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JOGANDO CONTRA O TEMPO

Capítulo 1

Luna abre os olhos lentamente, se levanta meio zonza do chão. Quando se recupera se depara com um céu de azul sem uma única nuvem. Ao olhar a sua volta percebe que estava em um campo florido cheio de borboletas a seu redor, com um lago de águas cristalinas, se levanta e caminha em sua direção e olha para seu reflexo, ao fazer isso, leva um susto enorme ao ver que sua aparência havia mudado. Agora tinha olhos cor de púrpura, cabelos brancos e compridos além de duas orelhas pontudas. Olha para si e percebe que estava usando um vestido branco simples e que estava descalça.

O que era estranho, parecia estar dentro do jogo, que estava desenvolvendo a um bom tempo. Porém, ao observar a grama verde, o ar puro, o belo e encantador céu azul, notou ser real demais para ser um jogo.

“Mas será que é possível que já estou no meu jogo?”

Uma dor repentina invade sua mente e com ela flashes de memórias, vem à tona, então Luna começa a lembrar do que acontecera antes de parar naquele lugar.

Estava ansiosa, faltava um dia para o dia do lançamento do jogo de RPG que estava para lançar. Luna queria testar se tudo estava em ordem antes do dia seguinte, então pegou um capacete neural, criou um avatar e entrou no jogo. Contudo, durante o processo, algo havia dado errado, e vários números apareceram… em seguida tudo escureceu.

“Então, realmente estou no jogo”

Luna olha para a bela paisagem que estava diante de seus olhos, aspira o ar para seus pulmões, em seguida o libera, e pensa satisfeita, falando consigo mesma:

— Tão real, melhor do que imaginei… Não acredito, que está tão perfeito.

Em seguida efetua um movimento circulatório para ativar a função do menu. Luna estava procurando o botão de “Sair” para deslogar, contudo, não encontrou em parte alguma, tudo o que parecia eram os atributos de seu personagem, e a barra de vida. Olha com mais atenção, conforme passava as páginas do menu e não encontrava o botão de “sair” o desespero começa a tomar conta de seu ser.

— Não pode ser… — diz desesperada levando as mãos a cabeça — Estou realmente presa aqui? Não, não, não!!!

“Isso, não pode estar acontecendo, só pode ser um sonho”

Luna fecha os olhos e os abre em seguida, mas ao ver que não funciona, os fecha novamente e dá vários tapas em seu rosto, porém nada disso funciona, continuava presa naquele mundo fictício que havia criado e que agora seria sua prisão, se não encontrasse uma solução rápido.

O corpo dela começa a fraquejar, suas pernas ficam bambas, e ela cai de joelhos ao chão enquanto olha para o mundo que criou.

— Calma Luna… Você precisa manter a calma — falou para si mesma, na tentativa de reagir.

Luna sabia que se deixasse o desespero tomar conta dela, estaria provavelmente acabada. Aquele mundo era tão belo quanto perigoso o mínimo erro e seria fatal.

Então resolveu se erguer e fazer algo antes que a noite pudesse cair. Afinal sabia que aquele lugar lindo e belo só durava até o sol se por, completamente, pois sem o sol diversos seres malignos despertariam e vagariam pelo mapa do jogo, mas quais seres eram esses?

Bem… Apesar de Luna ter programado grande parte do jogo, não foi a única a fazê-lo. Augusto seu amigo era um dos editores do jogo, juntamente a uma pequena equipe de desenvolvimento, haviam programado e feito algumas alterações no projeto original, na tentativa de deixar o jogo mais desafiador.

Então só tinha conhecimento de alguns poucos desafios que existiam naquele mundo, como vampiros, ciclopes, trolls e Elfos negros, o resto, nem imaginava ou sonhava, o que Augusto colocara ali.

Luna tinha que correr, mas primeiro precisava reconhecer onde estava antes de dar o primeiro passo. Olha em volta, e para sua sorte estava na Colina de Grian, uma localidade que conhecia bem, afinal ali era onde tudo começava, sendo assim, os perigos não eram tão sérios. Bem… pelo menos não deveria ser.

Capítulo 2

Luna olhou para o horizonte e viu que os últimos raios de sol estavam se despedindo e que em breve seria noite. Então ela respirou fundo.

— Bom… é melhor começar a andar, mas para onde ir? Se for até a vila dos elfos agora, não estou preparada, lembro que coloquei várias armadilhas e desafios para chegar lá. Afinal naquele lugar tem as melhores armas deste mundo. Se fosse fácil os jogadores ficariam entediado e deixariam o jogo mais rápido que um piscar de olhos — pensa consigo mesma. — Mas também não posso ficar aqui, apesar de ser um local inicial a dificuldade aumenta a noite. Posso acabar esbarrando com um dos Elfos negros que, Augusto programou, pelo que disse, é muito difícil derrotá-los sozinho — Ela olha para seu vestido simples — Principalmente sem nenhuma armadura ou uma espada… O que posso fazer? Onde posso me esconder?

“Tenho que desenvolver uma tática rapidamente, antes que algo perigoso apareça”

Enquanto olha em volta para elaborar uma tática sem aviso algum, o céu escurece e vários raios e trovões começam a surgir. Foi quando um rugido ensurdecedor se espalhou pelos céus. O coração de Luna disparou ao ouvir aquele rugido tão assustador, quanto conhecido, seguido de um cheiro forte e sufocante de enxofre, que começou a tomar conta do ambiente.

Desesperada, Luna correu o mais rápido que suas pernas podiam para se esconder atrás de uma das árvores do campo rapidamente, e respirou o mais silenciosamente que conseguia, não queria ter de enfrentar o que vinha em seguida.

Novamente o rugindo ecoa pelo ambiente, fazendo Luna se assustar, e tapar a própria boca, abafando o som do seu grito, em seguida o chão treme com as pisadas do enorme ser de escamas negras, ele tinha olhos flamejantes e asas enormes, era um dragão, mas não qualquer dragão, este era o lendário rei dos dragões.

Ao ver, a sua aparência e imponência, Luna treme de medo. Enquanto isso, uma pergunta se passava por sua cabeça.

“O que ele está fazendo aqui?”

O rei dos dragões era um chefe de alto nível, e não o havia programado para estar ali, não era seu habitat.

Luna observa a imponente fera de 47 metros de comprimento, dono de dentes do tamanho de uma espada, andando desconfiado pelo campo. Enquanto isso, Luna se lamentava de ter projetado aquele animal feroz e poderoso.

Enquanto estava distraída em seus pensamentos, mal nota que o dragão a havia encontrado e a estava observando. Luna notou a presença do Dragão ao sentir a respiração do animal atrás dela, se vira imediatamente para trás e vê o enorme olho da fera.

Enquanto o dragão se prepara para disparar, suas chamas sobre a árvore, Luna resolve correr e se esconder novamente, desta vez atrás de uma Rocha. Ela observa o monstro derreter a árvore facilmente, em seguida ele a fareja, novamente e começa a seguir em sua direção.

O animal feroz abre sua boca revelando, seus dentes afiados e as labaredas em sua garganta. O Dragão a havia encontrado e estava pronto para atacar de novo, foi quando um tremor de terra começou, seguido de estrondos, como se fosse uma manada de animais a correr, isto chama atenção dele, que interrompe o ataque imediatamente para escutar, se esquecendo completamente de Luna.

Ao escutar o barulho de cascos, Luna pensou que pudessem ser cavalos. Mas ao se aproximar foi revelado que, na verdade, eram centauros, humanoides, meio homens, meio cavalos, e estavam armados com lanças e espadas e equipados com armaduras pesadas. Eles atacam ao dragão em, busca de conseguir uma de suas escamas negras e resistentes, que naquele mundo valia muito, pois era possível fazer elixires de cura que poderiam erguer um exército inteiro.

Os centauros disparam várias lanças sobre a fera feroz, que por sua vez reage às agressões, disparando um fogo tão quente quanto lava, em seguida, abre suas enormes asas e se lança para o céu escuro, deixando alguns centauros para atrás bastante feridos e alguns mortos. Quanto aos centauros que restavam ainda de pé, saíram a perseguir o dragão. Enquanto Luna resolve correr para o lado oposto da batalha.

Capítulo 3

Luna caminha sem rumo por cerca de meia hora, ainda não acreditando que aquilo estava acontecendo com ela, nisso acaba parando próximo a uma gruta, onde se depara com dois seres com corpos femininos, mas no lugar dos braços tinham asas, e no lugar das pernas eram pés de aves de rapina, estavam destroçando e comendo um leopardo, e neste momento repara que já estava escuro, e que os últimos raios de sol haviam se despedido, há algum tempo, a única iluminação que tinha agora era da lua de um brilho pálido e as belíssimas estrelas, no céu límpido e escuro:

— Jura Augusto, harpias, por que não imaginei isso? —  suspira ao mesmo tempo, assustada e indignada, pois aqueles seres não eram criações dela.

As harpias têm uma super audição, imaginou que Augusto do jeito que é saudosista, não faria nada diferente do natural, só tinha que dar um jeito de sair dali o mais silenciosamente possível, mas era tarde demais, pois sem querer havia pisado em um galho no chão que se parte fazendo barulho, chamando assim a atenção das harpias, que voam rapidamente em sua direção…

As harpias ferozes voam dando rasantes sobre Luna, que nada pode fazer além de se desviar de suas garras tão afiadas como lâminas. Porém, diferente do que pensava, as harpias não a atacavam apenas para se alimentar, era do extinto natural delas brincar e caçar a presa sempre, e quanto mais difícil melhor seria, para alimentar seu ego predatório, caçavam por esporte.

Para Luna não havia muita escolha, se ficasse às harpias a torturariam e a despedaçariam com suas garras, e se corresse, voariam em sua perseguição e uma hora a venceriam pelo cansaço a alçando, matando-a por esporte, como não tinha muita escolha, resolveu, tentar correr o máximo que podia em busca de um abrigo, perseguida pelas harpias que estavam brincando sadicamente com ela, estavam se divertindo fazendo-a correr, em pânico… quando Luna é surpreendida, por um ser saindo dentre as árvores, sua pele era de um roxo pálido como a de um cadáver, tinha unhas enormes, olhos negros… Ela paralisa, com aquela aparição, enquanto seu sangue congelava nas veias, ele caminha tranquilamente em direção das harpias que estavam descendo em mais um rasante, sem que elas tivessem tempo de desviar, ele as decapita de um só golpe, a uma certa distância de Luna que observava tudo horrorizada, espirrando sangue para todos os lados, sem pestanejar, sujando a Luna e seu vestido.

Enquanto Luna olhava a cena perplexa, reconhece o ser, era um elfo negro, mas quando sente os olhos dele sobre ela, Luna estremece e fica assustada, pois sabia do extinto assassino deles. Augusto havia falado, que só um bom jogador com um nível alto de experiência poderia enfrentar esse ser perigoso sozinho.

Quando Luna dá por si, corre o mais rápido que suas pernas trêmulas permitiam, estava apavorada de medo, com o coração palpitando muito rápido, corria por sua vida, tropeçando e caindo diversas vezes no caminho, e se enroscando e se arranhando em alguns galhos que encontra no caminho, enquanto é perseguida, é impossível enfrentá-lo desarmada, quem os encontrasse na situação que estava, só tinha duas escolhas correr e tentar despistar o elfo ou se esconder antes de ser avistado, mas para ela era tarde a única escolha que tinha agora, era correr o mais rápido que suas frágeis pernas permitissem, e rezar para ele desistir dela, mas o elfo a perseguia insistentemente tão rápido que quase podia tocá-la.

Já estava cansada, e não aguentava mais, mas não podia desistir, precisava a todo custo despistá-lo, mas aquele elfo corria tão rápido, mais rápido do que ela imaginava.

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