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A Paixão Universitária

1. Anotações

Anotações

Cá estou eu, diante do espelho do banheiro, cheio de lágrimas nos olhos, encarando minha imagem e com a pergunta na cabeça... por que caralhos fiz isso?

Meus lábios tremem um pouco e uma lágrima começa a escorrer pelo meu rosto... sinto-a percorrer lentamente como se estivesse talhando minha bochecha... e finalmente cai sobre a pia. E logo surgem outras.

- Que porra, preciso parar com isso - falo comigo mesmo em tom baixo, não estou só em casa e definitivamente não quero ser ouvido ou visto.

Esfrego os olhos e ligo a torneira, agacho-me e começo a lavar o rosto com certa força... fecho a torneira... sinto minhas narinas entupidas e trato de tirar o que tiver lá de dentro para que eu respire melhor.

Alguns minutos e finalmente saio do banheiro. Vou para o meu quarto que assim como o banheiro em que estava fica no segundo andar de onde moro e todos que estão em casa estão no andar de baixo, para meu alívio. Pego o celular para ver hora e data deitando-me na cama. É 9:45 da manhã de um sábado de julho de 2010. Meus pensamentos dessa vez me ajudam:

- Cara, você precisa parar com esse clima ou vão subir e te ver assim e aí virão um monte de perguntas - aconselha a voz da minha consciência.

- Sim... já me sinto um pouco melhor - falo comigo mesmo, acariciando a capa da minha Bíblia Sagrada na cabeceira da cama e pensando em Deus.

- Quer saber? E se escrever sobre o que aconteceu? Quem sabe achará uma resposta - agora meu inconsciente dá uma de vilão e já me deixa com os olhos marejados.

Alguns segundos e dou uma gargalhada.

- Seria ridículo começar o texto com essa choradeira. Quem iria querer saber de um homem chorão? - zoa minha criativa mente.

Penso novamente sobre a hipótese de escrever e, quer saber? Não estou fazendo nada e mente vazia é oficina do diabo, então escreverei ESSA PORRA.

Abro meu caderno, ah, meu caderno... coloco em uma das folhas em branco do meio e nem me preocupo em fazer marcações, afinal não quero reler e nem quero que ninguém leia, mesmo assim será uma boa forma para encontrar a tal pergunta.

Esfrego as mãos em meus olhos de novo e sinto-me bem para então escrever... olho para aquela folha em branco e pego a caneta que deixo sempre no aro do caderno, então eu penso...

O que vou escrever???

- Que tal um começo sobre você mesmo e a partir daí você pega no tranco - aconselha quem melhor me conhece naquela solidão.

Não me acho bom em descrições, mas porra vamos lá né. Velha caneta Bic azul em ação.

*** escrevendo ***

Meu nome é Daniel, tenho 18 anos, 1.86 de altura e uns setenta e poucos quilos distribuídos normalmente em um corpo sem definição muscular e ao mesmo tempo sem gordura concentrada. Normal que chama né. Enfim.

Ainda sobre características físicas. Pele branca, mas levemente bronzeada e cheia de sinais. Da cintura pra baixo estou muito satisfeito. Pratico esportes e tenho pernas e panturrilhas grossas, mas sou raiz e tenho pelos, a ideia de me depilar é até constrangedora. Minha intimidade é... bom, já ouvi falarem que é grande, mas eu gostaria de ser ainda maior lá, acho que todo mundo pensa isso, ou quase todo mundo, certo Kid? Certamente é grosso e já li que isso encanta mais as mulheres que o tamanho em si.

Mudando um pouco esse papo acaralhado e indo da cintura pra cima. Barriguinha nada demais, nem penso na minha forma física, só espero que no futuro isso não me faça mal. Peitoral comum. Braços fortes, mas não definidos. Costas largas, fiz dois anos de natação o que me deixou com esse biotipo, dizem que sou alto, mas não me vejo tão alto assim.

Bom, o rosto é de meninão, a minha barba é uma negação, não fica fechada, então tenho sempre que ficar tirando, mas como eu tenho esperança de que um dia ela fique espessa eu costumo deixar o projeto de barba por uma semana. Meu rosto é meio redondo, como da minha mãe, mas outros traços são mais parecidos com meu pai, como nariz afilado, boca comum, sobrancelhas largas e naturais e olhos castanhos rodeados por olheiras - genética e insônia - e sem nenhuma marca relevante, dou-me conta de como seria difícil para um artista fazer uma caricatura minha, já que não tem nada que se possa mostrar exagero.

Talvez no cabelo, pois meus cabelos são lisos, mas secos, então ficam volumosos, o que é um saco ainda mais para quem usa topete, fica quase um boné natural. Ah e meus cabelos são castanho escuro.

Bom, já a minha personalidade é calma, não sou um cara que se irrita, ao contrário, sou muito bem humorado até comigo mesmo, nem eu escapo das minhas zoações, mas apesar disso sou muito tímido... ou era, antes de entrar na faculdade.

Ah, faculdade... acho que posso começar a partir daí.

2.Após sete meses é hora de atualizar meu diário.

Após sete meses é hora de atualizar meu diário.

Abro rapidamente os olhos e desligo o despertador do celular com velocidade, não quero esse som irritante ecoando em minha cabeça... até esse simples som me traz lembranças, mas agora não preciso disso, posso dormir até tarde.

Posso, mas não consigo... respiro fundo e começo a olhar para o teto... sinto meu olhos ardendo. Abro a câmera frontal do meu celular e vejo como estou com o rosto, especialmente os olhos, com um inchaço que qualquer um sabe que chorei na noite de ontem.

- Que merda, Cássia, você precisa dar um jeito nisso - falo comigo mesma ainda com a voz grave de quem está tentando acordar.

Pego minha toalha e vou até o banheiro. Faço desde minhas necessidades mais primitivas até, por fim, tomar um bom banho lavando até os cabelos, mas meus pensamentos ainda são sobre o que ocorreu.

Alguns minutos e finalmente saio do banheiro. Vou para o quarto que divido com minha irmã, que dorme profundamente. Olho meu celular e vejo que são 8 e pouco da manhã de um sábado de julho de 2010.

Instintivamente olho para o criado mudo ao lado da minha cama e lá vejo meu querido diário, abandonado por uns sete meses. Hora de escrever.

- Ansiosa para saber como será essa vida de universitária - leio em voz baixa para não acordar minha irmã e com um sorriso no rosto, zombando da antiga eu que escreveu isso.

Resolvo pegar minha caneta rosa e faço um desenho de careta, depois pego a caneta preta... ainda nem sei o que escrever.

Encolho minhas pernas contra meu corpo e fico sentada e pensativa em minha cama... sinto sede, então deixo meu quarto e vou até a cozinha e lá está minha mãe.

- Bom dia coroa - falo no meu tom brincalhão com minha velha.

- Bom dia querida, tudo bem? - ela responde com seu jeito sempre amável.

- Sim, vim beber água e dormir mais. Férias - respondo sem encará-la, pegando um copo e colocando a quantidade de água que irei beber.

- Faz muito bem... - ela responde, mantendo-se ali, sentada, preparando seu café da manhã, mas sabendo que com os cabelos molhados como estavam coisa nenhuma que eu ia dormir.

Bebo a água sem pressa...

Deixo a cozinha dando uma última olhadinha para ela. Nossa casa é pequena, mora apenas nós três, mas é bem aconchegante e é o lugar que me sinto mais segura. Com as pessoas que me sinto mais segura, faltando apenas uma que... não faço ideia do porquê, mas me deixou.

Quer dizer, sei o que ele disse após dizer que acabou, mas não entendo muito bem... talvez se eu tivesse continuado a escrever meu diário eu saberia, agora preciso atualizar desde o começo do semestre até essas férias. Que merda.

Logo que chego no meu quarto vejo que minha irmã virou-se para o outro lado, então faço o máximo de silêncio possível e sento-me na cama, cruzando as pernas e pegando novamente o diário e a caneta preta.

Preciso colocar minha cabeça para funcionar, apenas relembrar o que houve não parece ser suficiente, começo a folhear um pouco as páginas anteriores e vejo que tem apenas meras descrições do dia e alguns dos meus pensamentos.

- Conhecimento de si mesmo é uma coisa - minha anjinha sopra ao meu ouvido.

- Verdade, posso começar escrevendo sobre a Cássia e logo depois sobre o que aconteceu - respondo mentalmente, acatando sua sugestão.

Talvez para falar de mim seria bom outra cor, então recorro novamente ao meu estojo, onde anteriormente peguei as canetas e pego uma caneta azul.

Chega de enrolação, vamos lá.

*** escrevendo ***

Meu nome é Cássia, tenho 18 anos, 1.76 de altura, 60kg de uma magreza que sempre me acompanhou, o que é chato, pois queria ter mais bunda, enfim. Apesar disso sou muito satisfeita comigo mesma.

Mais de minhas características físicas: Pele branquíssima, puxei a mamãe, embora papai também fosse quase do mesmo tom, segundo ela... ele fugiu quando a engravidou e depois ninguém nunca mais soube dele. Voltando para as características físicas... tenho descendência europeia, então sou rosinha em certos lugares, como a sola do pé (e faço uma careta com a caneta rosa, depois volto para o texto com a caneta azul) sou magrinha assim por sempre comer pouco, na verdade nem aguento comer muito. Sempre depilada em tudo é algo que deve ser mencionado.

***

Minha irmã acorda e me olha com uma expressão de confusa, então falo.

- Bom dia. Férias. Vá dormir - em poucas palavras pra ela entender melhor.

Ela olha o celular e volta a deitar-se. Ela é apenas um ano e um mês mais velha que eu e temos o mesmo pai.

Volto para o que estava fazendo...

***

Meu rosto é bem cuidado de modo geral, mas quando choro fico assim, horrível. Descrevendo eu diria que tenho só uma ou outra espinha, boca fina e rosada, rosto comprido, olhos azuis, sobrancelhas sempre feitas, nariz afilado e rosado na ponta quando choro, é um saco. Meus cabelos são longos, castanho claros, lisos e no momento apenas molhados e caídos, mas geralmente eu passo o pente e deixo arrumado, dividido ao meio. Dependendo do meu humor faço tranças. Amarro em dias quentes, mas em geral é isso.

Sobre meu humor. Geralmente sou na minha, mas quando estou à vontade sou brincalhona e quando estou nervosa sou explosiva. Naqueles dias fico quase o inverso, grosseira com quem amo e da zoeira com quem nem conheço (faço um ponto de interrogação com a caneta rosa e volto a usar a caneta azul).

Nunca fui tímida, mas também não sou porra louca. Comecei a namorar cedo, meu primeiro beijo foi eu mesma que dei em um garoto da minha idade, na época tínhamos doze anos. Apesar disso meu segundo beijo só veio aos catorze e depois eu perdi as contas. Apesar de ser beijoqueira eu me mantive virgem até a facul.

Ah, faculdade... acho que posso começar a contar tudo a partir daí. (troco a caneta azul pela caneta preta e vou para a página seguinte).

3.Acontecimentos anteriores até o primeiro dia de aula.(Daniel )

Acontecimentos anteriores até o primeiro dia de aula.

Daniel.

Como a maioria dos brasileiros eu sou de classe média baixa em uma das capitais estaduais de nosso enorme país, mas dei a sorte de ter uma família bem estruturada, um pai presente na medida do possível e uma ótima mãe que sempre fez tudo que pode por nós todos. Havia um irmão mais velho, mas ele faleceu há três anos e também tenho um irmão mais novo que está no primeiro ano do ensino médio.

Sobre meu falecido irmão, ele se arriscou em uma viagem e foi vítima de um acidente fatal.

Enfim, essa é minha família. Sempre fui cobrado por eles para estudar muito, porque eles sempre me diziam que não teriam dinheiro para uma faculdade particular e o plano funcionou bem, criaram um garoto esforçado e inteligente que passou na federal em um dos primeiros lugares do curso que escolhi.

Sobre esse curso, pra mim, foi um tormento ter que escolher. Por que temos que tomar decisões tão importantes sem ter a maturidade necessária? Eu não sabia o que queria fazer no futuro, só sabia o que não queria ser. Não queria ser médico, tem que estudar muito e eu gosto de ter um tempo só pra mim. Não queria ser advogado, defender bandidos está fora de cogitação e ter que conviver com pessoas corruptas me dá enjoo só de pensar. Não queria nenhum curso que tivesse uma matemática pesada demais. Não queria nenhum curso de letras, pois não me considero bom o bastante. Não queria um montão de outros cursos e, especialmente, não queria ficar de fora da Universidade Federal, pois sei bem como é difícil viver só com um trabalho de nível médio, então escolhi Ciências Biológicas. É uma matéria escolar que eu sou bom.

Só depois eu me dei conta que assim eu me tornaria um professor. Putz, mas já foi. E olha que nem é a matéria que tiro as melhores notas, mas estava mais ou menos confiante que poderia ser esse meu futuro. Já ensinei meu irmão mais novo algumas vezes, acho que vou saber fazer funcionar quando chegar a hora, mas o curso só termina com quatro anos.

Tudo correu bem nas provas e todos da minha família ficaram bem animados, mas eu tava mais empolgado com a campanha do meu time que qualquer outra coisa, admito. Sempre gostei de futebol e, na juventude, escolhi torcer pelo Santos por conta de Pelé e agora via os primeiros passos de um tal de Neymar Júnior. Quem viu, viu.

Os dias foram passando e finalmente chegou o dia de ir pela primeira vez para a Universidade Federal (vamos simplificar as coisas e chamar de facul daqui pra frente, ok? Mas é uma das melhores Federais do país). O primeiro dia é bem frustrante, um monte de desconhecidos juntos e buscando algum encaixe e umas dezenas de veteranos nos zoando. Por sorte só me pintaram um pouco o rosto e pelo meu porte físico e expressão facial séria e raivosa eles não me perturbaram tanto, tudo que eu queria.

E é só isso no primeiro dia. Logo que acabou a “festa”, tratei de ir embora, já tinha as informações que eu queria, que era o horário das aulas e as matérias. Comecei com cinco cadeiras obrigatórias, como todo mundo, ao que soube depois.

Segundo dia de facul e tudo começa a ficar mais interessante...

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