Elizabeth cresceu em um orfanato esquecido por aqueles que deveriam ajudar, a situação era precária e mesmo que os funcionários tentassem ao máximo arrecadar recursos para manter o local não era o suficiente e quando ainda tinha dez anos o lugar foi fechado e ela foi afastada de seus amigos e das pessoas que ela conhecia desde pequena, ela foi levada a outra instituição que, apesar de ser melhor em termos de dinheiro, era completamente diferente em relação a afeto, cuidado e carinho, os funcionários ali não faziam nada além do que eram obrigados, o lugar era bonito mas passava uma sensação de tristeza. Mas Elizabeth não se deixou abater, em pouco tempo se adaptou e se dedicou muito a estudar tudo o que podia, até mesmo fora do horário de aula ela ia para a biblioteca para estudar, afinal ela tinha um sonho, queria um dia ser capaz de cuidar de crianças como ela, mas dedicando além de educação, muito amor. Com o tempo ela se tornou uma garota muito inteligente, conseguiu inclusive passar para uma excelente faculdade, que por sorte tinha acomodações para bolsistas como ela e pessoas que morassem muito longe da faculdade, afinal ao completar seus 18 anos teve que sair do orfanato.

Extremamente dedicada e com um coração enorme ela conquistou muitos prêmios e admiração em seus anos de faculdade, não teve tempo para uma vida social ativa, por isso não cultivou muitas amizades com excessão de Bianca, as duas conseguiram emprego numa grande empresa como secretarias, logo suas habilidades e inteligência chamaram a atenção da diretoria que promoveu Elizabeth como assistente do diretor geral da contabilidade, um senhor amável que a admirava e Bianca foi promovida a assistente do diretor do RH. Mas mesmo tendo conquistado sua independência Elizabeth não se esqueceu de seu sonho de ajudar crianças abandonadas, por isso, sempre que saia da empresa ia para o orfanato da região para trabalhos voluntários, juntava dinheiro pra comprar roupas e brinquedos a cada três meses, seu amor era tanto pelas crianças que até tocou o coração de Bianca que começou a ajudar.

Naquela tarde...

Bianca: Lize, vamos sair mais cedo do orfanato hoje? o Bruno vai fazer uma festa de aniversário numa boate e nos convidou.

Lize: não sei, estou cansada e amanhã tem uma reunião de pessoal pra apresentar o filho do senhor Antônio como novo CEO da empresa, o senhor Augusto disse que temos que estar cedinho lá, pra organizar tudo e fazer um relatório do departamento pra entregar para o.. acredita que não sei o nome do filho do seu Antônio?!

Bianca: eu também não- disse rindo- o Roger disse o mesmo pra mim... mas vamos na festa, podemos ficar lá só um pouquinho, por favor?vamos?

Mesmo não querendo ir Lize aceitou, Bianca era apaixonada por Bruno e ela queria a felicidade da amiga que esteve ao seu lado nos últimos anos.

Foram para o orfanato só para levar os brinquedos que tinham comprado e logo saíram para se arrumar, Bianca estava empolgada escolheu as roupas das duas e fez a maquiagem, Lize era muito simples em seu estilo mas Bianca era muito extravagante, mesmo assim, sempre deixava a amiga escolher suas roupas quando saiam juntas, porque sabia que Bianca amava todo o ritual de se arrumar e escolher roupas, sapatos, acessórios e maquiagem. As nove da noite estavam prontas, ambas com vestidos curtos, Bianca com um azul decotado de alça fina e Lize com um preto justo com decote discreto. Apesar de Bianca ser extravagante ela conhecia Lize como ninguém e sabia escolher roupas lindas que não a deixassem desconfortável.

(Look de Lize)

(look de Bianca)

Na festa Lize foi procurar um canto pra ficar, porém foi arrastada por Bianca para falar com metade da festa, mas logo a atenção de Bianca se concentrou em Bruno que a chamou para dançar, Lize aproveitou para achar um lugar para sentar, enquanto ficava ali alguns rapazes se aproximaram a chamando para dançar, mas ela educadamente recusou todos. Algum tempo depois Lize sentiu como se estivesse sendo observada, olhou em volta e não viu ninguém olhando para ela, mas o que ela não sabia é que atrás do grande espelho que estava logo a sua frente tinha uma sala separada apenas para uso do dono da boate....

Do outro lado do espelho estava Ângelo a observando atentamente cheio de luxúria em seu olhar....

capanga: senhor, encontramos o traidor que entregou a localização do.... senhor? algum problema?

falou o homem atrás de Ângelo.

Ângelo: .... mate o desgraçado e mande a língua de presente para meu priminho querido, deve ser um bom presente pelo primeiro dia como CEO da empresa e dos negócios da família.... - disse Ângelo tomando um gole do whisky sem tirar os olhos da jovem linda que estava sentada do outro lado do espelho....

Lize estava desconfortável com aquela sensação de estar sendo observada só que, por mais que olhasse em volta, ninguém a estava olhando, decidiu ir até o bar pegar um suco, mas não adiantou sair do lugar a sensação ainda estava ali, Bianca que estava próxima do bar viu que Lize estava com um semblante sério e estranhou decidiu ir até ela..

Bianca: Oi, tudo bem?- disse ela com preocupação.

Lize: sinceramente não sei, estou com uma sensação estranha de que tem alguém me observando mas não vejo ninguém me olhando.

Bianca olhou ao redor e também não viu ninguém encarando sua amiga, mas ainda assim se preocupou, pois sabia que Lize sempre teve boa intuição.

Bianca: olha, já está tarde, melhor nós irmos.

Lize: mas e o Bruno? vocês estão se divertindo tanto, podemos ficar mais um pouco.

Bianca: mas e essa sensação?

Lize: deve ser coisa da minha cabeça, tá tudo bem! volta lá, pelo o que eu vi vocês estão se dando muito bem - disse com um sorriso debochado..

Bianca: nem me fale, ele me chamou pra ir na praia no final de semana, só nós dois...

Lize: você aceitou né?

Bianca: aí, não sei, tô nervosa.. e também não gosto de te deixar sozinha lá em casa..

Lize e Bianca alugaram um apartamento juntas logo que começaram a trabalhar, desde então não se separaram mais...

Lize: quanto a mim não se preocupe, ficarei bem e também estava planejando ir no orfanato ajudar com as pinturas das paredes.... sem falar que você está esperando pra ficar sozinha com ele a um tempão.. - disse rindo de leve..

Bianca: eu sei, por isso tô nervosa... mas tá bom eu vou aceitar..

Lize riu do nervosismo da amiga, logo Bianca voltou para onde estava o Bruno e com a conversa Lize esqueceu da sensação que sentiu antes... estava tomando o suco quando sentiu alguém se aproximar então olhou para o lado e viu um homem lindo andando em sua direção, ele era alto e forte cabelos escuros barba baixa e olhos verdes escuros.. ele se aproximou e ao notar o olhar de Lize sorriu...

homem: Olá, posso te fazer companhia?

a resposta padrão de Lize era "não", mas aquele homem é tão lindo. Então ela pensou"por que não?"

Lize: pode sim.

homem: eu sou Ângelo e você?

Ângelo

Lize: Elizabeth, mas pode me chamar de Lize - falou com um sorriso.

Por um instante pensou ter visto a expressão dele mudar, mas voltou ao normal tão rápido que ela pensou ter sido impressão.

Ângelo: Lize, vi que está aqui sentada a um tempo, não gosta de dançar?

Lize: gosto sim, mas não no meio de tantas pessoas.

Ângelo: deixe eu adivinhar. Você dança muito mal e por isso tem vergonha? estou certo? - disse ele com um sorriso zombeteiro de tirar o fôlego

Lize: ahmm... eu tenho vergonha sim, mas Bianca diz que danço bem.

Ângelo: Bianca??

Lize: minha amiga. - respondeu apontando na direção em que Bianca estava dançando com Bruno.

Ângelo: aquele com ela é o namorado dela?

Lize: huumm, mais ou menos isso...

Ângelo: e você, tem namorado? - perguntou com uma expressão séria.

Lize: não.

Ângelo: que bom. - disse ele com um sorriso brincalhão, mas pensou " se tivesse, não seria por muito tempo"

Lize sorriu abaixando o olhar, eles passaram um bom tempo conversando sobre assuntos aleatórios, Ângelo parecia uma pessoa muito interessante. Lize pensou ter visto algumas vezes uma sombra em sua expressão, mas quando olhava outra vez encontrava uma expressão tranquila e amigável.

" devo estar meio paranóica desde que tive aquela sensação no início da festa"

Então ela olhou para o celular e percebeu que já era bastante tarde e levantou num pulo.

Lize: meu Deus, olha a hora, não acredito que não percebi o tempo passar.

Ângelo sorriu com a reação dela, mas por dentro aquele jeito dela o deixava louco, diversas vezes durante a noite ele quis agarra-la e leva lá para sua sala pra fazer tudo o que desejava, mas não queria assustar ela então teve que se controlar.

Ângelo: se quiser posso te levar pra casa.

Lize olhou pra ele, ele tinha um olhar diferente nesse momento que fez um arrepio de medo passar por ela.

vendo que ela pareceu hesitar rapidamente ele disse

Ângelo: e seus amigos também se quiserem.

Lize: é, não precisa, eu estou de carro, mas obrigada!

Ângelo: Ah sim, então foi por isso que não bebeu?- disse se esforçando pra reprimir a raiva que sentiu com a negativa dela.

Lize: também - ela deu um sorriso tímido.

Ângelo recebeu um bip de mensagem no celular, logo em seguida olhou para a entrada, Lize acompanhou seu olhar e viu alguns homens entrando, pareciam um grupo de seguranças com os rostos sérios e olhar atento, havia um homem no meio deles, mas Lize não conseguiu ver quem era, porque logo Ângelo falou chamando a sua atenção.

Ângelo: bom Lize, realmente está muito tarde e eu preciso ir agora, mas espero realmente voltar a te ver, tome - disse dando um cartão a ela - esse é meu número, pode me passar o seu?

Lize ainda tinha aquele medo que sentiu a uns momentos, mas ele havia sido tão gentil a noite toda que decidiu ignorar a sensação de medo e passou seu número para ele.

Ângelo: não vejo a hora de te encontrar novamente.

com um leve sorriso Lize respondeu : bom tenho que achar a Bianca, obrigada pela companhia.

saiu em direção ao salão, logo encontrou Bianca.

Lize: Oi, olha a hora que é, já devíamos estar em casa dormindo.

Bianca: aí meu Deus, não acredito, nós vamos dormir quase nada. Bruno, preciso ir, amanhã acordo mais cedo e terei muito trabalho na empresa. - ela se aproximou do rapaz e deu um selinho e disse :- feliz aniversário.

As duas foram quase correndo até o carro, logo estavam indo pra casa.

Nesse momento Ângelo estava de volta a sua sala atrás do espelho, mas dessa vez estava com seu primo.

Ângelo: gostou do meu presente? imagino que seja por isso que veio até aqui tão tarde, tendo um dia bastante agitado amanhã.

primo: ora primo, foi um presente tão encantador que não poderia deixar de agradecer pessoalmente:- disse o rapaz com um sorriso frio.

primo: meu pai não gostou nada, está muito irritado com você por ter matado o desgraçado, eles queriam interrogar o imbecil, para saber se ele contou mais alguma coisa e para quem.

Ângelo: bom, pedirei desculpas ao meu tio assim que o vir, mas aquele desgraçado quase nos fez morrer contando a localização do nosso lugar especial. - sorriu com crueldade no olhar.

primo: sim, mas agora não sabemos quem mais sabe, estamos vulneráveis naquele lugar, ele pode ser invadindo a qualquer momento caso o desgraçado tenha vendido a informação pra mais alguém.-disse observando o copo de whisky que tem na mão.

Ângelo: eu sei, não estava pensando direito quando tomei a decisão. - disse se lembrando da Lize sentada, ele sabia que na hora estava pensando com a cabeça de baixo.

primo: não importa mais, só pense melhor das próximas vezes, em todo caso já encontramos um novo local, pelo que vi o lugar é bem maior.

Ângelo: então estou perdoado -disse com uma expressão de coitado e depois ambos caíram na risada.

primo: com meu pai eu falo, quero ver o que vai falar para o seu pai, tio Genaro não costuma gostar de decisões mal pensadas.. - disse ainda com um leve sorriso, sabendo bem que tio Genaro iria brigar muito com Ângelo.

Ângelo: se fosse a alguns anos atrás ele com certeza estaria me esperando com um cinto nas mãos, mas agora está velho demais então só fará um sermão interminável, deixando claro que eu sou a decepção da sua vida.

primo: você é um dos melhores membros da nossa família, um dos mais ativos, tio Genaro sabe disso, mas sabemos que ele fala qualquer coisa quando está com raiva, mas depois passa.

Ângelo: ele pode até saber, mas não dá o braço a torcer.

primo: agora vou pra casa, amanhã terei um dia cheio.

Ângelo: imagino, boa sorte.

o outro rapaz acenou com a cabeça e saiu, Ângelo ficou ali, sentado pensando na jovem Elizabeth, então decidiu que queria saber mais sobre ela, mas ainda não tinha o endereço nem o nome completo, "merda, assim complica, mas vou descobrir".

na manhã seguinte...

Lize acordou com o corpo ainda cansado, dormira muito pouco, foi até o quarto de Bianca que dormia feito pedra, riu da amiga jogada na cama do mesmo jeito que deitou quando chegou, chamou e insistiu um pouco porque a outra não queria acordar mas acabou levantando, foram tomar banho e se arrumar, passaram uma base um pouco mais forte pra disfarçar a cara de cansaço, mas de resto a maquiagem era bem ao natural, exceto pelo rímel.

Bianca: rímel é vida.

Lize: tá, mas já tá bom, vamos logo. preciso de um café.

As duas sairam e passaram na cafeteria perto do apartamento e pegaram um expresso duplo para cada uma e umas rosquinhas e correram para a empresa que era próximo de onde elas moram então não precisavam do carro.

Quando chegaram foram correndo para seus lugares, e tomaram o café enquanto trabalhavam, elas já tinham adiantado muita coisa durante a semana, mas ainda assim tinham muito pra fazer, logo o senhor Augusto e o senhor Roger chegaram.

Augusto: bom dia meninas, então Lize, como estamos?

Roger: Olá, bom dia a todos. Bianca tudo certo?

Lize/Bianca: bom dia!

apesar de trabalharem em setores diferentes as mesas delas eram próximas, porque o senhor Augusto e o senhor Roger tinham seus escritórios um do lado do outro.

Bianca se levantou com um monte de pastas e acompanhou o chefe até o escritório.

Lize: já está praticamente tudo pronto senhor, precisa só verificar e assinar.

Augusto: ótimo menina, não sei o que eu faria se não fosse você. - Augusto falou isso com um sorriso e orgulho no olhar, ele tinha Lize como uma filha.

Lize admirava o chefe e quando ele falava com ela daquela forma sentia um carinho imenso por ele.

A manhã se passou movimentada, Bianca e o chefe fizeram uma planilha com toda a informação do RH, Lize e Augusto revisaram tudo, e não houve necessidade de mudar nada, o trabalho de Lize estava com sempre impecável, tiraram cópias e organizaram em pastas, quando chegou a hora do almoço já estava tudo pronto pra reunião que seria logo depois do almoço. Lize ficou uns minutos esperando e logo Bianca apareceu, com a cara de quem está morrendo de sono fazendo Lize rir dela.

Lize: vamos almoçar e depois vamos buscar mais café.. - falou rindo

Bianca: não ria, além de dormir pouco Roger estava cheio de ideias e me pediu pra ir organizar tudo, estou exausta, cheguei a pensar que eu não terminaria nunca.. - fez carinha de manha.

Lize: tabom, tabom..- disse ainda rindo - hoje o café é por minha conta..

Bianca: e o almoço?

Lize: não abusa.

As duas sairam rindo e foram até o restaurante, chegando fizeram seu pedidos e enquanto esperavam conversaram sobre a festa.

Bianca: quem era aquele homem com você, menina nunca vi um homem daquele antes..

Lize: o nome é Ângelo e.. bom ele perguntou se podia me fazer companhia e eu aceitei, mas não conhecia ele antes.

Bianca: e vocês ficaram, diz que sim por favor.. - falou juntando as duas mãos, o que fez Lize cair na risada e Bianca a acompanhou, Lize contou que não aconteceu nada, que só trocaram os números de celular..

Bianca: espera, você tem o número dele, e tá esperando o que pra ligar, não perde tempo não, homens como aquele não aparecem sempre.

Lize: não sei, eu achei ele lindo e gostei de conversar com ele, mas sei lá ele me olhou com um olhar estranho que me deu medo no final da noite..

Bianca: certeza que queria ficar com você e você não deu abertura, olhar de vontade reprimida, coitado.

Lize: não seja boba - disse rindo - eu vou pensar mais tarde se eu ligo ou não, minha cabeça agora está na reunião do novo chefe dos chefes, tomara que ele seja uma pessoa boa, assim com o senhor Antônio.

Bianca: tomara mesmo, o senhor Antônio é um amor, disseram que a esposa dele também era assim, é possível que o filho seja também.

Lize: não sei não, já ouvi falar que ele é mulherengo e ama gastar o dinheiro do pai, sem falar que nunca vimos ele na empresa, bom, de qualquer forma teremos que aguentar, pois ele será o chefe dos chefes.