfaqueou, no coração!

— Está vendo? — Me assusto com a voz da outra menina. — Matei minha irmã, agora estou livre.

— Livre do quê?

Na mão esquerda dela, tem uma adaga ensanguentada, igual a que a garota do capuz segurava.

— Do pacto! Assim como ela, você também irá morrer, a Mallia te matará.

(Meu coração vai sair pela boca!)

— Quem é Mallia? — A menina me ignora e começa a sacudir a irmã caída.

— Yara acorda!

Esse parece o nome da irmã dela.

— Você a matou, não tem como voltar atrás. — Ela continua sacudindo e chamando “Yara”.

— Você deveria ir embora agora, não quero que veja o que vai me acontecer.

Ela está me deixando com mais dúvidas ainda. Alguém entra na cabana, não parece ser um humano normal, ele tem muitas deformações no rosto, além de ter asas e garras. É algum tipo de criatura, não nego que realmente estou com medo dessa situação.

— Você acabou de mexer com forças que desconhece Olívia! — A criatura pega a menina no colo e a leva para fora.

Eu os sigo o mais rápido que posso, tem algum tipo de conexão entre os meus sonhos, e esse local… É a mesma floresta onde estive no meu último sonho.

— O que fazem aqui? — É aquela voz da floresta…

— Você estava certa, matando a escolhida, ainda sim o pacto não pode ser desfeito, serei perseguida pelas pessoas do reino da luz, e aterrorizada pelas sombras. Tem algum meio de salvar a minha vida? — Olívia fala como se fosse uma adulta, ela entende muito bem tudo que está acontecendo, além de ter consciência que matou a irmã.

— Só existe um meio de se salvar, você precisa de um corpo humano compatível com o seu, que tenha uma pequena aura de poder para aguentar a troca de almas. Seus poderes irão desaparecer temporariamente, e será dada como morta. Contudo, terá que oferecer algo em troca! — Olívia se ajoelha, e começa a recitar palavras que não consigo entender.

Após alguns minutos, ela se levanta e encara o livro.

— Devo repor os laços desfeitos por mim, terei que gerar novas gêmeas, escolher qual será a luz e qual será as trevas, assim como fizeram comigo e com a Yara.

(Então ela irá tomar o corpo de outra pessoa, mas o que acontecerá com a dona do corpo?)

— Atravesse o portal exatamente meia-noite, você se esquecerá da sua casa, desse mundo e com dezesseis anos, terá duas meninas. Nesse tempo, suas memórias irão voltar, e você saberá exatamente o que fazer. — Assim que a voz termina de falar, a criatura abraça Olívia, e a chama de “filha”, mas não demonstra muitos sentimentos por ele.

Percebo que esse mundo onde estou, é completamente diferente de onde venho, somente a escuridão prevalece, monstros e coisas estranhas estão por todo lado. Olívia abre o livro, uma luz a suga para dentro, o livro desaparece. Como em um flash, eu apareço diante de um grande portão. Por alguns minutos, cogitei em ir embora, mas quando me virei para sair, uma voz chamou a minha atenção.

— Quem é você?

(É uma criança, ela me parece familiar.)

— Eu sou… — Alguém me interrompeu.

— Ela não está falando com você, mas sim comigo, você é apenas uma ilusão, não consegue afetar os acontecimentos do passado.

(Uma ilusão? Passado?)

— Então isso são só lembranças? De quem? — Ela não me responde, e se volta para a outra menina.

— Diga seu nome! — A menina parece assustada, e por alguns minutos permanece calada.

— Alicia Hunter.

(Espera, esse é o nome da minha mãe! Ela tomará o corpo dela, eu não posso deixar!)

Olívia se aproxima de Alicia, que por algum motivo não se move. Tento impedir, mas não consigo me mover.

— Você não pode mudar o passado, Lillyan! — O livro aparece de repente no chão, Olívia o abre, e começa a gritar.

— ESSA É A MINHA SEGUNDA CHANCE, O MEU MOMENTO DE GLÓRIA, NÃO HAVERÁ MAIS SOFRIMENTO, MUITO MENOS DOR. AGORA ENTREGO A ALMA DE ALICIA HUNTER PARA O GRANDE LIVRO, EM TROCA, A MINHA ALMA TOMARÁ O SEU CORPO. — A alma de Alicia começa a ser sugada, seu corpo perde completamente a luz.

Sem conseguir me mover, presenciei a alma daquela que conheci como minha mãe a vida toda, desaparecer, e seu corpo e a sua vida serem tomadas por uma completa desconhecida. Consigo sentir a alma da Olívia repleta de escuridão, já não estou mais presa, mas tudo ao meu redor parece diferente, consigo sentir a magia presente, o que antes não conseguia.

Olívia perdeu completamente o poder. Ela não irá se lembrar de nada, foi o que a voz disse antes… me aproximo dela, e pego o livro no chão. Não tem nome e está trancado. Parece um simples livro velho, diferente de quando Olívia o usava. Não cheguei a ver de perto, mas com certeza algo mudou.

Capítulo 3

Alguns minutos se passaram, nada parecia mudar, até que o corpo de Olívia começa a se desintegrar diante dos meus olhos. Alicia continua caída no chão, talvez algo tenha dado errado. Um nevoeiro ainda maior começa a aparecer por todos os lados, em poucos segundos, não consigo ver mais nada.

Parece que estou em um sonho lúcido.

— Agora estou… em casa, mas como? — As palavras simplesmente saíram em voz alta.

Olho ao redor, estou no meu quarto, pelo menos acho, a decoração está um pouco diferente.

(Seria melhor se eu olhasse os outros cômodos, isso está muito estranho.)

Fazendo o máximo de silêncio que posso, me encontro em um enorme corredor, mas não tinha algo assim na minha casa, esse corredor é muito maior! Está tão silencioso, todas as portas são iguais, exceto uma.

(Não sei se eu deveria entrar, mas já que estou aqui, é melhor não fugir.)

Antes mesmo que eu possa tentar alguma coisa, sinto uma mão em minha boca, evitando meus gritos apavorados. Sou puxada para um dos quartos ao lado.

— Xiii! Não grite, por favor. Estou aqui para te salvar!

Me viro para o meu suposto “salvador”, mas ele não está com o rosto à mostra, está usando uma máscara cobrindo sou quase inteiramente o seu rosto.

— E quem é você? — Passos ecoam do lado de fora do corredor, o desconhecido só faz sinal de silêncio para mim, eu me calo.

Logo em seguida, ele segura a minha mão, me levando para algum outro lugar. Olho para trás, mas o que vejo não é a minha casa, a estrutura é totalmente diferente. O desconhecido está segurando firmemente a minha mão, me levando para uma floresta.

— Por que em todos os sonhos estranhos que tenho, eu sempre acabo passando por uma floresta? Você está no meu sonho, então você não é real, certo? — Ele aperta minha mão muito forte.

— Isso parece real o suficiente para você?

— Então, tudo o que aconteceu comigo foi realidade? Aliás, qual o seu nome? — Por um minuto, achei que ele não fosse me responder.

— Por que isso te interessa?

(Ignorante.)

— Se é para sair correndo por aí segurando a mão de um desconhecido, preciso saber pelo menos o nome dele. — Ele para, e olha as nossas mãos entrelaçadas, com isso, solta no mesmo instante.

— Só me siga, preciso te manter a salvo.

(Do que mesmo ele quer me salvar?)

— Não pense que estou fazendo isso por você, se eu te levar ao Uriel, eu posso ganhar uma chance de sair do mundo das sombras. Desde sempre eu soube que aqui não é o meu lugar, quando vi você, eu sabia que essa era a oportunidade perfeita.

(Bom, eu não esperava mesmo que ele estivesse fazendo isso por mim.)

— Por que tenho que ir até esse Uriel?

Ele revira os olhos em resposta.

— Você faz perguntas demais, logo você saberá de tudo, no momento, se concentre em correr, não percebeu que estamos sendo seguidos?

Eu realmente não tinha percebido, mas agora consigo sentir uma aura maligna se aproximando rapidamente, não sei como consigo sentir essas coisas, mas esse não é o momento para eu me preocupar com isso.

— Onde pensa que vai com essa coisinha insignificante? — Uma voz grossa e assustadora ressoa entre as árvores. — Não se faça de bobo, Leon, me responda! Você sabe muito bem que não pode levá-la daqui, você deveria proteger a nossa rainha, não a dos humanos.

(Rainha?)

— Me entregue a garota, assim poderei poupar sua vida.

Leon não responde, apenas sorri maliciosamente, conjurando algum tipo de feitiço. Um campo de força aparece ao meu redor, enquanto ele espera a criatura dar as caras.

— Apareça, Thor! Tenho uma missão a cumprir e você só está me atrasando. — O tom de Leon é frio, ele está muito alerta.

Thor aparece de repente em frente a Leon, quebrando o campo de força. As feições de Thor são de um humano normal, mas ainda sim, ele tem uma aura ruim.

— Sério que você ainda tenta me derrotar? Você não passa de um fracote, sempre se escondendo nas costas da rainha. — Ele quase cospe as palavras.

— Você não sabe de nada, Thor.

— Quanto você acha que vai sobreviver? Aqueles humanos idiotas nunca irão aceitar criaturas como nós. Assim que entregá-la a Uriel, eles irão te matar!

Logo, um ataque repentino vem em direção a Leon, fazendo com que sua máscara se quebre em pedaços. Seu rosto fica à mostra, e percebo o rosto de Leon se contrair, em seguida ele avança para cima de Thor. Lutando ferozmente, os dois parecem ter o mesmo nível de treinamento, e possuem auras parecidas, quase totalmente idênticas.

— Pare agora, Thor, não quero machucar você! — As palavras de Leon são sinceras, mas isso não afeta em nada o seu oponente, que imediatamente se joga contra ele, o derrubando.

— Você acha que a Mallia aprovaria o seu comportamento? Eu sabia que você não era a pessoa certa para ela, tinha que ser eu, não você! Agora não só traiu a confiança dela, mas também a de todos do reino das sombras. — Thor começa a bater muito forte em Leon.

— Eu jamais ficaria com ela depois de descobrir aqueles planos horrendos que ela tem feito. — Leon o olha com desprezo.

— SEU TRAIDOR! VOCÊ NUNCA AMOU ELA DE VERDADE, VOCÊ SABE QUE TUDO QUE ESTÁ ACONTECENDO É CULPA DESSA COISA QUE VOCÊ ESTÁ TENTANDO SALVAR! — Ele grita.

Posso sentir seu ódio, então ele se vira para mim.

— Agora chegou a sua hora, garotinha imprestável, você será morta!

Meus olhos se enchem de lágrimas, talvez esta seja mesmo a minha hora. A cada passo mais perto, sinto meu coração pesar.

— Você se parece tanto com ela, mas, ao mesmo tempo, sinto a diferença entre vocês, não pode existir outra além da minha preciosa rainha.

Indefesa, ele se aproxima de mim, apertando meu pescoço com toda força. Em seus olhos, vejo somente dor e ódio. Ele aperta ainda mais, quando meus olhos estão quase se fechando, sinto uma estranha onda de poder fluindo do meu corpo. Estranhamente, é como se eu tivesse acabado de voltar no tempo, mas só para instantes antes de Thor me sufocar. Ele está paralisado, na verdade, não só ele, tudo ao nosso redor parece ter parado.

— Preciso fazer alguma coisa rápido… pensa, pensa…

Corro até Leon que continua caído, eu o revisto e procuro algo para ajudar nessa situação. O que encontro parece ser um livro de feitiços.

— Feitiço de proteção, feitiço de ataque, feitiço de invocação… ah, achei feitiço de teletransporte.

Pronuncio as palavras bem baixinhas.

— Se vai funcionar não sei, mas o que eu poderia fazer, além disso?

Segundos que pareceram uma eternidade, o tempo estava começando a retornar ao que era, minha preocupação só aumentava, pois o feitiço não parece ter surtido efeito.

— Criatura idiota, não pense que vai fugir de mim tão fácil, sinto um pouco da sua aura, sei que fez algum feitiço.

De repente, sinto algo estranho, tenho certeza que é o feitiço fazendo efeito. Não consigo conter uma risada, é diferente e sinistra. A criatura olha para mim com os olhos arregalados, e em resposta, eu dou um sorrisinho estranho, parece que não consigo controlar minha reação.

— Mas o que é isso?

Tudo fica branco ao meu redor. Em questão de segundos, estou em outro lugar, mas ainda na floresta. Leon ainda está desacordado, mas pelo menos estamos fora de perigo.

— Talvez nesse livro tenha algum feitiço de cura… — Passo as páginas rapidamente. — Achei!

Sussurro as palavras com minha mão estendida sobre Leon. Parece estar dando certo.

— Ei, o que você está… espera, esse livro é meu, como conseguiu usá-lo?

(Uau, ele nem me agradeceu).

— De nada!

— Você precisa me responder agora, como você conseguiu utilizar o meu livro?

— Eu só li os feitiços e pronto.

— Isso está errado, você é a gêmea da luz, não deveria nem ao menos conseguir tocar esse livro.

— Como assim?

— Para seres da luz, a magia dos nossos livros são proibidos. Tem o mesmo efeito, mas a aura contida neles podem corromper até o ser mais puro, no caso, a escolhida.

— Quais as consequências disso?

— Se a escolhida for corrompida, o reino da luz perde sua força, e as criaturas das sombras poderiam invadir aquele mundo, levando o caos e a destruição, pois nosso povo deseja vingança. Fomos lançados a esse mundo injustamente, e agora esse é o maior desejo de todos que habitam aqui.

— Até o seu?

— …

(Sem resposta, significa que, no fundo, ele ainda deseja a vingança)

— Então… O que faremos agora?

Ele pega minha mão, não questiono, nem faço nenhuma pergunta.

Seguimos em um silêncio insuportável, eu realmente queria quebrar esse clima ruim. Perdida em meus pensamentos e de cabeça baixa, não percebi que Leon havia parado até que o meu braço foi puxado.

— O que você quer?

(Aquela voz de novo, olhando ao redor, não vejo nada.)

— Queremos ir até o reino da luz. — Leon pega algo do bolso. — Tenho algo para lhe oferecer em troca.

— Você roubou um objeto pessoal da rainha, sabe que será perseguido? Ainda mais porque é algo extremamente precioso, já que é parte do sacrifício.

(Como ele pretendia sair daqui antes de me encontrar? Ele tinha outros planos?)

Olhando bem, vejo a mesma adaga que a garota do capuz usava.

— Não importa, só aceite!

Um portal se abre imediatamente, Leon segura a minha mão e me puxa para dentro o mais rápido que pode.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!