Sofía olhou pela janela de seu quarto com um olhar vazio. Desde já fazia um tempo, a chuva não parava de cair com força, o que a fez sentir relutância em se mover e até sair de sua casa. A mulher se deitou no sofá e desfrutou do som da queda da chuva, um som que refletia as emoções que sentia naquele momento.
"Que preguiçosa e sem-vergonha é minha nora! Como é possível que ela não tenha preparado nada para o café da manhã? Ela realmente quer que eu morra de fome? Que pecado cometi para merecer uma nora como ela? Nem mesmo pode ter filhos, não tem habilidades para nada. Nem mesmo pode cuidar das tarefas domésticas!" gritou a Senhora Brenda, a sogra de Sofía, do andar de baixo. Sua voz era tão alta que podia ser ouvida até mesmo do andar superior, onde se encontrava o quarto de Sofía.
"O que está acontecendo? Todos os ingredientes continuam crus! O que a mulher estéril está fazendo que não cozinha nada? Ela ainda está dormindo? É uma maldita preguiçosa!" O som de um objeto quebrando foi ouvido. Parecia que a Senhora Brenda estava muito zangada e havia jogado algo porque sua nora não havia preparado nada para o café da manhã.
"Criei meu filho com todo o meu coração, esperando que ele pudesse viver feliz. Mas o que vejo agora é que ele tem que se casar com uma mulher sem importância cujo útero é tão seco como o deserto. Como meu filho pode passar toda a vida ao lado de uma esposa tão inútil como ela? Se ela não tem nenhuma habilidade, pelo menos deveria ser capaz de conceber e dar à luz um herdeiro para esta família, não apenas ser um fardo. Lixo de pessoa!" Mais uma vez, a Sra. Brenda amaldiçoou com muita emoção.
Podia-se notar um grande ódio nas palavras que a Sra. Brenda dirigia a Sofia, como se sua nora não tivesse nenhum valor absoluto.
E, é claro, de seu quarto, Sofia podia ouvir claramente as maldições que sua sogra lhe lançava. Cada vez que a Sra. Brenda se sentia insatisfeita com algo que Sofia havia feito errado, a mulher de meia-idade não hesitava em dizer as palavras mais duras. Sofia suspirou enquanto fechava os olhos por um momento. Só sentia dor cada vez que ouvia as humilhações que sua sogra lhe dirigia. Não importa o quanto ela tentasse conquistar o coração da Sra. Brenda, só recebia sua raiva e desprezo. Mesmo o menor erro provocava as palavras inadequadas de sua sogra. Tudo isso acabaria fazendo com que a Sra. Brenda insistisse com Sofia, que ainda não havia dado um neto.
Se Sofia fosse estéril, talvez aceitasse todas essas humilhações. Mas na realidade, ela não era. Durante os seis anos que esteve casada com seu marido, ele nunca se dignou a tocá-la. Como ela poderia engravidar assim?
Ela sentia tristeza ao pensar nessa realidade, mas mantinha isso guardado para si mesma, sem contar a ninguém.
"Sofia! Por que minha maleta e meu livro ainda não estão prontos? Já tenho que ir para a escola!" Mais uma vez, um grito veio do andar de baixo. Desta vez era Griselle, a irmã mais nova de seu marido, que levantou sua voz estridente.
Embora Griselle ainda fosse muito jovem, ela não tinha respeito algum por sua cunhada. Além disso, assim como sua mãe, a Sra. Brenda, era mimada e tinha uma língua afiada.
"Se apresse e desça para pegar as coisas, Sofia! Estou atrasada!" Gritou Griselle novamente, com uma voz que subiu uma oitava mais alto do que antes.
Sofia não tinha mais opção senão suspirar mais uma vez. Ela não tinha escolha senão descer e ir para o andar inferior antes que a situação piorasse. O caos desta manhã não terminaria se ela não fizesse o que eles queriam. Felizmente, seu marido não estava em casa naquele momento. Se estivesse, Sofia estaria ainda mais encurralada pelo que aconteceu esta manhã.
A primeira coisa que Sofia notou quando chegou ao andar inferior foi o olhar crítico de sua sogra, mas ela ignorou o máximo possível porque já estava acostumada. Sofia começou a organizar os livros de Griselle e a preparar sua mochila. Depois, ela foi direto para a cozinha para cozinhar.
Não demorou muito para que vários pratos deliciosos chegassem à mesa. Sofia chamou imediatamente sua sogra e cunhada para o café da manhã. Apesar de ainda estar chateada com Sofia, as duas comeram imediatamente porque a comida de Sofia era boa demais para perder.
Mas, na verdade, Sofia nunca foi apreciada desde o início, mesmo quando preparava comida deliciosa, não recebia um simples agradecimento. Em vez disso, a senhora Brenda ainda estava insatisfeita com Sofia. Desta vez, foi porque ela ficou em silêncio e não falou nada enquanto a mulher de meia-idade comia.
"Por que você fica em silêncio e inclinando o rosto assim? Não gosta de ter que preparar comida para mim e Griselle?" perguntou a senhora Brenda com uma expressão desagradável.
Sofia apenas negou levemente sem olhar sua sogra em nenhum momento. Sempre foi assim nesta casa. Falar é um erro, e o silêncio também é. Sofia realmente não sabe o que fazer para que sua família política a valorize um pouco mais.
"Se você realmente não está feliz, pode ir embora quando quiser, Sofia. Ninguém está impedindo você." A senhora Brenda acrescentou.
Mais uma vez, tudo o que Sofia pôde fazer foi suspirar e se conter o melhor que pôde. Não faz sentido discutir. Em vez de ganhar, só a acuarão mais se ela questionar sequer as palavras de sua sogra.
"Talvez Sofia esteja chateada porque Antonio não voltou para casa, mãe. Parece que meu irmão deveria trazer Valeria para morar conosco para que Sofia saiba o seu lugar nesta casa", disse Griselle com calma e sem remorso.
Os olhos de Sofia se abriram um pouco. Seu peito começou a doer ao ouvir o nome de Valeria, a mulher que tem sido a razão pela qual seu marido não a olha nem por um segundo nos últimos seis anos.
"Ah, esqueci de dizer, Sofia. Ontem à noite, Antonio não voltou para casa porque estava acompanhando Valeria no hospital. Com certeza, Antonio estará muito feliz porque o médico já permitiu que Valeria volte para casa", acrescentou Griselle, sorrindo com desprezo para Sofia.
Ao ouvir isso, o rosto de Sofia pareceu mudar ligeiramente. Como se uma grande pedra tivesse caído sobre seu coração, ela sentiu-se realmente dolorida e angustiada. Claro, ela estava com raiva e desapontada por saber que seu marido não havia voltado para casa porque estava acompanhando outra mulher por aí. Ela queria gritar, mas mais uma vez manteve sua ética e guardou suas emoções para si mesma.
Pouco depois, foi ouvido o som de um carro parando bem na frente da porta da casa. Um homem saiu do carro e entrou na casa. Antonio, o homem de rosto bonito e corpo alto e robusto. Uma figura que fisicamente parecia tão perfeita que era impossível não se apaixonar por ele à primeira vista.
Sofia levantou-se imediatamente ao saber que o marido havia voltado. Ela se apressou em direção à sala de estar ao mesmo tempo em que Antonio se aproximava na direção oposta. Ambos pararam seus passos e olharam fixamente um para o outro. Ele olhava para ela com um olhar tão afiado e frio que fez Sofia desviar o olhar com uma dor indescritível.
Antonio se retirou sem mais, considerando Sofia como um inseto que não merecia atenção.
Naquela noite, quando Sofia estava preparando o banho para que Antonio tomasse banho como sempre fazia, de repente aquele homem a chamou.
"Você não precisa cuidar das minhas necessidades dessa maneira", disse Antonio friamente. "Amanhã, Valeria será liberada e ficará aqui. Espero que você tenha deixado esta casa antes que a traga".
Sofia ficou surpresa ao ouvir as palavras de Antonio. Como ele poderia expulsá-la só porque queria levar sua ex-namorada para casa? Sofia não conseguiu conter seu coração para não se sentir arrasada.
"E se eu não quiser fazer isso?", perguntou Sofia em voz alta. Ela não sabia de onde tirou a coragem de desafiar as palavras de Antonio.
Ao ouvir isso, Antonio parecia olhar para Sofia com um olhar desdenhoso.
"Sabes muito bem como é a nossa relação, Sofia. Nunca esquecerei a razão pela qual sou casado contigo", respondeu Antonio com voz fria.
Sofia olhou para Antonio com uma expressão facial que não podia ser descrita em palavras. Como ela poderia esquecer porque Antonio estava disposto a se casar com ela? O único motivo para o casamento deles era que quando Valeria estava à beira da morte e precisava de uma transfusão de sangue, a única sangue compatível com ela era a de Sofia. Esta última concordou em doar sangue para Valeria apenas se Antonio estivesse disposto a se casar com ela.
Foi assim que Sofia se tornou a esposa de Antonio. Ela aproveitou a situação para obrigá-lo a seguir seus desejos. Mas Sofia fez tudo isso porque secretamente estava apaixonada por Antonio desde que estavam na escola secundária. E naquele momento, se casar com Antonio era o seu único sonho.
Naquele momento, a situação de Valéria era realmente desesperadora. Ela estava em coma e o médico responsável pelo seu atendimento também estava pessimista em relação à possibilidade dela despertar. Era quase certo que Valéria nunca mais abriria os olhos. Por essa razão, finalmente, Antonio concordou em se casar com Sofia como forma de agradecimento por cada gota de sangue que correu pelo corpo de Valéria.
Mas, acontece que Valéria conseguiu sobreviver. Finalmente, se salvou da morte e acordou do coma. É claro que isso aconteceu depois que Antonio já tinha se casado com Sofia, então ela teve que aceitar o fato de nunca ter sido considerada nem um pouco como esposa de Antonio. O homem continuava colocando seus olhos somente em Valéria, mesmo depois de Sofia ter usado todas as suas habilidades para conquistar o coração de Antonio.
Sofia olhou para Antonio de maneira introspectiva. Ela o amava profundamente, mesmo antes de Antonio se tornar seu marido. Mas agora, ela se sentia estranha diante da pessoa que estava à sua frente. Antonio parecia se tornar alguém muito diferente desde que se casaram, tudo porque ele não queria ter Sofia em sua vida. E agora, Sofia só podia franzir a testa internamente, amaldiçoando sua estupidez por permitir que fosse tratada de forma tão cruel apenas por um amor tolo.
Com todo o coragem que pôde reunir, Sofia levantou o rosto, que estava inclinado diante de Antonio por tanto tempo.
"Sou sua esposa, Antonio. Sou a pessoa que mais direito tem sobre você e tudo o que possui. Por que eu deveria sair desta casa quando Valeria voltar?" perguntou Sofia com a mesma sagacidade das palavras de Antonio para com ela.
O rosto de Antonio se endureceu ao ouvir aquela pergunta. Suas mãos se cerraram com emoção. A princípio, não queria problemas e queria pedir pacificamente a Sofia que saísse. Mas, ao que parecia, a mulher à sua frente estava tentando testar sua paciência.
"Eu já sei a verdade, Sofia, então não me faça parecer um malvado por ter que te tirar à força desta casa", disse Antonio com raiva.
"O que você quer dizer?" perguntou Sofia novamente.
"Valeria me contou que você foi a responsável por sua hospitalização até agora. Você é a pessoa que a atropelou há seis anos!" Exclamou Antonio com emoção enquanto apertava seus dentes.
"O quê?" Sofia não conseguia esconder sua surpresa.
Sofia sabia que Valeria gostava dela, mas como poderia dizer que era a responsável pelo atropelamento? Não era isso uma total desfaçatez?
"Depois de saber isso, me contive para não fazer nada de ruim a você, Sofia. É melhor que vá embora antes que eu perca a paciência." Antonio parecia estar falando sério, como se não se importasse em desaparecer com Sofia com as próprias mãos se ela se recusasse a sair.
"Que estupidez é essa? A mente de Valeria foi afetada depois de tanto tempo em coma, a ponto de agora me culpar por tê-la atropelado?"
"Feche a boca!", disse Antonio bruscamente.
"Eu não fiz nada, Antonio. O que quer que tenha acontecido com Valéria seis anos atrás não tem nada a ver comigo", Sofia negou veementemente. Ela não tinha feito nada a Valéria e não tinha relação com o acidente que ela havia sofrido. É claro que ela não aceitaria tal acusação sem provas.
"Você me pediu para se casar comigo quando Valéria estava em estado crítico, isso é uma forte indicação de que você é a causa de seu estado atual. Eu fui tão bobo durante todo esse tempo por não pensar nessa direção. Embora não possa suportá-la, não pensei que você fosse tão miserável e malvada". Antonio voltou a falar friamente. Seus olhos estavam fixos na mulher que agora era sua esposa, com um olhar afiado e cheio de ódio.
Sofia podia ver o quanto Antonio a detestava. Ela sorriu amargamente lembrando todas as lutas que havia enfrentado nessa casa. Durante seis anos, ela tinha sacrificado sua juventude para se dedicar ao marido sem esperar nada em troca, chegando inclusive a ser como uma empregada. Mas agora, isso era o que ela estava recebendo. Em vez de reconhecimento, ela estava sendo expulsa de maneira dolorosa.
"Você pode escolher: sair desta casa sozinha ou ser expulsa da maneira mais humilhante possível", disse Antonio de novo, enquanto se afastava de Sofia.
Sofía só conseguiu ver as costas do marido afastando-se com o olhar perdido. Não obstaculizou a passagem de Antônio, embora soubesse que depois disso ele voltaria a encontrar-se com Valéria. Agora, ela tem consciência de que todo esse tempo foi em vão.
No dia seguinte, Sofía levantou-se um pouco mais tarde do que o habitual. Não arrumou a casa e nem cozinhou o café da manhã. O que fez ao descer da cama foi mergulhar em água perfumada por um tempo. Depois, depois de tomar banho, vestiu-se com um vestido lindo e se maquiou lindamente. Algo que não fazia desde que se casou com Antônio.
Sofía desceu elegante ao andar de baixo e encontrou Griselle esperando-a com as mãos na cintura.
"O que está fazendo Sofía esta manhã? Por que a casa não está limpa e a comida não está pronta na mesa de jantar? Você não quer cozinhar de novo como ontem?" Perguntou a jovem com muita impertinência.
Se normalmente Sofía ficava calada sendo repreendida pela cunhada, desta vez ela levantou o rosto com um pouco de altivez.
"Por que eu deveria fazer tudo isso?" Sofía respondeu com uma pergunta.
Griselle abriu os olhos completamente. A jovem ficou surpresa que Sofía se atrevesse a discutir com ela esta manhã.
"É claro que Sofía tem que fazer tudo porque essa é a tarefa dela, irmã mais velha", respondeu Griselle.
"Quem disse que essa é minha tarefa? Essa é a tarefa dos empregados, e eu não sou uma empregada nesta casa. Se você e mamãe não querem fazer, então peça para sua irmã rica pagar por um empregado. Caso contrário, faça você mesma. Você tem pernas e braços, certo? Então, por que você sempre pede para alguém fazer tudo por você, como se fosse um animal incapacitado que não pode fazer nada?", disse Sofia sem nenhum medo, deixando Griselle surpresa e incrédula.
"Mãe!" Gritou Griselle chamando a Sra. Brenda.
Ao ouvir o grito da filha, a Sra. Brenda correu para ver o que estava acontecendo. Griselle imediatamente contou à mãe o que Sofia havia dito antes.
"Como você se atreve a falar assim com minha preciosa filha? Você é uma lixo!" Gritou a Sra. Brenda em direção a Sofia.
A Sra. Brenda, irritada, pegou sua vara de castigo que havia usado para bater em Sofía e tentou acertá-la, mas com astúcia, Sofía a pegou e a tirou das mãos da mulher. Em seguida, ela golpeou Griselle e a Sra. Brenda usando o objeto, que muitas vezes havia sido usado para agredir o corpo dela.
Obviamente, mãe e filha gritavam de dor ao receberem vários golpes de Sofia. Pareciam chocadas e assustadas ao ver a violência que Sofia estava demonstrando neste momento, quando na verdade era Sofia quem muitas vezes gemia e pedia perdão a elas.
Enquanto isso, Sofia parecia satisfeita ao ouvir Griselle chorar como uma criança porque sentia dor em algumas partes de seu corpo, enquanto sua sogra parecia gemer de dor, embora não derramasse lágrimas. A dor acumulada de Sofia diminuiu um pouco, o que melhorou significativamente seu humor.
Depois de lançar algumas palavras sarcásticas à sua sogra e cunhada, que sempre haviam sido arrogantes com ela, Sofia jogou a bengala que tinha em sua mão e afastou-se com elegância como se nada tivesse acontecido.
Assim que Sofia saiu da casa, um carro de luxo parou bem em frente à porta da casa, e um homem bonito e com um rosto chamativo estava sentado atrás do volante. O homem acenou para Sofia com a mão.
"Olá, querida. Venha cá", chamou o homem bonito.
Theo, o homem que acena para Sofia de dentro do carro, é amigo de infância dela. Ele é um jovem de uma família rica e prestigiada, também sendo o único herdeiro da família.
Sofia brevemente olhou para a amiga e, em seguida, entrou no carro.
"Então, você está falando sério sobre o que me disse por telefone ontem à noite?", perguntou Theo assim que Sofia sentou ao seu lado.
"Sim", respondeu ela brevemente.
Theo olhou para o rosto de Sofia, avaliando sua sinceridade.
"Você está falando sério, Sofia? Quero dizer, você pensou bem nisso? Me preocupa que você queira fazer isso simplesmente porque está com raiva", disse Theo novamente, tentando se certificar de que Sofia não esteja agindo impulsivamente.
Sofia ficou em silêncio por um momento. Tentou lembrar de algo que a fizesse sentir arrependimento se decidisse deixar Antonio, mas parecia não haver nada. Durante esses seis anos, seu marido nunca se importou com ela. Mesmo quando Sofia foi maltratada por sua sogra e cunhada, ele não fez nada para defendê-la e apenas fingiu não saber de nada. Todos os sacrifícios e dedicação que ela havia dado até agora não foram apreciados de forma alguma, então, por que ela deveria aguentar mais?
"Eu estou falando sério. Nunca fui tão séria quanto estou sendo agora. Na verdade, eu quase lamento não ter tido a coragem de acabar com tudo isso antes", disse Sofia com grande convicção.
Theo percebeu a sinceridade nos olhos de Sofia. Ela não estava fazendo cena ou tentando chamar a atenção do marido, mas sim, realmente queria finalizar seu casamento com determinação. Sem perceber, Theo suspirou aliviado por finalmente sua amiga ter tomado consciência e decidido acabar com o sofrimento que estava experimentando há tanto tempo.
O sorriso fino sumiu dos lábios de Theo, mesmo que por um instante. O homem então retirou um arquivo e entregou para Sofia.
"O que é isso?", perguntou Sofia.
Theo respondeu: "É o acordo de divórcio. Assine agora e peça a Antonio que assine também. Depois disso, o seu divórcio será processado".
"Eu me certificarei de que você receba uma compensação pelo que sacrificou como esposa de Antonio". Theo acrescentou quando Sofia aceitou o documento oferecido por ele.
"Eu não quero compensação alguma". Sofia prontamente se recusou com firmeza.
"Você merece, Sofia".
Sofia respirou fundo e depois sorriu amargamente para Theo.
"Desde o início do meu casamento com Antonio, eu só queria o amor e o carinho dele. Nunca desejei sua riqueza. Para mim, tudo isso não tem nenhum significado. Agora eu realmente só quero me divorciar e continuar minha vida em paz. Eu não preciso de um centavo dele", disse com firmeza.
Theo olhou para sua amiga com tristeza. Claro, ele sabia que Sofia era uma pessoa sincera. O homem apenas pensou, qual o problema de ela se divorciar e receber uma compensação justa se é o que ela merece? Mas se sua amiga realmente não deseja isso por seu próprio orgulho, Theo entenderá.
"OK", murmurou Theo. Ele decidiu apoiar completamente a decisão de Sofia sem discutir mais.
Sofia revisou rapidamente os documentos de divórcio em sua mão, e então pediu uma caneta a Theo e assinou o documento naquele momento. Seu movimento foi decisivo e cheio de convicção, indicando que sua determinação de se divorciar de Antonio era irrevogável.
"Agora, por favor, me leve ao hospital. Devo entregá-los imediatamente a Antonio", pediu Sofia então.
Theo assentiu e ligou seu carro. Poucos momentos depois, eles foram ao hospital onde Antonio estava acompanhando Helia.
"Você quer que eu te acompanhe?" perguntou Theo quando chegaram ao pátio do hospital.
"Não, posso cuidar disso sozinha. Espere aqui", respondeu Sofia.
Theo assentiu e ajudou Sofia a soltar o cinto de segurança. Sofia saiu do carro e entrou no prédio do hospital. Leveu alguns momentos encontrar o quarto onde Valeria estava sendo atendida.
Sem rodeios, Sofia entrou no quarto e encontrou Antonio cuidando de Valeria com ternura e atenção, algo que ele nunca tinha feito por Sofia, mesmo quando sua esposa estava doente.
Sem dúvida, Valéria e Antonio ficaram surpresos com a chegada de Sofia. Na verdade, Antonio rapidamente se levantou e interveio entre o corpo de Valéria e Sofia para impedir que ela alcançasse Valéria. Evidentemente, ele fez isso porque pensou que a chegada de Sofia foi para causar algum dano a Valéria.
Vendo isso, Sofia sorriu ironicamente. Seu coração se sentiu realmente dolorido ao perceber o quão mal Antonio a viu naquele momento. Com emoções à flor da pele, Sofia jogou os papéis do divórcio que ela trouxe consigo, o que o surpreendeu ainda mais.
Antonio parece franzir a testa com uma grande interrogação.
"Esse é o acordo de divórcio que eu assinei. Agora só falta você também assinar, e não teremos mais nenhum relacionamento", disse Sofia novamente com o mesmo tom de antes.
"O quê?" Antonio não pôde ocultar sua surpresa cada vez maior ao ouvir a palavra "divórcio" sair da boca de Sofia. Ele parecia um pouco animado também.
"Antonio, acalme-se..." alguém falou suavemente por trás dele. Quem mais senão Valéria?
Antonio olhou furtivamente para Valéria e depois olhou para Sofia, que parecia estar esperando.
"Falaremos sobre isso em outro momento, Sofia. Agora, você pode ir primeiro", disse Antonio em seguida.
Sofia franziu um pouco os olhos e cruzou os braços sobre o peito.
"Não é necessário falar sobre mais nada. Você só precisa assinar o acordo e nosso problema será resolvido. Por que adiar?"
Pela enésima vez, Antonio ficou surpreso com a atitude de Sofia.
"Ontem à noite você me pediu para ir embora, então é melhor nos divorciarmos o mais rápido possível, não é? Ou você se apaixonou por mim agora e não quer se divorciar?", perguntou Sofia com um sorriso irônico.
"O que você disse?" Antonios ficou ainda mais furioso.
Valéria, que estava atrás de Antônio, avançou imediatamente e agarrou seu braço com cuidado. Sofia podia ouvir a mulher tentando persuadir Antônio a simplesmente ceder ao que Sofia queria em uma voz suave também.
É claro que Sofia ficou mais cínica quando os viu. Agora ela percebeu a verdadeira face de Valeria. Uma mulher que parecia fraca e frágil, mas que, na realidade, era astuta e muito manipuladora. Bastava olhar para Antônio, que finalmente concordou em assinar o acordo de divórcio que Sofia lhe jogou depois que Valerialo o persuadiu.
"Obrigada por sua cooperação", disse Sofia depois que Antonio assinou o acordo de divórcio. Ela pegou o documento e saiu do quarto do hospital onde Valerias estava sem olhar para trás.
No corredor do hospital, quando Antônio e Valeriano a viram novamente, a expressão de Sofia mudou para tristeza. Ela não fingia mais ser forte e não conseguia mais conter as lágrimas que caíam incontrolavelmente. Sofia se arrependeu de sua decisão, mas ela também era humana e não podia suportar a dor.
Ella tinha sido esposa de Antonio por seis anos e, dois anos antes, começou a se apaixonar por ele. Por oito anos, o seu coração bateu apenas por Antonio. Tudo acabou de repente, como se seus sentimentos de tantos anos não tivessem tido significado algum.
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