Saco! Hoje é o meu dia de vir fazer compra. Na verdade não é compra, é repor o que está faltando, com os preços lá nas alturas está cada vez mais difícil comprar comida.
A situação em casa cada dia que passa está mais crítica. Tem dias que comemos pouco para não faltar para o dia seguinte.
Faz 6 meses que eu terminei a minha graduação em Serviço Social, este é o mesmo tempo que estou trabalhando como Assistente Social no Instituto Educacional Sonhar, para as crianças carentes na comunidade Sonho Feliz.
Que ironia não?! As pessoas tem sofrido tanto com a fome, miséria, falta de esperança, muitas delas nem possibilidades de sonhar tem. Esta comunidade fica próximo de onde eu moro. Eu não ganho muito, mas eu amo trabalhar lá, a energia e a pureza daquelas crianças abastecem a minha alma, a minha energia. Viabilizar os direitos e conceder novas oportunidades para cada uma delas é o que me move.
Me chamo Katherine, tenho 25 anos, olhos cor de mel, meu cabelo é todo cacheado, sou preta, meço 1,59m.
Quando terminei o ensino médio aos 17 anos, cursei minha primeira graduação em Administração, nos dois cursos eu consegui bolsa de estudos de 100%, se não fosse assim, certamente eu jamais pisaria em uma faculdade.
Ao terminar o curso de Administração, eu conheci o curso de Serviço Social e foi amor a primeira vista. Era exatamente isso que eu queria, fazer a diferença na vida das pessoas, principalmente das crianças. Foi também a forma que eu encontrei de me sentir próxima ao meu filho, se vivo ele estivesse hoje estaria com 7 anos .
Eu conheci o mal-carater do pai do meu filho na faculdade, poucos meses após perder a minha mãe.
Seu nome é Douglas, ele era lindo, um sorriso encantador, nunca ficamos na frente de ninguém, era sempre no seu carro ou no seu apartamento, ele dizia que estava preparando o pai dele para me assumir, pois segundo ele seu pai é muito rígido.
Estávamos juntos a seis meses quando descobri a minha gravidez, mesmo usando camisinha todas as vezes, fui pega com esta surpresa.
Foi extremamente triste ver o príncipe se transformar em um monstro, seu olhar era sombrio, ele apertou tanto o meu braço que pensei que ele fosse quebrar.
O Douglas ficou extremamente furioso quando sugeriu que eu abortasse, e eu respondi que jamais faria isso. Foi impossível não chorar quando ele disse que nunca assumiria o filho de uma favelada e que se eu contasse para alguém, eu seria uma mulher morta. Ele me jogou para fora do seu carro como se eu fosse um nada.
Como eu sofri! Nunca fui tão humilhada na minha vida.
Minha gestação foi tranquila, até que no oitavo mês eu tive um problema com a minha pressão e meu Miguel nasceu prematuro. Infelizmente ele faleceu, pelo menos tive a oportunidade de segura-lo por uns instantes em meus braços, o médico disse que foi uma complicação em virtude da minha pressão.
Como eu sofri, um vazio, uma solidão, um buraco se fez presente no meu coração, tinha perdido a pouco tempo a minha mãe e agora meu filho! Eu ainda não havia me recuperado da perda dela e agora tenho que viver a minha dor em dobro. Eu foquei nos estudos para não enlouquecer, para não sucumbir.
Perdi a minha amada mãe um dia após eu completar 17 anos, ela estava doente, apesar de fazer todo o seu tratamento, infelizmente nós perdemos esta batalha. Sabendo que algo poderia lhe acontecer, ela me emancipou quando eu completei 16 anos. Meu pai eu não sei quem é, minha mãe nunca falava dele, não sei nem se ele está vivo.
Eu moro com a minha amiga Nicolly, que tem 23 anos e meu amigo Kauã que tem 26 anos, neste momento apenas eu estou trabalhando, o Kaká sempre faz um freelancer quando aparece.
Nós somos amigos desde a infância, eles moram comigo desde a adolescência, estamos passando por maus bocados, moramos em uma casa minúscula, com um quarto, cozinha e banheiro em uma comunidade em um bairro mais afastado.
O que ganho paga a conta de luz, de água, o aluguel e compramos comida, vez ou outra temos que atrasar alguma conta para não faltar alimento na mesa.
*Nicolly*
Faz tempo que estou procurando emprego, mas não consigo nada, de vez em quando eu faço uns bico de faxina, para ajudar meus amigos, a Kathe e o Kaká, eu sou a Nicolly, tenho 23 anos, sou branca, cabelo liso na altura das costas, tenho olhos castanhos, 1,70 de altura e moro junto com a Kathe desde os meus 11 anos, quando a minha mãe foi embora com um homem, me deixando sozinha sem ter o que comer.
Quando contei a Kathe, ela não pensou duas vezes, me falou para pegar as minhas roupas, tudo o que era meu, pegamos um colchão também, parecíamos duas malucas na rua carregando o colchão.
Chegamos na sua casa, ela contou a sua mãe o que tinha acontecido a tia nem pestanejou, demos um jeito no quarto para colocar as poucas coisas que eu trouxe comigo.
Quando descobrimos a doença da tia ficamos desesperados, mas tínhamos esperança que tudo ficaria bem. Quando fomos ao hospital visitá-la e nos deram notícia que a tia tinha falecido, nós sofremos demais, ela era a minha mãe, eu a amava e a tratava como tal. Ainda bem que temos um ao outro, assim nunca deixamos a peteca cair.
Diferente da Kathe e do Kaká, eu não fiz faculdade, eu só terminei o ensino médio, porque fui pressionada por todos eles, eu não gosto de estudar.
As coisas estão bem difíceis aqui em casa, tem dias que comemos bem pouco para não faltar para o dia de amanhã, eu me sinto mal por estar desempregada e ser um peso para eles.
*Kauã*
Estou exausto, não vejo a hora do final de semana chegar. Tenho me esforçado muito para encontrar um emprego registrado, estes dias tenho feito uns freela para não faltar alimento na nossa mesa.
Eu sou o Kauã, tenho 26 anos, sou loiro, olhos azuis, tenho 1,88m. Após conseguir uma bolsa na faculdade consegui me formar em Propaganda e Marketing.
Eu vim morar com a tia e as meninas, poucos dias após a chegada da Nicki, eu tinha 14 anos, meu pai se envolveu em uma briga e acabou sendo assassinado, a minha mãe quando descobriu sofreu um infarto fulminante e eu acabei ficando sozinho, meu irmãos foram para o mundo e me deixaram ali, ao léu.
A Kathe quando soube não pensou duas vezes, a casa dela não tinha mais espaço, mas ela junto com a tia e a Nicki, ajeitaram a casa para me receber, eu dormia no colchão no chão da cozinha. A casa é realmente minúscula, mas eu fui tão amado, tão acolhido que eu não me importava com isso.
A doença da tia virou as nossas vidas de cabeça para baixo, mas eu acreditava lá no fundo que tudo ficaria bem, que ela iria vencer esta batalha. Mas infelizmente isso não aconteceu perder a tia foi devastador, sofremos demais, eu sofro até hoje, fiquei órfão novamente, mas desta vez seria diferente, não temos ninguém para nos acolher, nós temos uns aos outros e isso é o que me sustenta.
A situação em casa não está fácil, temos passado por maus bocados, regramos a comida para não faltar para o dia seguinte. Eu me sinto responsável por elas, e não conseguir lhes oferecer o básico mexe com toda a minha estrutura, afinal eu sou o homem da casa.
— Gabriel, domingo será o aniversário da Katherine, você nos autoriza a comprar um bolo e salgadinhos para fazer uma festa surpresa para ela na segunda-feira?
— Que horas você está pensando em fazer esta festa Paloma?
— Na hora do almoço, assim tanto as crianças da manhã quanto da tarde poderão participar.
— Tudo bem, pode comprar o que for necessário, depois você me passa o valor que eu faço um pix.
— Obrigada Gabriel.
Volto a minha atenção para o meu computador, entro no sistema do RH, entro no cadastro da Katherine, pego o seu endereço e o número do seu celular, comprei um chip novo só para poder falar com ela.
Faz uns três meses que me sinto extremamente atraído por ela, a forma como ela trata cada uma das crianças mexe comigo, seu jeito doce, ela está sempre disposta a fazer o impossível por quem quer que seja. Meu sentimento por ela é platônico, eu sempre a observo de longe, fico extremamente ansioso para chegar sexta-feira, que é o dia que tiro para passar a tarde aqui, no Instituto Educacional Sonhar, do qual eu sou o fundador e benfeitor.
Eu sou o Tomás Gabriel Bassi Ferrari, quando quero manter a minha privacidade, o anônimato eu coloco Gabriel Ferrari, quando quero impactar sou o Tomás Bassi, aqui no Instituto eu sou o Gabriel Ferrari. Não tem foto minha em lugar nenhum que não seja na minha sala.
Tenho 33 anos, sou preto, 1,90m, olhos pretos e feio, sim eu sou feio, eu sei que a maioria das mulheres se aproximam de mim quando digo quem sou por puro interesse, pois beleza não é o meu forte.
Eu sou o pai do pequeno Felipe, ele tem 7 anos, é a razão da minha vida, meu parceirinho. Me separei da sua mãe Marcela após vivermos um relacionamento complicado, tóxico. Ela só quer dinheiro, mensalmente envio uma pensão para ela, assim permanecemos em paz, faz um ano desde o nosso divórcio e desde então nunca mais viu o nosso pequeno.
Sou o CEO das grandes empresas Bassi, uma empresa que é consolidada no Brasil e alguns outros países. Eu conquistei este império com muito trabalho, abrindo mão de muitas coisas, comecei de baixo. Apenas eu e o meu irmão mais novo Nicolas seguimos como empresários, meus dois irmãos mais velhos Otávio e o Júlio seguiram carreira na polícia, o Otávio é delegado Federal e o Júlio delegado Civil, meu pai é coronel aposentado da polícia.
Eu tô fora, não curto esta vida não, o Nicolas até tentou, mas correu para o meu lado.
Como eu disse acima, eu babo na Kathe, eu a chamo de minha preciosa, não me sinto seguro para me aproximar, eu sempre coloquei um limite na minha vida profissional, jamais me envolvi com qualquer funcionária minha, mas com ela com toda certeza eu quebraria está regra, mas a mulher é muito caminhão para mim, eu reconheço.
Estou na janela da minha sala e a vejo seguir para a cozinha de mãos dadas com uma linda menina.
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