NovelToon NovelToon

Minha Confissão

Intensa

Vou começar diferente de todas as outras vezes, eu sou uma pessoa muito intensa, quando estou bem eu chego estar em êxtase, mas quando as coisas não vão muito bem eu consigo chegar facilmente no fundo do poço, eu vejo em mim o declínio e tudo se transforma em uma verdadeira catástrofe dentro de mim mesma, dentro da minha cabeça.

Cansei de ser aprovada pela minha família e pela sociedade, estou cansada de tentar ter aparência perfeita, movimentos em plena perfeição e ser quem os outros esperam que eu seja, por este motivo eu chutei o balde literalmente, eu resolvi sair de um padrão da sociedade e modificar tudo na minha vida em busca da minha verdadeira essência, em busca da minha felicidade.

Tudo começa a partir daí, minha demissão, a saída da casa do meu pai, a independência, ir morar sozinha, e o erro maior, me isolar do mundo. Eu sou confusa, intensa, tenho problemas com relacionamentos, tenho dificuldade em ser uma pessoa pública, tenho conflitos de personalidade, mas calma, isso acontece desde quando era criança e a partir do momento que comecei a ter um pouco de entendimento sobre mim mesma, este livro se trata sobre mim, sobre minha confissão, por isso ele é tão intenso quanto eu, pois nele será desvendado cada partícula sobre quem eu sou.

Me chamo Lia tenho 24 anos, solteira e mãe solo, sim eu sou mãe e sou sozinha, tive problemas com traição, agressão doméstica, tenho uma medida protetiva e me orgulho de conseguir me levantar e vencer a cada dia.

Minha psicóloga deveria ler este livro, talvez meu psiquiatra, talvez o meu ex, ou quem sabe o meu atual. Você deve estar pensando que eu estou em crise é isso?

Bom nada disso, eu não estou em crise, estou bem, ou pelo menos tentando ficar bem.

Estava indo tudo bem até eu me apaixonar, eu gosto de uma pessoa que mora em outro estado a 12 horas de distância de mim, calma, eu vou chegar lá, vou contar tudo a vocês, não vou esconder nenhum segredo, nenhum detalhe, e não irei modificar nada, vocês irão saber quem sou eu e quem sabe mais a frente vocês descubram se eu vou conseguir chegar no meu objetivo ou se vou acabar internada em uma clínica psiquiátrica.

Quando criança vivi muitos traumas, como a separação dos meus pais, morar cada ano em uma casa diferente, as vezes com o pai, as vezes com a mãe e a maioria das vezes sendo criada pela avó, vivi o trauma de ser rejeitada, mal tratada pela minha mãe, e também apanhava muito e era constantemente humilhada. Via minha mãe sendo espancada por um padrasto drogado, e ouvia ela fazendo sexo a noite inteira, eu chorava baixinho e afogava meus gritos no travesseiro, na escola sofria bullying, eu sou morena mulata, tenho o nariz largo, olhos castanhos, cabelo natural é louro mel, e isso era motivo de ser chamada de "mico leão dourado", "a menina mais feia da sala", eu odiava a escola, eu sofria e ninguém percebia, ninguém me notava, eu era quieta, calada, não sabia e não conseguia me expressar, não conseguia e até hoje é difícil deixar que alguém me abrace, eles entendiam como se eu fosse uma garotinha tímida, era isso, na cabeça deles era só isso.

Por fim eu cresci mais um pouco, comecei a entrar na adolescência e a me descobrir, eu queria ter amigos, queria ser bonita, queria ser aceita, tinha boas notas na escola, tinha duas amigas na escola, nunca saia nem fazia nada igual a uma adolescente normal.

Me sentia presa, nunca podia sair nem mesmo para fazer algum trabalho na casa da minha melhor amiga, isso me deixava frustrada, eu chorava, eu ficava nervosa e mordia os meus braços, e puxava os cabelos, era uma forma de escapar da minha realidade, fugir dos pensamentos insanos, fugir de mim mesma.

Aos 15 anos eu já tinha alguma personalidade, me interessava pela cultura coreana, japonesa, era apaixonada por anime, manga, filmes, dorama, era o que me fazia sentir viva, me despertava o melhor de mim, eu demonstrava meu amor até pelo modo de me vestir e portar. Na minha cidade tinha um homem que era organizador de eventos de cosplay e eu vi na tv, e acabei seguindo a página e até iria me organizar com minhas duas melhores amigas para ir juntas ao evento, o que eu não sabia que ele era um pedófilo, ele começou a conquistar minha confiança, e depois de um tempo conversando com ele aconteceu dele me convidar para nós nos conhecermos pessoalmente antes do evento, o encontro aconteceu em um lugar público e eu não esperava que ele fosse me levar a um lugar "mais reservado", eu não esperava que ele iria me beijar ! Mas aconteceu. Fiquei surpresa, eu tinha 15 anos e nunca havia dado meu primeiro beijo, até que aconteceu com um homem 13 anos mais velho que eu, eu não contei, não disse nada, eu não queria que ele pensasse que eu era uma adolescente estúpida, porque eu já tinha 15 anos e nunca havia saído com um garoto e nunca tinha beijado ninguém antes.

Os dias foram passando e ele me mandava mensagem o tempo todo, me fazia sentir especial e dizia o tempo todo que eu era madura para minha idade, eu recebia dele atenção e elogios que nunca havia tido antes de ninguém. Meses passaram e me encontrava com ele algumas vezes, eu estava apaixonada e acreditava em cada palavra que ele me dizia, até que ele me convidou para ir até a casa dele assistir um filme e aconteceu, ele penetrou em mim, eu senti apenas dor, e muito nojo, queria ter saído correndo, pois eu dizia o tempo todo que não estava preparada para este momento ainda, mesmo assim ele o fez, ele me deu uma pílula do dia seguinte e me levou até metade do caminho e eu segui, cheguei em casa e tomei um banho e joguei álcool dentro da minha vagina, ela queimou como fogo, mas eu era inexperiente e estava com muito medo de contrair qualquer tipo de doença. No dia seguinte nenhuma mensagem, nenhuma ligação, comportamento estranho, já que passávamos horas trocando mensagens, ele mudou comigo, eu mandava mensagem ele não respondia,até que eu o interroguei e a resposta dele foi que ele não me amava, nunca me amou e que eu não tinha nada de especial e pediu pra mim nunca mais o incomodar com mensagens porque ele iria me bloquear e nunca mais eu iria velo nem mesmo nas redes sociais.

Quando criança eu puxava o cabelo, e mordia a mim mesma para aliviar as dores da alma, mas agora já não era mais suficiente, então comecei mutilar meu corpo com uma lâmina, eu estava decepcionada, eu havia me mudado para ir morar com meu pai e já não tinha mais contato com minhas duas únicas amigas, depois tinha problemas em me relacionar com meu pai devido ao trauma do abandono repentino na infância, e agora meu mundo havia desmoronado, porque eu sempre criei uma personalidade perfeccionista na minha cabeça, o meu imaginário era tudo perfeito, eu tinha que seguir como um cronograma, cada momento no tempo certo, e eu tive um primeiro beijo, uma primeira vez com uma pessoa que não me amou, nunca tive nenhum significado, nunca existi no mundo dele, eu fui somente um objeto, um passatempo.

Gostaria de ter guardado meu fracasso para mim mesma, mas cometi o erro de escrever em um diário desde os 11 anos, e advinha? Sim, minha irmã mais velha leu, e contou tudo ao meu pai, estávamos na mesa jantando em um dia comum, quando de repente ela começa a contar em voz alta ao meu pai, estava chovendo, eu levantei da mesa e corri, sai correndo em fuga, me escondendo de casa em casa, até que consegui chegar na casa dele, estava desesperada,chorando e tremendo muito, eu toquei a campainha, eu estava com a roupa e o cabelo encharcados, eu o avisei que meu pai havia descoberto mas que não tinha sido culpa minha e fui para me desculpar, ele ligou na minha casa e deu o endereço, e meu pai me buscou. Meu mundo começa a desmoronar em cima de mim, meu pai me perguntou se havia sido um estupro, eu disse que não, e que eu já havia me encontrado com ele outras vezes, então meu pai me bateu, me xingou de todos os nomes possíveis, ele me disse algo que nunca esqueci, "Você é minha maior decepção!! Por que você não seja igual a suas irmãs?!" .

Depois daquele dia, nunca mais minha vida foi igual, eu era tratada diferente dentro da minha própria casa, eu sentia medo das pessoas, eu me fechei, não confiava mais em ninguém, tinha problemas com autoestima, e usava roupas que escondiam as curvas do meu corpo pois eu tinha vergonha das pessoas saberem que eu não era mais pura e a notícia já havia se espalhado pela droga da minha família inteira, meu comportamento piorou na escola, pois eu passei a me isolar como nunca, passei a ter o semblante triste, passei a ficar mais calada, eu me fechei, não sabia mais reconhecer a mim mesma.

Meu primeiro namorado

Talvez eu tenha me esquecido de mencionar que passei a sentir nojo do meu pai, na realidade eu sentia nojo de todos os homens, mas principalmente do homem que me bateu, eu não merecia ter apanhado, eu não merecia que aqueles vermes se metesse na minha vida, eu não conseguia e até hoje não consigo receber abraços ou abraçar de forma espontânea.

O tempo foi passando e eu alimentando cada vez mais ódio pela minha irmã, ela me criticava, e ficava tentando entrar neste assunto, então eu peguei uma faca e iria esfaquear ela, mas ela rapidamente colocou o braço na frente, ela levou alguns pontos e meu pai me entregou para morar com a minha mãe e com o meu novo padrasto preguiçoso, a casa da minha mãe era muito nojenta, extremamente suja, a comida era horrorosa, eu estava cavando minha própria cova, eu estava enlouquecendo porque a minha vida saiu fora do controle, comecei a perder média na escola, comecei a me viciar em mutilação, era a única coisa que me fazia bem de verdade.

No recreio conheci um menino do terceiro ano, ele já estava prestes a se formar, ele era tão lindo, ele é descendente de japonês, então comecei a conversar com ele todos os dias no recreio e ele me chamou para o encontrar a noite perto da escola, e lá fui eu, a gente ficou horas conversando, até que rolou nosso primeiro beijo, foi com ele o meu segundo beijo, ele era mais velho que eu, ele tinha 18 anos e trabalhava, todos os dias passei me encontrar com ele depois do trabalho, isso durou só uma semana até que ele quis conhecer meus pais, e me levou para conhecer a família dele, a gente estava namorando.

Não demorou muito pra acontecer, um dia a gente ficou sozinhos na casa dele, e foi como uma primeira vez de novo, ele foi incrível, eu estava vivendo um sonho, mas era tudo real, e dessa vez ele beijou o meu corpo todo, acariciou meus cabelos, me chupou por completa, me deixou excitada e quando eu já estava molhada como um mel ele me penetrou, mas eu senti dor, e cheguei a sangrar um pouco, ele perguntou gentilmente se eu queria parar, mas eu estava tão apaixonada por ele que o deixei continuar pois eu realmente estava curtindo o momento, foi mágico. Depois que terminamos ele me perguntou se eu era virgem, e eu disse que estava confusa, porque havia ficado com alguém uma única vez, então ele me abraçou forte e beijou minha testa, eu me levantei e disse que já estava tarde e eu precisava ir para casa, ele insistiu pra que eu ficasse para lhe fazer companhia já que ele ficaria sozinho em casa aquele fim de semana. Nós tomamos banho juntos, ele queria me amar de novo, mas eu disse que ainda estava sentindo dor, ele respeitou, vesti uma camisa dele e deitamos para assistir filme, ele era autêntico, ele se importava comigo, ele era romântico, tocava violão e cantava músicas para mim, eu estava realmente esquecendo as coisas ruins do passado e vivendo verdadeiramente uma história feliz com meu real e primeiro namorado.

Eu não havia avisado na minha casa que eu iria dormir na casa do Hideki, por isso quando cheguei em casa ouvi gritos e xingo da minha mãe, ela me bateu com socos na cara me chamando de vadia, meu nariz e boca sangravam e naquela noite eu voltei a me mutilar.

Quando fui ter uma segunda vez com meu namorado ele viu que eu não estava mais mutilando os braços, mas sim as pernas, minhas cochas estavam todas cortadas, eu havia parado de cortar os braços para não chatear meu príncipe encantado. Após ver que eu estava com muitas marcas no corpo porque eu havia apanhado da minha mãe ele conversou com minha sogra e ela pediu para minha mãe deixar eu passar uma temporada na casa deles, e como minha mãe pouco se importava comigo ela concordou.

Passei os dias mais felizes da minha vida naquela casa, a gente ia juntos para escola, a tarde depois do almoço a gente ficava sozinhos em casa e fazia amor o tempo todo, era maravilhoso, eu estava apaixonada, eu estava realmente vivendo um sonho.

Meu pai sempre foi um cara machista, assim que ele soube que estava namorando e passando a noite com Hideki, ele me proibiu de dormir junto com meu namorado, até aí tudo bem, eu não podia mais dormir fora de casa, mas isso não impedia a gente de se ver, a gente ia em vários lugares juntos, passeava juntos, e eu ia na casa dele, no quarto dele, e fazia amor na cama dele, ele era sempre muito romântico muito atencioso, ele sempre me acompanhava até em casa, e a gente ficava namorando no portão e era sempre muito difícil as despedidas porque eu tinha que ficar longe de quem me fazia tão bem e ficar em um ambiente que me deixava frágil, insegura, triste, e despertava o pior de mim.

As coisas foram ficando pior e pior, a gente só podia se ver na escola, meus pais me proibiram de ir na casa dele ou sair aos finais de semana, eu não podia sair nem durante o dia, meus pais eram contra o namoro, davam como desculpa a minha idade, o fato de ter 15 anos então eles não achavam certo, eu fui ficando cada vez mais distante da pessoa que eu mais gostava, até que meu pai me proibiu de tudo, ele me buscou de volta na casa da minha mãe para passar uma temporada com ele e tomou meu celular, eu escrevi uma carta para o Hideki terminando com ele, foi a pior decisão, eu estava prestes a voltar a me relacionar com a lâmina pois ela era minha melhor e única amiga, pois eu queria fugir dos meus problemas eu queria deixar de existir, queria ser outra pessoa, deixar de ser eu mesma.

O nosso namoro, o conto de fadas durou pouco mais de um mês apenas, e acabou, ficaram somente lembranças que nunca vou me esquecer.

Atualmente Hideki namora a mesma garota a 5 anos, quando vejo eles juntos e felizes eu fico imaginando que ela podia ter sido eu.

Pedaços

Eu estava em crise total, o meu mundo era cinza, era em preto e branco, eu me odiava, eu odiava minha vida, minha casa, meus pais, eu odiava minha irmã, eu era infeliz e incompleta.

Quando estava com 16 anos conheci o amor fraterno e verdadeiro, Laima, uma vira lata pretinha, linda, abanava o rabinho quando estava feliz, desenvolvi com ela uma relação de amor e amizade verdadeira, na época eu comecei voltar a desenhar, fazia desenhos expressando tudo o que sentia, as amarguras estavam amenizando, eu também aprendi a controlar minha mente, eu descobri que podia fingir que estava tudo bem, podia criar uma outra personalidade, podia fingir viver a vida de outra pessoa, podia deixar de ser quem eu era.

Eu acreditava nessas fantasias inventadas dentro da minha cabeça, era difícil me comunicar com alguém, eu ficava o tempo todo calada, o meu dia era ir na escola, ficar em casa e deixar tudo limpo e impecável, então eu me dedicava em desenhar, e ficar com a Laima, a gente se deitava no quintal para tomar sol, ela era minha companhia perfeita.

Demorou muitos meses para começar a juntar meus pedaços, demorei muito para conseguir conversar sem ficar com a voz trêmula e mãos suando, demorei a conseguir me socializar, eu era a esquisita da escola, eu era a filha imperfeita, eu me sentia rejeitada, eu me odiava, até que comecei a ter um sentimento bom novamente, a cadelinha me trouxe sentimentos agradáveis e eu fui me curando aos poucos. Os meses foram passando e logo comecei novamente a me encarar no espelho, eu conseguia me concentrar, eu conseguia perceber o som, os movimentos, eu comecei a me sentir viva de novo, e passei a ler bastante nessa época, o meu livro favorito era O Colecionador, minha série favorita The Walking Dead, meu filme favorito Dorm o Espírito, meu anime predileto eu diria Kobato, meu dorama na época era Koizora o Céu do Amor, eu nem acredito que estou conseguindo me lembrar de tantas coisas, eu realmente estou ficando velha, o tempo passa rápido demais, e eu passei a me perceber, passei a notar os meus próprios detalhes, o quanto eu sou importante, o quanto eu sou interessante, o quanto sou e fui forte, verdadeiramente intensa.

A Laima teve filhotes e eu adotei a Lisana, a batizei com este nome por causa da Fary Tail que eu adorava naquela época, Laima morreu atropelada no ano novo, a Lisana era minha companhia, era tudo para mim, eu ainda a amo, ela morreu ainda filhote, ela tomou uma vacina de filhote e no outro dia amanheceu morta.

Meu mundo começa a desmoronar novamente, no dia que a Laima faleceu, eu chorei muito, eu fiquei dias sem me alimentar, eu ficava olhando as fotos, eu sentia falta dela, e ficava olhando pro céu conversando porque eu acreditava que de alguma maneira ela ainda estivesse ali, eu podia sentir, me apeguei mais ainda na Lisana, mas assim que ela morreu eu tive meu primeiro surto depois de muito tempo. Eu chorava, gritava, quebrei pratos e copos, eu me recordo do meu padrasto me segurando porque eu estava tentando ressuscitar a minha filhote, eu estava desesperada, inconformada, e mais uma vez ninguém me entendia, eu me sentia injustiçada, a vida parecia frágil, injusta e imperfeita.

Após ter destruído a casa da minha mãe em um surto, ela me devolveu ao meu pai.

Morando na casa do meu pai eu passei a me mutilar novamente, eu fazia isso todas as noites porque eu odiava a noite, eu odiava a hora de dormir porque era quando meus pensamentos vinham me assombrar, todos os dias antes de dormir eu chorava, soluçava e ninguém podia me ajudar, ninguém podia me ouvir, eu só tinha lembranças dentro de mim, eu estava aprisionada dentro do meu corpo e queria fugir de mim mesma, foi quando a mutilação apenas não estava me ajudando mais, então eu dava socos em meu rosto e batia a cabeça contra a parede porque a dor desviava a minha atenção, eu conseguia fugir da voz do meu pensamento, tinha uma voz que me dizia palavras doloridas, como "você não é ninguém", "eu não te amo e nem ninguém te ama e nunca vai amar", "você é feia", "fraca", "meu maior desgosto", "seja igual suas irmãs". Era a minha sentença, eu estava cumprindo prisão perpétua em vida, eu estava aprisionada dentro de mim, mergulhando em águas amargas e profundas no meu subconsciente.

Uma pessoa que foi muito importante para o meu processo, foi o Jhon, um amigo gay, ele era mais velho que eu, mais velho que meus pais, amigo da minha mãe e padastro, ele era muito legal, rockeiro, mente aberta, um estilo hippie, ele começou a me emprestar filmes, cds, eu comecei a gostar do estilo, mas não deixei de ser delicada, otome, eu apenas comecei a me interessar por música. Quase toda semana eu ia na casa do Jhon devolver dvds e pegar novos, ele me emprestou um filme que nunca vou me esquecer, ele se chama Assombração, eu achei esse filme fantástico, ele conta sobre o nosso mundo e tudo que é descartado vai para um outro mundo, o mundo do lixo, do descarte, da rejeição, coisas que não damos valor e descartamos mas que possivelmente poderíamos ter dado algum significado, ter dado devida importância, tanto para objetos quanto para com as pessoas.

Bom se for para adotar uma trilha sonora, eu me recordo de ter ouvido muito Paramore -Brand New Eyes.

Eu chorava muito, meus gritos eram sufocados em meu travesseiro, todas as noites, ia dormir chorando, me sentia em pedaços, só conseguia adormecer após me sentir exausta de tanto chorar, de tanto sofrer.

Morder os braços era a opção mais rápida quando surgiam pensamentos vívidos e vozes, era menos doloroso sentir dor machucando a mim mesma do que sendo torturada pela minha mente.

Ainda me lembro o dia que assisti ao dvd que Jhon me emprestou, Dorm O Espírito, este é até hoje o meu filme predileto, ele me trás sentimentos bons, ele se parecia comigo, o filme conta sobre um garoto que estava tendo problemas em casa e tinha dificuldade para conviver com o pai, então o pai o manda para um internato onde ele faz amizade com um garoto diferente, mas seu único e melhor amigo é o espírito de um garoto do internato que havia morrido afogado,ou seja, seu único e melhor amigo era um garoto morto, em resumo este filme é belíssimo. Vocês devem ter notado que todos os filmes que citei são orientais, até hoje tenho este costume de sempre procurar por filmes, japonês, chinês, tailandês, coreanos são meus favoritos, eu sou assim, essa sou eu, demorei 24 anos para começar a desvendar a mim mesma, mas ainda bem que deu tempo, ainda estou vivendo para continuar está história.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!