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Um Pequeno Milagre

O início de tudo

Gina terminou de escolher a roupa que usaria para a festa àquela noite e já estava a caminho do banheiro quando seu telefone tocou pela terceira vez em menos de uma hora.

Revirou os olhos e pegou o aparelho, atendendo-o em seguida.

Doug, eu já disse que ficarei pronta na hora certa! ela resmungou.

Ele riu do outro lado da linha.

Liguei só para ter certeza de que não me deixaria na mão. ele admitiu com um sorriso na voz.

Ótimo! Agora me deixe tomar um banho se não quiser que eu realmente me atrase! pediu.

Hummm... delícia. ele provocou. _ Precisa de ajuda com o sabonete?

Gina revirou os olhos, esquecendo-se de que ele não podia ver seu gesto.

Não seja nojento! ela ainda pode ouvir a risada dele antes de encerrar a chamada e seguir sorrindo para o banheiro.

Ela e Douglas eram amigos há o quê...?

Ela sabia que fazia muito tempo.

Desde a infância, para ser exata.

E ele era como um irmão para ela, por isso sabia que estava apenas brincando sobre a oferta ajudá-la no banho.

Ele sabia que era virgem e estava à espera da pessoa certa, que até aquele momento não aparecera.

E pelo jeito nem ao apareceria já que acabaram de se formar e entrariam para a faculdade.

Ela e Doug entrariam em universidades diferentes. Mas prometeram um ao outro que jamais deixariam de manter contato.

Gina não era muito fã de festas, mas abrira uma exceção aquela noite a pedido de Doug, pois era uma despedida dos dias que passaram juntos e ela não fora capaz de negar o convite, mesmo que algo lhe dissesse internamente que aquela não era uma boa ideia.

Estaria em um ambiente completamente diferente do que estava acostumada, mas ele lhe prometera que ficaria ao seu lado para deixá-la a vontade.

Arrumou-se o mais rápido que pôde, tentando caprichar bastante em sua aparência para não envergonhar o amigo em meio a tantas pessoas.

Aquela seria a primeira e a última festa em que iriam juntos.

Então teria que ser memorável.

Ela só não imaginava o quanto...

Ual Doug exclamou quando ela abriu a porta instantes mais tarde. _ Você está...

Espetacular! o pai de Gina terminou por ele, quando ele e sua mãe vieram se despedir da filha, ambos com um sorriso orgulhoso nos lábios.

Tirou as palavras de minha boca. Douglas disse olhando para ela de uma maneira diferente do habitual, mas ela não deu importância.

Ele estava apenas surpreso por vê-la em um vestido.

Não era como se passasse a desejá-la de repente, pensou.

Eram apenas amigos...

Cuide bem de minha pequena, Doug! seu pai ordenou, olhando seriamente para Douglas, que assentiu imediatamente.

Com toda a certeza! prometeu.

Momentos mais tarde entravam na grande casa onde seria realizada a festa a que foram convidados.

Quer dizer, Douglas fora convidado e não ela.

Mas ele fizera questão de levá-la pois eram amigos e amigos andavam juntos, ele dissera.

Mas ao observar os jovens ao redor, Gina não se sentiu muito à vontade em seu vestido tomara- que -caia, de saia solta e as sandálias de salto mediano.

As garotas a sua volta possuíam o corpo esbelto, ao contrário dela que possuía curvas demais.

Seus cabelos eram muito bem arrumados e estilosos, ao contrário dos seus cabelos ruivos e ondulados que pareciam ter vontade própria.

Sentiu-se deslocada, mas a mão de Doug na sua a reconfortou.

Ei, cara! Achei que não vinha mais! exclamou um de seus colegas quando os notou.

A música estava alta e haviam várias pessoas dançando, a maioria delas eram garotas da idade de Gina.

Acha que eu perderia uma festa como essa?! Doug respondeu e o olhar de seu amigo pousou sobre ela com interesse.

E quem é essa beleza? ele quis saber.

Gina tentava se recordar quem ele era, à medida que ele a observava dos pés a cabeça descaradamente.

É a Gina, seu idiota! Doug disse revirando os olhos.

Gina não podia culpá-lo por não a reconhecer de imediato, já que não estava acostumada a se arrumar daquele jeito.

Nem ela mesma se reconhecera no espelho quando terminara de se arrumar.

Gina! ele novamente a observou dos pés à cabeça, mas agora com surpresa evidente.  _ Garota, se eu soubesse que era tão bonita assim…

_ Tire os olhos, babaca! Gina está comigo e jamais se interessaria por alguém como você!

Eu vou pegar alguma coisa para beber. disse ela incomodada por falarem dela como se não estivesse ali.

Sentia-se como um pedaço de bife diante de dois cães famintos e não gostava nem um pouco da atenção repentina.

Preferia quando ninguém a notava; quando não passava de uma garota comum que nenhum rapaz se dava ao trabalho de olhar uma segunda vez...

Deixou os dois conversando e foi até a mesa de bebidas, servindo-se do que imaginava ser um ponche de frutas, torcendo para que não tivesse álcool, mas pelo visto Michael queria embebedar todo mundo! Pensou após um longo gole da bebida e sentir uma vontade imensa de cuspir todo o líquido de volta no copo.

Eca! disse ela.

Você é a única garota da nossa idade que eu conheço que não bebe álcool. Doug zombou colocando-se só seu lado e se servindo também da bebida.

Isso é horrível! ela exclamou, fazendo careta.

Você vai precisar de um pouco disso para relaxar e curtir a festa, Gina... ele disse. _ Por mim...

Gina revirou os olhos.

Doug terminara o namoro com uma líder de torcida fazia pouco menos de uma semana e não tinha companhia para a festa.

E mesmo sabendo que ela odiava aquele tipo de coisa, ele insistira para que fosse com ele para não aparecer sozinho.

Agora começava a se arrepender por ter cedido... pensou ela olhando em volta e notando um casal que se agarrava ali perto, sem se importarem de procurar um canto reservado.

Ok! Mas que seja a última vez que me convida para algo assim! ela disse dando mais um gole na bebida em seu copo sem conseguir disfarçar o desagrado.

Após um tempo o gosto já não lhe parecia tão ruim, muito menos as pessoas ao redor e logo Gina começava a curtir a festa, assim como Doug dissera que faria.

Horas mais tarde e sentindo-se bastante alta, Gina procurou por Doug para que a levasse para casa.

Avistou-o no meio de um grupo de garotas ali perto e caminhou até ele. Combinara de ir à festa com ele aquela noite, mas se os planos dele era levar alguma daquelas meninas para casa, antes ele teria de levá-la embora primeiro! Pensou parando a sua frente.

Doug, já está tarde e preciso ir para casa... disse ela tentando fazer sua voz soar mais alto um pouco do que a música que tocava.

Douglas se afastou das meninas, parecendo um pouco mais animado do que quando chegaram.

Isso a preocupou já que ele é quem estaria dirigindo de volta para casa.

Ainda é cedo... ele disse fazendo beicinho, mas isso não a convenceria de ficar.

Sinto muito, Doug. disse ela decidida. _ Mas eu preciso mesmo ir. Se não puder me levar posso chamar um táxi...

De jeito nenhum! Seu pai me mata se te ver chegando de táxi sozinha. ele respondeu e então se voltou para as garotas. _Sinto muito, queridas, mas preciso levar essa princesa para casa...

As garotas resmungaram em protesto, mas ele as ignorou e enlaçou a cintura de Gina enquanto a guiava para a saída.

Michael os interceptou no caminho.

Onde pensam que estão indo? quis saber, ainda mais bêbado do que estava quando chegaram e o hálito de bebida deixou Gina enjoada.

Não deveria ter exagerado tanto com aquele ponche, pensou ela arrependida e se preparando para ouvir uma bronca quando entrasse em casa.

Primeiro pela demora em voltar, segundo pelo cheiro de bebida que exalava de seu corpo.

Vou levar Gina para casa... Doug respondeu e Michael lançou um olhar cheio de malícia para Gina e depois novamente para Doug.

Ah, entendi... disse ele com um sorriso lascivo. _ Aproveitem bem a noite, pombinhos!

Com essas palavras ele saiu, sumindo no meio da galera que dançava ali perto e Gina suspirou, aliviada.

Finalmente poderiam ir para casa

Quando tudo mudou...

Gina, eu preciso passar em casa rapidinho para pear algo e então a levarei para casa, ok! ele avisou e ela concordou, imaginando que assim que a deixasse em casa e retornaria para a festa.

Era melhor mesmo que o fizesse, caso contrário seu amigo Michael pensaria que estavam mesmo fazendo “aquilo”, ela pensou, sorrindo divertida.

Ficar bêbada tinha lá o seu lado divertido também, pensou ela.

Minutos depois paravam em frente à casa de Doug.

Venha, eu não vou demorar. ele a chamou e Gina o seguiu para dentro da casa.

Não era a primeira vez que entrava na casa de Doug com ele quando seus pais estavam viajando, mas sempre ficava no piso inferior.

Ela não sabia bem o porquê, mas a mãe de Doug não gostava muito da amizade dos dois e ela preferia evitar a mulher a todo custo para evitar qualquer desentendimento.

Você não vai subir? Doug perguntou já no terceiro degrau da escada, olhando para ela com um sorriso divertido.

Gina negou.

_ Eu vou esperar aqui...

Não seja boba! Meus pais não estão em casa. ele revirou os olhos.

Sem pensar direito no que estava fazendo, Gina deu de ombros e o seguiu escada acima.

Era a primeira vez que entrava no quarto de Doug, portanto ela olhou em volta para os vários pôsteres da banda favorita de ambos, enquanto ele se movimentava pelo quarto.

Você tem uma bela coleção aqui... ela comentou e quando se voltou para ele bateu de encontro ao seu peito.

Doug a fitava de uma maneira que nunca a fitara antes, seus lábios estavam entreabertos, sua respiração pesada.

Gina... ele gemeu seu nome antes de puxá-la para si e beijá-la ardentemente.

Aquela era a primeira vez que alguém a beijava.

A primeira vez que ela estava guardando para quando encontrasse alguém com quem realmente quisesse estar...

Mas por algum motivo ela não sentiu vontade de afastá-lo.

A língua de Doug penetrou sua boca, explorando cada recanto, e aos poucos Gina se viu respondendo ao beijo da mesma maneira.

Ela precisava interromper o beijo e sair dali depressa, mas não conseguia tomar iniciativa de encerrar aquilo e se afastar de Doug.

A bebida a deixara letárgica, era difícil raciocinar ao mesmo tempo em que Doug a beijava e apertava contra seu corpo.

Ele afastou os lábios dos seus, provando seu rosto e descendo por seu pescoço.

Doug... ela chamou, sua respiração acelerada enquanto tentava recuperar o fôlego.

Mas ao invés de se afastar, Doug a fitou com os olhos amendoados, o desejo evidente em seu olhar.

O que estamos fazendo? ela perguntou, completamente confusa com o que estava acontecendo entre eles.

Eram amigos!

Sempre foram.

Quando eram mais novos, passando pelas transformações que todo jovem passava, ela havia imaginado como seria se Doug olhasse para ela como mais que uma amiga.

Mas também imaginara que, se isso acontecesse, mais tarde se arrependeria e a amizade deles já não seria mais a mesma.

Decidiu então deixar as coisas como estavam e via Doug se envolver com várias meninas sem se relacionar seriamente, e percebeu que tomara a decisão certa.

Então, porque ele a beijara agora?

Depois de tantos anos sendo apenas amigos.

Estamos nos beijando, tolinha... ele sorriu, arrumando uma mecha de seus cabelos para trás de sua orelha enquanto a observava com carinho. _ Eu sempre me imaginei fazendo isso, mas nunca tive coragem de estragar nossa amizade. Mas essa noite...

Gina ficou para enquanto ele a beijava nos lábios novamente.

Sentia-se tonta ainda pelo efeito da bebida, seus pensamentos estavam completamente embaralhados em sua cabeça.

Em um instante se beijavam ali de pé, no meio do quarto de Doug, e no instante seguinte ele se ajeitava sobre ela em cima da cama enquanto abria o zíper de seu vestido.

Você é tão linda... ele murmurou deslizando as mãos por todo o seu corpo e Gina não pode deixar de sentir prazer com o seu toque.

Era errado.

Eles eram amigos.

Mas estava entorpecida demais, envolvida demais nas sensações das mãos de Doug em sua pele.

Em pouco tempo ambos estavam completamente nus e ela observou o corpo dele, maravilhada com seu porte atlético.

Então ele se voltou para junto dela, tomando seus lábios novamente em um beijo faminto enquanto se ajeitava entre suas coxas...

Gina entrou em casa o mais silenciosamente possível para não despertar seus pais.

Estava completamente confusa sobre o que acontecera entre ela e Doug e precisava ficar sozinha para pensar no que fizeram.

Ela tivera sua primeira vez com seu melhor amigo, logo após beberem bastante em uma festa.

Doug lhe dissera que tudo ficaria bem; que fazia tempo que já pensava nela como mais do que uma amiga e que agora seriam namorados.

Deixou-se cair no chão do banheiro, sentindo a água quente batendo em suas costas, sem se importar se molhava os cabelos.

As coisas estavam mudando rápido demais e ela se sentia perdida.

Não soube ao certo quanto tempo ficara ali sentada sob o jato de água do chuveiro até começar a sentir frio.

Levantou-se, sentindo um desconforto entre suas coxas, lembrando-a mais uma vez do que acontecera e então se enrolou na toalha.

Talvez depois de algumas horas de sono pudesse pensar com clareza, mas pensar em quê exatamente? Ela se perguntou, deitada na cama e olhando para o teto.

O que não devia ter acontecido acontecera e não havia nada que pudesse fazer a respeito.

Ela e Doug fizeram sexo e ela temia que as coisas agora ficassem diferentes entre eles.

Fechou os olhos e após rolar de um lado a outro na cama, ela finalmente conseguiu dormir.

Nos dias que antecederam a partida de Doug para a universidade para qual ele iria, Doug não saiu do seu lado.

Mostrava-se carinhoso, fazia questão de ficar sempre ao seu lado e até mesmo contara aos pais de Gina que estavam namorando.

Seu pai ficara satisfeito, pois sempre os provocava dizendo que um dia seriam mais que amigos, mas sua mãe se mostrara um pouco receosa.

Gina ainda achava estranha a mudança, mas preferira deixar como estava.

Ela e Doug estavam se dando bem e isso era o que importava.

Não havia aquela sensação de calor que ela imaginara que sentiria quando fosse beijada e muito menos surgira outra oportunidade para que ficassem sozinhos novamente, então ficavam apenas nos abraços e beijos no quintal da casa de Gina ou quando saiam para passear.

Nas últimas semanas tudo parecera normal para Gina, mudando apenas com o fato de que agora ela e Doug não eram mais apenas amigos.

Gina, notei que não usou os absorventes que comprei para você, querida. disse sua mãe quando Gina estava deitada em sua cama lendo um livro.

Já era noite e Doug saíra dali fazia pouco tempo.

Meu período ainda não veio. ela respondeu, sem se constranger. Ela e sua mãe conversavam sobre tudo e as vezes Gina se sentia culpada por não ter contato sobre ter feito sexo com Doug.

Clery saiu do banheiro com algumas roupas sujas que levaria para lavar e observou Gina atentamente, com uma expressão preocupada.

Largou as roupas em um canto da cama e se sentou bem perto dela.

Queria, você e Doug já fizeram sexo? ela foi direta, pegando Gina de surpresa, que largou o livro e abaixou a cabeça, sem coragem de encarar a mãe nos olhos.

Isso foi o suficiente para responder à sua pergunta e Clery suspirou.

Me diga que ao menos usaram proteção? quis saber, começando a ficar preocupada e o olhar que Gina lhe lançou demonstrava confusão antes do pavor tomar conta de sua expressão.

Clery se levantou rapidamente, as mãos cerradas antes de pegar as roupas novamente e se encaminhar para a porta.

Mãe... Gina chamou, mas ela não parou.

  Assim que acordar vamos ao médico e faremos um teste de gravidez! ela disse da porta, encarando Gina com decepção evidente. _ E se por acaso estiver grávida, espero que Doug esteja preparado para subir ao altar porque é para lá que vocês vão!

O acidente

Nós vamos nos casar... Doug disse o final do dia seguinte, quando Gina e sua mãe retornaram do médico com o resultado dos exames.

Grávida!

Isso não podia estar acontecendo! Ela disse a si mesma, ainda em choque.

Como ela e Doug puderam ser tão estúpidos?!

Gina... Doug a chamou quando percebeu que ela permanecia em silêncio.

Sua mãe não gosta de mim. ela disse de repente, sentindo os olhos marejarem. _ Sua família é completamente diferente da minha... Ela vai pensar que fiz de propósito para ter uma vida de luxo...

Doug tomou suas mãos nas dele e Gina o fitou.

Ele sorria tranquilamente.

O que importa é o que “eu” penso de você e sei que não é assim. disse ele. _ Eu devia ter usado proteção àquela noite. Ou não ter ido tão longe...

Gina sentiu o sangue fugir de seu rosto.

Ele estava arrependido?!

Levantou-se rapidamente, sentindo uma lágrima escorrer por seu rosto.

Eu não estou me sentindo bem. Nos falamos depois. disse ela se afastando em direção a casa e Doug correu até ela ao perceber o erro que cometera.

_Gina, sinto muito. Eu não quis dizer isso...

_Mas disse! Está arrependido, agora que as coisas ficaram um pouco mais sérias...

Doug a encarou, chocado.

Você está grávida, Gina! As coisas não ficaram apenas “um pouco mais sérias”! retrucou.

E acha que isso é culpa minha? ela devolveu, as lágrimas agora descendo livremente e ela as limpou com raiva.

Doug abriu a boca para responder, mas a fechou novamente, com um suspiro.

Você não teve culpa, Gina. O erro foi meu e não vou fugir da responsabilidade. ele disse tentando confortá-la e a puxou para seus braços. _ Vamos nos mudar para o apartamento de minha família enquanto finalizamos os preparativos do casamento.

Gina olhou para ele, a dúvida ainda presente em seu olhar.

Não queria estar naquela situação.

Nenhum deles queria.

Mas o que menos precisavam naquele momento era atacar um ao outro e apontar de quem era a culpa.

Vai dar tudo certo, você vai ver. ele disse antes de beijar sua testa gentilmente e se afastar na clara intenção de ir embora.

Gina suspirou e entrou na casa, recostando-se a porta.

Três meses depois...

Aquela noite saíram para jantar.

Doug tivera de desistir da bolsa na faculdade, mesmo sob os protestos dos pais e acabara por entrar mais cedo do que esperava para a empresa da família.

Fazia três meses que estavam morando juntos e Gina quase não o via mais.

Doug saia antes que ela acordasse e voltava tarde da noite, quando já estava dormindo.

Gina sabia que, no fundo, ele estava chateado com o que estava acontecendo. Eram novos, tinham todo um futuro pela frente e agora teriam de deixar tudo de lado para cuidar do bebê em seu ventre.

Aquela era a primeira noite que saíam juntos depois de três meses morando no mesmo teto.

Como foi no trabalho hoje? ela perguntou para puxar conversa, já que estavam em silêncio por tempo demais.

Doug olhava para alguma coisa atrás dela e se voltou, surpreso, para ela quando fez a pergunta.

Hum... a mesma chatice de sempre. deu de ombros e bebeu um longo gole do vinho que o garçom servira.

Gina notara que Doug passara a beber cada vez mais desde que foram morar juntos, mas não podia falar a respeito sem que Doug se irritasse e saísse de casa batendo a porta.

Como se casariam dali a uma semana se nem ao menos conseguiam viver sob o mesmo teto? Ela pensou, magoada.

Então percebeu que ele olhava por cima de seu ombro novamente e resolveu se virar para ver o que Doug tanto observava.

Deparou-se com uma mulher exuberante em um vestido vermelho, o decote deixando boa parte dos seios à mostra enquanto sorria e se inclinava em direção ao homem que a acompanhava, de maneira afetada.

Então se voltou para Doug, irritada.

Doug, você não age como um homem que está prestes a se casar e ser pai! ela protestou.

Doug se voltou para ela com um sorriso sarcástico nos lábios.

Não por escolha minha, querida. Não se esqueça disso. as palavras dele foram como uma bofetada em seu rosto e Gina pegou a bolsa que pendurara na cadeira, erguendo-se imediatamente para ir embora, tomando cuidado para não bater o ventre levemente arredondado na beirada da mesa.

Estou indo embora! disse ela com o queixo erguido. _ Do restaurante e também do apartamento!

Ela saiu do restaurante o mais rápido que pôde, sentindo as lágrimas escorrendo por seu rosto.

O Doug que ela conhecera antes jamais teria dito aquilo para ela. Não poderia mais se casar quando ele não passava de um estranho.

Quando já estava fora do restaurante e ia fazer sinal para um táxi que passava, Doug segurou seu pulso de maneira firme e a puxou em direção ao carro deles.

Você não vai chamar um táxi. ele avisou abrindo a porta e esperando que ela entrasse, o maxilar tenso.

Você bebeu demais e não vou entrar nesse carro! ela retrucou tentando se soltar de seu aperto, algumas pessoas passando por eles e observando-os com curiosidade.

Ótimo! Além de ser humilhada dentro do restaurante, ainda fazia papel de palhaço de circo no meio da calçada! Pensou irritada.

Gina, entra logo nesse carro! ele ordenou, agora falando mais alto.

Gina olhou novamente em volta, percebendo os olhares curiosos e se soltou dele com um safanão, entrando no carro logo em seguida.

Doug bateu à porta e deu a volta para sentar-se atrás do volante.

Você não vai desistir do casamento! ele avisou sem olhar para ela.

Gina teve que rir diante de sua arrogância.

Ele realmente não era mais o Douglas que conhecia, pensou tristemente.

Ora, Doug! Estou dando a você a oportunidade perfeita de fugir da responsabilidade. disse ela quando ele deu a partida no carro e os colocou em movimento.

Deveria ter pensado nisso muito tempo antes! ele acusou. _ Três meses atrás, para ser mais exato!

Gina levou um tempo para entender a que ele se referia e então empalideceu.

Um aborto?! ela disse quase sussurrando, sem acreditar que ele tivera coragem de sugerir algo assim.

Doug olhou para ela pelo canto do olho.

_Ou poderia ter tomado a maldita da pílula do dia seguinte! _ele acusou. _Eu agi errado em levá-la para cama e não ter usado camisinha, mas havia outras opções e você também não pensou nelas!

Ele estava jogando toda a culpa sobre ela, mais uma vez.

Aquilo a deixou extremamente furiosa.

Seu babaca! Pare esse carro. ela ordenou fazendo menção de abrir a porta.

Preferia se jogar no meio da estrada a ficar mais um minuto ouvindo toda aquela merda.

O que está fazendo, sua louca? ele gritou se inclinando para tirar a mão dela da maçaneta.

Em um instante estavam discutindo e no instante seguinte Gina sentia o carro rodando antes de uma pancada forte em sua cabeça fazê-la desmaiar.

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