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Razões Para Te Amar Vol.1

Capítulo 01 Adeus papai.

Eu estava ali parada ouvindo aquele absurdo todo entre meu pai e aqueles idiotas que se acham os donos do mundo. Eu tinha que pensar rápido e sair logo daquela situação ou eu não teria como escapar.

Eu sabia que meu pai era capaz de tudo para permanecer no cassino jogando sem parar e bebendo da mesma forma mas não imaginei que ele iria tão longe. Foi o fim pra mim então pensei rápido e discretamente fui até a escada e subi até o primeiro andar do cassino. Coloquei algumas roupas dentro da bolsa e quando fui pegar meu dinheiro num fundo falso que improvisei no guarda-roupa a porta se abriu.

Oliver: O que está fazendo, querida?

Ele falou com um sorriso sombrio. O Oliver era dono do cassino e meu pai achava que eles eram amigos mas Oliver só se divertia ao ver meu pai jogar e perder quase sempre além de tudo bem bêbado que forma um combo perfeito para um cassino como o dele. Desisti de chegar até o fundo falso e pulei a janela o mais rápido que pude. Acho que a adrenalina não permitiu que eu sentisse de imediato o impacto disso e corri o mais rápido que consegui. A dor maior que senti foi ouvir meu pai concordando em me colocar como moeda de troca para que sua dívida no cassino fosse "esquecida". Eu chorava enquanto corria e via alguns homens chegando perto e de repente esbarrei numa mulher linda, com um vestido incrivelmente chique.

Mulher: ei. - disse se virando para me encarar.- o que está acontecendo?

Alice: Por favor, me ajude. Eles querem me estuprar. - falei então a primeira coisa mais absurda que veio em minha mente para que ela pudesse fazer algo por mim.- por favor!

Mulher: Entre logo no carro e vamos ligar para a polícia.

Em um segundo que ela destravou o carro, entrei e me abaixei no banco. Não a conhecia mas se houvesse a possibilidade deles não conseguirem ver onde entrei melhor. Ela me ajudou e agradeci muito a Deus pois algo bom finalmente aconteceu em minha vida.

Os caras tentaram atirar mas já estávamos longe o suficiente para que eles fossem incapaz de nós ferir. A mulher se assustou com tudo isso e parou o carro num lugar público e quando pensei em descer ela travou todo o carro e isso me assustou ainda mais e voltei a chorar.

Mulher: o que significa isso?

Alice: Muito obrigada. - falei com a voz trêmula e ainda chorando. - Meu pai me doou para um daqueles homens para que sua dívida no cassino fosse perdoado.

Assim que falei comecei a pensar "o que irá acontecer com meu pai agora?" Eu fugi e nem pensei no que poderia acontecer com ele.

Mulher: qual seu nome?

Alice: ah, me chamo Alice.- falei tentando sorri em meio ao choro

Mulher: Prazer, me chamo Luna Wollinger.

Ela destravou o carro e saímos. Eu ainda tremendo e observei a atitude dela ainda assustada.

Luna: Quero que me conte tudo, enquanto isso, gostaria de comer?

Ao mencionar a palavra "comer" finalmente parecia que minha mente e corpo estavam se reconectando e ouvi meu estômago roncar. Lembro que só comi no final da manhã.

Alice: Nossa, corri tanto que só agora lembrei que estou morrendo de fome. Mas não posso, sai com a roupa do corpo.

Isso me fez pensar em "como vou fazer pra comer?" "Onde vou dormir?"

Luna: Por tudo isso que passamos agora acredito que vale a pena pagar um bom jantar.

Eu sorri e nem consegui conter toda minha euforia. Eu estava livre e terei minha primeira refeição e aquela mulher incrível, cara e jeito de rica foi tão boa pra mim. Não pensei nas consequências e a abracei. Ela retribuiu o abraço mas se afastou logo após.

Luna: Vamos jantar, quero entender tudo.

Entramos no restaurante e eu estava completamente descabelada, desarrumada e toda sem graça então travei assim que pensei nisso.

Alice: Desculpe, acho que não estou apropriada. Pensando melhor, a senhora poderia jantar e eu espero aqui.

Luna: De forma alguma, você está comigo e vai comer dentro do restaurante ao meu lado.

Ela tirou um casaco do carro, colocou em mim, me ajudou a ajeitar um pouco o cabelo e sorrimos. Entramos no restaurante e todos pararam para olhar aquela mulher deslumbrante entrando com uma garotinha desarrumada.

Homem: Senhora Wollinger, como vai? Irei acompanhá-la a sua mesa favorita.

Ele falou praticamente me ignorando. Entramos e ela fez o pedido pra nós. Eu nem sabia pronunciar o nome daquele prato e não iria pagar por ele então nem perguntei o que era apenas sabia que iria matar a fome e era o suficiente.

Luna: Me conte, Alice. O que está acontecendo?

Alice: Minha mãe morreu quando era pequena então cresci com meu pai "cuidando" de mim. - quando falei a palavra cuidando fiz aspas com os dedos e respirei fundo tentando conter as lágrimas.- Ele começou a beber demais e perdeu o emprego, então quando completei 15 anos o "amigo dele" dono do cassino ofereceu que ele trabalhasse lá em troca de comida e um lugar para dormir. Ficamos lá até hoje, ele apostava, perdia, no fim do mês não recebia nada e ainda ficava devendo.

O garçom nos interrompeu ao nos servir a comida e nem pude acreditar que aquela comida de nome tão chique era apenas macarrão com uma espécie de molho estranho e algum tipo de proteína que não identifiquei.

Luna: Nossa. Sinto muito que não tenha convivido com sua mãe. Vamos comer e voltamos a conversa depois.

Eu sorri e comecei a comer. Tinha um gosto estranho mas era gostoso. Comi tão rápido e ao perceber o que estava fazendo tentei me acalmar, bebi um pouco do suco que o garçom nos trouxe.

Alice: Muito obrigada, não tenho palavras pra agradecer. Ajudou uma pessoa que mal conhece, numa situação no mínimo estranha e mesmo assim não pareceu duvidar de mim. Agradeço de verdade. Resumindo, meu pai perdeu tanto no jogo e com bebidas que a dívida ficou gigante. Então o dono do cassino resolveu fazer a proposta mais indecente que já ouvi e meu pai aceitou me entregar como pagamento. Ele assinou um papel que me "vendia" para o Oliver. - comecei a sentir as lágrimas escorrerem e quando eu pensei em enxuga-las a mão suave de Luna fez esse trabalho tão delicadamente que me fez sorri.

Luna: Uma crueldade sem tamanho o que fizeram com você.

O garçom nos trouxe a conta e ela fez o pagamento. Levantamos e saímos de lá.

Alice: Obrigada por me ouvir e entender. Eu precisava disso. Estou me sentindo fazendo aniversário. 23/09 será como mais uma nova data de aniversários para mim. Irei guardar seu gesto no meu coração pra sempre.

Luna: Vou ajeitar um lugar para passar a noite e amanhã nos encontraremos.

Alice: Não posso aceitar. Me ajudou tanto, não tenho como retribuir e não quero mais incomodar.

Luna: De forma alguma. É uma ordem que você me acompanhe.

Disse a mulher deslumbrante com um sorriso iluminado. Retribuir o sorriso e a segui. Era o melhor a fazer, descansar e pensar melhor amanhã o que farei com a minha vida. O mais importante é que agora eu irei tomar as rédias da minha própria vida.

Capítulo 02 Recomeço

A senhora Luna fez questão de me levar até uma pensão e me deixar ali com tudo pago até o almoço do dia seguinte, me deixou com seu número e foi embora.

Eu estava feliz, sem absolutamente nada além da minha liberdade que acrescenta uma felicidade imensa. Tomei um banho, me arrumei e deitei na cama confortável que tinha naquele pequeno quarto. Fiquei pensando no meu pai, com aqueles homens agora sem mim para dar um pouco de limite e sem ajuda para tentar minimizar suas dividas. O que eles poderiam fazer com ele após minha fuga?

Adormeci em meio aos e pensamentos e quando acordei já eram 10:30 da manhã. Dei um pulo e fiquei olhando pro relógio por uns 10 segundos até tomar coragem e tomar um novo banho. Eu não conseguia pensar em alguma solução, então após me acalmar um pouco lembrei que eu poderia recorrer a Malu que era minha única amiga em todo esse tempo. Após terminar o ensino médio há poucos meses permanecemos o contato mas cada vez mais raro pois lá no cassino era tudo muito difícil, eu precisava trabalhar o dobro para tentar ficar com um pouco de dinheiro para juntar para uma fuga que estava tentando calcular e isso me fez lembrar que deixei todo meu sacrifício naquele fundo falso. Sai do quarto e fui até a moça da recepção.

Alice: Bom dia.

Moça: Bom dia. - disse com um sorriso largo.- O café está servido, pode ir. - apontando para o refeitório minúsculo.

Alice: Obrigada. - tentei da um sorriso ainda pensando no que eu faria a partir de agora.- Poderia me emprestar o telefone?

Moça: Claro.

Ela me entregou o telefone fixo do local no balcão e eu me lembrei que não tenho dinheiro algum.

Alice: Isso seria cobrado?

Moça: De forma alguma. Fique a vontade. - disse sorridente e se virando para atender um cliente.

Tentei ligar para o número da casa da Malu e para minha sorte a chamada foi atendida.

Alice: Alô?! É da casa da Malu?

Voz feminina: É sim, quem deseja?

Alice: Alice, meu nome é Alice Bettencourt.

Malu: Alice? Não acredito. -Disse ela animada.- Quanto tempo. Onde está? Aconteceu alguma coisa? Que número é esse? - Falou preocupada.

Alice: Preciso de você. Estou numa pensão - informei a ela o nome da pensão.- Você conseguiria achar e me encontrar? É urgente mas também é algo alegre.

Malu: Com certeza, devo chegar em 1 hora. Beijos.

Alice: Obrigada, beijos.

Desliguei a ligação e agradeci a moça da recepção indo até o refeitório e comendo um pouco de tudo que tinha disponível. Estava aliviada de não ter acordado com aqueles caras batendo na porta me mandando limpar os quartos do segundo andar, sem assédio nenhum e com uma comida boa. Comi devagar para ver se o tempo passava mais rápido pra encontrar logo a Malu.

Depois de comer fui para o meu quarto e aproveitei pra ver um pouco de tv até a Malu chegar. Assim que ela chegou a recepcionista telefonou e eu desci correndo.

Malu: Alice! - Disse me abraçando forte. - Que felicidade ter novamente.

Alice: Eu digo o mesmo. Mas eu preciso te dar um pouco de trabalho.

Malu: Diga, como veio parar tão longe de "casa". - Falou fazendo aspas ao mencionar o nome casa.

Alice: Você tinha razão. Meu pai não se importa comigo, ele teve a coragem de me vender e assinou um papel com o Oliver dando plenos poderes sobre mim. Me vendeu. Me trocou.- disse já com lágrimas escorrendo em meu rosto enquanto falava.- Ele não pensou em mim. Ele sabia que eles queriam fazer coisas nojentas comigo e me entregou de bandeja.

Malu: Não fique assim. - Ela me abraçou e continuou.- Sei que não é fácil mas agora as coisas vão melhorar porque você fugiu, não é?

Concordei balançando a cabeça sem sair daquele abraço que tanto precisava e sem parar de chorar baixo.

Malu: E suas coisas? Não conseguiu trazer?

Alice: Não.

Malu: Tudo bem, vamos arranjar uma solução e você fica lá em casa até se organizar.- Ela se afastou e enxugou minhas lágrimas.- Eu estou aqui, minha pequena.

Alice: Obrigada, amiga!

Eu a abracei novamente e saímos de lá. Ela me levou para andar um pouco, entramos em algumas lojas e, apesar de insistir para que ela não fizesse nada, acabou comprando algumas roupas pra mim. Ela era meu anjo da guarda com certeza. Sempre me ajudou quando eles me batiam e me trancavam no quarto. Mas eu estava literalmente começando do zero então não tinha muitas opções.

Malu: hoje é domingo, vamos aproveitar pra relaxar. Amanhã você vai comigo na universidade e tentarei falar com o diretor para fazer uma entrevista com você e conseguir um emprego, o que acha?

Alice: Você realmente é meu anjo da guarda.

No caminho até a casa dela fui contando como tudo aconteceu e ela ficava tão animada como quando assistia aqueles filmes de ação e terror.

Ela não era rica mas tinha uma boa condição financeira, trabalhava, estudava e morava sozinha então não me incomodei tanto em aceitar passar uns dias lá. O dia passou rápido e no dia seguinte fui com ela até a universidade. Estávamos animadas pois como ela havia se mudado para outra cidade e ninguém do cassino conhecia ela me senti segura. Chegamos a sala do diretor que aceitou me receber. Eu estava tão nervosa que ele deve ter notado o quanto tremia. Após uma série de perguntas, assuntos que não dei tanta profundidade para não assusta-lo, ele aceitou fazer um treinamento comigo e foi me mostrar a biblioteca onde eu ficaria responsável por administrar o básico e fazer uma pequena limpeza. Ele ficou de pensar sobre uma possível bolsa de estudo para que eu não parasse de estudar e animada com tudo isso fui até a Malu.

Malu: E aí? Conseguiu?

Alice: Siiim. Começo amanhã num tipo de teste e se der certo ele irá me contratar em um mês. Obrigada. - disse animada abraçando-a e logo após perceber que ela estava acompanhada de mais duas pessoas a soltei delicadamente.

Malu: Alice, essa é a Isabelly e esse é o Sam.

Alice: Olá.

Isabelly: Tudo bem? - disse sorridente.

Sam: Prazer conhece-la, senhorita Alice.- Disse dando um sorriso e acenanado.

Malu: Ela vai trabalhar aqui. Pertinho da gente. Como ela não conhece nada e nem tem contato com mais ninguém espero que vocês a ajude tanto quanto eu. Ela merece ser feliz finalmente.

Ela me deu um beijo na bochecha e me abraçou.

Alice: O que seria de mim sem você?! -falei dando uma risada curta e mantendo um sorriso.

Malu: Não quero nem pensar. - disse ela fazendo todos rirem. - Vamos almoçar?

Sam: Acertou no meu ponto fraco.

Isabelly: Eu escolho o restaurante. Você é péssimo com isso. - falou me olhando gentilmente.- com o tempo você se acostuma. O Sam é meu irmão mas não parece ter o mesmo bom gosto.

Sam: Eu tô ouvindo, irmãzinha. -falou debochando.- Eu sei escolher muito bem. Que tal, comida chinesa?

Alice: Eu gosto.

Sam: Há! Acertei de primeira. Tá vendo aí? - Ele veio até o meu lado e sorriu.- Não liga pra ela eu sei escolher bem as coisas.

Sorri para ele e seguimos até um restaurante próximo. Comemos e conversamos bastante. Eles eram super engraçados, brigavam, debochavam e riam um do outro. Ela parecia um tanto patricinha e o Sam um jogador de tênis galanteador mas nada tão chato e convencido ao ponto de ser entediante. Fomos até o centro e passeamos um pouco, era tudo tão lindo fora daquela prisão. A Malu me disse que tinha um celular meio velho e que não estava sendo utilizado então o Sam me presenteou com um chip para me dar as boas-vindas. Aproveitei que o chip veio com um pouco de crédito e quando chegamos na casa da Malu aproveitei pra colocar o chip em seu aparelho velho e ligar para Luna.

Luna: Alô?!

Alice: Ola, sou eu, Alice. Lembra de mim?

Luna: E como poderia esquecer? Como você está?

Alice: Graças a senhora, eu consegui dormir bem aquela noite e no dia seguinte consegui contato com uma amiga de colégio que me acolheu em sua casa e está né ajudando. não quero tomar seu tempo mas queria agradecer mais uma vez pelo que fez por mim.

Luna: Fico feliz com essa notícia. Esse é o seu número?

Alice: Sim.

Luna: Você não incomoda de forma alguma. Poderíamos nos encontrar novamente e continuar a nossa conversa.

Alice: Claro.

Luna: Ótimo, onde sua amiga mora?

Alice: Um pouco longe daquela pensão. - informei a ela mais ou menos a localização.- é tudo que lembro. Ainda estou me familiarizando com tudo isso.

Luna: Não se preocupe, sei onde fica e até mais próximo de mim. - uma voz masculina a chamou.- Preciso ir agora. Mas irei te ligar para marcarmos um encontro.

Alice: Tudo bem, muito obrigada mais uma vez.

Desligamos e fui para o banheiro tomar um banho. A Malu tinha ido trabalhar no fim da tarde então fiquei na sala assistindo tv.

~ Alguns dias depois ~

O emprego estava dando certo e finalmente tudo estava caminhando, fiz o teste para a bolsa de estudos na qual fui aprovada no curso de Economia. Nenhum sinal de que estavam me procurando mas achava estranho. Será que eles tinham apenas desistido? O que será que aconteceu com meu pai? A Malu diz que sou doida por ainda me importar com ele mas ele seria a única família que tenho ou tinha. Eu estava indo encontrar a senhora Luna finalmente.

Luna: Oi, minha querida.- disse me abraçando.

Alice: Boa noite, senhora Luna.

Luna: Não fale assim. Pode me chamar de Luna. Não acho que sou tão velha assim, sou?

Alice: Não. - disse um pouco envergonhada. - Desculpe, Luna. Irei te chamar como prefere.

Luna: Obrigada.

Alice: A senhora está bem? - olhando pra que estava parecendo um pouco branca demais.

Luna: Sim, estou. - Disse tentando disfarçar. - Acho que só preciso descansar.

Alice: Podemos remarcar esse jantar.

Luna: Não. Eu quero jantar com você. É só um mal estar.

Estávamos seguindo para entrar num shopping quando de repente ela foi caindo ao meu lado. Eu consegui segurar um pouco e ir abaixando ela no chão junto comigo. Comecei a gritar desesperada, eu não tava conseguindo entender. Ela estava bem, falando comigo e do nada começou a ficar pálida e atordoada. As pessoas começaram a ligar para a ambulância e em poucos minutos conseguimos chegar no hospital.

Eu não conseguia pensar direito, estava tudo tão bem, as coisas estavam começando a dar certo e tentei me manter positiva. Eu sabia apenas o nome e sobrenome dela então foi o que pude dar na recepção. Em sua bolsa encontraram documentos e enquanto o hospital entrava em contato com a família eu fui até o quarto em que colocaram ela após receber a medicação.

Luna: A-Alice?!

Alice: Estou aqui, Luna. O que está sentindo? -disse segurando a mão dela ainda sem saber se tinha intimidade suficiente pra isso ou estava passando dos limites

Luna: Se acalme. Deve ter sido a pressão. Apenas fique comigo.

Após falar sua última palavra ela dormiu profundamente e fiquei ali sentada numa cadeira aí lado da cama em que ela estava.

Eu estava nervosa e com muito medo do que estaria acontecendo com ela. Ela me salvou e eu ainda não tive tempo de retribuir. .

Capítulo 03 Tentando uma retribuição

Estava tão aflita e agoniada que estava andando de um lado para outro.

Voz masculina: Mãe! - Ele correu até ela e abraçou sem reparar que ela estava dormindo.

Me assustei com a entrada desse homem no quarto e respirei fundo para me recompor.

Alice: Olá, Me chamo Alice Bettencourt. Eu estava com sua mãe quando ela desmaiou.- disse tentando não parecer nervosa.- O médico ainda não voltou para informar nada mas deu uma medicação a ela que a fez dormir.

O rapaz se virou imediamente ao ouvir minha voz e já estava com lágrimas nos olhos.

Homem: Obrigado por ajudar ela. Eu disse que ela precisava ficar em casa e descansar até tudo acabar mas ela não me ouve. Não me ouve.- Disse tentando disfarçar as lágrimas. - Me chamo Arthur. Arthur Wollinger.

Alice: Ela já teve isso? Desculpe me intrometer mas fiquei preocupada. Será que posso aguardar pelo menos até o médico voltar?

Arthur: Claro. - se virando para Luna e a abraçando novamente.

O médico chegou pouco depois e nos informou que ela iria precisar ficar internada para conseguir se recuperar e depois de um tempo fui embora pois ela não iria acordar tão rápido. Voltei para casa e fui tomar um banho e logo em seguida peguei algo na geladeira para comer. Tudo isso me fez lembrar novamente do meu pai. Uma sensação tão ruim tomou conta do meu peito e as lágrimas desceram muito rápido. Se isso acontecer com meu pai não terá ninguém para ajudá-lo. Será que fui muito egoísta? Mas só de pensar naqueles homens me tocando me dava ânsia de vômito. Se com apenas os olhares e falas terríveis que me lançavam eu já sentia um nojo enorme, imagine se me tocassem? Logo o barulho da porta me fez despertar daqueles pensamentos ruins.

Malu: E aí? Como foi o jantar? - disse entrando no apartamento e jogando a chave na mesa.

Alice: Péssimo. Ela passou mal e desmaiou, a levei para o hospital de ambulância e ela precisará ficar internada para se recuperar.

Malu: Aí meu Deus. Que horror. - Ela me abraçou e beliscou um pouco do que eu comia.- Não fique assim. Ela vai se recuperar logo. Ela ficou só?

Alice: Não, jamais deixaria ela. Ela me ajudou num dos piores momentos da minha vida. -suspeirei.- O filho dela chegou então vim pra casa. Arthur Wollinger. Ele disse que ela deveria está em casa até tudo passar. Não quis ser intrometida, perguntei se ela já havia tido isso antes mas ele não me respondeu então não falei mais.

Malu: Arthur Wollinger? Não brinca, a mãe dele que te ajudou?

Alice: Vai dizer quer conhece ela?

Malu: Ele. Arthur estuda na universidade mas faz o tipo metido e pegador. As meninas disputam por uma noite com esse cara. Não sabia que a mãe dele era viva. Na verdade, eu não sei nada sobre ele além disso né. - ela disse dando uma risada fraca.

Alice: Ele falou bem frio comigo. Mas chorou bastante abraçando a mãe.

Malu: Pelo menos ele sente algo de verdade por alguém. Vamos descansar que o dia foi longo.

Alice: Vamos. Antes de irmos pra universidade amanhã, poderia me levar no hospital? Queria ver como ela está.

Malu: Claro.

Lavei a tigela em que eu estava comendo algumas frutas e fui para o quarto tentar descansar. Será que era o Arthur que ela conhece é mesmo o filho da Luna? Ela é tão doce e gentil. Como poderia ter um filho com as características ditas por Malu? Adormeci rapidamente e acordei com a Malu batendo na porta do quarto.

Malu: Vamos, temos que sair cedo para passar no hospital.

Alice: Ok. - levantei rapidamente, fiz minha higiene e fui para a sala. - Obrigada, estava tão cansada que quase não acordei.

Malu: Tô vendo. Eu só não posso te esperar no hospital porque minha primeira aula é bem cedo.

Alice: Claro.

Comemos e saímos rapidamente para não nos atrasar. Ela me deixou no hospital e foi para a universidade. Eu já conhecia um pouco a cidade então sabia o ônibus que precisava pegar. Fui andando até chegar na recepção e um homem alto, bonito e grisalho me parou antes que eu pudesse entrar no quarto onde a Luna estava.

Homem: O que pensa que estava fazendo?

Alice: Desculpe, sou uma conhecida da senhora Luna. Eu gostaria de ver como ela está.

Homem: Sou o marido dela, Christian Wollinger. Você não tem permissão para entrar e certamente minha mulher não conheceria alguém como você.

As palavras dele me fizeram congelar. Realmente fiquei sem saber o que falar. Talvez eu não tivesse tanta intimidade para visitá-la. Não sabia se ele tinha conhecimento do que a senhora Luna fez por mim então achei melhor não mencionar nada.

Arthur: Olá. -ele falou praticamente sem me olhar. - Entre, ela já estava querendo falar com você.

Alice: Obrigada. Com lincença.

Entrei no quarto e pude ouvir ele e pai falando sobre mim. O senhor Christian não acreditava mesmo que sua esposa me conhecia.

Luna: Minha querida. -disse entre uma tosse e outra.- Como você está?

Alice: Bem e a senhora?

Luna: Já pedi que não me chamasse assim.- disse tentando sorri.- Obrigada por me ajudar.

Alice: A senhora... Desculpe. Você salvou minha vida. -falei sorrindo.- Estou tentando retribuir um pouco. Como está se sentindo? O que aconteceu? Como posso ajudar?

Luna: Imagina. Estou bem. Melhorando.- sorrindo.- Conheceu meu menino?

Alice: Sim, rapidamente.

Luna: Ele é um homem encantador. As vezes vai pela cabeça do pai e me dá bastante trabalho mas ele é muito amoroso.

Alice: Se puxou a senhora eu não tenho dúvidas que sim. -falei segurando a mão dela.- Consegui um emprego de meio período numa universidade e consegui uma bolsa de estudo lá para o curso de economia.

Ela me deu um sorriso fraco e algumas lágrimas começaram a escorrer em seu rosto.

Luna: Eu fico feliz. - disse enquanto eu enxugava suas lágrimas.- Espero que seja muito feliz a partir de agora. Quero ajudar você então...

Antes que ela pudesse continuar a falar a tosse aumentou e ela começou a tentar puxar o ar sem conseguir. Fui até o filho e marido dela e os informei pedindo que chamassem o médico. O Arthur entrou correndo quase me derrubando e correu até ela.

Arthur: O que você fez?

Alice: Nada, eu juro. Ela estava falando quando começou a ficar assim. -falei preocupada e senti as lágrimas começarem a escorrer pelo meu rosto.

O médico entrou e o pai do Arthur me expulsou de lá. Ele falava tão grosseiramente que me lembrei bem dos homens do cassino. Isso me fez arrepiar de medo. Sai de lá sem conseguir parar de chorar, peguei o ônibus e cheguei no trabalho um pouco atrasada. Eu estava tão atordoada que não conseguia me concentrar.

Diretor da Univ.: Você não está bem. Aconteceu alguma coisa? É a terceira vez que erra no sistema o livre que foi retirado por alunos.

Alice: Perdão. Uma amiga minha está internada e... Desculpe, isso não irá se repetir. Não irei misturar as coisas.- falei baixando a cabeça e tentando controlar para não chorar.

Diretor da Univ.: Entendo. Mas preciso que se concentre agora. Suas aulas começam hoje a noite então a tarde está livre para rever sua amiga. Espero que ela fique bem logo.

Ele disse quase indiferente com a situação e saindo logo após. Fiz meu trabalho e fui almoçar no refeitório com a Malu, Sam e Isabelly.

Alice: Eu preciso ir ao hospital depois do almoço.

Sam: Está doente? O que aconteceu?

Alice: Não. Obrigada pela preocupação. - disse tentando sorri.- Uma amiga está internada e estou sem notícias desde hoje pela manhã cedo. Ela parecia piorar.

Isabelly: Sinto muito. Quando nosso pai ficou internado foi... Terrível. - disse tentando não chorar ao lembrar.

Sam: Não fique assim. Ele está num lugar melhor. -ele tentou esconder que também queria chorar e a abraçou.

Malu: É difícil mesmo. Só o tempo para tudo isso passar. Estou aqui com você. - ela disse pegando na mão da Isabelly.

Alice: Não queria trazer memórias tão ruins. -falei abraçando-a. - Eu também estou aqui com você.

Assim que terminei vi o Arthur entrar com um duas garotas abraçando-a e mais dois caras atrás dele. Todos pararam para olhar. Como ele pode está tranquilo assim com a mãe daquele jeito? Assim que os olhos dele me encontraram eu virei o rosto e respirei fundo. Ela disse que ele era amoroso mas não é o que parece. Ele sentou com os amigos e quando ia começar a comer, o celular dele tocou, seu rosto agora parecia sombrio e aflito. Ele se levantou e saiu correndo. Logo imaginei que tinha sido algo com a mãe dele então tentei disfarçar e sai dizendo que esqueci algo na biblioteca.

Alice: Aconteceu algo com sua mãe?

Arthur: Não me enche. - ele falou sem me olhar e seguindo em direção a um carro.

Alice: Por favor.- disse segurando o braço dele e assim que me toquei do que fiz, o soltei.

Arthur: É. Tá me perseguindo? O que quer tanto com minha mãe?- Ele disse num tom bravo.

Alice: Preocupada, ela me ajudou tanto e eu gostaria de ter notícias.- falei sem saber se meu argumento o faria me dizer algo.

Arthur: Depois que saiu os médicos conseguiram estabiliza-la mas agora piorou de vez.- Disse entrando no carro rapidamente.

Alice: Aí meu Deus. Posso ir com você?

Ele analisou ao nosso redor, não havia ninguém por perto e ele balançou a cabeça positivamente.

Arthur: Rápido e em silêncio.

Fiz como ele disse e fui. No caminho passei um SMS para Malu e fui o caminho em silêncio. Ele parecia um escultura feita a mão de tamanha perfeição mas quando abria a boca tudo isso sumia e dava lugar a uma imagem arrogante e intocável.

Arthur: O que tá olhando?

Alice: Nada. - Falei tentando disfarçar o olhar e me concentro na vista da janela.

Arthur: Não quero que ninguém saiba disso, entendeu? Não quero manchar minha imagem sendo visto com uma garota como você.- Disse me analisando quando parou no sinal e me olhando com superioridade.

Alice: Entendo, senhor Wollinger. Ninguém jamais ficará sabendo.

Meu foco era a senhora Luna e não me importei com as palavras desse homem com aparência de anjo mas completamente insuportável. Ele estacionou o carro no hospital poucos minutos depois e entramos no hospital. O pai dele estava num tom sério e ainda mais sombrio que o próprio filho. Não sei porque mas não conseguia ver alguma tristeza nele.

Christian: Entre logo.

Entrei com o Arthur mesmo não sendo convidada. Ela estava muito fraca e quando nos viu deu um leve sorriso. Ela acariciou o rosto do Arthur e sorriu.

Luna: Que bom que veio. -ela disse com uma voz falha e se virou para me olhar.- Ah, minha querida. Me prometa que ficará bem.

Alice: Vamos ficar bem.- falei sem conseguir conter as lágrimas e segurei a outra mão dela.- Não se esforce.

Arthur: Você vai ficar bem. Não pode me deixar, sabe disso, não e?

Luna: Não se preocupe, você se sairá bem sem mim também. Me prometa que terá juízo.

Arthur: Prometo, se ficar comigo.- Ele disse chorando e soluçando.- Não posso perde-la.

Luna: Precisa me prometer independente de qualquer coisa.- Ela disse beijando a testa dele com resto da força que ainda parecia ter. - E você.- ela se virou para mim. - Fique perto do Arthur, ele vai cuidar de você também. Quero que cuide dela, meu filho.

De repente sua mão perdeu todas as forças e seu rosto foi lentamente deslizando pro lado.

Arthur: Mãe! Mãe! Por favor! - ele gritava enquanto sacudia ela para tentar acorda-la mas o barulho dos aparelhos informava que não iria adiantar.

Alice: Senhora Luna! - falei beijando sua mão.- Obrigada por tudo.

Sem saber se deveria ou não mas sem pensar nessa atitude fui até o Arthur e o abracei. Assim que fiz isso me dei conta da atitude impulsiva e pensei em me afastar mas ele retribuiu o abraço e intensificou esse abraço sem conseguir parar de chorar. Os médicos e enfermeiros chegaram. Levaram ela e foram embora. O pai dele entrou e ficou parado nos olhando.

Christian: O que tá fazendo abraçando essa garota?

Arthur: Me deixa um pouco. - disse ele se afastando um pouco de mim. - Não está mal? Sua mulher acabou de morrer.

Christian: Você sempre soube que isso iria acontecer. Deveria ter se preparado. Deixe disso e vá pra universidade. Eu vou resolver a burocracia. Nem parece um homem.

Alice: E-eu acho melhor sairmos daqui.

Eu não sei o que me deu mas puxei o Arthur e sai de lá com ele.

Arthur: Como ele pode falar assim? Me preparar? Se não me puxasse eu iria quebrar a cara desse...- ele respirou fundo e olhou pra mim.- Como conheceu a minha mãe?- ele disse tentando controlar o choro.

Alice: Longa história. Não se incomode com ele. Deve chorar sim, ela é uma mulher incrível. Eu a conheço faz pouco tempo mas dá pra notar a mulher deslumbrante e iluminada que ela é. -respirei fundo ao lembrar que o tempo verbal ao qual deveria falar seria no passado.

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