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Sorte Ou Destino?

Trabalho / Descanso

'Mais uma noite me espera, e me preparo para sair de casa para mais uma noite de trabalho. Hoje está bastante frio, fico feliz por dona Emília ter me dado um prato de sopa pois, eu estava sem disposição para cozinhar. Visto a minha calça de moletom, calço uma meia e coloco o meu tênis, está bastante rasgado, mas me serve muito bem, visto uma blusa de malha e coloco um casaco de moletom bem quentinho que Eduarda me deu, era usado mas em ótimo estado e quando ela me deu foi com esse objetivo, eu usá-lo nas noites mais frias. Coloco a minha touca de lã e logo me dirijo ao quintal ao lado da casa, para pegar o meu carro, quer dizer o meu carrinho, o meu famoso burrinho sem rabo como muitos chamavam, antes era usado pelo meu pai. Papai, quanta saudade eu tenho dele, como ele me faz falta' Laura suspira saudosa, a saudade era grande, mas ela não tinha tempo para nostalgia, precisava se adiantar, só assim não chegaria muito tarde em casa, ela olha a hora no relógio velho que estava em seu pulso, faltava dez minutos para as seis da tarde, hora de ir para labuta, ela pensa antes de fazer a sua oração e seguir para mais um dia catando papelão pelas ruas movimentadas de São Paulo'

Enquanto isso no outro lado da cidade.

– Rúbens, você já está indo embora?

– Ainda não, preciso designar quem irá criar o comercial que nos foi solicitado. Preciso estudar a proposta,  como sabe é uma empresa nova no mercado, porém com imenso potencial. Precisamos colocar essa empresa no topo, e a publicidade é tudo, mas teremos que dar o nosso melhor nessa campanha, assim teremos mais uma grande empresa trabalhando conosco.

– Concordo com você, mas não me preocupo, sei que quando quer uma coisa você consegue. Estou indo embora, não esquece que amanhã é sexta e vamos curtir a noite, nem tente arrumar desculpas.

– Valeu, não vou me esquecer. Boa Noite, João Vicente!

Rubens fica analisando a solicitação da empresa, analisa o nível dos seus colaboradores, sabe que são todos bons publicitários, mas acredita que o Alan, que é um deles, poderá se sair melhor na missão. Além disso, tinha uma outra questão, ele precisava de um rosto novo para a campanha, ele respira fundo, essa missão era dele.

Quando termina o que está fazendo, decide ir para casa, ele pega as suas coisas e sai da empresa, vai até o estacionamento entra no seu carro importado e vai para a sua cobertura.

Quando ele passou pela portaria do prédio, nem notou que alguém catava os papelões que estavam ao lado da lixeira, colocando no seu burrinho sem rabo, quase ninguém a notava ali, sozinha catando os seus papelões.

Rubens chega em casa, pega uma taça de vinho e vai para sala, liga a TV para assistir o noticiário, olha a hora no seu Rolex e resolve jantar. Ele vai até à cozinha e coloca a sua janta para aquecer no micro-ondas, a cozinheira já havia deixado pronta, ele só precisava ligar o micro-ondas. Ele tinha apenas uma cozinheira e uma empregada que só trabalhavam de dia, ele não gostava de ter companhia a noite, gostava mesmo de chegar e relaxar, e andar a vontade pela casa. Após terminar a sua refeição, ele ainda assiste um pouco de esport, quando acaba a programação ele vai tomar o seu banho. Rúbens entra no seu quarto com cerca de 35m², onde tinha uma imensa cama  king size, poltronas e lindos quadros na parede. Após tirar os acessórios e guardar tudo nos devidos lugares, ele entra no banheiro, onde tem uma banheira e um maravilhoso chuveiro no box. Rubens tenta relaxar no banho, ele ainda pensava onde poderia encontrar um rosto novo para a campanha solicitada. Após tomar o seu banho ele veste uma calça de moletom e uma camisa de malha, não demora a ir para cama, onde pode se cobrir com cobertores macios e perfumados.

Enquanto Rubens dorme em uma cama confortável, Laura catava papelão pelas ruas da cidade, antes ela tinha visto um belo homem passar pela portaria do prédio onde ela catava os papelões. Quando ela vê aquele homem alto, cheiroso com os seus cabelos negros bem penteados e o seu terno impecável, chega suspira, não era a primeira vez que ela o via passar por ela, sempre lindo e cheiroso, parecia até um príncipe de tão lindo, mas ele nunca a olhou, nem uma única vez, mas ela já estava acostumada a não ser vista pelas pessoas, nunca ouvia um bom dia ou mesmo um boa noite, era como se ela não existisse para as pessoas que circulavam por ali. Sempre foi assim, desde quando o seu pai ainda era vivo e ela o acompanhava na tarefa de catar papelão.

O seu pai Davi era motorista de ônibus, mas depois que ficou desempregado, pela necessidade de pagar as contas e comprar comida, começou a catar papelão para vender no centro de reciclagem, pois estava com dificuldade de conseguir outro emprego. O dinheiro era pouco, mas dava para pagar o aluguel e as outras contas, também dava para comprar os itens básicos, de primeira necessidade. Dona Emília, que morava em um bairro próximo ao deles, sempre os ajudava com uma cesta básica. Quando o pai de Laura morreu há um ano, Dona Emília cedeu um quarto nos fundos da sua casa para ela morar. Não era grande, mas tinha o básico para sobrevivência. Um fogão a gás, que ela ganhou de algum vizinho de Dona Emília, uma geladeira, que também foi doação, uma cama de solteiro com um colchão, a cama já havia no quarto  e o colchão Dona Emília comprou a perder de vista e Laura conseguiu pagar. Tinha também um pequeno guarda-roupa, onde ela guardava as suas poucas roupas, assim como toalhas e roupas de cama. No quarto tinha também um banheiro, com o sanitário, uma pequena pia e um chuveiro quente, que Dona Emília fez questão de pôr, mas Laura costumava tomar banho frio, para economizar energia, já que ela não pagava. Ela sempre conseguia algo nas ruas enquanto catava papelão, como o espelho que ela colocou no banheiro e as prateleiras.

Quando Laura acaba de recolher os papelões daquele prédio, onde o príncipe cheiroso passou por ela, Laura continuou o seu trabalho cantando baixinho pelas ruas, catando mais papelões, até o seu carrinho se encontrar totalmente cheio, ficando até difícil dela puxar, mas ela estava feliz,  pois conseguiria um bom dinheiro com a quantidade que tinha conseguido recolher.

Laura volta para casa, guarda o carrinho no quintal ao lado, pois pela manhã levaria o material recolhido para vender no centro de reciclagem. Após guardar o carrinho, ela vai para casa e toma um banho, come também alguns biscoitos  antes de dormir, ela olha a hora no seu relógio velho e são duas e quarenta e cinco da manhã.

Rubens/Laura

Rúbens e Laura, duas pessoas de mundo tão diferentes, o que será que o destino tem reservado para eles?

Rúbens Castro, 26 anos mora em uma cobertura em uma área nobre de São Paulo, é o dono de uma agência de publicidade e marketing, "Castro Publicidade e Marketing". Tem o nome bem  conceituado no mercado, na sua carteira de clientes está grandes empresas, e o seu faturamento é cada dia maior pelas estratégias bem elaboradas e planejadas. Gosta de lançar rostos novos no mercado, pois acredita ser o seu ponto forte, descobrir joias raras para lançar com as novas marcas inseridas no mercado.

Laura Santos, 19 anos, órfã de pai e mãe, mora nos fundos da casa de Dona Emília que ela tem como uma mãe. Catadora de material reciclado, papelão para ser mais exata. Começou a trabalhar como catadora com o seu pai Davi, nunca sentiu vergonha do seu trabalho, mas tinha como sonho se formar em advocacia e trabalhar na área.

...

Sete horas da manhã, hora de levantar. Laura vai ao banheiro, escova os seus dentes, faz as suas necessidades, troca de roupa, toma um copo de café com leite, come duas fatias de pão de forma e alguns biscoitos. Ela vai até o centro de reciclagem vender o seu papelão, volta para casa satisfeita com o valor que conseguiu, não era muito, mas todo o dia um pouco dava para ela comprar as suas coisas e guardava todo o mês um pouquinho, para quando estivesse cursando a faculdade, pois ela acreditava que conseguiria uma vaga, estava estudando para isso.  Ela não tinha despesa de aluguel, nem de água e nem de luz, mas ela fazia questão de sempre comprar um agrado para Dona Emília e Eduarda, filha de Dona Emília, pois, eram pessoas que muito a ajudavam.

Laura não tinha parentes na cidade, ela tinha alguns tios, mas que moravam no sul e tinham também as suas dificuldades. Ela estava com 19 anos, mas logo completaria 20 e estava terminando o ensino médio, estava atrasada, pois ficou uns 5 anos sem estudar, foi no período em que a sua mãe faleceu e o seu pai a deixava em casa sozinha, ele tinha medo que ela fosse para a escola e algo lhe acontecesse. Quando ele ficou desempregado e começou a catar papelão ele conheceu Dona Emília, pois sempre passavam pela rua onde ela morava, e Dona Emília ao ver uma criança sempre com ele perguntou se ela não estudava, e foi a partir daí que ela voltou a estudar, pois, Dona Emília se ofereceu para ficar com ela depois da escola, já que ela trabalhava em casa como costureira. Assim Laura estudava de manhã e a tarde ficava com Dona Emília e ao final da tarde saia com o pai para catar papelão, as vezes voltava dormindo no carrinho puxado por ele, mas nunca sentiu vergonha, e estar com o seu pai, era tudo para ela.

Com 19 anos, ela estava no último ano do ensino médio e pretendia fazer vestibular, ela desejava cursar direito e estudava em todo o tempo livre que tinha, precisava de uma vaga em uma universidade pública, pois o que ganhava era impossível pagar uma faculdade.

Ao chegar em casa, do centro de reciclagem, ela toma um banho, prepara um almoço rápido e após almoçar, lava tudo, guardando nos seus devidos lugares, escova os dentes e pega as suas coisas para ir à escola. Ao final da tarde quando chega em casa, segue a mesma rotina de todos os dias, prepara-se para ir catar papelão.

Rubens acorda as sete da manhã, toma o seu banho, vai até o closet, veste a sua camisa bem passada, o seu terno sob medida, calça os seus sapatos e vai até à cozinha tomar o seu café, onde encontra uma mesa com frutas cortadas, ovos mexidos, torradas, jarra de suco, café, leite entre outras variedades.

Quando acaba de tomar o seu café, ele pega as suas coisas e desce até a garagem para entrar no seu  carro importado, coloca uma música e segue para o seu trabalho. Quando ele chega na empresa todos os outros funcionários já haviam chegado, ele chama o Alan para conversar sobre o novo cliente, ele anuncia que a conta do cliente novo é dele, e que terá que dar o seu melhor. Alan fica extremamente feliz e animado, mas Rúbens avisa que ainda precisa encontrar um rosto novo para a campanha.

Assim Rúbens segue o seu dia, entre telefonemas e e-mails, sai para almoçar em um dos restaurantes mais conceituados, deixando ali um bom valor pelo almoço. Ele volta para o escritório e resolve chamar João Vicente, para saber onde irão a noite, ele pensa em ficar com alguém, já que tem um bom tempo sem levar ninguém para a cama.

– E aí, para onde vamos hoje?

– Estava querendo ir para uma boate nova que inaugurou.

– Tô fora de boate, hoje estou mais para um bar e jogar conversa fora.

– Rubens, as vezes você parece um velho, penso que até o seu pai é mais animado que você. Parece ter 86 anos e não 26,  só sabe trabalhar. A vida é para ser vivida, temos que nos divertir.

– E quem disse que eu não me divirto?

– Quanto tempo tem que não beija na boca? – João Vicente pergunta rindo.

– E o que te interessa isso? Mas hoje estou disposto a conhecer alguém – Rúbens fala com um sorriso de canto – mas vocês acreditam que mulher é tudo. Vivo muito bem sem elas.

– Eu não vivo, mas tudo bem. Mas me diz, boate ou barzinho? Ou podemos fazer melhor, podemos ir nos dois, o que acha?

– Pode ser – Rubens responde sem muita animação.

A noite chega e Laura começa o seu trabalho, enquanto isso dois jovens amigos, vão a um bar, curtir a noite com bebidas e mulheres. João Vicente havia ligado para duas amigas, além delas, chamou também um casal amigo deles. Uma das amigas ao chegar e ser apresentada a Rubens já tomou o assento ao lado dele, que por sua vez pensa em aproveitar a ocasião para tirar o atraso. Já era mais de meia noite quando chegaram a boate, Rubens não perde tempo, na primeira oportunidade beija Thaís, a amiga de João Vicente que lhe foi apresentada, que era muito bonita. Depois de alguns beijos e amasso, ele a chama para um lugar mais reservado, onde passam a noite, Rúbens aproveita para utilizar o seu estoque de preservativo. Pela manhã ele acorda, toma um banho, e estando a garota ainda dormindo, ele deixa um dinheiro com um bilhete contendo apenas três palavras. "Para o táxi". Ele vai embora e deixa a garota dormindo no quarto de hotel. Quando chega em casa, troca de roupa, toma o seu café e vai para a piscina. Fica lá até a hora do almoço. Após almoçar resolve assistir um filme. Muitos pensam que sua vida é de solidão, ele diz ser de satisfação, não gosta de conversas banais e envolvimento sem futuro. Prefere viver no mundo dele, onde ele se sente feliz, se dedicando ao trabalho e acumulando fortunas, ele lembra de quando começou a sua empresa era apenas ele e mais um ajudante, João Vicente chegou quando a empresa já estava estabelecida, ele por se sempre muito competente, assumiu a função de segundo de Rúbens,  pois tinha competência para isso.

Rúbens começou do zero, com pequenos clientes, nunca usou o nome dos seus país para ajudá-lo a crescer, principalmente da sua mãe que foi uma modelo conhecida. Através da sua capacidade de promover os produtos, fossem serviços ou bens, cresceu rápido no mercado publicitário. As suas campanhas eram excelentes, esse era um dos motivos de ser tão exigente na contratação dos profissionais que trabalhavam  na sua empresa.

Destino

Laura acorda e já eram quase dez horas da manhã, ela espreguiça-se e se levanta para fazer o seu café.  Hoje ela não iria ao centro de reciclagem, somente na segunda, ela aproveita o sábado para lavar as suas roupas e cuidar da sua pequena casa, já com tudo lavado e arrumado ela faz o seu almoço e depois de almoçar, aproveita para estudar para o vestibular, em época de provas na escola ela estudava para as provas, tirando sempre boas notas. Ela estava estudando, sentada na sua cama, com as pernas cruzadas e vários livros a sua volta quando Eduarda entra para falar com ela.

– Laura, o que você vai fazer amanhã?

– Ah Eduarda, o de sempre, nada – Ela responde rindo – Minha vida se resume ao trabalho e estudo.

– Então que tal irmos ao Shopping?

– Pode ser, acho que vou aproveitar e comprar o vestido para a festa de formatura, está longe, mas já compro logo.

– Ótimo, então amanhã vamos almoçar no shopping e não se preocupe, eu vou pagar o nosso almoço.

– Não vou recusar, adoro comer fora – Laura fala sorrindo.

A noite Dona Emília chama Laura para ficar com elas, Laura as vezes preferia ficar em casa, mas sempre quando Dona Emília insistia, ela não conseguia dizer não. Elas assistiram um filme de comédia, fizeram pipoca e aproveitaram a noite, as três enroladas em uma manta emboladas no sofá.

Já passava das dez quando Laura foi para casa, ela troca de roupa e vai dormir feliz pelas pessoas que Deus havia colocado em sua vida, que eram muito mais que amigas, eram na verdade, a sua família.

Na manhã seguinte, ela acorda faz sua higiene e vai até a padaria comprar pão e outros itens que precisava. Ela volta para a casa prepara o seu café, e após tomá-lo, vai escolher a roupa que irá ao shopping, ela não tinha muitas opções, pois não podia comprar muitas roupas, ela ganhava muito as roupas de  Eduarda, muitas praticamente novas e Laura gostava pois ela podia guardar mais um pouco do que conseguia com o seu trabalho. Ela escolhe um vestido liso em um tom azul mesclado, era de mangas compridas, e por cima ela veste uma jaqueta jeans clara,  nos pés um tênis branco que ela tinha comprado e que só usava para sair.

Elas chegam no shopping quase na hora do almoço, então resolvem fazer hora para almoçarem antes das compras.

Quando elas estão passando em frente a uma joalheria ela esbarra em uma jovem que acabara de sair da loja, ela pede desculpas, mas a pessoa nem a olha, mas ela consegue ver com detalhes alguém que ficou  parado a olhando, ela encara aquele olhar, e que olhar, o tempo parece parar para ela, 'é ele, sim, é o meu príncipe cheiroso do prédio' pensa Laura, sem conseguir desviar o olhar daquele rosto.

Rubens no domingo pela manhã recebe uma ligação de sua irmã, ela queria que ele fosse com ela ao shopping pois queria comprar um joia nova, ele depois de muito reclamar que não estava afim de ir para shopping, decide fazer a vontade da irmã. Eles costumavam ir cedo, evitando assim tumulto, pois por ela ser uma modelo conhecida muitas pessoas a assediavam, e Rúbens, mesmo não sendo tão popular, algumas pessoas o conheciam, por sair em capas de revistas de negócios e empreendimentos. Eles levam alguns seguranças, mas eles se mantém longe, com ordens de se aproximarem apenas em caso necessário.

Eles haviam entrado em uma joalheria e Rubens estava olhando para fora da loja, enquanto aguardava a sua irmã escolher uma joia, quando ele vê uma jovem de pele bronzeada, cabelos longos, quase no bumbum, cheios e ondulados e ela o usava de lado. A jovem vestia um vestido simples, azul mesclado, mas ele não conseguia ver o seu rosto direito, essa jovem chamou muito a sua atenção, mas ele precisava olhar para ela de frente. Sua irmã o chama, e ele desvia o olhar e quando ele volta a sua atenção para onde ela estava, não mais a ver.

Sua irmã paga a joia que escolheu e eles saem da loja, mas alguém esbarra em sua irmã. 'É ela, sim, é a jovem de cabelos longos' ele pensa. ela olha para traz o fazendo ver seu rosto, ela a acha simplesmente linda. Tinha a boca carnuda, os olhos de um verde intenso, ela o encara e Rúbens não consegue desviar o olhar daquele rosto, até que ela olhou para frente e seguiu, sem olhar para trás.

Laura não consegue esquecer aquele rosto tão lindo. Dessa vez ela conseguiu ver como ele realmente era bonito, com um olhar penetrante, seus olhos eram tão pretos que pareciam duas jabuticabas, barba por fazer, cabelos impecavelmente penteados, uma boca que ela sentiu vontade de beijar, mesmo sem nunca ter sido beijada, mas deveria ser bom ganhar o primeiro beijo daquela boca, ele não estava de terno, mas usava uma calça jeans e uma camisa com as mangas dobradas. Ela tinha em sua mente cada detalhe daquele rosto lindo, ele realmente era um príncipe e que príncipe, pensa Laura sorrindo.

– De que está rindo? – Eduarda pergunta e Laura fica vermelha, ao pensar em ser beijada por alguém que ela nem conhecia.

– Nada – Eduarda continua a olhando e ela prefere inventar algo – É que já imaginou eu de vestido vermelho.

– Por quê não. Vamos procurar um vestido vermelho para a sua festa de formatura.

Mas Laura não aderiu a idéia, optou por um vestido preto com alças largas, justo na altura do joelho, era simples, mas estava dentro do orçamento dela, e se sentiu bem com ele quando experimentou. Ela aproveitou comprou uma sandália também preta com um salto não muito alto, pois ela não sabia andar direito com sandálias de salto muito alto.

Rúbens quando chegou em casa, ainda pensava naqueles olhos verdes e naquela boca carnuda, ele não conseguia esquecer aquele rosto tão lindo, ela seria perfeita para a campanha.

Na segunda feira quando chegou a empresa, ainda pensava naquele rosto e sem perder tempo, chama Alan à sua sala, queria falar com ele sobre a sua descoberta.

– Mas você nem sabe quem é ela.

– É, eu sei disso – Ele fica pensativo – Mas ela seria a garota perfeita, quando você a ver irá concordar comigo, ela é simplismente linda. Ela não é modelo, é notório isso, usa roupas simples, e não usa maquiagem,  mas tem uma beleza natural, ela não é alta, é até bem baixinha. Mas nada disso seria um problema para um bom fotógrafo.

– Por quanto tempo você viu essa garota? Você disse que sua irmã esbarrou com ela, mas parece que você a observou por um longo tempo – Alan fala surpreso com os detalhes que ele conseguiu ver, mas o que ele não sabia é que Rubens tinha ocultado dele que a estava observando antes do esbarrão.

– Isso não importa, só sei que eu preciso encontrar essa garota.

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