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Maldito Mafioso

"Capítulo 1 - Uma lição

14 anos antes...

- Mamãe! Minha boneca quebrou - A pequena garotinha de grandes olhos azuis fala enquanto se aproxima correndo de sua mãe, mostrando a boneca de porcelana com um dos braços quebrado.

- E agora, o que faremos? - Ana, sua mãe, pergunta com um sorriso amoroso no rosto. Observando com carinho a pequenina.

- Agora temos de jogar fora - a garotinha responde com certa tristeza e a cabeça baixa. Mas logo Ana trata de colocar o dedo indicador abaixo do queixo da pequena Sofia e levantar seu rosto.

Ela sempre chamara a atenção da filha falando para que nunca abaixasse a cabeça. "Toda princesa deve manter a cabeça erguida" dizia a mãe.

- Sem ao menos tentar consertar? - Ana indaga. A menina observa sua mãe atentamente, com um gracioso brilho no olhar; com esperança.

Ana se dirige até a estante da cozinha e pega o frasco de cola na estante mais alta, então segue de volta para onde estava a filha.

- Aqui - ela pega uma metade do braço da boneca e passa a cola com o auxílio do pincel quem vem junto a tampa do frasco, unindo as duas metades novamente.

Após esperar alguns segundos – estes que pareciam intermináveis para Michelly–, Ana devolve a boneca inteira para a filha novamente, que a embala em um abraço inocente.

- Brigada, mamãe.

- Sofia, viu o que aconteceu aqui? - a mãe indaga, tomando a inocente atenção da criança de seis anos novamente - Quando algo se quebra, filha, a gente conserta, não joga fora. Como dizia minha mãe: para tudo tem um jeito nessa vida, exceto para a morte... – a mulher conta com nostalgia – Me prometa, minha vida, seja sempre doce, prestativa e amorosa, não jogue​ nada fora sem antes, ao menos, tentar consertar. Me promete?

A menina assente com um sorriso, aprendendo a lição a partir do resultado da boneca.

- Um dia, você verá que essa lição se aplica não só em bonecas, mas, também, na vida.

E Ana dá uma tosse. Forte.

Ela não disse nada sobre o gosto de sangue que sentiu na boca. Não queria preocupar a doce Michelly. Apenas o engoliu e sorriu para a menina outra vez.

- Irei me deitar, meu amor - e antes de sair, deposita um beijo na testa da criança. 

Michelly não entendia ainda, mas a mãe estava com câncer e tinha poucas semanas de vida, segundo os médicos.

Mas não foi o que aconteceu, ela não tinha somente 'algumas semanas', pois, naquela mesma noite, sua mãe pereceu.

Realmente, não tem conserto para a morte...

"Capítulo 2 - Despedida

14 anos depois...

Estou voltando para casa pela estrada de terra e empoeirada de sempre, já faz algumas semanas que não chove. Se continuar assim, as coisas irão ficar difíceis lá em casa, precisamos da chuva para ajudar com as nossas plantações. Já que vivo sozinha com meu pai em nossa pequena terra na roça, onde plantamos milho, arroz e algumas verduras e legumes das quais vendemos em feiras.

Saí bem cedo hoje para colher acerolas, pois pretendo fazer um doce de sobremesa para comermos após o almoço. Eu costumava fazer isso com a mamãe antes dela partir, e mesmo depois disso, não pareceu que perderia o sentido se eu continuasse a fazer isso sozinha. E estava certa. Ao contrário do meu pai. Ele nunca mais teve ninguém depois dela. Segundo ele, nada poderia reparar seu coração despedaçado pela sua morte. O que discordo, a partida da mamãe sempre ficará marcada sim. Mas não é impossível consertar, ele só precisa encontrar um novo amor. Não para substituir a mamãe, mas para fazer bem a ele. E espero que tão bem quanto ela.

Sinto uma sensação estranha bater em meu peito enquanto me aproximo de casa pela estrada principal. Aperto com mais força a alça da minha cesta com as frutas e paro. Decido seguir pelo segundo caminho, mais estreito e com uma pequena mata mais fechada, que também dá em casa.

- Eu ainda não tenho! Por favor, me dê mais tempo - escuto o grito desesperado do meu pai ressoando de dentro de casa ao me aproximar. Fico parada, tentando processar a informação.

- Como você ainda não conseguiu essa droga de dinheiro em tanto tempo, Maurílio?! - escuto uma voz masculina gritando com meu pai em seguida.

Vejo que tem dois homens elegantes vestidos em ternos pretos em frente a porta de casa, e uma Mercedes preta estacionada ao lado. Eles não me veem, pois ainda estou entre as árvores.

Descido dar a volta e entro pelos fundos, tomando cuidado para que os homens não me vejam. Sinto a adrenalina percorrendo meu corpo. Após passar pela cozinha, sigo até a sala e paro atrás da porta, na tentativa de entender melhor essa conversa. Que dinheiro é esse?

- Você fez esse trato com meu pai a quase quinze anos atrás! A dívida venceu semana passada e estou aqui para pegar meu dinheiro de volta. Meu pai fez a parte dele.

Pagamento? Meu pai seria capaz de fazer dívidas com agiotas? Nós não estamos precisando tanto assim.

- Desde que Ana morreu, as coisas se complicaram demais. Não consegui todo o dinheiro... M-mas eu tenho metade, posso te dar agora. Dou o resto depois e... - o homem o interrompe.

- Depois quando? - ele grita - daqui mais quinze anos!? Você vai me pagar agora!

- Como? Eu não tenho seu dinheiro - escuto o solução do papai chorando. E isso parte o meu coração. Não posso deixar que ele continue ser tratado assim.

- Bom... você tem algo que me interessa... - o desconhecido parece pensar por um momento - Como ela se chama mesmo? É Michelly-, certo? - ele indaga em um tom mais calmo.

O quê?

Congelo onde estou. Sinto minha boca secar e minha pulsação ecoar em meus tímpanos.

Ele me quer? Para quê? E per Dio, quem é este homem?

- Não! - o berro do meu pai finalmente me tira do meu transe - Fique longe da minha filha. Pode ficar com o quê quiser, minha casa, minha terra, me faça trabalhar com para você... - outra vez o homem o interrompe. Inclino a cabeça sorrateiramente para ver o que está acontecendo lá dentro.

- E por que eu iria querer um inválido como você trabalhando para mim? Ou então uma terra que não vale nada? Ou me dê o que quero ou mato os dois! - o desconhecido, que está de costas para mim, joga a mão esquerda para trás, pegando algo da cintura, que logo revela ser uma pistola, apontando para a cabeça do meu pai, que logo se joga de joelhos no chão e abaixa a cabeça, não mais chorando. Papai estava decidido a se sacrificar por mim.

Chega.

- É Michelly - digo, tomando uma coragem que desconheço e entro na sala, segurando minha cesta com toda a minha força. Tento manter a calma, mas por dentro estou como um tornado. O homem de cabelos pretos não se vira para me olhar. Apenas fica parado. Me escutando -. Eu vou com você. Me vendo a você pela vida do meu pai... E pela quitação da dívida - concluo.

O homem finalmente se vira para mim, o analiso firmemente. Ele é tão belo que poderia deixar o mais gracioso dos anjos com inveja. Seus olhos claros e grandes, acompanhado de seu cabelo negro, transmite seriedade... E sua expressão de raiva passa um ar de perigo... O que também me faz querer sair correndo. 

Eu não tenho muita base do que seja um homem bonito ou feio. Não conheço muitos homens. E os que vejo são os que vão à feira, pois normalmente vão mais mulheres.

Mas este, definitivamente, é lindo.

Ele me analisa da cabeça aos pés, o que faz-me sentir desconfortável. Não gosto quando me olham assim – como se quisessem me comer.

- Melhor do que eu pensava - ele murmura enquanto me observa.

O que ele quer dizer com isso?

- Filha... não - papai me implora chorando, ajoelhado no chão.

Está disposto a se sacrificar por mim. Ele só não sabia que eu também estou disposta a fazer o mesmo por ele.

- Cale a boca, velho! - o homem se vira novamente apontando a arma para ele.

- Não faça isso! - clamo sua atenção - Você já tem o que quer, agora deixe ele em paz!

Dessa vez a arma é apontada para mim, e nessa ação, mais um soluço alto do meu pai é escoado. Me seguro ao máximo para me manter firme onde estou. Se não tivesse essa sexta para me canalizar, acho que já estaria no chão com papai.

- E você acha que é quem para me dar ordens, cagna? - o homem indaga, com firmeza.

- Eu não sou ninguém - retruco -, mas se isso é uma reunião de negócios. Agora que já está tudo resolvido... - ele me interrompe.

O que esse cara tem que nunca deixa ninguém terminar de falar?

- Só termina quando eu disser que terminou, puttana. Já que vai precisar ser muito castigada até aprender a se por no seu lugar.

- Bom, meu caro senhor, aqui é o meu lugar. Você quem veio até minha casa, então você quem me deve respeito. Vejo que educação é algo que não lhe foi dado... nada que não possamos consertar - respondo calma. E que merda eu acabei de fazer? Eu só posso ter perdido o bom senso. Me arrependo imediatamente por não ter segurado a minha língua.

Ele abaixa a arma e anda lentamente até mim. Aperto com tanta força o cabo da cesta que não sei como ainda não se partiu. O moreno pega uma acerola da cesta e põe na boca, mastigando-a em seguida.

- O respeito deve ser dirigido a mim a partir do momento em que eu estou com a arma... - ele ergue a mão mais uma vez, ostentando o reluzente metal.

- Sem problemas, se o problema é armamento, temos algumas espingardas aqui em casa.

Eu, definitivamente, estou pedindo para morrer. 

Mas então, surpreendentemente, ele ri... E de forma bem humorada.

Oi?! Ele está mesmo rindo?

- Segura a língua, gatinha - me adverte e se vira para meu pai outra vez, que nos observa com temor -. Se despesa dele e pegue seus documentos, não precisa levar nada, providenciarei suas roupas hoje ainda, sairemos em seguida.

Respirando mais aliviada, ponho a cesta no chão e corro para abraçar meu pai. O embalando em meu maior abraço... em meu abraço de despedida.

- Filha, não faça isso - ele implora com a testa colada na minha, que está suada.

- Eu não posso deixar você morrer, papai - falo deixando a primeira e solitária lágrima rolar pelo meu rosto empoeirado -. Você é tudo que eu tenho.

- Minha filha, você está indo para um abatedouro.

- Pai, tudo que temos agora é a promessa dele. Se ele me quer como pagamento para te deixar em paz, é o que farei - dou um beijo em sua testa - Amo você, papai.

- Eu também te amo, meu amor - ele disse se dando por vencido, mas mesmo assim, é necessários que eu faça um pouco de esforço para me soltar dele -. Cuidado. Este homem é mal, mais perverso que o pai dele.

- Nada que eu não possa consertar - dou-lhe um sorriso triunfante, também na tentativa de acalmar meu pai.

- Nem tudo nessa vida se conserta, Michelly.

- Papai, a única coisa que eu não poderia consertar aqui, era se o senhor morresse - digo sorrindo para tranquilizá-lo e me levando. Viro-me para o homem que ainda está empunhando a arma e a colocar outra acerola na boca. A mastiga e cospe em seguida.

- Eu odeio acerola - diz, fazendo uma careta. Essa deveria estar azeda.

- Me promete deixar meu pai em paz se eu for com você?

Ele me olha entediado e revira os olhos.

- Tem minha palavra - diz dando de ombros -. Até porquê, não tenho tempo a perder com ele.

E eu acredito, não tem mais nada que meu pai possa dar a ele.

Ajudo meu pai a levantar​ e o sirvo um copo d'água. Vou ao meu quarto e pego minha carteira com os documentos e minha boneca de porcelana, a que teve o braço colado anos atrás, nunca mais descolou depois daquele dia.

- Estou pronta - digo voltando a sala.

***

- Não acredito que não viram ela entrar seus incompetentes! - meu "dono" grita com os dois homens bem vestidos que estavam à entrada da casa.

- Não é culpa deles - defendo-os -. Eu moro aqui, conheço tudo como a palma da minha mão. Quando os vi, entrei por outro caminho.

O homem, que ainda não me disse o nome, me lança o olhar repressivo, dizendo de maneira silenciosa para que eu me calasse, assim o faço e abaixo a cabeça.

- Vamos - ele chama e abre a porta do carro para mim, que entro em seguida.

... Fico observando de dentro do carro a minha casinha sumindo ao longe.

Eu veria meu pai de novo?

Capítulo 3 - Vida nova

"Notas do Autor

 Não tem nada tão ruim que não possa piorar.

Boa leitura 😘

Eu nunca estive nem perto de uma casa tão bonita e grande assim. E olha que eu nem entrei ainda.

 

A mansão de dois andares com vista para as montanhas no horizonte e cortejada por um verde jardim ao redor, nem daria para desconfiar que se tratava do lar de um homem que aponta armas para o rosto dos seus semelhantes. A frente de pedra que se estende até a porta principal onde se vê uma pesada porta de madeira entalhada e escura, de alguma forma revela a personalidade dele; grosso e obscuro. Pelo menos é só isso que transparece em seu olhar.

 

- Vamos - meu "dono" fala assim que estacionam o carro.

 

- Desculpe - chamo sua atenção -, mas qual o seu nome mesmo? - não consigo mais conter a minha curiosidade. Não seria saudável para mim ficar me referindo a ele sem chamá-lo pelo nome.

 

Ele para e me analisa com atenção. Diferente de como foi em minha casa. Agora com seus olhos claros me estudando, seu maxilar cerrado e sua respiração pesada, ele parece  procurar algo em mim... Mas o que seria?

 

Disse algo errado?

 

- Vicenzo - ele responde por fim, abre a porta e sai.

 

Em seguida a porta do meu lado é aberta pelo motorista e eu saio em seguida, acompanhando-o a passos apressados.

 

- Senhor! - uma senhora curvinea, que aparenta ter seus 50 anos, se aproxima de nós quase que correndo enquanto entramos - Aqui estão as roupas que o senhor mandou - informa logo antes de entrega-lo as três sacolas.

 

- Obrigado, comprarei o restante mais tarde - a mulher assente e sai apressadamente.

 

 

Pelo menos ele sabe agradecer...

 

 

E daí sigo ele para dentro da casa.

 

 

A casa consegue ser ainda mais fantástica por dentro. Uma decoração elegantemente italiana, mas com uma pegada sensual, acompanhada de grandes quadros nas paredes em molduras douradas e um tapete antigo feito a mão no centro do hall logo ao lado da escada com o corrimão te madeira entalhada e perfeitamente esculpida. Tudo nessa cara reflete a isso: perfeição. Devo estar igual uma criança observando tudo com atenção.

 

- Vou te mostrar o quarto - ele fala seguindo para uma porta metálica ao lado da escadaria de mármore e madeira maciça, que logo percebo que é um elevador.

 

- Você tem um elevador dentro de casa?! - pergunto surpresa. Ele já tem uma escada e a mansão só tem dois andares. Não vejo motivo aparente para um elevador.

 

- Minha mãe é deficiente física, usa cadeira de rodas - ele responde por fim. Com o olhar fixo na porta metálica enquanto subimos.

 

- Ela mora com você? - pergunto curiosa.

Ele dá um suspiro pesado, como se minhas perguntas o incomodasse.

 

 

- Não. Ela vem me visitar de vez em quando. 

 

Resolvo ficar calada. Não quero correr o risco te tomar um tapa por falar demais. Realmente acredito que ele faria isso.

 

 

 

Depois que a porta do elevador se abre, seguimos pelo corredor em cor nudes – carpete nudes, paredes brancas e uma janela elegante que vai do chão ao teto onde deveria ser a parede no fim do largo corredor, emoldurados em madeira escura –, acompanhado de quadros e algumas estantes claras com flores naturais e objetos de decoração. Até chegarmos a uma porta pesada de madeira entalhada que lembra um pouco a porta de entrada de mansão.

 

Ele tira uma chave do bolso e a abre, revelando um enorme quarto, com algumas portas na parede esquerda, paredes em tons de cinza escuro e branco. O chão em um piso branco de mármore acompanhado de um tapete felpudo marrom que cobre quase todo o quarto, parece ser feito sobre medida. A cama é aquela tal de king size e janelas do chão ao teto, cobertas por cortinas que combinam com os tons das paredes.

 

- Tome - ele me entrega as sacolas e me guia até uma das portas dentro do quarto, que logo revela ser um banheiro -, tome um banho e vista isso, você está coberta de poeira. Mais tarde eu a pego aqui no quarto.

 

 

 

Acho que isso indica que eu não posso sair daqui até a segunda ordem. Assinto com a cabeça e ele se retira.

 

 

 

Assim que entro no banheiro. Nossa. Eu tudo que me vem a cabeça assim que me vejo no espelho. Estou horrível. Eu nem sequer penteie os cabelos hoje quando acordei, só vesti um short e uma regata branca e fui colher as frutas. Estou coberta de poeira e minha pele cheia e pequenos arranhões, causados pelos galhos da a ceroleira.

 

 

Sigo para o box do banheiro e fico em dúvida se sei ligar esse troço​ de chuveiro​ ou não. É tudo muito refinado.

 

Giro o registo e uma água morna recai sobre mim, nunca tomei banho em uma água que não estivesse gelada. Gostei do banho quente, estranhei um pouco a princípio, me sentia como se alguém estivesse fazendo xixi em mim, mas melhorou com o tempo. Pego um pente que vejo em cima da pia e o uso meus cabelos, vendo os fios dourados sento lavados a medida que a água recai sobre eles. Depois limpo, cato alguns fios que caíram no chão no processo.

 

 

 

Ao terminar, me inclino para espiar o que tem para mim nas sacolas que deixei sobre a tampa do vaso.

 

 

 

E fico boquiaberta com o que vejo.

 

 

 

Que tipo de roupa íntima é essa?!

 

 

 

Com a cor rosa, de renda e minúscula. O soutien é em conjunto com a calcinha, que impressionantemente é do meu tamanho, só o soutien, porque essa calcinha só pode ser feita para bonecas de tão minúscula que é.

 

 

 

Será que faltou pano para fazer?

 

 

 

Na outra sacola tem uma sapatilha preta sem muitos detalhes e na outra encontro um vestido vermelho, que também deve ter faltado pano processo de preparo. Tem mangas até os cotovelos, e um decote v enorme até a metade da barriga. O comprimento nas pernas segue acima da metade das minhas coxas.

 

 

 

Na falta de escolha, vai esse mesmo.

 

 

 

Me enxugo e me visto, me dirigindo ao quarto em seguida. Deito-me na cama e abraço minha boneca. Fico observando tudo e me deixando levar nas coisas que aconteceu nas últimas horas. Quanta loucura. Penso em meu pai também meu pai... Até que um soninho agradável me vem e finalmente adormeço.

 

 

 

- Ei! - uma voz grossa me desperta - Acorda bela adormecida.

 

 

 

Abro os olhos lentamente e, com a vista ainda embaçada, vejo Vicenzo ao meu lado. De pé e me observando.

 

 

 

Como gostaria que tudo fosse só um sonho.

 

 

 

- A roupa até que ficou legal em você - ele elogia... se é que isso pode ser chamado de elogio.

 

 

 

- Obrigada - respondo enquanto me levanto meio sonolenta. Caramba, essa calcinha está me incomodando -. Vice... - volto a dizer, mas ele me corta.

 

 

 

- É Vicenzo - me corrige. Não me importo, gosto mais de Enzo. E o chamarei assim.

 

 

 

- Pode me explicar toda essa bagunça com meu pai? Está tudo muito confuso para mim - peço, não aguento mais ficar assim, às escuras...

 

 

 

Ainda de pé, ele me observa mais uma vez, com a expressão de se deveria me contar ou não. Ele suspira duro por fim, dando-se por vencido.

 

 

 

- Há uns anos atrás, quando ainda éramos crianças, seu pai pegou muito dinheiro com o meu para pagar o tratamento de câncer da sua mãe. Mas o tratamento não foi o suficiente e ela morreu, essa parte você sabe. Enfim, o prazo para o pagamento do empréstimo era de 10 anos. Mas quando meu pai foi cobrar, seu pai ainda não tinha o dinheiro, e deu mais um prazo de quatro anos para o pagamento. E como meu pai morreu à dois anos atrás, eu assumi e fui cobrar.

 

 

 

Então o único erro do meu pai foi amar demais a minha mãe...

 

 

 

- Não acha que foi muito duro com a gente? 

 

 

 

E um sorriso sarcástico se manifesta em seu rosto.

 

 

 

- Eu fui muito generoso, pretendia matá-lo. Só mudei de ideia quando soube que tinha você - Vicenzo põe a mão em meu queixo sem deixar seu sorriso.

 

 

 

- Por que a mim? - indago confusa. Ele solta meu rosto.

 

 

 

- Porque você é o tipo de garota que eu adoraria ter na minha cama - ele se aproxima vagarosamente com um sorriso de lado, espalma suas mãos sobre cama, uma de cada lado do meu corpo sentado sobre ela.

 

 

 

- Burra? - então ele fica sério.

 

 

 

- Inocente.

 

 

 

Fico completamente sem reação com essa resposta. E ele se aproxima mais, lentamente, deixando seu rosto a centímetros do meu. Sinto algo dentro de mim queimar em expectativa.

 

 

 

- Uma doce inocência que vou adorar tirar - me dá um sorriso malicioso e cela nossos lábios rapidamente, indo em direção a porta em seguida - .Te espero lá embaixo.

 

 

 

Vou ao banheiro me recompor para encontrá-lo, não tenho ideia​ do que ele quer comigo e isso me deixa nervosa!

 

 

 

E essa calcinha me incomodando!

 

 

 

Resolvo tirá-la. Esse pedaço de pano e nada é praticamente a mesma coisa, a diferença é que sem ela não terá esse tecido chato entrando na minha bunda!

 

 

 

Tiro a calcinha e a jogo no lixo. Não pretendo usar isso de novo mesmo. Dou uma ajeitada em meu cabelo e me dirijo ao hall. Pois é o único lugar que eu conheço além do quarto.

 

 

 

***

 

 

 

Avisto outros dois homens lá além de Vincenzo. Me aproximo descendo as escadas e cumprimento os dois.

 

 

 

- Boa tarde, senhores - saúdo com um sorriso simpático.

 

 

 

Eles apenas assentem com a cabeça.

 

 

 

- Bom, Michelly  - Vincenzo a e falar -. Esse é meu amigo Natanael - estende a mão, indicando o homem mais jovem e alto -. E esse é o padre que fará nosso casamento.

 

 

 

Quê?!

 

 

 

- Um: como assim nos casar? Dois: pensei que padres só fizessem casórios em igrejas - comento, sem me preocupar em esconder a surpresa que estou sentindo.

 

 

 

Vincenzo  mais uma vez sorri diabolicamente.

 

 

 

- Você ainda não tem noção do meu poder, mio amore.

 

 

 

- Não vou me casar com você - digo por fim, o padre e o tal Natanael se entreolharam como se eu tivesse dito algum absurdo.

 

 

 

- Com licença - Vincenzo diz aos cavalheiros e me pega pelo braço. Me puxando em direção à um corredor -. Preciso dar um palavrinha com minha futura esposa.

 

 

 

Me arrastando até uma porta fechada. Ele abre, mostrando um escritório, onde entra e me empurra com ele.

 

 

 

- Você já está testando a minha paciência, garota! 

 

 

 

- O que aconteceu com o "mio amore"? - digo afrontosa e cruzo os braços.

 

 

 

Vincenzo me pega pelos braços mais uma vez e prende na parede.

 

 

 

- Não me faça perder os escrúpulos com você, puttana. Você escolheu vir no lugar da vida do seu pai! Agora fará o que eu mandar por bem, ou terei que lhe dar um bons tapas nessa bunda empinada para aprender o seu lugar. 

Que

 

 

Sinto lágrima de angústia ferruarem meus olhos. Vejo que tratá-lo com afronta só piorou as coisas. Eu, definitivamente, tenho medo desse desgraçado.

 

 

 

- Você está me machucando - digo por fim. Controlando minhas lágrimas.

 

 

 

Ele me solta e me observa encolher meus braços, só não recuo para longe dele, pois já estou contra a parede.

 

 

 

Ele suspira.

 

 

 

- Irei chamar o padre e o Natanael. Esteja recomposta quando eu voltar... mio amore.

 

 

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