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Aconteceu Nós Dois

Capítulo 1 Alice

Nota da autora:

Antes de mais nada, agradeço seu interesse em ler a história. Espero que goste, pois a escrevi com todo o carinho do mundo!

Para ficar por dentro das próximas novidades, convido você a me seguir no Ins.tagram: @aut.juliana_andrade

Boa leitura!

**********

O Início:

Hoje marca o meu primeiro dia na renomada empresa DomBian, uma das líderes em Paris. A competição pela vaga foi acirrada, mas conto com uma sólida indicação e o privilégio de ter sido uma das melhores alunas da minha turma, o que certamente contribuiu para o meu destaque.

Meu nome é Alice, sou brasileira e tenho 23 anos. Decidi me mudar para cá após ter passado algum tempo em uma renomada empresa no Brasil.

Tudo parecia estar perfeito. Eu estava feliz, tinha um ótimo emprego, uma chefe incrível, e estava noiva do homem que acreditava ser o amor da minha vida.

Até que, há dois meses, durante o meu aniversário, a minha chefe, a Sra. Rangel, me presenteou com um dia de folga. Optei por manter a surpresa para o Renan e preparar algo especial, mas a surpresa acabou sendo para mim.

***Memórias da Alice***

Ele havia trabalhado a noite toda em um projeto do trabalho e estaria cansado, então planejei entrar em casa, deitar ao seu lado e esperar até que acordasse para celebrarmos juntos.

Entrei sem fazer barulho e subi as escadas cuidadosamente, mas ao invés de encontrá-lo dormindo, o encontrei na cama com Denise, até então minha melhor amiga.

Meus olhos se encheram de lágrimas enquanto ouvia os dois falarem no meio de seus gemidos.

— Eu não entendo por que você tem que se casar, Renan. Eu me casaria com você no lugar dela.

— Eu já te expliquei, querida. Preciso me casar para herdar a parte da minha avó, e a família dela tem influência na empresa.

— Aquela sem graça vai conseguir se dar bem de novo e eu vou ficar mal. Pelo menos sei que consigo te satisfazer de alguma forma, já que ela quer se guardar para o casamento.

Não tive mais forças para suportar aquela cena e bati a porta, fazendo-os finalmente perceberem minha presença.

Despencando escada abaixo, Renan, ainda envolto numa toalha, clamou por mim.

— Amor, não é o que você está pensando. Ela me seduziu.

— Fique com ela, Renan. Vocês se merecem!!! Estou enojada só de olhar para sua cara! ENOJADA!

Saí dali apressadamente, adentrando o carro sem destino certo. Dirigi sem rumo até encontrar uma pequena praça. Tentei reunir os meus pensamentos, indagando para onde deveria ir.

Não podia voltar para casa e enfrentar os questionamentos dos meus pais sobre o que havia ocorrido. Além disso, a Denise, minha única e melhor amiga, estava envolvida... Decidi ir trabalhar e tentar me ocupar para esquecer aquela cena.

Cheguei à empresa e estacionei no habitual. Reajustei a maquiagem, disfarçando os olhos inchados pelo choro, e adentrei o prédio.

Cumprimentei a Grazi, a recepcionista, subi até minha sala. No caminho, esbarrei com a Sra. Rangel e tive que explicar minha presença, visto que era meu dia de folga. Tentei articular uma explicação, mas as lágrimas traíram minha determinação. Ela gentilmente me conduziu até sua sala.

— Entendo que seja difícil, Alice. Gostaria que pedisse ao Lucas para se retirar, assim você ficará mais à vontade?

— Não, Sra. Rangel, ele pode ficar.

— Lucas, por favor, traga um pouco de água para ela.

Ele se ergue da cadeira e me oferece um copo d'água. Consigo finalmente recuperar a calma e relatar o que aconteceu.

— Que canalhas, Alice!

— Me sinto como se fosse a pior mulher do mundo, Sra. Rangel.

— Pode me chamar de Mariana, Alice. Não se culpe assim, o erro foi todo deles.

— Se precisar, posso resolver isso, Alice. — Lucas diz.

— Não se preocupe, Sr. Rangel. Só quero me afastar e ficar longe dele.

Mariana para por um momento, levanta-se e passa a mão pelo cabelo.

— Alice, o que você tem aqui no Brasil? Filhos? Seus pais dependem de você?

— Não, Mariana. Não tenho filhos, e meus pais praticamente me empurraram para ele por causa de acordos entre nossas famílias.

Ela senta novamente e olha para Lucas, depois para mim.

— Você me faz lembrar de quando comecei aqui. Dedicada, esforçada e inteligente. Vou perder uma excelente funcionária, porque confio muito em você. Mas, Alice, você está demitida!

Olho para ela sem entender, e Lucas faz o mesmo. Não bastava o que eu tinha passado horas antes.

— Amor, por que está fazendo isso?

— Está tudo bem, Lucas. — intervenho, desanimada. — Mariana tem razão em não querer pessoas desanimadas ao redor.

— Calma, vocês dois! Lucas, me Deixe a sós com ela, por favor.

Ele a olha, confuso, mas faz o que ela pede. Mariana se senta na cadeira ao meu lado, onde Lucas estava. Ela segura minhas mãos e vejo outra Mariana à minha frente.

Capítulo 2 O renascimento

— Alice, vocês que chegaram recentemente nos veem assim, casados e felizes, mas nem sempre foi assim. Lucas me traiu, e descobri isso na porta da igreja, no dia do nosso casamento.

— Eu não sabia, Mariana. Lamento muito.

— Não se sinta culpada, eu consegui perdoá-lo e seguir em frente. Em troca, ganhei um marido ainda mais carinhoso e dois filhos lindos.

Eu a olho sem entender. Ela realmente estava me aconselhando a perdoar Renan? Ela interrompe meus pensamentos.

— Não, eu não estou sugerindo que você perdoe aquele indivíduo, pois ele não te ama, e negócios não devem custar a nossa felicidade. Quando isso aconteceu, desapareci por alguns dias e experimentei exatamente o que você está sentindo agora. Assumi a filial de Paris, permaneci lá por um ano e organizei meus pensamentos. Me envolvi com um homem maravilhoso, que me fez perceber que eu não merecia sofrer por ninguém e que é essencial amar a si mesma em primeiro lugar. Esse homem se tornou muito especial para mim. Tentei fazer dar certo com ele e seguir minha vida, e teria conseguido, mas meu coração já pertencia ao Lucas. Decidi perdoá-lo e aqui estamos nós. Entretanto, nós nos amamos, e acreditamos merecer uma segunda chance. Visto que você não tem nada que te prenda aqui, renasça! Ofereço-lhe essa oportunidade em um excelente lugar, que contribuiu para o meu crescimento e para me tornar quem sou hoje: Paris. Como você sabe, temos uma filial lá, e além disso, meu sócio fundou outra empresa e está contratando uma secretária. Você pode começar lá e, se for do seu interesse, buscar outras oportunidades. Não sinta que está me devendo algo.

— Mariana, não vou pensar duas vezes, é uma ótima proposta e eu mereço um recomeço. Aceito.

******

E assim, foi assim que vim parar aqui, em Paris, e começarei a trabalhar na DomBian.

Pesquisei sobre o CEO da DomBian e devo admitir que precisarei ter paciência.

Dizem que o indivíduo é um homem frio e incisivo. Comenta-se que quem olha para ele vira uma estátua de gelo. Claro, essa última parte é uma invenção minha. No entanto, afirmam que ele é disciplinado, dedicado, focado em seus negócios, e possui uma reputação de ser exigente e assertivo. Deus me ajude!

Mariana gentilmente me emprestou um apartamento até que eu consiga me estabilizar aqui.

Acordo com o alarme do celular tocando, tomo um café e me arrumo. Desço e pego um táxi até a empresa.

Ao sair do táxi, dou uma última olhada em meu rosto e me encaminho até a recepção. Cumprimento a simpática recepcionista, que me sorri calorosamente.

— Bom dia, me chamo Alice Fernandes, sou a indicação da Sra. Mariana Rangel.

— Bom dia, o Sr. Bianchini ainda não chegou, mas a responsável já deve estar aguardando. Apenas um momento.

Ela pega o telefone e liga para alguém, provavelmente para a responsável do Sr. Bianchini. A ligação se encerra e ela me pede a identidade, fazendo meu cadastro e entregando um cartão de acesso logo em seguida.

Sorrio, animada, quando entro sozinha no elevador, para ir até a Sílvia, responsável pelo RH. Quando as portas estão prestes a se fechar, ouço uma voz vindo do lado de fora pedindo para segurar o elevador.

Em milésimos de segundos, enquanto penso se seguro ou não, a mão da pessoa impede que as portas se fechem.

Um homem aparentando ter uns 30 anos, cabelos pretos, barba aparada e um corpo escultural, me olha dos pés à cabeça e me encara. Logo depois fecha a cara e fala comigo.

— Não me ouviu pedir para segurar a porta? Você é surda? — ouço a voz ríspida de um homem.

— Eu ia segurar, mas você não me deu tempo. Seja mais educado, não irá te fazer mal. — respondo no mesmo tom que ele.

— Você sabe quem sou eu?

— Não sei e nem me interessa. Só seja educado, ok?

Ele fica em silêncio, e eu também. Não é porque sou nova que preciso baixar a cabeça para alguém.

Logo o elevador chega ao meu andar e eu saio, enquanto o homem continua subindo. Chego no local onde a recepcionista me orientou e bato à porta.

Forço um sorriso, tentando esconder o meu nervosismo, quando uma senhora alta e magra, aparentando ter seus 50 anos, abre a porta para mim.

— Bom dia, Alice, é isso mesmo? — Silvia sorri calorosamente ao me cumprimentar, estendendo a mão.

— Sim, exatamente. Bom dia!

— Por favor, entre! — Ela faz um gesto convidativo, indicando a entrada. — Vou adiantar o seu processo e lhe apresentar a empresa, bem como o seu local de trabalho.

Ela toma os meus documentos com confiança, preenche alguns formulários de forma rápida e eficiente, enquanto eu observo, impressionada.

— Vamos prosseguir. Agora vou lhe mostrar algumas áreas até chegarmos ao andar onde será o seu posto de trabalho. — Silvia mantém uma postura profissional, mas ao mesmo tempo demonstra uma abordagem acolhedora.

Fizemos um breve tour. Ela me apresentou a sala de reuniões, a copa, os banheiros, e o almoxarifado, sempre explicando com clareza.

Durante o caminho, continuamos a conversar, e pude notar seu interesse simpático em me deixar confortável e familiarizada com o ambiente.

Ao alcançarmos a cobertura, ela me mostra onde será a minha sala, antes de me levar até a sala do meu futuro chefe. Paramos em frente à uma porta de vidro, com uma plaquinha dourada acima, exibindo o nome "Gustavo Bianchini".

Silvia bate à porta, e logo ouvimos uma voz nos autorizando a entrar. Ao entrarmos, dou de cara com o homem que foi rude no elevador. Sua postura é ereta e sua expressão é séria, mas seus olhos denotam surpresa ao me ver.

— Você? — Ele mantém um olhar penetrante sobre mim, os braços cruzados, em uma atitude defensiva.

— Isso só pode ser uma brincadeira!

Capítulo 3 Insuportavelmente lindo

Nos encaramos, deixando Silvia um tanto confusa com a atmosfera tensa que se formou.

— Vocês já se conhecem? — questiona ela, buscando entender a dinâmica.

— Não, Silvia. Tive o desprazer de encontrar essa moça no elevador. — a voz dele é áspera, mantendo uma postura defensiva.

— Desprazer? Você que me tratou com rispidez, eu só respondi à altura!

— Eu sinto muito por vocês dois. Sr. Bianchini, essa é a Srta. Fernandes. A secretária que a Sra. Rangel indicou para trabalhar com o senhor.

— Mariana sempre está me arrumando confusão. Pode nos deixar a sós, Silvia. Já mostrou para essa senhorita onde ela vai ficar? — ele pede, direto ao ponto.

— Sim. Boa sorte, Alice! Com licença.

Silvia se retira, fechando a porta atrás de si, e eu fico ali, encarando-o, ainda processando o fato de que vamos trabalhar juntos.

Percebo que ele é ainda mais implacável do que imaginei. Um verdadeiro iceberg, embora eu ainda não tenha me transformado em estátua de gelo. Ele se senta, mantendo o olhar sobre mim.

— Vai ficar em pé? Se sinta, srta. Fernandes. — ele dá uma ordem, sem rodeios.

— Ok! — respondo, um tanto irônica, cedendo e me acomodando na cadeira.

— Desculpe pela rispidez no elevador. Podemos começar do zero, já que serei obrigado a conviver com você? Prazer, me chamo Gustavo Bianchini.

— Tudo bem, me desculpe pela resposta. Não sou acostumada a ser tratada mal e ficar quieta. Me chamo Alice Fernandes.

— Srta. Fernandes, espero que se saia bem, porque não tolero erros e não tenho paciência para ensinar nada.

— Modéstia a parte, era bem elogiada pela Sra. Rangel. Acho que trabalho muito bem.

— Então, acredito, a Sra. Rangel é tão exigente quanto eu. Agora sem conversas. Vamos trabalhar. Te darei a manhã para se habituar a seu local de trabalho, a tarde espero que já tenha pegado o jeito. — ele se vira para o computador, indicando que a reunião terminou.

Eu retorno à minha mesa e começo a trabalhar, analisando documentos e a agenda desse homem irritantemente atraente.

"Por Gustavo Bianchini."

Desde que Mariana se casou, percebi que não teria mais a chance de reconquistá-la. Decidi então me dedicar ainda mais ao trabalho. Investi tanto nisso que sobrou pouco espaço para qualquer forma de relacionamento.

Tornei-me um verdadeiro conquistador. Fiz da melhoria e da disciplina minhas principais metas, mantendo-me inabalável em minha rotina. Qualquer contratempo me deixava de mau-humor.

E foi exatamente o que aconteceu hoje. Acordei cedo, corri, fiz minha rotina de musculação e tomei café. Quando estava prestes a sair, notei o pneu furado do meu carro, o que me custou alguns minutos de atraso, já que precisei voltar e trocar de roupa.

Cheguei à empresa fora do meu horário habitual e quase perdi o elevador. Pedi para quem estava dentro segurá-lo, mas a pessoa preferiu fingir que não ouviu. Mas consegui alcançar a porta a tempo de impedir que se fechasse.

Ao entrar, meus olhos encontraram uma figura de beleza impressionante. Antes que eu pudesse observá-la mais detalhadamente, retomei minha postura habitual, voltando a ser o homem frio.

A mulher ousada não hesitou em me responder com a mesma ousadia. Já fazia muito tempo desde a última vez que senti vontade de impor uma punição, mas o atrevimento dela despertou um lado adormecido em mim. Parece que ela não me conhece, e por ora, prefiro manter o silêncio.

Subo até meu escritório, tentando deixar para trás o incidente. Mariana me envia uma mensagem que me faz esquecer completamente aquela mulher.

📥Bom dia, Dom Bianchini. Ok, parei! Bom dia, Gustavo. Minha recomendação começa hoje. Seja educado e a trate bem. 😘

📤Bom dia, Srta. Bernadine. Não estou de bom humor, acabei tratando mal uma bela jovem no elevador. Vou tentar ser gentil, mas não prometo. 🤨

📥 Faça um esforço, a moça é legal e está passando por um mal momento. Não saia tratando mal as pessoas. Tenha um ótimo dia.

📤 Por que está acordada à essa hora?

📥 Estava amamentando o Lorenzo. A parte mágica da maternidade. Mas já vou voltar à dormir, daqui a pouco preciso trabalhar. ❤️

📤 Ainda bem que a paternidade está fora de cogitação para mim. Bom trabalho.

📥Te lembrarei disso daqui a um tempo, quando me contar que será pai. Preciso ir.

"Ah, Mariana. Não tenho mais vontade de casar, quem dirá ter um filho." Afasto meus sentimentos por ela antes que meu mau-humor se torne insuportável, e me concentro no trabalho.

Minha concentração é abruptamente interrompida pela entrada de Silvia e a presença persistente do elevador.

— Você?

— Só pode ser brincadeira — A mulher ousada responde com outra dose de rispidez.

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